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terça-feira, 6 de novembro de 2012

“Lampião Contra o Mata Sete é uma obra prima. Um tratado com uma riqueza de detalhes de causar inveja a qualquer pesquisador da academia."


Do Professor PAWLO CIDADE para o Dr. ARCHIMEDES:

Caro amigo Archimedes,

O tempo e algumas questões do meu dia-a-dia como gestor da cultura, escritor e professor que sou, me impediram de responder de imediato a leitura do seu gigante “Lampião contra o Mata Sete”. Confesso que fiquei com receio de lê-lo de uma tacada só. Afinal, sou um amante da literatura, sobretudo aquela que retrata as peripécias, a trajetória, o habitat e tantos outros elementos de um período tão significativo da nossa história: o cangaço.

Ler “Lampião Contra o Mata Sete” foi como armar-se de uma M-16 e disparar, sem dó, nem piedade, sobre as alegações oportunistas e infundadas do Sr. Pedro Morais. Não sei quais foram os motivos deste escrever mentiras, não só fétidas, como descabidas sobre o nosso Rei do Sertão. Não há como negar a masculinidade de Virgulino Ferreira ou manchar honra de Dona Maria. Sei, que se vivo estivessem, neste momento, estaríamos ouvindo histórias de um tal Pedro Morais que desapareceu pelas caatingas, sem deixar rastro ou poeira. “É difícil acreditar que um homem está a dizer a verdade quando você sabe que mentiria se estivesse no lugar dele.” Esta frase célebre do jornalista Henry Mencken (1880-1956) retrata bem o que está a dizer o Sr. Pedro Morais.

Por fim, meu amigo, “Lampião Contra o Mata Sete” é uma obra prima. Um tratado com uma riqueza de detalhes de causar inveja a qualquer pesquisador da academia. Deixemos a imaginação de Pedro divagar, embasada em hipóteses que sequer foram comprovadas. Afinal, podemos não apagar estas alegações, uma vez que elas foram lançadas ao vento.

 Todavia, podemos sim fazer prevalecer a verdadeira história de Virgulino, Maria e seu bando. E, uma vez estabelecida, mais do que já está, um  tal “Lampião o Mata Sete” será página virada. E olhe lá se ele já não estiver sido esquecido pelo tempo e enterrado pela sola das “alprecatas” dos que primam pela verdade dos fatos.
Viva “Lampião Contra o Mata Sete!”

Do Dr.  ARCHIMEDES para o Professor PAWLO CIDADE:

Muito obrigado pelas palavras elogiosas amigo Pawlo Cidade. Excelentes colocações vindas de uma pessoas que prima pela verdade dos fatos e que também está de acordo com a nossa cultura nordestina que passa principalmente pelas figuras de Lampião e Luiz Gonzaga. Dois ícones que não podem ser esquecidos nem enlameados a bel prazer de quem quer que seja, mesmo um sendo um bandido sanguinário e o outro o nosso símbolo maior...

Falar no indigesto Pedro de Morais, me falaram que ele está escrevendo sobre a GUERRA DE CANUDOS e que também colocará nas entrelinhas do seu livro que ANTONIO CONSELHEIRO ERA UM HOMOSSEXUAL. Vê se pode um negócio desse? O cara quer fazer de todos os personagens importantes VIADOS... Daqui a pouco ele vai escrever também dizendo que PADRE CÍCERO TAMBÉM ERA... Coisa horrível!...

Não sei se você soube que a uns quinze dias atrás a Vera Ferreira (neta de Lampião e Maria Bonita) entrou com outra ação na Justiça sergipana pedindo a bagatela de DOIS MILHÕES DE REAIS por danos Morais a esse imbecil...

Aproveitando, quero de antemão dizer que se um dia eu publicar a segunda edição do LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE, farei algumas reformas e acrescentarei mais alguns comentários, daí desde já peço permissão para publicar o seu que está excelente.

Gostaria, se possível for, que o amigo comentasse o meu texto sobre o GRANDE AMIGO ALCINO que está publicado no meu www.cangacoemfoco.jex.com.br

Saúde, Paz e Prosperidade!
Archimedes Marques

http://espetaculocangaco.blogspot.com.br

Lançamento de livro e agradecimento do Capitão Alfredo Bonessi ao escritor Frederico Pernambucano de Melo

Capitão Alfredo Bonessi

Dr Frederico:

Como sempre, é uma honra receber um email do amigo. Fico feliz e agradecido por  ter tido a chance histórica de conhecê-lo pessoalmente e de ser reconhecido como  amigo de um ser humano notável, um pesquisador serio e renomado como é você.


Obrigado e o parabenizo mais uma vez por mais um nobre lançamento histórico, cultural, informador, esclarecedor, das nossas tradições nordestinas.

Escritor Frederico Pernambucano de Melo

Como informação ao amigo de minha parte e por obra do destino me recolhi ao meu Estado Natal, o Rio Grande do Sul, por razões de negócios, de onde estou a 3500 km do meu saudoso Nordeste. Por aqui caminho por terras  vermelhas de sangue  farrapo, derramado nas pelejas pela libertação do Pampa Gaucho nas batalhas contra o Império do Brasil. Às vezes o vento Minuano carrega consigo um som, um lamento, um gemido que me  leva a imaginar ser proveniente no tempo, espaço cósmico, da agonia dos feridos a lança e a espada nas pelejas contra o invasor Português, Espanhol, Correntino, Paraguaio, ou mesmo entre Gaúchos mesmo, nas contentas políticas  e nos sangramentos dos desafetos derrotados.

Boa tarde - Abraço - Bonessi

Enviado pelo pesquisador do cangaço: Capitão Jorge Alfredo Bonessi

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Benjamin Abrahão: entre anjos e cangaceiros

Autor: Frederico Pernambucano de Melo

Benjamin Abrahão: entre anjos e cangaceiros

Benjamin Abrahão - Sinopse

Autoridade na cultura do Nordeste do Brasil, o historiador Frederico Pernambucano de Mello nos apresenta o livro Benjamin Abrahão: entre anjos e cangaceiros (Escrituras Editora), que traz a biografia do secretário particular do padre Cícero, do Juazeiro, de 1917 a 1934, além de fotógrafo autorizado do cangaceiro Lampião, tendo acompanhado os diferentes bandos de que este dispunha em sete Estados do Nordeste, no meado de 1936, creditando-se como responsável pela mais completa documentação do cangaço jamais obtida, ao incorporar a imagem cinematográfica às velhas fotografias conhecidas.

A obra é ensaio interdisciplinar que ocupou boa parte da vida do autor, e também um livro de arte, com dezenas de fotografias e de fotogramas históricos da trajetória do sírio Benjamin Abrahão Calil Botto -- um “conterrâneo de Jesus”, como se declarava, por conta do nascimento em Belém, na Terra Santa --, que desembarcou no Porto do Recife em 1915, aos 15 anos de idade, fugindo da Grande Guerra, para trilhar uma aventura extraordinária pelos sertões do Brasil setentrional.

Frederico Pernambucano de Melo

No livro, Pernambucano de Mello, reconhecido por Gilberto Freyre, já em 1984, como “mestre de mestres em assuntos de cangaço”, apresenta pesquisa profunda, feita ao longo de 40 anos. Pela primeira vez, é divulgado o conteúdo da caderneta de campo deixada por Benjamin Abrahão, recolhida pela polícia no momento de seu assassinato com 42 punhaladas, no começo de 1938, no sertão de Pernambuco, aos 37 anos de idade. Cobrindo os anos da missão sobre o cangaço, a caderneta abrange o período 1935-1937, com lançamentos alternados em português e em árabe, assim impusesse a necessidade de sigilo sobre o assunto. O historiador trabalhou por três anos, com dois professores de árabe, traduzindo, ponto a ponto, o conteúdo averbado -- muitas vezes resultante de conversas noite adentro com Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros -- que são relatos que matam polêmicas e contestam versões atuais sobre fatos e figuras das décadas de 1910, 1920 e 1930, como o polêmico Floro Bartolomeu da Costa e a apregoada amizade entre Lampião e o padre Cícero, além de informações que dizem respeito ao real combate do Batalhão Patriótico à Coluna Prestes, para o qual traz entrevista inédita que fez com Prestes, em 1983, no Recife.

Particularmente importante, pela originalidade, é a revelação da matriz setecentista e estrangeira do pensamento social brasileiro dos anos 1930 sobre o cangaço, presente, sobretudo no chamado romance nordestino, tendente a culpar a sociedade e a desculpar os excessos dos protagonistas do fenômeno. O mesmo se diga sobre a revelação, de todo desconhecida até o presente, dos esforços de apropriação internacional do apelo épico que o tema encerra, por parte das facções travadas em luta de morte ao longo da década aludida: o Reich alemão contra o Soviete russo, Hitler contra Stalin, ao tempo em que Lampião dava as cartas na caatinga.

O livro traz ainda apêndice com a reprodução de importantes documentos, colhidos em pesquisa que contou com o apoio de muitos colaboradores e instituições, como a Fundação Joaquim Nabuco, do Recife, a Cinemateca Brasileira de São Paulo, os arquivos Renato Casimiro/Daniel Walker, do Juazeiro, e da antiga Aba-Film, de Fortaleza, ambos do Ceará, entre outros.

Sobre o autor:
Frederico Pernambucano de Mello possui formação em história e direito. Na Fundação Joaquim Nabuco, do Ministério da Educação, integrou a equipe do sociólogo Gilberto Freyre, de 1972 a 1987, período em que se especializou no estudo da cultura da região Nordeste do Brasil, tendo publicado os seguintes livros: Rota batida: escritos de lazer e de ofício, Recife, Edições Pirata, 1983; Guerreiros do sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil, Recife, Editora Massangana/ Fundação Joaquim Nabuco, 1985 [ora em 5ª edição pelo selo A Girafa, de São Paulo]; Quem foi Lampião, Recife-Zürich, Stähli Edition, 1993 [ora em 3ª edição]; A guerra total de Canudos, Recife-Zürich, Stähli Edition, 1997 [ora em 3ª edição pela A Girafa]; Delmiro Gouveia: desenvolvimento com impulso de preservação ambiental, Recife, Editora Massangana/ Fundação Joaquim Nabuco-CHESF, 1998; Guararapes: uma visita às origens da Pátria, Recife, Editora Massangana/Fundação Joaquim Nabuco, 2002; Tragédia dos blindados: a Revolução de 30 no Recife, Recife, Editora Massangana/Fundação Joaquim Nabuco, 2007; Estrelas de couro: a estética do cangaço, São Paulo, Escrituras Editora, 2010, livro finalista do Prêmio Jabuti de 2011, nas categorias projeto gráfico e ciências humanas.  É membro dos Institutos Históricos de Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte, do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, e da Academia de História Militar Terrestre, tendo sido curador internacional da Fundação Bienal de São Paulo para a Mostra do Redescobrimento – Brasil 500 Anos, São Paulo, 2000, e presidente da União Brasileira de Escritores – Seção de Pernambuco.  Na Academia Pernambucana de Letras, ocupa a cadeira 36 desde o ano de 1988. Pela originalidade de seus estudos, pelo volume da obra que produziu, e por se dedicar a aspectos de nossa história considerados ásperos e de pesquisa difícil, tem sido considerado o “historiador do Brasil profundo”, na palavra do professor Nelson Aguilar.

carmen barreto – comunicação e imprensa – imprensa@escrituras.com.br
escrituras editora e distribuidora de livros ltda.
rua maestro callia, 123 – vila mariana - 04012-100 - são paulo, SP
Telefones: (11) 5904-4499 (PABX) /5904-4492 (direto)

Título:
Benjamin Abrahão
entre anjos e cangaceiros 
Autor:
Frederico Pernambucano de Mello 
Prefácio:
Eduardo Diatahy Bezerra de Menezes 
Texto das orelhas
José Nêumanne Pinto
Gênero:
História/Cangaço e cangaceiros/Usos e costumes/Ensaio interdisciplinar 
ISBN
978-85-7531- 447-0
Formato:
16 X 22,5 cm
brochura, com mais de 97 imagens
Peso:
a definir 
Páginas:
352 
Preço:
R$ 45,00
Qualidade em conteúdo
e forma
www.escrituras.com.br

Enviado pelo pesquisador do cangaço: Capitão Jorge Alfredo Bonessi

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Mané Cruza Faca e o cangaceiro Mergulhão

Por: Francisco C. Jorge de Oliveira

Sou cabo da Polícia Militar do Paraná. Meu nome é Francisco C. Jorge de Oliveira e moro na cidade de Florestópolis, Norte do Paraná.

Tem um Senhor aqui no meu bairro, um pernambucano da cabeceira do Pajeú.  Ele se chama Tenório, tem 101 anos de idade e goza de plena lucidez. Eu adoro prosear com ele só para ouvir suas histórias com seu sotaque coloquial nordestino, pois lendo sobre o cangaceiro Mergulhão,  lembrei-me de um caso que ele me contou deste pérfido cangaceiro.

Diziam que numa fazenda por nome "Água do Teiú" de um coronel chamado Juvêncio Dantas, havia um jagunço de alcunha Mané cruza faca. Diziam que o cabra era um demônio, brigava de punhal, no tiro, matava, feria e sempre saia ileso; ele tinha o corpo fechado; todos o temiam e ninguém se atrevia a saquear aquela propriedade.

Um dia o tal jagunço se apaixonou por uma inócua mocinha de um sitio ao lado, e simplesmente a raptou, levando-a para viver em sua companhia naquele remoto lugar. Só o que o facínora não sabia, era que a tal donzela era prima do cangaceiro "Mergulhão”, e neste mesmo dia Mergulhão chegou com mais três cangaceiros para pernoitar no sítio do seu tio que os acolheu.

Durante o jantar, lhes pôs a par dos fatos. Mergulhão ficou possesso, queria já naquela hora ir buscar a prima, mas, foi logo advertido pelo tio dos poderes místicos do jagunço, e que naquela noite o carrasco não iria molestar a menina, pois era dia de São Cipriano.


Mergulhão foi informado que o tal malfeitor todos os dias de manhã, ia beber água em uma cacimba cavada por um raio perto de um lajedo nas margens de um riacho temporário. Assim que a zabelê cantou despertando a alvorada, Mergulhão já se encontrava na emboscada pronto para agir. Sua arma era um velho bacamarte doado pelo Sinhô Bento, um preto velho benzedor amigo da família, e foi carregada na noite de sexta feira, com quatro dedos de pólvora negra, e a bucha era de mortalha de defunto, socada até a vareta pular fora da boca do cano. Os projéteis eram três balotes de estanho derretidos e forjados com fogo da madeira de cruzes de cemitério.

Quando o sol despontava entre os ramos de guipás, surge o tal jagunço montado em um burro preto dos olhos vermelhos como os do cão. Mergulhão sentiu um friozinho na espinha, mas permaneceu firme na cilada. Então o homem mal apeou de sua montaria, e pegando uma cabaça, mergulhou-a nas águas turvas e salobras da cacimba. Mergulhão apontou a arma, mas quando fez a visada, o cabra ficou invisível e desapareceu, e só se ouvia o gorgolejar do jagunço. Foi aí que uma voz murmurou no ouvido de Mergulhão: “atire no fundo da cuia.” Mergulhão obedeceu a voz e arrastou o dedo. O tiro foi um trovão que acordou lá nas caatingas o bando de Lampião.


Parecia até que a carga foi feita por satanás; que no açoite da pancada, o cão se armou e voltou para trás. O burro corcoveou pulando e caiu com o ânus sobre um galho de um pau de braúna e agonizando morreu lentamente ali empalado.

Mergulhão que havia desmaiado com o tranco da arma, acordou assustado, vendo inerte o corpo do jagunço sem a cabeça, que foi arrancada com o impacto do disparo

Mergulhão nem o enterrou, deixou-o ali á mercê dos urubus, e deslocou imediatamente para onde estava a menina. E assim que lá chegou, tirou-a das mãos dos estranhos que atônitos não esboçaram nenhuma reação. Ilesa, Mergulhão a trouxe e entregou ao tio que de tão alegre, matou um bode e o assou para almoçarem tomando pinga. 

Ao entardecer jantaram uma buchada com pimenta, farinha e cachaça da boa. No outro dia, antes do sol nascer, Mergulhão partiu com seus comparsas embrenhando-se às caatingas, tomando um rumo ignorado. 

Então meus amigos leitores, é ou não é verídico este caso? Cabe a vocês decidirem.

Francisco C. Jorge de Oliveira
Da cidade de Florestópolis, Norte do Paraná.