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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A CRUZ DOS HERÓIS EM LUCRÉCIA


FONTE: Blog da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.

Este texto foi publicado originalmente na Tribuna do Norte, de Natal, em 1999, depois que cheguei de uma viagem que fiz pelo interior do Rio Grande do Norte repetindo o trajeto que 


Luís da Câmara Cascudo fez em 1934 e que deu origem ao livro Viajando o Sertão. A minha intenção, terminada a viagem, era a publicação do relato. mas como não houve quem se interessasse em editar, e eu estava sem grana na época, o texto permanece até hoje dormindo na gaveta onde eu vou, de vez em quando, pegar um pedacinho dele para servir aos leitores.

Muita história existe por aí por esse sertãozão. Já dizia o mestre Guimarães Rosa que o sertão é do tamanho do mundo, e vai ver que é mesmo. O meu caro leitor não imagina o que existe por aí por esse interior, para se conhecer, para se descobrir, para se entender.

Em Lucrécia-RN, pertinho da cidade, tem uma cruz plantada na beira da estrada com uma placa com o seguinte dístico: “A cruz dos três heróis. Francisco Canela, Sebastião Trajano e Bartolomeu Paulo sucumbiram neste lugar pelas mãos assassinas de Virgolino Lampião na destemida missão de liberdade de Egidio Dias da Cunha, em 12 de junho de 1927.” O lugar chama-se Caboré, e foi palco dessa sangrenta história que está lá todinha, muito bem contada no livro de Raul Fernandes “A Marcha de Lampião”.


A CRUZ DOS HERÓIS, EM LUCRÉCIA-RN.


A história é a seguinte: os cangaceiros, vindos do Ceará, entraram no Rio Grande do Norte com o intuito de invadir Mossoró. Pelo caminho assaltavam vilas e cidades, e faziam reféns para obter dinheiro. Um deles foi o fazendeiro Egidio Dias, pelo qual os bandoleiros estavam pedindo dez contos de réis.

Rapazes amigos da vítima, corajosos, temerários mas inexperientes, resolveram ir enfrentar os cangaceiros e resgatar o refém. Tudo foi combinado enquanto estavam em um forró, após algumas doses.

É Raul Fernandes quem conta: “A rapaziada saiu despreocupada, em algazarra, estrada acima. Os cabras, emboscados no sítio Caboré, aguardavam que chegassem ao alcance de tiros certeiros. De súbito, ouve-se uma descarga, seguida de outra. Os da frente caíram varados de balas.”

Foram mortos cruelmente os três rapazes que encabeçavam a marcha. Os outros, ao ouvirem os tiros, se jogaram ao chão e rastejaram para dentro do mato, voltando bem mais tarde para recolher os corpos dos amigos.

Zé Maia e Rita Cesária, memória viva da cidade.
Zé Maia, com quem conversei em Lucrécia, contemporâneo desses acontecimentos, complementa a história e dá detalhes: “Ajuntaram e foram com uma pistola velha, pau, um rifle velho, pra ir atrás de Lampião que tava com um bando de 60 homens. 


Quando iam conversando, pei-pei-pei, pei-pei-pei, aí Lampião apontou. Dois caíram logo e o tal do Bartolomeu tinha chegado há pouco tempo, era um primo da gente, do exército, um rapaz novo, dizem que ele atirou com a arma de fogo, dizem até que ele matou um, mas os cangaceiros pegaram ele, cortaram os braços, regetaram as pernas, furaram os olhos, destamparam a cabeça, ficou um bagaço. Aí falam que Lampião disse: – Um homem daquele não era pra nós ter matado não, era pra nós ter conduzido ele.” Quanto ao refém, conseguiu fugir, aproveitando-se de uma distração dos bandidos. Raul Fernandes conta que Egídio Dias “desata, com os dentes, o nó da corda. Tira o paletó e a camisa. Arruma as vestes no chão e coloca o chapéu, no lugar da cabeça, de modo a simular sua presença.”

Egídio Dias foi o único prisioneiro a conseguir escapar de Lampião. “Força de reza, minha filha!” confidenciou-me Rita Cesária, mulher de Zé Maia. “Foi a mulher dele que rezou, reza forte. Chegou em casa muito judiado, muito maltratado, mas escapou. Força de reza.”
E quem sou eu pra duvidar?

E para mais histórias ou informações sobre o cangaço acesse o blog da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.


Faça uma visitinha ao blog:

"FATOS E FOTOS"

http://sednemmendes.blogspot.com

COMADRE

Por: Honório de Medeiros
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O que mais me impressionava em Comadre, no aspecto físico, era seu rosto.

libertosdoopressor.blogspot.com

Nele, o sol e o suor escavaram miríades de rugas finas a recortar sua pele morena, gretada, compondo uma teia que aprisionava nosso olhar.

Depois, as mãos. Mãos como garras. Fortes. Calosas. Descoradas por anos e anos a sabão, anil e água.

Por fim sua vestimenta: um vestido cor parda, de chita humilde, sempre o mesmo modelo, de mangas compridas – ela, por razões óbvias, usava arregaçadas – que ia até o tornozelo, tudo encimado por uma espécie de coroa de pano branco retorcido e molhado, propositadamente concebida para receber e acomodar o saco de roupas sujas.

Pois Comadre, como se pode perceber da leitura do texto, era a lavadeira não somente lá de casa, mas de praticamente toda a família. E, muito embora a faina duríssima, estiva sempre feliz.

Na minha meninice de bicho arredio, dado aos livros e devaneios, alternados por impulsos de convivência alegre, sua gargalhada compunha o meu sábado, assim como o carneiro guisado e o cuscuz molhado na graxa, na hora do almoço.

Lá em casa, mais aos sábados do em qualquer outro dia, por conta da feira, até o meio da tarde o vai-e-vem e converseiro era permanente. Entrava-se e saia-se. Todos confluíam para a área-de-serviço, contígua à cozinha, um espaço aberto, parte acobertado por um telheiro antigo, parte livre e dando para a saída lateral da casa.

Entrava e saía o leiteiro, a lavadeira, o pessoal que vinha com a feira semanal, parentes de outras cidades, aderentes, contraparentes, amigos, amigos dos amigos... Todos embalados por uma xícara de café quente pelando e uma boa fatia de pão com manteiga.

Conversava-se, cantava-se, declamava-se, discutia-se, fofocava-se, trocavam-se receitas de bolos e de remédios. Naquele local, sem que eu me desse conta na época, a solidariedade fincava raízes e se propagava: todos se uniam para se amparar mutuamente.

Escutavam-se mágoas, partilhavam-se alegrias, construía-se teimosamente a delicada trama de uma vida ancestral, fadada a desaparecer, na qual todos formavam a unidade, e a unidade era a sobrevivência.

Comadre, então, como eu diria muito tempo depois, quando o passado passou a interromper cada vez mais meu presente, era um modelo de sobrevivência. Paupérrima, viúva ainda jovem, criou sua dezena de filhos lavando roupa e sempre com aquela alegria de viver que me deixa, ainda hoje, perplexo.

Poderia ela ter sido um personagem de um Tolstoi tardio, quando o cristianismo primitivo passou a ser sua segunda natureza.

Vezes sem conta, quando próximo de sua tão sonhada aposentadoria, eu lhe perguntava:

- “Comadre, por que a senhora é tão feliz?”

- “Meu filho”, me respondia com aquele seu sorriso luminoso estampado na face engelhada, “Deus não nos quer tristes.”

- “Mas Comadre”, retorquia eu, “e o sofrimento que nós vemos no mundo, a violência, a fome, as doenças...?”

- “Olhe, meu filho, como posso duvidar de Deus? Ou acredito ou não acredito.”

E seguia lépida e fagueira, a chistar com um e com outro, sem faltar ao respeito, trouxa na cabeça, alegre, feliz, sem sequer desconfiar que sua lógica simples dera um nó cego em toda a minha metafísica.


Extraído do blog do escritor, professor e pesquisador do cangaço:
Honório de Medeiros

http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br/2012/09/comadre.html

Vigário Antônio Joaquim - 09 de Setembro de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Em 9 de novembro de 1894, num dia de domingo, dava-se o falecimento do padre Antônio Joaquim, vigário colado de Mossoró e político influente do Partido Conservador na cidade.
               
Antônio Joaquim Rodrigues nasceu na então vila do Aracati, no estado do Ceará, em 5 de novembro de 1820, sendo filho do português Antônio Joaquim Rodrigues e da apodiense Vicência Ferreira da Mota. Em 1824 seus pais fixaram residência em Apodi, onde o menino aprendeu as primeiras letras. Seu aprendizado em latim e preparatório foi feito na cidade de Martins, com o professor Francisco Pereira. Ordenou-se pelo Seminário de Olinda, sendo nomeado vigário colado para a nova freguesia de Mossoró, que havia sido criada, tomando posse em 1844.
              
 Como vigário, pastoreou Mossoró por 51 anos, tendo substituído o padre Longino Guilherme de Melo. Foi ele que demoliu a primeira capelinha de Santa Luzia, para em seu lugar construir uma maior e mais sólida. Criou, em 1855, a Irmandade de Santa Luzia. Conseguiu que vários missionários viessem a Mossoró e construiu, em 1873, juntamente com Frei Fidelis, um cemitério na cidade.
               
Como político, foi membro do Partido Conservador, exercendo o cargo de Deputado Provincial em sete mandatos, no período de 1853 a 1873, como representante de Mossoró. Por mais de uma vez esteve a frente daquela Câmara. Durante esse período, lutou para o engrandecimento do povoado de Santa Luzia do Mossoró. Foi através dos seus esforços que o povoado se emancipou em 15 de março de 1852, tornando-se então vila de Santa Luzia do Mossoró. Foi ele o responsável pela vinda do comerciante suisso Jonh Ulrick Graff, que com seus negócios e suas idéias tornaram Mossoró empório comercial da região. Foi dele ainda o Projeto de Lei que elevou a vila de Santa Luzia do Mossoró ao predicamento de cidade, em 9 de novembro de 1870, passando a se chamar desde então Cidade de Mossoró.
               
A seu convite vieram a Mossoró os seguintes Presidentes da Província do Rio Grande do Norte: Dr. Pedro Leão Veloso, Dr. Pedro Barros de Mendonça, Dr. José Bento da Cunha Figueiredo Júnior, Dr. Delfino Augusto Cavalcante de Albuquerque e o Dr. Olímpio José Meira.
               
Fez tanto pela cidade que apesar de pertencer ao Partido Conservador, que era escravocrata, foi abolicionista na brilhante campanha de 1883, quando Mossoró pode declarar-se \\\"livre da mancha negra da escravidão\\\".
               
Mas, apesar de todo o seu trabalho em prol do engrandecimento da cidade, seus feitos são desconhecidos pelas novas gerações. A municipalidade emprestou seu nome a principal praça da cidade, em frente à Catedral de Santa Luzia, lugar de grande significado histórico, pois foi o berço do nascimento da cidade. E na lateral da Catedral, sob a sombra protetora de um velho tamarineiro, existe um monumento dedicado ao vigário. Esse monumento Consta de busto em pedestal que foi mandado construir pelo industrial mossoroense José Rodrigues de Lima, que para tanto contratou os serviços do artista Osísio Pinto. Numa placa na frente do pedestal está escrito: \\\"Vigário Joaquim de Brito: TU ES SACERDOS IN Æ I ERNUM. Ao Padre Antônio Joaquim, memória de José Rodrigues - 1950.\\\"
               
A inauguração do busto se deu em 2 de dezembro de 1953 e contou com a presença de autoridades e público em geral, tendo solene bênção do padre Luís da Mota, vigário Diocesano.
               
Jakob Burckhardt, in \\\"Reflexões Sobre a História do Mundo\\\" diz: \\\"... O que foi outrora alegria e tristeza precisa agora converter-se em conhecimento...\\\". Podemos dizer, dentro dessa mesma linha de pensamento: O que foi um dia trabalho e dedicação, precisa agora converter-se em reconhecimento...


Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento
Fontes:

Extraído do blog do Gemaia

Morre Arlindo Grande: O Maior Vaqueiro de Paulo Afonso.

Por: João de Sousa Lima

Nessa madrugada morreu Arlindo Grande, o maior vaqueiro da região de Paulo Afonso e um dos grandes coiteiros de Lampião.

Arlindo residia no povoado Várzea, entrada do Raso da Catarina e foi nessa localidade que ele viu Lampião e seu grupo na década de 1930, sendo que depois desse encontro a Várzea se tornou um dos maiores coitos dos cangaceiros e os pais de Arlindo amigos de Lampião e Maria Bonita.


Arlindo Grande em sua residência, na Várzea, Paulo Afonso, Bahia. Ele foi casado com dona Nina, irmã do cangaceiro Bananeira.

O cangaceiro bananeira - Fonte: cangaconabahia.blogspot.com

Em toda região ele ficou mais conhecido como o maior vaqueiro de todos os tempos. Em sua luta com o gado nunca deixou de trazer os animais perdidos dentro do Raso da Catarina, era exímio cavalheiro e entre as caatingas manejava com maestria suas montarias.


João de Sousa Lima, Arlindo e Nicy, próximo à casa dos pais de Arlindo, e onde os cangaceiros faziam os famosos bailes dançantes.


Marcos Passos, Arlindo e João de Sousa Lima


Felipe Marques, Marcos Passos e Arlindo. Pai e filho residentes em Macaé, Rio de Janeiro, estiveram na Várzea conhecendo Arlindo Grande.


Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço: 
João de Sousa Lima

MISSA DO VAQUEIRO DE SERRITA, PERNAMBUCO – OS PRIMEIROS ANOS

Por: Rostand Medeiros

A missa do vaqueiro, realizada no município de Serrita, a 536 km do Recife, surgiu em 1971, como uma homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó, sendo considerada atualmente uma das maiores e mais importantes festas do sertão nordestino.

Tradição, Religiosidade e Cultura Nordestina

Esse evento atrai anualmente cerca de 50 mil visitantes e é promovido pela Fundação João Câncio, em parceria com a Prefeitura Municipal de Serrita e a Associação de Vaqueiros de Pega de Boi na Caatinga do Alto Sertão de Pernambuco (Apega).

Vamos conhecer um pouco de sua história.

A Morte de Raimundo Jacó

Em 1954 o município pernambucano de Serrita, no Sertão do Araripe, próximo a cidade de Salgueiro, era bem maior em termos de área territorial e possuía uma população estimada em quase 23.000 habitantes. Mas em um Nordeste ainda prioritariamente agrário, na sede municipal daqueles tempos não viviam nem sequer 700 pessoas[1].

Vaqueiro do Nordeste, 1941, Percy Lau – Fonte – www.desenhandoobrasil.com.br

meio à caatinga fechada daquela região, à vegetação cortante e espinhenta que caracteriza este ecossistema, o vaqueiro encourado Raimundo Jacó se destacava na sua lide.

Conhecido pela sua dedicação ao trabalho era muito estimado pela população local. Ficou afamado pela coragem ao capturar, ou “pegar”, o boi no meio dos matos. Ele também era conhecido por saber no meio da caatinga fechada, onde descansava e bebia cada um dos animais que ele tomava conta.

De tão destemido, o vaqueiro tinha o apelido de “Raimundo Doido”. Era casado com Odília de Jesus e tinha como filhos Francisca e Vicente. Em Rancharia, atualmente distrito do município de Granito, era admirado pelo seu aboio afinado, daqueles vibrantes, cantado “com o dedo no ouvido” [2].

Sobre o vaqueiro Raimundo Jacó, os irmãos cantadores Pedro e João Bandeira de Caldas assim cantaram a sua fama;

“Não respeitava favela
Serra, facheiro, cipó
Sua calça era a perneira
Seu gibão o paletó
Fosse a cavalo ou a pé
Era uma coisa só” [3]

Raimundo Jacó trabalhava como vaqueiro para o fazendeiro José de Sá Barreto, conhecido como Seu “São” e Dona Tereza Teles, a Dona “Tetê”. Consta que ele cuidava do gado do patrão e seu colega de profissão, José Miguel Lopes era o responsável pelo plantel da patroa.


No dia 8 de julho de 1954, ano seco, os dois vaqueiros saíram pelo sertão em busca de uma rês arisca, já famosa pelas suas astúcias animais e que havia fugido.

Mas no fim do dia apenas Miguel retornou a sede da fazenda.

Contou que não havia encontrado Raimundo Jacó e a notícia se espalhou. Logo várias pessoas rasgavam a caatinga na busca pelo afamado vaqueiro.

Dois dias após seu desaparecimento, o cadáver de Jacó foi encontrado junto a um pé de Imbaúba, em um lugar conhecido como sítio Lajes. A pouca distância do corpo estava amarrado o garrote fugitivo, o seu cavalo e, guardando dos urubus, estava o fiel cachorro.

No crânio do vaqueiro havia duas marcas de ferimentos e não muito distante do seu corpo, uma pedra com sangue. Todo o cenário apontava para um possível assassinato[4].

Consta que Raimundo Jacó foi sepultado no local onde fora assassinado. Afirma-se que o seu fiel cachorro acompanhou todo o trajeto do enterro e que depois ficou no local, até morrer de sede e de fome, guardando o túmulo do seu amo.

O Nascimento de Um Mito

Logo, para a opinião pública e para a justiça local, Miguel Lopes surgiu como o mais provável suspeito da morte de Raimundo Jacó. Afirmavam que Miguel invejava o colega de profissão por suas habilidades como vaqueiro e que entre ambos havia uma rixa muito forte.

Para muitos o assassinato teria acontecido quando Miguel chegou às margens do açude do sítio Lajes e se deparou com Raimundo Jacó fumando tranquilamente um cigarrinho. Junto estava o seu cavalo, seu cachorro e a rês fugitiva, já devidamente amarrada. A cena deixou Miguel bastante alterado. Logo o ódio, motivado pela inveja, aflorou e de posse de uma pedra ele bateu fortemente na cabeça de Jacó.

Foi aberto um processo crime contra Miguel Lopes, que afirmava ser inocente e houve controvérsias e discursões em relação à morte de Jacó.
O Promotor Público da cidade, Clarisbalte Figueiredo Sampaio desistiu do processo contra Miguel Lopes. No calhamaço de papeis que compunha a peça processual havia declarações de cinco testemunhas, que nem mesmo assistiram o episódio da morte do vaqueiro.

Logo o processo foi arquivado por falta de provas e a morte de Raimundo Jacó até hoje não foi esclarecida.

Ocorre que desde 1949, os Alencar e os Sampaios, as duas mais poderosas famílias da cidade de Exu, mantinham uma luta fraticida entre seus membros. Estas famílias, como se diz na região oeste do Rio grande do Norte, “se acabavam na bala”. Miguel era então ligado a um dos clãs e para muitos na região, foi através desta ligação que ele não foi preso[5].


Vinte e dois anos depois da morte do vaqueiro, encontramos em um jornal pernambucano uma interessante e controversa declaração de Geraldo Teles, filho de Tereza Teles, a Dona “Tetê”, patroa de Raimundo Jacó e Miguel Lopes. Ele afirmou que a morte de Jacó poderia ter sido acidental, pois este “sofria do coração e bebia muito” e afirmava que Miguel, que ainda estava vivo na época da reportagem, seria “incapaz de fazer mal a alguém”. Geraldo Teles levantou a hipótese que Jacó poderia ter tido um colapso. Após o ataque, consequentemente o vaqueiro teria caído do cavalo, batido a cabeça na pedra e falecido sem assistência médica[6].

Mas se da justiça não teve castigo, de uma parte da população da região, o acusado da morte de Jacó só recebeu ódio e desprezo[7].

Em pouco tempo a notícia de sua trágica morte, a fidelidade do seu cão e do que ocorreu com seu suposto assassino, se espalhou em várias áreas do sertão.

Como ocorre em muitos locais do Nordeste, onde pessoas assassinadas em mortes trágicas eram enterradas, logo a cruz que marcava o túmulo de Raimundo Jacó passou a receber fitas, velas e pessoas, principalmente vaqueiros. Ao passarem pelo local, estes paravam, rezavam e pediam ao falecido que intercedesse por alguma causa.

Mas foi um primo legítimo do falecido, que empunhava uma sanfona e fazia sucesso no Rio de Janeiro, então a capital do país, que imortalizaria para sempre a figura de Raimundo Jacó em uma inesquecível canção.

A Morte do Vaqueiro na Voz de Luiz Gonzaga

Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu na fazenda Caiçara, em 13 de dezembro, dia consagrado no catolicismo a Santa Luzia, no ano de 1912. Era filho de Januário José dos Santos e de Ana Batista de Jesus, mais conhecida como Santana. Além de agricultor, seu pai era um afamado tocador de acordeão e igualmente conhecido por concertar este tipo de instrumento musical.

Luiz Gonzaga no início da carreira – Fonte – http://blogln.ning.com

Foi com Januário que Luiz Gonzaga aprendeu a tocar ainda criança e passou a se apresentar acompanhando seu pai.

Em meio a muito talento, grande capacidade musical, inúmeras peripécias, aventuras e sorte, em 1963 nós vamos encontrar Luiz Gonzaga como um consagrado músico e cantor, com seu sucesso alcançando todo o Brasil e tendo se tornado um verdadeiro ícone da música nordestina.

Apesar de 1963 não ser um dos períodos mais felizes na carreira de Luiz Gonzaga, devido à concorrência com a Jovem Guarda e os rock vindos do exterior, naquele ano o músico pernambucano lançou pela empresa fonográfica RCA, o Long Play, ou “LP”, intitulado “Pisa no Pilão – Festa do Milho”.

Este disco de vinil tinha um acervo musical mais apropriada para ser tocado em festas juninas, pois possuía músicas intituladas “Festa do Milho”, “Festa de São João” e “Pisa no Pilão”.

Mas a quarta faixa do lado “A” do LP trazia uma toada diferente. Nomeada “A Morte do Vaqueiro”, é uma música marcante e de longe a mais importante deste disco de Luiz Gonzaga.

LP onde foi primeiramente divulgado a música “A morte do vaqueiro” – Fonte – discotecapublica.blogspot.com.br

Nas páginas 229 e 230 do livro “A vida do viajante: A saga de Luiz Gonzaga”, da francesa Dominique Dreyfrus, a música foi composta em uma única tarde na casa de Nelson Barbalho, amigo de Gonzaga[8].

O famoso cantador do Sertão do Araripe queria homenagear seu primo, o vaqueiro Raimundo Jacó. Ele narrou a Nelson como foi o episódio da morte do parente e em pouco tempo a “A Morte do Vaqueiro” ficou pronta.

A música se tornou um marcante sucesso da carreira de Luiz Gonzaga, imortalizando a morte de Jacó e se tornando um dos motores que impulsionaria um dos mais importantes eventos do sertão nordestino, a Missa do Vaqueiro de Serrita.

Mas toda missa precisa de um padre!

Um Padre Antes de Tudo Autêntico

Mesmo hoje em dia, em meio às modernidades televisivas e a velocidade da internet, que mostram toda uma plêiade de padres cantores, certamente chamaria a atenção de todos se fosse divulgado que um padre nascido no sertão de Pernambuco valorizasse tanto as tradições de sua terra, ao ponto de participar de corridas de vaquejada, utilizasse normalmente o gibão de couro e fosse conhecido como “Padre Vaqueiro”.

Padre João Câncio

Imagine isso então no final da década de 1960?

João Câncio dos Santos nasceu em Petrolina, Pernambuco, em 21 de outubro de 1936. Era filho de Francisco Avelino dos Santos e de Laudemira Carvalho Sales. Seguiu sua vocação sacerdotal logo cedo, tendo estudado no seminário do Crato, depois foi para Salvador e João Pessoa, onde se formou padre em 1965.

Sua primeira paróquia foi em Serrita, onde iniciava seu trabalho pastoral com a consciência de que a religião e a fé estão presentes em todas as pessoas. Segundo material produzido pela Fundação Padre João Câncio, o pároco não impôs a comunidade a sua oratória de seminário, mas buscou aproximar-se da comunidade, vivenciando e praticando seus hábitos, com o propósito de entendê-los melhor[9].

No livro “A vida do viajante: A saga de Luiz Gonzaga”, da francesa Dominique Dreyfrus, nas páginas 246 e 247, encontramos a informação que o padre Câncio estava à frente das paroquias de Serrita e Granito desde 1966. Em uma vaquejada realizada em Exu, no verão de 1970, ano de forte seca, conheceu Luiz Gonzaga e daí nasceu uma grande amizade.

O padre Câncio adorava a música “A Morte do Vaqueiro”, que escutava no toca fitas de sua Ford Rural, enquanto seguia para alguma obrigação sacerdotal no meio do sertão.

A autora francesa informa que em meio à seca de 1970, durante as celebrações que ocorriam nas frentes de emergência, que proporcionava aos trabalhadores rurais alguma renda (mínima) em meio à calamidade climática, alguém comentou que “existia missa para todo tipo de gente, mas não havia para vaqueiros”. Logo foi sugerido que uma missa dessas poderia ocorrer no local onde Raimundo Jacó foi assassinado.

1971-Primeiro ano da Missa do Vaqueiro de Serrita, Pernambuco

Como o padre Câncio era um vaqueiro, gostava da música e conhecia Luiz Gonzaga, estava pavimentado o caminho para a Missa do Vaqueiro de Serrita.

Entretanto, ao lermos o trabalho intitulado “Padres do interior II – Os padres da Paroquia de Nossa Senhora do Bom Concelho de Granito”, produzido pelo padre Francisco José P. Cavalcante, e publicado na internet em 2010, afirma que a ideia da famosa Missa do Vaqueiro de Serrita tem relação direta com a prática de celebrar a vida do vaqueiro, criada primeiramente na Diocese de Petrolina, no ano de 1941.

Segundo o padre Cavalcante, em dia 02 de agosto de 1941, com uma concentração na fazenda Lagoa Seca, realizou-se pela primeira vez o “Dia do Vaqueiro”, evento idealizado pelo padre Américo Soares.

Registros informam que os vaqueiros estavam com a indumentária de couro apropriada, dispostos em filas de quatro em quatro e assim entraram na cidade. Depois se dirigiram para a igreja matriz de Nossa Senhora Rainha dos Anjos. No primeiro templo religioso de Petrolina houve uma palestra preparando os vaqueiros para o sacramento da penitência. No dia seguinte, pela manhã, os vaqueiros participaram de missa, na Matriz, presidida por Dom Idílio José Soares. Após duas missas realizadas no mesmo dia, os vaqueiros se concentraram diante do Palácio Diocesano e em seguida partiram em passeata pela cidade.

No ano seguinte a festa se repetiu com cerca de 150 vaqueiros. A programação foi semelhante à apresentada acima, mas com a diferença que o pregador foi famoso e carismático frei Damião de Bozano.

Celebrações de vaqueiros pelo interior do Nordeste não eram incomuns nas décadas de 1940 e 1950. Aqui vemos um encontro de vaqueiros nas ruas de Icó, Ceará – Fonte – http://www.icoenoticia.com

No livro de tombo da Paróquia de Nossa Senhora Rainha dos Anjos, de Petrolina, há uma anotação informando que em 1946, continuava a ser celebrada a Festa do Vaqueiro. Em 21 de julho de 1951 o evento passou a ser presidido pelo padre José de Castro, Vigário Cooperador de Petrolina. Apesar das dificuldades padre José, conseguiu reunir uns 200 vaqueiros.
A ideia de celebrar a vida do Vaqueiro foi imitada em outras paróquias da Diocese, como foi o caso na cidade de Araripina, Pernambuco, onde nos eventos celebrados pelo padre Gonçalo Pereira Lima, os vaqueiros entravam na cidade tocando os seus búzios[10].

1971, A Primeira Missa

Os jornais pesquisados na hemeroteca do Arquivo Público do Estado de Pernambuco não são muito pródigos em relatos sobre a primeira Missa do Vaqueiro realizada em Serrita.

1971 – Luiz Gonzaga na primeira celebração

Ao folhear as velhas páginas, posso entender que o evento estava restrito a ser uma comemoração religiosa que ocorria em uma pequena cidade sertaneja, localizada a mais de 550 quilômetros da capital pernambucana.

Segundo o padre Câncio, a primeira missa contou com o apoio decisivo de Luiz Gonzaga, que patrocinou grande parte do evento. Vários vaqueiros (o número não é especificado) e cerca de “50 outras pessoas” atenderam ao chamamento do padre e do cantador e se fizeram presentes no sítio Lajes.


Os cavaleiros vieram a celebração montados em seus alazões, trajados a caráter e assistiram a missa montados. A comunhão foi celebrada não com hóstias tradicionais, mas com queijo de coalho e rapadura. A missa foi celebrada sobre um tablado de madeira e junto ao padre estavam os familiares de Raimundo Jacó.

Os poucos relatos que me forneceram sobre este primeiro evento mostram uma foto com o consagrado Luiz Gonzaga, de sanfona em punho, cantando o sermão da missa. A pesquisadora francesa Dominique Dreyfus informa em seu livro, página 248, que Gonzaga participou ativamente dos primeiros anos da Missa do vaqueiro de Serrita e apoiou financeiramente o evento até 1974.[11]

Os primeiros eventos foram caracterizados pela simplicidade

Não foi possível precisar a data, mas acredito ter sido no terceiro domingo de julho de 1971, 18 de julho, pois nos anos seguintes seria nesta data que normalmente o evento passaria a ocorrer.[12]

Mas percebemos através dos antigos periódicos que foi tudo muito simples, sem sofisticação, sem recursos eletrônicos, mas com muita fé e um positivo sentimento participativo de todos que ali estavam.[13]

Mas algo aconteceu.

A simplicidade do altar nos primeiros eventos

Não sabemos como se processou, nem como tudo começou, mas em meio à missa simples e tradicional de 1971, com todos os vaqueiros encourados presentes, foram realizadas as tomadas cinematográficas para um documentário. Intitulado “A Missa do Vaqueiro”, era um curta-metragem rodado em 16 m.m., colorido, com 25 minutos de duração e tinha a direção do baiano José Carlos Capinam e do carioca José Carlos Avellar.[14]

Repercussão no Sul do País

Em janeiro de 1972 vamos encontrar o padre João Câncio, os poetas e cantadores Pedro e João Bandeira, na casa de Luiz Gonzaga, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Estavam na “Cidade Maravilhosa” para assistir a uma exibição do trabalho de Capinam e Avellar, mas concederam entrevistas para os periódicos locais “O Jornal” e “Jorna do Brasil”, onde o padre Câncio conseguiu chamar a atenção dos jornalistas cariocas tanto para o seu trabalho como para a incipiente e diferenciada celebração religiosa na zona rural de Serrita[15].


Os jornalistas se impressionaram com a simplicidade e a inteligência do padre Câncio. Afirmaram que ele poderia tanto comentar sobre problemas do sertão, como sobre a “crise de Bagladesh”[16].]

Nos anos posteriores a Missa do Vaqueiro de Serrita se consolidou e foi notícia em inúmeros jornais do sul do país. Com a divulgação na mídia o evento cresceu em movimento e fluxo de pessoas, tornando-se uma dos mais importantes eventos do calendário turístico de Pernambuco.

Ao violão o poeta Bandeira, tendo ao seu lado o padre Câncio com seu chapéu de couro. Foto da edição de 12 de janeiro de 1972, do periódico carioca “O Jornal”

Se nos anos seguintes a celebração só cresceu, igualmente ocorreram criticas relativas a descaracterização da pequena e simples festa, da participação negativa das forças políticas regionais no evento.

Anos depois o padre Câncio decidiu deixar a batina, casou com Helena Câncio e veio a falecer no dia 10 de fevereiro de 1989. Não sei até quando o grande Luiz Gonzaga continuou a frequentar o evento. Mas indubitavelmente a Missa do Vaqueiro, mantendo ou não suas características iniciais, deve a estes dois homens, que tanto amavam o sertão, o seu sucesso.


Em 2012, o evento chegou a sua 42ª edição, homenageando o centenário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga.

[1] Sobre dados estatísticos de Serrita na década de 1950, ver “Enciclopédia dos Municípios Brasileiros”, 18º Volume, IBGE, 1958, págs. 279 a 281.
[2] Este costume de muitos vaqueiros aboiadores colocarem o dedo no ouvido ao começar a cantar provem da necessidade da transformação da voz do rapsodo, de “voz do peito” em “voz da cabeça”, e à necessidade de manter o equilíbrio em face da vertigem que a cantiga provoca. Verhttp://www.cronopios.com.br/site/colunistas.asp?id=892
[3] Ver “O Jornal”, Rio de Janeiro, edição de quarta feira, 19 de janeiro de 1972, págs. 4 e 5. Pedro e João Bandeira de Caldas, salvo engano, são netos do afamado violeiro Manuel Galdino Bandeira e são naturais do Sítio Riacho da Bela Vista, município de São José de Piranhas, sertão da Paraíba, mas a vida artística destes respeitados violeiros se desenvolveu na cidade do Crato, Ceará.
[4] Ver o “Diário de Pernambuco”, edição de domingo, 20 de julho de 1975, págs. 12 e 13 e a edição de terça feira, 27 de agosto de 1996, págs. 10 e 11, existentes na hemeroteca do Arquivo Público do Estado de Pernambuco. O “Jornal do Commércio”, de Recife, na sua edição de quarta feira, 16 de julho de 1976, pág. 10, aponta que o corpo de Jacó foi encontrado um dia após o seu assassinato.
[5] A cidade de Exu se encontra a cerca de 70 quilômetros de Serrita. O conflito entre as famílias Alencar e Sampaio marcou profundamente a região do Sertão do Araripe, principalmente na década de 1970. Esta briga entre famílias tradicionais só acabou quando o próprio Governo Federal chegou a intervir na cidade, em parceria com outras instituições de Pernambuco, inclusive a igreja católica.
[6] “Diário de Pernambuco”, edição de terça feira, 20 de julho de 1976, página 9. Ver a reportagem sobre a Missa do Vaqueiro.
[7] Na edição de domingo, 27 de agosto de 1996, do “Diário de Pernambuco”, de Recife, trás a informação que José Miguel Lopes, ainda vivo a época da reportagem, jamais participou da celebração famosa, vivendo  praticamente recluso no distrito de Rancharia.
[8] Segundo site http://www.onordeste.com, Nelson Barbalho nasceu no dia 2 de junho de 1918, na cidade de Caruaru, Pernambuco. Não chegou a concluir o curso secundário no Colégio Americano Batista do Recife, regressando à terra natal para trabalhar. Aposentou-se como fiscal do IAPAS, função que lhe permitiu conhecer quase todas as cidades do interior pernambucano, recolhendo, assim, farto material para seus livros. Jornalista, historiador, pesquisador, lexicógrafo, compositor musical (parceiro em diversas músicas com Luís Gonzaga – o Rei do Baião), Nelson Barbalho sempre foi um escritor, autor de quase uma centena de livros, entre os quais destacamos Cronologia pernambucana (com vinte volumes publicados dos quase cinquenta que compõem a obra), perto de vinte livros sobre Caruaru (Meu povinho de Caruaru, Major Sinval, Caruaru do meu tempo, etc.) e outros trabalhos folclóricos como Dicionário da Cachaça, Dicionário do Açúcar, sem contar vários ensaios publicados em jornais e revistas especializadas, na qualidade de estudioso da história e costumes do povo do Nordeste. Faleceu na cidade do Recife, no dia 22 de outubro de 1993.
[10] Certas espécies de búzios marinhos possuem a capacidade de produzir sons fortes, que serviam para comunicação a distância e foram utilizados para esta prática em várias partes do mundo, por vários povos, através dos séculos. No sertão nordestino, de largas paragens, a utilização de búzios era uma forma de comunicação prática entre vaqueiros que tangiam gado no meio da caatinga. Vem daí o termo “buzar”, para tocar o instrumento.
[11] A foto comentada está na edição do periódico carioca “O Jornal”, de quarta feira, 19 de janeiro de 1972.
[12] Ver as páginas do periódico carioca “Jornal do Brasil”, edição de quinta feira, 1 de agosto de 1974, em reportagem realizada pela jornalista Leticia Lins, que seguiu para Serrita para realizar a cobertura da missa que acontecia pela terceira vez, onde temos informes do primeiro evento. Ainda sobre a primeira missa, ver o “Jorna do Commércio”, de recife, edição de terça feira , 18 de julho de 1978.
[13] Em entrevista concedida pelo padre João Câncio e Luiz Gonzaga, ao periódico carioca “O Jornal”, de 19 de janeiro de 1972, afirma que a missa teve a participação de “cinco mil vaqueiros”, número que considero exagerado.
[14] No site http://cinemateca.gov.br temos detalhes deste documentário, mas com o título “A Morte do Vaqueiro”. José Carlos Capinam Jose Carlos Capinam , poeta e compositor. É natural de Esplanada, Bahia, sendo considerado um dos grandes letristas de sua geração.  Poeta desde a adolescência mudou-se para Salvador aos 19 anos, onde iniciou o curso de Direito, na Universidade Federal da Bahia, onde conheceu os estudantes Gilberto Gil e Caetano Veloso, respectivamente dos cursos de Administração e Filosofia. Capinam participou ativamente do movimento tropicalista no fim da década de 60. Uma de suas músicas famosas é uma homenagem ao guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara,” Soy loco por ti, América”, com parceria de Gilberto Gil. Também é compositor da música “Papel Marche”, junto com João Bosco, Em 2000, compôs a ópera Rei Brasil 500 Anos, ao lado de Fernando Cerqueira e Paulo Dourado, uma crítica as comemorações dos 500 anos de Descobrimento do Brasil. Capinam além de letrista, poeta, escritor, é publicitário, jornalista e médico!  Ver http://www.salvadorcomh.com.br. Já o carioca  José Carlos Avellar é Jornalista de formação, trabalhou por mais de vinte anos como crítico de cinema do Jornal do Brasil. Atualmente é integrante do conselho editorial da revista Cinemais e da publicação virtual El ojo que piensa, da Universidade de Guadalajara (México). É consultor dos festivais internacionais de cinema de Berlim (desde 1980), de San Sebastián (desde 1993) e de Montreal (desde 1995). Desde 2006 é também curador (com Sérgio Sanz) do Festival de Gramado e já publicou vários livros de ensaios sobre cinema. Ver http://bancocultural.com.br/cinema/?p=71.
[15] Descobri que o documentário “Missa do Vaqueiro” foi premiado na Jornada Nordestina de Curta-metragem, sendo exibido no MAM – Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, no inicio de outubro de 1973. Ver o “Diário de Notícias”, Rio de Janeiro, edição de domingo, pág. 16, 30 de setembro de 1973.
[16] Bangladesh, antigo Paquistão Oriental, é um país asiático, superpopuloso, que fica entre a Índia e o Golfo de Bengala. Independente do Paquistão em 1971 enfrentou uma sangrenta guerra pela sua liberdade e que durou nove meses, encerrando no dia 16 de dezembro de 1971. Bangladesh contou com o apoio da Índia, que se envolveu no conflito contra o Paquistão. Este conflito, devido ao alto número de mortos civis, as terríveis imagens de pessoas famintas em meio aos combates, chamou a atenção dos países ocidentais.

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Extraído do blog do historiógrafo e pesquisador do cangaço:
Rostand Medeiros