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quinta-feira, 26 de julho de 2012

MENINA DE 12 ANOS DESAPARECIDA EM TIBAU - Rio Grande do Norte - aparece, mas...

cinthia_livia

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O AMADO COITO DE LAMPIÃO FOI BAGUNÇADO PELOS CANGACEIROS


Segundo o escritor e pesquisador do cangaço, da cidade de Poço Redondo, no Estado de Sergipe, Alcino Alves Costa, afirma em seu livro: Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angico



que o rei Lampião era obcecado pelas redondezas de Poço dos Porcos, em um riacho chamado Jacaré. E costumeiramente fazia o seu merecido descanso por lá. Sua Central Administrativa estava localizada nas proximidades do rio São Francisco e de Poço Redondo. No período em que isto aconteceu, já fazia dias que o rei Lampião e a sua respeitada saga estavam guardados e bem protegidos naquele amado lugar.                                               
Cuidadoso com o seu arsenal de armas, o rei já falava que ele precisava de uma manutenção urgente, para olear as partes metálicas, ensebando algumas peças de couro e outros mais. E também zeloso com as suas riquezas, isto é, suas jóias, solicitou à presença de um afamado ourives, um senhor chamado Messias, para fazer reparos.                                     
Era do costume, vez por outra, alguns fabricantes de jóias fazerem reparos nas riquezas de toda cangaceirada. Em especial, as da majestade e as da sua amada rainha Maria Bonita.

 

Assim que o Messias recebeu o convite, sentiu-se honrado. E não querendo ir sozinho, até ao reino da majestade para atender a sua solicitação, convidou o coiteiro Manoel Félix para acompanhá-lo. Este se deu pronto, e de imediato chamou o seu irmão, o Adauto, para juntos irem até a corte do respeitado rei.

O coiteiro de Lampião - Mané Félix

O Poço dos Porcos havia recebido um grande colégio de cangaceiros, com uma quantidade de mais ou menos de setenta perigosos asseclas. E lá, o divertimento era de várias formas para alegrarem os seus sofridos corações. Uns jogavam cartas, outros bebiam, outros dançavam ao som do fole, tocado pelo cangaceiro Balão, 

Fotos do cangaceiro Balão

e o Zabelê, que também era considerado um grande e talentoso poeta, interpretava as suas velhas e bem rimadas canções.
Lampião que se encontrava deitado lá na sua Central Administrativa, sem sair de dentro, e não gostando daquele fuzuê, reclamava os festeiros, dizendo-lhes que deixassem de tanta bagunça, pois aquela anarquia dava uma boa pista para as volantes. Mas os asseclas não lhe davam a mínima atenção. Continuavam bagunçando o coito do rei.
O Messias e os dois irmãos haviam chegado ao coito, no momento em que os asseclas faziam a festança. A malta continuava usando um bordão, “Dança Gavuzinho! Dança Gavuzinho”, sendo este dirigido ao cangaceiro Juriti, que se requebrava diante dos amigos para fazer graça.

O cangaceiro Juriti

Assim que o cangaceiro Juriti viu o ourives e os dois irmãos, tomou-lhes a frente, fazendo graça e se requebrando. Adauto tentando ultrapassar para se desviar dele, a bolsa que no momento conduzia em uma de suas mãos, atingiu a cabeça do cachorro de Lampião, ferindo-o de imediato.
O cão ficou uivando como se estivesse pedindo a Lampião que vingasse aquela maldade feita contra ele. E seringadas de sangue saíam por uma das suas orelhas. Temendo ser justiçado por Lampião, Juriti gritou que tinha sido o Adauto que ferira o cachorro.
E como uma fera, Lampião agarrou o seu amado e perverso mosquetão e partiu para cima do pobre homem. O coitado esmoreceu de repente, e não sabia o que fazer.                           

Maria Bonita

Maria Bonita, como sempre, protetora dos inocentes, agarrou-o, implorando que tivesse paciência, pois não se matava um homem, só porque tinha ferido um cachorro. E ainda lhe dizia que ele parecia que tinha enlouquecido.
Maria Bonita foi a grande sossega leão de Lampião, pedindo-lhe que não fizesse tantas maldades contra as pessoas. Algumas vezes, ele ficava nervoso com coisas banais, e com essa fúria, além do normal, ela estava sempre ao seu redor para evitar tamanha atrocidade. Ela sabia que muitas vezes, as suas maldades eram justas. Mas outras, praticava pela natureza cruel que ele era dono. Se ela não tomasse as dores de alguém para si, Lampião se tornaria um bandido sem causa e sem ética.                
Assim que Lampião violentou Adauto, o seu amigo e fiel companheiro, o Luiz Pedro, correu e o colocou sobre sua proteção, amparando-o em suas costas. 

O cangaceiro Luiz Pedro

E de lá, ficou acalmando a suçuarana humana, pedindo-lhe que não se estressasse, deixasse o rapaz aos seus cuidados. E ainda lhe dizia: “-Não faça isto compadre! não faça isto!...”.
Mas Lampião estava fora de si.  Queria matá-lo por ter ferido o seu cachorro, que para ele, era como se fosse um amado filho. E ainda dizia: “-Olhe o sangue Maria! Olhe o sangue Maria, no bichinho!”.
Diz o escritor Alcindo Alves, que o ourives Messias, com medo de ser morto, não suportando as agressões de Lampião, querendo matar o coiteiro, desmaiou.
Manoel Félix não esperou que a suçuarana se acalmasse. Correu em direção ao seu animal, que estava amarrado em uma árvore. O que ele desejava no momento era sair de lá o mais rápido possível. O pior foi que o animal estava preso à árvore, e não podia sair do local. Quanto mais ele açoitava, mais o apanhador se encolhia, mostrando-lhe que se não o soltasse, ele não iria para lugar nenhum. O medo de Manoel Félix foi tão grande, que não percebeu que o pobre do animal não saía do local porque ainda estava amarrado. E só notou momentos depois, quando tudo havia passado.
Luiz Pedro e Maria Bonita foram grandes protetores de Adauto. Lampião cheio de ódio apontou a sua arma para o coiteiro. Mas o compadre se adiantou dizendo-lhe: “-Não faça isto compadre, não faça isto”. E até que enfim, Lampião se viu dominado pelos conselhos de Luiz Pedro e Maria Bonita.
Conta ainda Alcindo que tempo depois foi que Messias deu sinal de vida. Mané Félix, só se deu conta de que o jumento estava no mesmo lugar quando alguns asseclas o rodearam, zombando do medo que ele teve da suçuarana. Lampião havia endoidecido. E não queria perdoar a maldade que sem querer, Adauto fizera contra o seu amado cachorro.


Fonte de pesquisas:
Livro: 
Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico
Autor: Alcino Alves Costa

ISAURA LOPES CLEMENTINO E A HISTÓRIA DO CANGAÇO: final (Coronel Figueiredo e Lampião) - Final


Por João Paulo Araújo de Carvalho

O Coronel Vicente Ferreira de Figueiredo Porto (1876-1949) era proprietário de diversas fazendas e foi um dos maiores chefes políticos de Nossa Senhora das Dores no início do século XX. A Fazenda Cajueiro, onde residia na década de 1930, foi invadida por um grupo de cangaceiros liderado por Zé Sereno, estando a mesma desguarnecida e o coronel na posse de apenas um velho bacamarte. Estaria o velho coronel descuidado da segurança?

Zé Sereno (ao centro) e seu bando, personagens de “O Fogo do Cajueiro”. Foto: Benjamin Abrahão, 1936. Acervo da AbaFilm, Fortaleza.


Em entrevista com dona Isaura Lopes Clementino, confirmou-se a notícia corrente na cidade de N. Sra. das Dores na época: Figueiredo era coiteiro do cangaceiro Lampião, que se escondia em algumas de suas fazendas, especialmente na Quixaba, com direito a matança de gado para saciar a fome do bando.
É importante frisar que em 25 de novembro de 1929 Dores foi invadida pela malta lampiônica, o que só não resultou em derramamento de sangue devido à cata de dinheiro entre os homens mais ricos da cidade. Tal fato é amplamente relatado na literatura do cangaço, a exemplo de Ranulfo Prata (1934), José Anderson Nascimento (1981), Vera Ferreira e Antônio Amaury (1999) etc.
Mas, entre os ricos estava o Coronel Figueiredo, ausente na lista de “colaboradores” do “rei do Cangaço”. Ausência que a literatura não explica...
Indagado pelo repórter do “Sergipe Jornal” se Lampião esteve em suas propriedades naquela passagem por Dores, vejamos o que o Coronel declarou, em edição de 29 de novembro de 1929: “esteve mesmo em ambas, não me encontrou. Em seguida dirigiu-se até Dôres, onde eu me achava e tive occasião de conversar com elle”. E o senhor não teve receio? Perguntou o repórter. “Um homem é para outro. Ademais, os modos pacíficos com que me tratou, não inspiravam nenhum receio. (...) Ao serme-me apresentado pelo meu vaqueiro, declarou-me que dous homens em Sergipe tinha o desejo de conhecer. Um era seu creado. O outro o coronel Antonio Franco”.
Observemos que o Coronel estava na cidade e encontrou-se com o cangaceiro, tendo inclusive declarado ao jornal citado que intercedeu junto ao mesmo para que não fizesse um baile com as moças dorenses, que dançariam com os bandoleiros, o que foi de pronto atendido.
Não resta dúvida que o Coronel e o Cangaceiro nutriam uma relação de proximidade. Seria só o desejo de conhecê-lo, talvez pela fama de valente que o mesmo tinha e corria os sertões adentro, que fez o “rei do Cangaço” não incluir Figueiredo na lista de doadores de cobres? Ou o Coronel já lhe dava proteção naquelas paragens? Se isto não ocorria antes de 1929, certamente isto ocorreu após aquele encontro entre o homem mais temido do nordeste e o mais rico, temido e influente do médio sertão sergipano.
A negativa do pedido feito por meio da carta de fins dos anos 1930, relatado por dona Isaura, foi, portanto, a quebra desta relação, de um “contrato” firmado pela palavra empenhada, deflagrando o “fogo do Cajueiro”, fazenda que estava desguarnecida provavelmente pelo excesso de confiança que seu proprietário tinha, pela certeza de que jamais seria atacado por cangaceiros, tendo em vista a relação de cumplicidade que mantinha com o maior de todos eles.
Neste sentido, “O Fogo do Cajueiro”, filme que está sendo gravado em Dores, deve muito às esclarecedoras informações trazidas à luz pelas lembranças de dona Isaura, que nas entrevistas que nos deu pôde reascender o carvão de sua memória e reencontrar-se com sua história, bem como com a história de N. Sra. das Dores e do Brasil.

(*)(historiador, mestre em História, professor e colaborador do Projeto Memórias) contato: joaopaulohistoria@gmail.com

blogdoprojetomemorias.blogspot.com 


AMIGO TROGLÓ, O DAS CAVERNAS (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

AMIGO TROGLÓ, O DAS CAVERNAS

Conheci Trogló quando eu ainda estudava o ginasial ou coisa parecida, naquela época em que o estudo era dividido em séries ou anos. E foi durante uma aula de história que o avistei pela primeira vez.

Durante uma lição, estava folheando o velho livro didático na parte que tratava acerca dos primórdios da humanidade, mas precisamente sobre os períodos históricos do homem. Como o texto possuía muitos desenhos exemplificativos, de repente me deparei com o amigo que conservo até hoje.

Estava ele lá desenhado todo disforme, cabeludo, coberto com poucas roupas de pele de animais, acocorado junto a uma fogueira encimada por um animal estirado em vara para assar, com um instrumento feito de osso à mão e tendo ao fundo uma caverna. A etapa era o da pré-história, o período o do paleolítico, a idade a da pedra lascada, e o nome do meu amigo a partir daquele momento passou a ser Trogló.


Trogló porque no momento lembrei-me dos trogloditas, homens primitivos que viviam em cavernas nos tempos antigos. Contudo, o mais interessante é que gostei tanto do desenho que acabei arrancando a página do livro e colando-a bem ao lado do guarda-roupa do meu quarto. Todos os dias, até por diversas vezes, eu ia olhar o desenho e imaginar como seria viver naqueles tempos.

E não durou muito e eu já conversava com a figura de Trogló como se ali estivesse um amigo em carne e osso, de verdade. O tempo foi passando e a amizade aumentando, até que um dia comecei a sonhar com o estranho primitivo. No sonho, o acompanhava em caçadas, batendo pedra em pedra, friccionando para sair faísca e queimar garranchos, fazendo surgir enormes fogueiras, se lambendo deliciosamente com pedaços de javali apenas chamuscados de fumaça.

Mas numa noite o sonho veio mais estranho ainda. Depois de jogar ao lado da fogueira um animal que trazia às costas, virou-se e começou a grunhir como se quisesse falar comigo, apontando na minha direção. Falava, pulava batendo no peito, e depois apontava. Já no sonho seguinte disse, falando claramente, que um dia me faria uma visitinha.

Estava tão acostumado que não tive medo. No outro dia não sosseguei esperando a visita do amigo Trogló. A todo instante ia até o desenho avistá-lo e depois corria até a janela para olhar adiante; ficava atendo para ouvir se alguém batia na porta, e até debaixo da cama olhava de vez em quando. Contudo, passaram-se mais de trinta anos sem que o visitante aparecesse. Uma decepção que não me tirou totalmente a esperança de um dia encontrá-lo.

Os sonhos foram rareando, quase não surgindo mais, mas de vez em quando eis o amigo dizendo que não havia esquecido a visitinha. Mudei de casa, de cidade, mudei minha vida completamente, pois já exercendo profissão, mas nunca deixei nem de conversar com o desenho nem de esperar Trogló aparecer a qualquer momento.

Até que um dia, sem que eu possa nem de longe imaginar como aquilo pôde acontecer, eis que o estranho visitante surge no meu quintal. Assim que abri a porta cedinho e lá estava o primitivo da pedra lascada acocorado, com as mesmas vestimentas – ou quase nenhuma - e feições mostradas no desenho. Olhou em minha direção e atirou um enorme pedaço de osso que quase me acerta de cheio. Era o seu jeito de cumprimentar e presentear.

Depois levantou, e talvez também tendo sonhado comigo lá por onde vivesse, começou a falar a mesma língua que eu não conseguia pronunciar no momento. Antes que eu dissesse alguma coisa, se antecipou e falou que havia demorado mas não havia esquecido o prometido, e por isso mesmo estava ali.

Contudo, ainda diante de minha mudez espantada, prosseguiu dizendo que só havia aparecido agora mas já estava pelos arredores, passando de lugar a lugar, desde muito tempo, a mais de trinta anos andando de lado a outro. E o seu último lugar de visita seria ali, pois dali mesmo iria embora sem nem olhar pra trás.


Com o aparecimento da voz, pude então perguntar por que já ia embora assim sem ao menos querer olhar pra trás. E ele respondeu: “Pensei que a humanidade havia progredido, mas não. Todo mundo estuda para conhecer o jeito rude, grosseiro e até violento que o homem primitivo vivia. No entanto, não troco minha pedra lascada pela modernidade. A gente só tem a pedra, o fogo, a água, a caça e a caverna para morar. E vocês têm de tudo, e têm até demais. Mas para que serve, se humanamente não progrediram nada?”.

E foi embora em seguida. E teve razão em ir embora daquele jeito tão desgostoso. Também não entendo o que nós, ditos civilizados, fazemos aqui. Qualquer dia desses vou embora também. Juro que uma caverna é bem melhor do que o muro baixo do vizinho ou a janela que se abre do outro lado da rua.

Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com