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sábado, 14 de julho de 2012

José Genildo de Miranda


JOSÉ GENILDO DE\ MIRANDA, nasceu em  Mossoró, no ano de 1924. Era casado com Ana Salem de Miranda. Pai de José Genildo de Miranda Filho, Roberto Salem de Miranda e Celestina Salem de Miranda. 

Eleito vice-prefeito de Mossoró em 15 de novembro de 1998, na chapa do saudoso prefeito ANTONIO RODRIGUES DE CARVALHO (18/06/1927 – 03/12/2009), presidente da Câmara Municipal de Mossoró e também radialista de grande projeção na Rádio Difusora de Mossoró. 

 Escola Municipal Genildo Miranda com sede no sítio Lajedo, Zona Rural de Mossoró – RN, foi criada no dia 06 de janeiro de 1988 através do Decreto n° 622/88, do Prefeito Municipal Dix-Huit Rosado.

É patrono da Escola Municipal na zona rural de Mossoró, criada pelo saudoso Dix-huit Rosado, através do Decreto nº 622, de 6 de janeiro de 1988. Faleceu no dia 30 de maio de 1985.


http://jotamaria-eemunicipaisdemossoro.blogspot.com.br/2011/06/escola-municipal-jose-genildo-miranda.html

Hoje na História de Mossoró - 14 de Julho de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

14 de julho de 1870 falecia o político Irineu Soter Caio Wanderley, nascido em Assú a 22 de abril de 1825. Comerciante de larga projeção na cidade e chefe do Partido Liberal, em oposição ao vigário Antônio Joaquim Rodrigues que dirigia o Partido Conservador, Irineu Soter Caio Wanderley foi Juiz Municipal, de quem diz Câmara Cascudo: “Homem de batalha, enérgico, arrebatado, inarredável nos compromissos sempre na primeira fila das escaramuças políticas”.

Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Autor:

Jornalista Geraldo Maia do Nascimento
Fonte:
 

Trio Mossoró - 30 Dias de Forró (1976)

capa

Trio de forró. Cantores. Instrumentistas. João Batista, o João Mossoró - Mossoró (RN). Hermelinda Batista, a Ana Paula - Mossoró (RN) Carlos André Batista, o Oséas Lopes - Mossoró (RN)

Irmãos. Fundado no princípio dos anos 1950 por Carlos André Batista, sanfoneiro que já havia atuado na Rádio Tapuyo de Mossoró (RN). 

Carlos André - Oseas Lopes

Pouco depois, Carlos André mudou-se para o Rio de Janeiro, para onde chamou os irmãos para continuar o Trio Mossoró. No Rio de Janeiro, o líder e fundador do Trio já atuava nas rádios Mayrink Veiga e Nacional mantendo contato e intercâmbio com o compositor maranhanse João do Vale. 

Em 1954 recebeu em cerimônio no Teatro Municipal no Rio de Janeiro, o troféu Elderbe, o mais importante prêmio musical naquele momento. Em 1962 gravou o primeiro disco, o LP, "Rua do namoro". Gravou ao longo da carreira cerca de 10 LPs, entre os quais, "Trinta dias de forró", "Transamazônica, o paraíso da esperança" e "Forró do mexe mexe". 
Participou ainda de inúmeras coletâneas, entre as quais, "A grande parada nordestina", no qual interpretou "Na fogueira", de Dominguinhos e Anastácia. O Trio se separou em 1972 e seus integrantes partiram para atuações individuais. 

Em 2001 a BMG lançou a série "Quatro em um", na qual o Trio Mossoró aparece no volume 19 interpretando "Boiadeiro", de Amim Sáfady, "Carro-de-boi", de Geraldo Nunes, "Amor da minha vida", de Raul Sampeio e Benil Santos e "Quero ver se não vai dar", de Almeida Lopes e Gebardo Moreira. 

Fontes:

Projeto nacional "Tudo de cor para você" chega a Mossoró e renovará Catedral de Santa Luzia

igreja_de_santa_luzia_2

Um dos principais patrimônios históricos de Mossoró, a Catedral de Santa Luzia, ganhará nova cor para ressaltar a beleza do monumento que é símbolo do povo mossorosense. A iniciativa faz parte do projeto "Tudo de cor para você", da Coral, que desde 2009 vem colorindo diversos patrimônios históricos no Brasil.

Neste mês, chegou a vez de Mossoró receber o projeto de abrangência nacional. A pintura da Catedral de Santa Luzia terá início hoje, 10, e deverá ser concluída em agosto.

O "Tudo de cor para você" é o principal projeto socioambiental da AkzoNobel. Desde o seu início, em 2009, mais de 96 mil litros de tintas já foram usados para renovar mais de 2.200 imóveis em comunidades de diferentes regiões do país.

Já receberam o projeto as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Olinda, Porto Alegre, Ouro Preto, Porto Seguro, Florianópolis e Fortaleza. A iniciativa, entretanto, não se restringe a levar cores para praças do Brasil inteiro. O combate à degradação de áreas e patrimônios históricos promove alegria, descontração e une moradores, voluntários e mais de mil funcionários em uma grande onda de pintura e conservação das áreas escolhidas.

O projeto oferece, ainda, treinamento e capacitação a pintores que residem nas regiões beneficiadas, fechando um ciclo sustentável que resulta no aumento da autoestima e da cidadania da comunidade.

O projeto da Coral conta com o apoio e participação dos Sindicatos das Indústrias e da Construção Civil de Mossoró, de empresas locais e da Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM).


CATEDRAL DE SANTA LUZIA

Com 169 anos de fundação, a Catedral de Santa Luzia é um dos mais importantes símbolos de Mossoró. A história da igreja e a história da cidade de Mossoró estão tão ligadas que chegam a se confundir.


O livro "Paróquia de Santa Luzia, 150 anos", do monsenhor Francisco de Sales Cavalcanti, relata que a paróquia de Mossoró foi criada devido à necessidade de trabalho evangelizador mais intenso na cidade. Isso porque, até então, a capela de Santa Luzia pertencia à Freguesia de Apodi, o que restringia o trabalho pastoral.

Assim, com a capela elevada à condição de matriz, com a criação da paróquia, Mossoró passaria a contar com a presença permanente de um padre. E assim aconteceu a partir de 1842, quando dom Manoel Assis Mascarenhas sancionou a Resolução nº 87, criando a Freguesia de Santa Luzia de Mossoró.

O primeiro vigário foi o padre Antônio Joaquim, que pastoreou em Mossoró por 51 anos. Com o tempo, a Paróquia de Santa Luzia passou a ser a sede da Diocese de Mossoró, desmembrada em outras paróquias, tornando-se paróquia com característica urbana. Atualmente, a paróquia é dividida em quatro áreas paroquiais e 14 setores missionários.



Fontes consultadas: 

Jornal O Mossoroense.
Blog do Neto

Viva Luiz: a relação com o filho Gonzaguinha


"De Gonzagão herdou o nome. Mas o amor de pai foi preciso arrancar das entranhas do rei do baião. Não só o amor, mais ainda o respeito" (Regina Echeverria).


Luiz Gonzaga do Nascimento Junior é filho de Luiz Gonzaga com Odaléia Guedes dos Santos, uma jovem carioca que queria ser cantora. Eles se conheceram em 1944 e viveram xamegados por cerca de dois anos. Moraram juntos por em diferentes lugares do Rio de Janeiro. Já famoso músico nordestino, Gonzaga havia gravado 25 discos pela RCA, participando como sanfoneiro. Estava só com 32 anos quando o filho nasceu, em 22 de setembro de 1945. Dois meses depois, Odaléia contraiu tuberculose. Gonzagão a levou para um sanatório em Petrópolis. O menino foi levado para os padrinhos, Dina e Xavier, casal de amigos tanto de Luiz como de Odaléia.

A jovem chegou a fugir do sanatório e esperava voltar para os braços de Gonzagão. Foi novamente internada, dessa vez em Minas Gerais. Quando se recuperou, voltou a procurar Gonzaga, ele já estava com Helena das Neves Cavalcanti, paixão que começou em julho de 1947 e com quem se casou em 1948, ano que Odaléia contraiu nova tuberculose e morreu.

Após o casamento, Gonzaga quis levar o filho, mas a mulher e a sogra não aceitaram. Gonzaguinha então foi educado e criado pelos padrinhos, inclusive em formação musical. Xavier era conhecido como o "Baiano do Violão", tocava em roda de amigos no bairro do Estácio.

Enquanto Luizinho crescia, Gonzagão viajava pelo Brasil. Chegava a ficar meses fora do Rio de Janeiro. Na ausência do pai de sangue, Gonzaguinha observava o pai Xavier a fazer música.

De vez em quando, Gonzagão aparecia, mas não deixava de mandar dinheiro para a educação do filho. A esposa de Luiz, não gostava da relação, mesmo que distante, entre pai e filho. Como não conseguia engravidar, Helena chegou a espalhar o boato de que Gonzagão era estéril e que, portanto, Gonzaguinha não poderia ser filho do rei do baião.


Ele nunca confirmou o boato, como também nunca apareceu, em nenhum lugar do Brasil, quem lhe reivindicasse a paternidade. Para piorar o boato, fisicamente, Gonzaguinha em nada se parece com Gonzagão.

Preocupado com o filho solto pelo Estácio, Gonzagão colocou o filho em um colégio interno. Aos 14 anos, Gonzaguinha contraiu sua primeira tuberculose. Aos 16, resolveu morar com o pai e com a sua mulher Helena. Tinha também uma irmã, Rosinha - esta sim adotiva. Mas voltou para o colégio interno depois da nada boa convivência com a madrasta.

Enquanto esteve na universidade, também não se dava bem com Gonzagão. Era contra as idéias reacionárias do pai, o que aumentava a distância entre os dois. O reencontro só se deu muito tempo depois, com Gomzaga Junior já adulto.

Entre 1979-80, pai e filho fizeram juntos a turnê "Vida de Viajante". Durante as viagens, Gonzaguinha gravou cerca de 20 horas de conversas com o pai. Pretendia lançar um livro, acreditava que Gonzagão não recebeu em vida o reconhecimento devido como criador e artista popular.


Nos últimos anos de sua vida, Gonzagão criou junto ao filho um grande amor. Eles se apegaram de fato como pai e filho: um aprendeu com o outro.


"Acho que a pessoa que mais gosta de mim é você. A coisa mais bacana da minha vida é você. Sou pai postiço, mas sou pai", declarou Gonzagão, numa das gravações, ao filho.

Luiz Gonzaga, o pai - morreu em 2 de agosto de 1989. Um ano e nove meses depois, Gonzaga Junior morreu em um acidente de carro.

Hoje, estão juntos fazendo música lá pelas bandas do céu.
Fontes: 

Livro "Gonzaguinha e Gonzagão - uma história brasileira", de Regina Echeverria.
http://luzdefifo.blogspot.com.br/2012/07/viva-luiz-relacao-com-o-filho.html




Canudos nas telas


Um filme poético e delirante sobre a epopéia da Guerra de Canudos. Um mosaico sobre o maior acontecimento histórico do país.

ANTÔNIO CONSELHEIRO - O TAUMATURGO DOS SERTÕES (de José Walter Lima) é o encontro de Antônio Conselheiro, ressurgindo nos sertões da Bahia, com seu próprio mito no imaginário popular. O filme é uma metáfora sobre os sertões, uma epopeia da saga desse peregrino.

O filme se desenvolve seguindo duas linhas: a do sagrado ou apostolado, e a da campanha militar. A confluência dessa narrativa se dá no reencontro dos mitos do Cel. Moreira Cezar e do Antônio Conselheiro, o primeiro como Anticristo e o segundo como Iluminado.

Em comum ambos têm a morte que os transformou em mito no imaginário popular, tal como o Demônio e o Santo. Um vive pelo outro. Ambos morrem, mas o mito, atemporal, sobrevive.

 
Confira trailer:



HISTÓRICO - As primeiras imagens deste filme foram realizadas com o ator Carlos Petrovich (Idade da Terra/Glauber Rocha) no final de 1987. Esperamos três anos para o projeto ser aprovado e, quando a primeira parcela dos recursos foi liberada, o governo Collor de Melo confiscou.

Em seguida, uma tragédia se abateu sobre o cinema brasileiro com a extinção da Embrafilme. Os recursos confiscados foram liberados em 18 parcelas, o que resultou em um grande prejuízo para produção do filme. Além disso, um incêndio ocorrido no incío da década de 90 consumiu 40% dos negativos e 100% do som original.

Em 2009 retomamos o processo de finalização do filme. Fizemos uma imensa garimpagem e restauração do material de audio e vídeo. Promovemos soluções criativas, realizando filmagens complementares para enfim deixar pronto esse longa-metragem que documenta um importante momento da história do Brasil. 


Mais informações:
 Pesquei in Luz de Fifó 
E eu pesquei no lampiaoaceso.blogspot.com

Agradecimentos aos Estados Unidos


Nós, organizadores, pesquisadores, escritores e colaboradores deste blog, muito agradecemos aos estadunidenses e aos brasileiros que vivem nesse maravilhoso país, as visitas que fazem diariamente ao Blog do Mendes e Mendes. 

Em poucos meses de sua criação, em primeiro lugar está o Brasil, seguido dos Estados Unidos, que  é o país que mais visita a nossa página, com um total de mais de 24.000 acessos. 

Visualizações de página por país

Brasil                                                
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Estados Unidos
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Portugal
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Alemanha                                             
5.605
Rússia                                                   
5.180
Cingapura                                             
1.449
França                                                  
1.156
Reino Unido                                        
904
Dinamarca                                          
737
Espanha                                          
480

Os demais países as visualizadões são menores.

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ANÉSIA CAUAÇU – uma cangaceira baiana

Jornal A TARDE, 25.10.16, p. 1.

Conheça a história de Anésia Cauaçu. Anésia Cauaçu " mulher, mãe, guerreira. De seu lado, Anésia passou à história como uma figura única de mulher " mãe e guerreira. Seu vulto histórico se amplia o passar do tempo.

E Anésia contou:


"Os Cauaçus eram comerciantes e lavradores. Fazendeiros, possuindo algum capital, com muitas cabeças de gado, foram sempre muito considerados em Jequié, Brejo Grande, Conquista, Maracás, Amargosa e Boa Nova, negociando com as principais firmas do sertão baiano, dispondo de muito crédito e bom conceito.


Jornal A TARDE, 25.10.16, p. 1.

Os Cauaçus fizeram lenda numa vasta região que se inicia na Chapada Diamantina e chega até a caatinga de Jequié, Maracás e vizinhanças, onde desde o século XIX se destacaram pela coragem e bravura. Em nossa região, a parte da família que aqui vivia como pacatos agricultores e criadores de bode e gado, terminou empurrada para a luta armada, quando um de seus membros foi assassinado a mando de Zezinho dos Laços, personagem que aterrorizou a região por várias décadas.

Anésia era uma Cauaçu de fibra. Alta, esguia, olhos azuis, não tinha o perfil da catingueira. Casada, mãe pelo menos de uma filha, viu-se envolvida nas lutas que se seguiram contra o bando de Zezinho dos Laços, Marcionílio e Tranquilino Sousa, além da própria polícia. Viu morrerem pais e irmãos, bem como vários membros de seu bando; viu também sua mãe ser presa e torturada, nem assim jamais se abateu. Nas lutas em que se envolveu, logo adquiriu fama de exímia atiradora, de pontaria melhor que os homens do bando, capaz de acertar o dedo de um militar que apontava a seus comandados a direção onde estavam os Cauaçus, a mais de 300 metros de distância! Anésia foi presa em 1916 e solta em seguida. Por volta de 1930, ao que se sabe, vivia na região de Ilhéus. Não se tem notícia da data de sua morte nem do que teria acontecido a sua filha.


Zezinho dos Laços foi morto numa emboscada preparada pelos Cauaçus. O banditismo na região de Jequié sofreu forte baixa a partir da Revolução de 1930, com as prisões de Marcionílio e de seu filho Tranquilino Sousa.


 Capitão Silvino de Araújo, que às vezes lutava contra os homens de Marcionílio e, em outras, contra os próprios Cauaçus, por apoiar o movimento de 30, recebeu as graças do governo revolucionário.

De seu lado, Anésia passou à história como uma figura única de mulher " mãe e guerreira. Seu vulto histórico se amplia o passar do tempo.

UM DEPOIMENTO - Márcia do Couto Auad (*)

Lembro do momento em que meus olhos se iluminaram, pela primeira vez, diante de Anésia Cauaçu. Ao nos fazer retornar às passagens mais significativas de nossas vidas, a memória elege imagens, momentos, palavras, cheiros... que funcionam como símbolos de ligação entre essas lembranças e o que as faz despertar, quando reativadas no presente.

 Sendo essa premissa válida, diante de tantas verdades, lembro-me agora do momento exato em que a figura de Anésia Cauaçu surgiu aos meus olhos. E foi tamanha sua imensidão e tanto o meu fulgor que mal pude conter-me de alegria e prazer. Era meu último dia em Salvador, um sábado, na sede do jornal ATARDE, na seção de arquivo onde pesquisava. 

A funcionária do setor gentilmente me avisou faltarem dez minutos para o fim do expediente, e eu já havia extrapolado o prazo inicial estipulado. Passei a ser mais rápida na leitura dos microfilmes sobre o inquérito policial aberto para apurar as arbitrariedades da polícia contra os Cauaçus, motivo inicial de minha investigação. E quando a moça me alertou que o tempo havia terminado, rodei ainda pela última vez a manivela da máquina de micro filmagem, e para minha surpresa lá estava ela, seu nome em letras garrafais, matéria de primeira página. Se isso não bastasse, havia uma foto, estragada pelo tempo naquela edição de 25/10/1916.
 

Anésia não estava sozinha " estava de pé, altiva, com uma menina risonha e descalça, também de pé, trepada num banquinho desses de madeira tosca, encontrados em tantas casas de roça. A menina era sua filha. Ali estava a Anésia mãe que, como qualquer mãe, na hora da refeição, pega seu filhote e vai alimentá-lo com um prato de arroz e feijão, carne de sol ou carne seca, quase sempre misturados com farinha de mandioca. Assim a víamos " prato de comida na mão, um pano jogado ao ombro à frente daquela que podia ser tanto sua casa quanto um outro lugar onde se arranchara. Essa a imagem.
 

Busquei ler suas declarações naquele jornal. E como que transportada, imaginei Anésia falando. Quase podia ouvi-la narrar parte de sua vida e da vida de sua família. A materialização selou de vez meu compromisso com aquela mulher, que me deixava a um só tempo intrigada e deslumbrada.
 

No momento seguinte, paradoxalmente, me decepcionei. Foi bom achar ali a foto de Anésia. Mas já que havia a foto, porque não estava ela vestida de guerreira, com suas armas, suas cartucheiras, seu chapéu, a "bandida" construída pelo meu imaginário, cuja representação estava nas imagens de célebres cangaceiros, em reproduções de Lampião e sua companheira Maria Bonita?
 

Decepção momentânea, nada disso importava.O que mais sentia era a satisfação do ser capaz; de quem, diante de tantos caminhos (como Alice, a do País das Maravilhas) a escolher qual me levaria a melhor seguir para encontrar as respostas a minhas indagações ante o desconhecido. 

Naquele momento, outras tantas questões se estruturavam e me faziam pensar que a partir de então todo um universo se descortinava. Agora era organizar melhor as informações para tentar contribuir no preenchimento da grande lacuna existente na história das mulheres bandidas, que atuaram à margem ou ao lado dos homens.
 

Anésia representa o símbolo da coragem e do destemor na região de Jequié. E entre suas características mais notáveis percebe-se o amor que devotava à família. Diria mesmo que foi esse amor o elemento primordial capaz de fazê-la imprimir sua marca e perpetuar-se na memória coletiva como mulher respeitada pela valentia e pela força em combate. Como outras mulheres guerreiras de seu tempo, que também vivendo na caatinga tornaram-se símbolo de força e resistência. Mulheres sobreviventes à rudeza da terra e às lutas constantes por poder e demarcação de territórios.
 

Essa a lembrança que me surgiu quando pretendi iniciar meu depoimento, de modo a apresentar Anésia Cauaçu com a mesma emoção com que ela chegou a mim. Imagem e voz.
 

Anésia Cauaçu "mulher, mãe, guerreira pertenceu a um momento singular da história da região" o banditismo. A mulher-bandida que em determinado momento chegou a liderar seu bando e nele imprimir sua marca de coragem e valentia. Talvez sua característica seja a de exímia atiradora, pela qual se fez respeitada em toda a região, de Maracás a Jequié e vizinhanças. Sua história é formada, em verdade, de muitas histórias.

Esse é um fragmento da memória de quem, como pesquisadora, viveu em Anésia, uma longa trajetória ainda inacabada.


(*) Mestra em Memória Social e Documento (UNIRIO). Professora da UNEB-Campus Ipiaú.

DERRAMAMENTO DE SANGUE E MAGIA NEGRA NA SAGA DE ANÉSIA

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 25/7/2011.
JUSCELINO SOUZA
Vitória da Conquista

O escritor Domingos Ailton, descreve a briga entre famílias que deu origem à história que notabilizou a cangaceira baiana Anésia Cauaçu. O autor ouviu relatos de antigos moradores da região, como o lavrador Claudionor Souza, para escrever o romance histórico; Anésia lidera e enfrenta vários combates no sertão da Bahia com coragem e uma força extraordinária Narrativas orais e pesquisas garantem fidelidade aos fatos.


O romance Anésia Cauaçu, de Domingos Ailton, reporta à formação do município de Ituaçu, antigo Brejo Grande, e relata as brigas de duas famílias da localidade: os Silvas, conhecidos como "rabudos", e os Gondins, chamados de "mocós". O derramamento de sangue começa quando o major Zezinho dos Laços, um dos líderes dos "rabudos", exige que um primo de Anésia, Augusto Cauaçu, acompanhe seu grupo de jagunços em uma emboscada contra a família Gondim. Augusto se recusa e é assassinado a sangue-frio a mando de Zezinho dos Laços.A família Cauaçu se reúne e resolve vingar a morte, assassinando Zezinho dos Laços seis anos depois em uma tocaia na Fazenda Rochedo com uma bala feita do chifre de um boi preto, que fora confeccionada pelo pai de santo Heitor Gurunga, um sacerdote da religiosidade afro que cuidava do povo pobre da região.

Daí em diante a história começa a prender a atenção pela narrativa suave, como se projetasse imagens na mente do leitor, e pelo viés dramático ao redor da chacina que viria. "Ao saber da morte de Zezinho, seu irmão Cassiano do Areão, o cunhado, coronel Marcionílio de Souza, e o filho deste, Tranquilino de Souza, passam a perseguir e matar membros da família Cauaçu e do bando de cangaceiros que acompanha o grupo, comandado por Anésia e seu irmão José Cauaçu", diz Domingos.


Surge, então, a lendária figura da cangaceira Anésia Cauaçu, que lidera e enfrenta vários combates com coragem e uma força extraordinária. Tal força, contam os mais velhos, reverberando relatos de geração em geração, vinha de poderes ocultos, tipo magia negra. "Em muitos momentos ela envultava (desmaterializava) e virava uma rocha ou toco de árvore", explica o lavrador Claudionor Souza.


Na tentativa de erradicar o bando de cangaceiros e por fim aos embates, o governador da Bahia na época, Antônio Muniz, denomina o movimento armado dos Cauaçus de "conflagração sertaneja" e envia para Jequié e região mais de 240 soldados. Os cangaceiros passam a utilizar táticas de guerrilha para enfrentar a polícia. "Anésia cai em emboscada e é presa. Interrogada, é posta em liberdade e concede entrevista de primeira página na edição de 25 de outubro de 1916 do jornal A TARDE sobre a história do bando", enfatiza o autor.


Ao saber que a líder fora rendida e posta fora de combate, a força policial começa a praticar uma série de arbitrariedades contra a população jequieense e da região, como represália pelo suposto apoio ao cangaço. Não se sabe ao certo qual o paradeiro de Anésia. Alguns sustentam que ela mudou o nome e permaneceu em Jequié, como simples lavradora, até morrer, em dia, mês e ano ignorados.
Juscelino Souza / Ag. A TARDE

Fontes:
www.domingosailton.com/blog/wp-content/uploads/2011/07/atarde2.pdf
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

AS CRÔNICAS DO CANGAÇO – 15 (BELA MENINA VAI PRO CANGAÇO)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

AS CRÔNICAS DO CANGAÇO – 15 (BELA MENINA VAI PRO CANGAÇO)

Como afirmado noutra passagem, o cangaço causava verdadeiro fascínio entre a maioria dos jovens nordestinos. Rapazinhos e mocinhas não escondiam de ninguém que se deslumbravam só em ouvir falar naquela vida cheia de aventuras.

Enquanto os pais não conseguiam nem imaginar suas crias, verdadeiras crianças ainda em formação, enveredando pelos caminhos de tantos perigos e assombrações, ainda que venerassem a figura do Capitão Virgulino e seu bando, a molecada chegava a sonhar de arma na mão enfrentando a volante, andando e correndo pelas trilhas catingueiras, fazendo de lar qualquer moita ou gruta.

Verdade é que os grupos cangaceiros eram formados por pessoas jovens, cheias de vigor físico e disposição para a luta. Uma pessoa já envelhecida não conseguia ao mesmo tempo voar e se esconder, desaparecer num canto para já aparecer noutro, subir a serra por debaixo d’água. Usando alegorias, porém no intuito de confirmar sobre as exigências mirabolantes da vida cangaceira.


Daí que os bandos eram formados basicamente por pessoas novas. É difícil de acreditar, mas muitos daqueles avistados nas fotografias de Benjamim Abraão carregando pesado armamento, de vestimentas pesadas, cheios de adornos de ímpar riqueza, de cabelos crescidos e feições marcadas de sol, não passam de jovens, mocinhas e mocinhas que já pareciam envelhecidas pelas tantas lutas sangrentas travadas.

Muitos daqueles jamais tiveram verdadeira infância. O menino tomou o rumo da caatinga e se fez adulto; a menina deixou pelos cantos sua boneca de pano e deu a mão ao cabra valente, seguindo adiante para se fazer mulher sem jamais ser adolescente. Assim aconteceu, por exemplo, com as cangaceiras Adília e Sila, que com menos de quinze anos já estavam no bando de Lampião. Logicamente levadas pela lábia encantadora do cangaceiro quase menino.

Os pais, aqueles antigos e conservadores sertanejos, tinham, e com razão, o maior medo do mundo de que algum cangaceiro chegasse por ali de passagem, se engraçasse com sua menina e fizesse o convite para acompanhá-lo. Muitas vezes aconteceu assim. O cangaceiro chegava, se admirava da beleza da doce flor sertaneja e não sossegava enquanto não a tirasse de casa.

Sendo sertanejos, muitas vezes filhos do mesmo local onde estavam visitando ou simplesmente de passagem, quando não conseguiam jogar palavra diretamente no ouvida da pequena, logo procuravam amizades ao redor para influenciar na realização do seu desejo. E assim, a menina que já tinha uma recaída por aqueles audaciosos rapazes, bastava ouvir o recado e se predispunha a trocar a família pela parentela das caatingas.

Contudo, aconteceu certa vez algo totalmente diferente do que a normalidade perante tal situação. Quer dizer, ao invés de os pais tentarem a todo custo proteger sua menina das garras amorosas do gavião cangaceiro, eis que afirmavam pra todo mundo da povoação ouvir que o sonho maior era que chegasse por ali um cabra moço do bando de Lampião e conquistasse o coração de sua bela flor.


Se não conquistasse na palavra, na mentira sobre a vida de rainha que levaria, na ilusão da pacífica vida nas caatingas, que a tangesse assim mesmo. Não se importariam de jeito nenhum que o cabra rodeasse a casa e esperasse o momento de ela aparecer para jogá-la nos braços e levá-la de qualquer jeito.

Que ela esperneasse, chorasse, gritasse até secar a garganta, mas que a fizesse cangaceira de qualquer jeito. Mais adiante, mais tarde, ela acostumaria e até agradeceria pela vida que levava. Ademais, não seria a primeira nem a última menina que pulava janela ou atravessa porteira para seguir o amoroso destino bandoleiro. Muitas já haviam feito assim, e ninguém nunca ouviu dizer de qualquer reclamação. Ao menos era assim que pensavam tanto a mãe como o pai.

Certamente alguém diria que um pensamento desses não poderia partir de pessoas normais, de pais de família responsáveis, principalmente quando se tratava de sertanejos humildes, honrados, tementes a Deus, de fervorosa religiosidade. Pai que é pai e mãe que é mãe quer ver o melhor para os seus e não jogando sua pequena cria nas mãos de um desatinado cangaceiro. Quem falasse assim dizia com plena razão.

Entretanto, não se pode esquecer que a fama de Lampião e seu bando era tamanha que muitos agrestinos concebiam o cangaço quase como uma coisa do outro mundo, uma verdadeira família de valentes que estava sempre de prontidão para combater as injustiças. Para muitos, citar o nome do Capitão era o mesmo que falar no grande salvador, no grande protetor contra as incúrias mandonistas de então.

Com tais pensamentos, ter uma filha fazendo parte desse meio e desse mundo seria honra maior, uma verdadeira benção divina. E a inocência matuta ia ainda mais longe, pois achava que uma filha cangaceira significaria o respeito maior da população, a reverência, um novo conceito que receberia sua família. E certamente pensariam duas vezes quando pretendessem fazer alguma maldade ou dizer alguma besteira logo contra parente de gente do bando de Lampião.

E não para por aí não. Por vergonha, isso não comentavam com ninguém não, deixando apenas para as confidências larescas, mas a verdade é que objetivavam algo muito maior, verdadeira coroação da extensão consanguínea. Eis que o pai dizia à mãe, e esta condescendia, que uma vez entregando sua menina a algum braço cangaceiro automaticamente passariam a ter parentesco com o próprio Lampião.


Ora, sendo o bando uma família e o seu líder o chefe familiar, então todo cangaceiro era como verdadeiro filho do Capitão. E sendo filho do homem, assim que sua menina fosse levada e fizesse parte daquela casa de caatinga, não só ela seria nora do cangaceiro maior como os seus pais passariam a ter parentesco reconhecido dentro do bando, e logicamente com o próprio Lampião.

Mas que viagem a dessa matutada. Por isso mesmo queria a todo custo que sua bela menina fosse alcançada por uma dessas duas opções: ou se apaixonar por um cangaceiro ou ser carregada a força por qualquer um do bando. E também por isso, ao invés de temer a chegada do bando como os outros faziam, ficavam implorando, rezando, fazendo promessas para que a cambada de Lampião despontasse na curva da estradinha adiante.

Se tão cedo o bando não chegasse, também tão cedo, ou talvez jamais, a menina sequer poderia pensar em namorar. Não tinha cabimento a filha prometida passar a gostar de outro, a querer namorar. Corria até o risco de o cabra chegar por ali e encontrá-la nos braços de outro. Seria o fim, a desonra maior da família, o fim do sonho da parentagem com Lampião. Não, isso não. Isso nunca.

Até que um dia um pai de família, já entristecido de tanto guardar sua mocinha pra cangaceiro e nada dele aparecer, foi procurar um amigo coiteiro e ajoelhado pediu por tudo na vida que fizesse chegar às mãos de qualquer cangaceiro solteiro o bilhetinho que ia escrever. Desconfiado da maluquice do amigo, ainda assim o intermediador do cangaço disse que por enquanto estava difícil, vez que o bando num lugar muito distante, mas quando chegasse por ali levaria sua missiva.


No outro dia o homem chegou com o bilhetinho embrulhado, estando acompanhado de uma rapadura de presente. E dizem que eram estas as palavras no papel, logicamente feita a tradução inteligível:

“Seu cangaceiro. Assim que aparecer nessas bandas, me faça o favor de uma visitinha. Quando chegar aqui no Capinzal pode perguntar por Mané Janjão que todo mundo conhece. Vou esperar na minha casa pra uma buchada de bode com vinho de jurubeba. E por sobremesa tenho uma menina, a coisa mais bonita do mundo, uma flor do sertão, que é pra você se engraçar e levar como esposa. Menina prendada, sei que vai lhe fazer bem na vida e dar muita sorte. Não esqueça não. Estou esperando”.

Ninguém sabe se a carta foi entregue ou não. Mas a verdade é que o homem morreu com mais de cem anos e ainda esperando o cangaceiro aparecer na sua porta. Quanto à sua bela menina, já era uma flor murcha e envelhecida, com pétalas regadas nas lágrimas de tanto desejar qualquer homem. Mas sem poder. Continuava prometida ao cangaceiro.    

(*)Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com