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sábado, 9 de junho de 2012

Delmiro Gouveia - Um dos maiores empreendedores do Brasil

"Foi o grande Delmiro Gouveia/ que evangelizou o sertão/ que matava a fome alheia/ abrindo as portas à redenção". (Virgílio Gonçalves de Freitas)

O cearense Delmiro Gouveia foi um homem muito à frente do seu tempo. Com ideias revolucionárias criou a primeira hidrelétrica do País. O "Rei do Couro", um dos maiores empreendedores do Brasil é um grande cearense de Ipú.

"Foi o grande Delmiro Gouveia
Que evangelizou o sertão
Que matava a fome alheia
Abrindo as portas à redenção".
(Virgílio Gonçalves de Freitas)


Delmiro nasceu no município de Ipu, em 1863. Partiu para Pernambuco por volta de 1872 com a mãe, órfão de pai. Passou de mascate no ramo de peles para "Rei do Couro", exportando peles de bode para a moda de Nova Iorque um século antes de se ouvir falar por aqui no tal do mundo "fashion". Estabeleceu-se como comerciante em Recife e abriu Casa Delmiro Gouveia & Cia.   Em Recife, criou o primeiro Shopping Center do Brasil, o Derby. Fugiu com a filha do Governador de Pernambuco e ganhou neste um inimigo. Perseguido em Pernambuco partiu para as Alagoas, neste Estado se estabeleceu, adquiriu ainda mais prestígio e prosperidade.  

Em viagem para a Europa conheceu a Revolução Industrial. A experiência o fez voltar ao Brasil, em 1910, com a idéia de uma hidrelétrica. A idéia transformou-se na hidrelétrica de Paulo Afonso.  Seu espírito empreendedorista foi além e trouxe ao nordeste brasileiro, cinema, estradas, escolas e toda uma cidade (Delmiro Gouveia - AL). Entre seus negócios, Delmiro Gouveia contabiliza a abertura das linhas Estrela, chegando a produzir 20 mil carretéis por dia e exportando para países como Chile, Argentina e Peru. Delmiro Gouveia foi assassinado em 1917 e até hoje não se conhecem os detalhes desse fato.

Ponte sobre o Rio São Francisco em Delmiro Gouveia - AL
Fonte: 
http://www.overmundo.com.br/guia/esportes-de-aventura-e-ecoturismo-em-alagoas

Prêmio Delmiro Gouveia

O Prêmio Delmiro Gouveia tem o objetivo de reconhecer as Maiores e Melhores Empresas do Ceará, tanto no desempenho econômico-financeiro quanto no desempenho social, atribuindo assim o destaque necessário para as empresas do estado do Ceará.


Caldeirão e muito mais na Confraria Chapéu de Couro

Por:Wilton Soares
Família Cariri Cangaço no Sítio Caldeirão

Um dos mais marcantes episódios de toda a história nordestina da primeira metade do século passado foi sem dúvidas a saga do Beato José Lourenço em terras de nosso Cariri; primeiramente em Baixa Dantas e depois no emblemático Caldeirão da Santa Cruz do Deserto; quando se experimentou uma das exitosas experiências de carater comunitário e igualitário de nosso país.

A história de vida, os interesses da igreja e dos latifunciários, a ligação com Floro Bartolomeu e o Padre Cícero, o Boi Mansinho... O massacre, o Caldeirão foi ou não foi bombardeado ? A personalidade, o mito, a
realidade...Tudo isso e muito mais em mais um encntro da Confraria do Chapéu de Couro, com a palestra "Caldeirão da Santa Cruz" com o pesquisador Wilton Soares - Dedê.

Wilton Soares - Dedê ; em foto de Dihelson Mendonça

Palestra: Caldeirão da Santa Cruz
Dia 09 de junho, às 13 horas
Mezanino do Restaurante
Carne de Sol de Russas
Rua Professor Carvalho 2912 -
Joaquim Távora Fortaleza.CE

Cariricangaco.blogspot.com

O Imaginário do Rei !


O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e o Memorial da Cultura Cearense, convidam para a abertura da exposição
O Imaginário do Rei
Visões do universo de Luiz Gonzaga

23 de junho de 2012, às 19h
Memorial da Cultura Cearense
Rua Dragão do Mar, 81 
Praia de Iracema – Fortaleza-CE

Visitação de terça a domingo, das 10h às 18h
De 23 de junho a 18 de agosto – Entrada Franca

Cortesia do Envio: Kydelmir Dantas

Morre aos 77 anos o escritor e jornalista Ivan Lessa


Morreu em Londres na noite desta sexta-feira, aos 77 anos, o jornalista, cronista e escritor Ivan Pinheiro Themudo Lessa. A causa da morte ainda não foi divulgada, mas, de acordo com as primeiras informações, teria sido em consequência de um enfisema pulmonar. O escritor vivia na capital inglesa desde 1978. Lessa nasceu em São Paulo em 9 de Maio de 1935, mas cresceu no Rio de Janeiro.

Filho escritor Orígenes Lessa, Ivan Lessa nasceu em 9 de Maio de 1935. Foi fundador e um dos principais colaboradores do jornal O Pasquim, o tabloide incendiário que fustigava a ditadura militar. Na publicação, ficava a cargo da coluna Gip Gip Nheco Nheco. Foi autor de frases célebres, como: "A cada quinze anos, o Brasil esquece os últimos quinze anos". 

Foi colaborador de VEJA entre os anos de 1995 e 1998, como crítico literário e cronista. Também colaborou regularmente para a revista Playboy. Foi colunista dos jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil.

Ivan Lessa também escreveu três livros: Garotos da Fuzarca, Ivan Vê o Mundo e O Luar e a Rainha. No prefácio de Garotos da Fuzarca, Millôr Fernandes, companheiro de Lessa em O Pasquim, descreveu o colega da seguinte forma: "Um escritor maldito? Sei lá. Uma mente conturbada? Um Gênio do mal? Um auto-exilado? Um exilado alto? Quem sou eu pra dizer?"

O escritor era fumante e sofria de graves problemas respiratórios. Ele foi encontrado morto pela mulher, Elisabeth, segundo o canal Globo News Lessa escrevia três vezes por semana para o site em português da BBC. Sua última crônica foi ao ar nesta sexta-feira e trazia uma homenagem a Millôr, morto em março deste ano.  

fonte: veja.com.br

Adquiri no blog: "petroleorn",
do professor Edicarlos Rocha

Guerra de Canudos

Mulheres e crianças: prisioneiros da Guerra de Canudos
Mulheres e crianças: prisioneiros da Guerra de Canudos

O cenário era a Bahia do século XIX, quem governava o Brasil era Prudente de Morais. O Nordeste brasileiro serviu de palco para que ocorresse uma das mais significativas revoltas sociais da primeira República.

A rebelião conhecida como Guerra de Canudos deu-se em virtude da situação precária em que vivia a população, sem terra e obrigada a se submeter aos arroubos dos coronéis. As terras pertenciam aos grandes proprietários rurais – os conhecidos coronéis – que as transformaram em territórios improdutivos. Essa situação revoltou os sertanejos, que se uniram em torno de Antônio Conselheiro, o qual pregava ser um emissário de Deus vindo para abolir as desigualdades sociais e as perversidades da República, como a exigência de se pagar impostos, por exemplo.

Os moradores do arraial acreditavam ser ele um divino mestre, que já praticara até milagres. Antônio Conselheiro fundou o vilarejo denominado Canudos e os sertanejos e suas famílias para lá passaram a migrar. Vários fatores contribuíram para o desenvolvimento de Canudos. O clima seco castigava severamente a região, danificando o plantio de alimentos, secando os diques e matando os animais que não resistiam à falta de água. Os sertanejos também tentavam sobreviver, mas a cada ano milhares morriam de fome e sede. A maneira tão desumana de viver estimulava o surgimento de desordens e agitações sociais, transformando os camponeses em malfeitores que andavam em bandos pelos sertões do Nordeste, fortemente armados, apavorando as populações locais e invadindo as propriedades dos coronéis.


Antônio Conselheiro, entre outros devotos, propagava a salvação da alma e o povo tinha fé que seu messias os ajudariam a sair daquela situação precária. A igreja começou a perder seus fiéis para um falso religioso, na concepção do governo, e assim ele passou a ser malquisto pela Igreja. No ano de 1896, o arraial contava com mais ou menos 20 mil sertanejos que repartiam tudo entre si, negociando o excesso com as cidades vizinhas, adquirindo assim os bens e produtos que não eram gerados no local.

Os habitantes de Canudos precisavam se resguardar e decidiram então organizar milícias armadas, pois era de se esperar uma reação contrária da parte dos coronéis e da Igreja Católica. Enquanto a igreja perdia seus fiéis, os coronéis sentiam-se prejudicados com o constante deslocamento de mão-de-obra para Canudos, que prosperava a olhos vistos. A população abandonou a sociedade republicana convencional, que até então só a alimentara de falsas promessas, e partiu para na direção da nova sociedade que despontava. Mesmo sem nenhuma garantia, pois não havia falsas promessas, o que era mais honesto. Os padres e coronéis coagiram o governador da Bahia a tomar providências urgentes, eles queriam que o governo desse fim a Canudos. Os jornalistas e intelectuais também eram contra os moradores do arraial, pois entendiam que os mesmos desejavam a volta da monarquia, algo totalmente fora de propósito.

A Destruição de Canudos

Foram instituídas três empreitadas militares, que foram vencidas pelos seguidores de Antônio Conselheiro. Em virtude de tamanha dificuldade, o Governo Federal assumiu o comando. A quarta expedição foi organizada pelo então ministro da Guerra, Carlos Bittencourt, o qual recrutou cerca de 10 mil homens que, comandados pelo general Artur Costa, apoderaram-se de Canudos e promoveram um terrível massacre, no qual muita gente inocente morreu, principalmente idosos e crianças, que só buscavam uma melhor qualidade de vida. A Comunidade de Canudos foi arrasada no dia 05 de outubro de 1897, entrando para a história como o palco do mais intenso massacre já presenciado na história.

Luiz Gonzaga - o rei do baião


Luiz Gonzaga do Nascimento (Exu, 13 de dezembro de 1912 — Recife, 2 de agosto de 1989) foi um compositor popular brasileiro, conhecido como o "rei do baião". Nasceu na fazenda Caiçara, no sopé da Serra de Araripe, na zona rural de Exu, sertão de Pernambuco. O lugar seria revivido anos mais tarde em "Pé de Serra", uma de suas primeiras composições. Seu pai, Januário, trabalhava na roça, num latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão (também consertava o instrumento).

Foi com ele que Luiz Gonzaga aprendeu a tocá-lo. Não era nem adolescente ainda, quando passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai. Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no sul do Brasil. O gênero musical que o consagrou foi o baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, que compôs em 1947, em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.

Luiz Gonzaga em família

Antes dos dezoito anos, ele se apaixonou por Nazarena, uma moça da região e, repelido pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, ameaçou-o de morte. Januário e Santana lhe deram uma surra porisso. Revoltado, Luiz Gonzaga fugiu de casa e ingressou no exército em Crato, Ceará. A partir dali, durante nove anos ele viajou por vários estados brasileiros, como soldado.

Em Juiz de Fora-MG, conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela sua habilidade como acordeonista. Dele, recebeu importantes lições musicais.

Luiz Gonzaga, Carmelita e Humberto Teixeira

Em 1939, deu baixa do Exército no Rio de Janeiro, decidido a se dedicar à música. Na então capital do Brasil, começou por tocar na zona do meretrício. No início da carreira, apenas solava acordeão (instrumentista), tendo choros, sambas, fox e outros gêneros da época.


Seu repertório era composto basicamente de músicas estrangeiras que apresentava, sem sucesso, em programas de calouros. Até que, no programa de Ary Barroso, ele foi aplaudido executando Vira e Mexe (A primeira música que gravou em 78 rpm; disco de 78 rotações por minuto), um tema de sabor regional, de sua autoria. Veio daí a sua primeira contratação, pela Rádio Nacional.
Em 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: a mazurca 
DançaMariquinha em parceria com Saulo Augusto Silveira Oliveira.
Também em 1945, uma cantora de coro chamada Odaléia Guedes deu à luz um menino, no Rio. Luiz Gonzaga tinha um caso com a moça - iniciado provavelmente quando 
ela já estava grávida - e assumiu a paternidade do rebento, adotando-o e dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. Gonzaguinha foi criado pelos seus padrinhos, com a assistência financeira do artista.
Em 1948, casou-se com a pernambucana Helena Cavalcanti, professora que tinha se tornado sua secretária particular. O casal viveu junto até perto do fim da vida de "Lua". E com ela teve outro filho que Lua a Chamava de Rosinha.

 


Gonzaga sofria de osteoporose. Morreu vítima de parada cárdio-respiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte e posteriormente sepultado em seu município natal. Sua música mais famosa é Asa Branca. 
Bibliografia

• Dominique Dreyfus. Vida do Viajante: A saga de Luiz GonzagaVozes do Brasil (em português). 2.ed. São Paulo: 34, 1997. ISBN 8573260343
• Assis Ângelo. Eu Vou Contar Pra Vocês (em português). São Paulo: Ícone, 1990. ISBN 8527401312
• Luiz Gonzaga: Vozes do Brasil (em português). São Paulo: Martin Claret, 1990. ISBN 8572320016
• www.nordesteweb.com/.../ne_not_20081214b.html

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1931: Entrevista com ex-cangaceiro do bando de Lampião

Por: Rostand Medeiros

Durante o período de atuação de Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião” como chefe cangaceiro, chama a atenção de quem deseja conhecer a sua história através dos jornais, a quantidade de notícias que se pode encontrar na hemeroteca do Arquivo Público do Estado de Pernambuco. 

Em alguns dos muitos jornais que circulavam em Pernambuco no período compreendido entre os anos de 1918 a 1938, quase todos os dias, principalmente entre os anos de 1922 e 1933, é difícil não se encontrar alguma notícia sobre o “rei do cangaço” e o seu bando. 

Muitas das antigas coleções destes jornais, provenientes de diversos pontos do estado de Pernambuco, estão devidamente encadernados e abertos à pesquisa, que pode ser feita de forma tranqüila, com pessoal especializado assessorando os pesquisadores, farto material, seguindo regras básicas de manuseio e correta utilização. Localizado na Rua do Imperador D. Pedro II, número 371, no bairro de Santo Antônio, próximo ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo pernambucano, esta repartição pública é um verdadeiro oásis de informações, onde aqueles que desejam se aprofundar nas pesquisas sobre o cangaço, certamente deverão sair com alguma nova informação.

Recentemente estive em Recife para mais uma pesquisa sobre o cangaço neste local. Manuseando cuidadosamente o grande volume onde estão encadernadas as edições do primeiro semestre de 1931, o jornal recifense “A Notícia”, na edição do dia 8 de março, que em meio a muitas notícias da famosa e malfadada tentativa do capitão-aviador Chevalier, de utilizar um avião para dar combate a Lampião e seu bando no interior da Bahia, na primeira página, traz uma nota que chama a atenção pelo título; “Lampião, O soberano Sinistro - Um Ex-Companheiro do Famoso Cangaceiro faz Interessantes Declarações a Imprensa Carioca”. O jornal pernambucano transcreve uma reportagem do periódico carioca “Jornal de Notícias”, com uma entrevista do então soldado do exército brasileiro, Otaviano Pereira de Carvalho. Ele é apresentado em relação a Lampião como “um homem que conhece os esconderijos, os seus processos, as suas táticas”. 

Otaviano, que dizia haver nascido na cidade cearense de Iguatu, estava agora, segundo o jornal, “incorporado à civilização”, não informou como se deu a sua entrada no bando. Afirmou que “Lampião era um bom homem, que vivia na espingarda, mas era educado, possuía gestos de generosidade, distribuía dinheiro com os pobres, os cegos e falava pouco.”



Otaviano informou que “no assalto a casa da baronesa o cangaceiro teria conseguido a fortuna de 150 contos de réis, brilhantes, rosários de ouro, onde o rosário principal estaria com uma suposta amante de Lampião, que vivia na fazenda do Maxixe, em Pernambuco”. Informa o modo como “a ação ocorreu através de um falso cortejo fúnebre que entrou na vila pela manhã cedo, onde as armas são retiradas de uma rede que supostamente traria um defunto, passando o grupo a atacar a casa do delegado e exterminam a vida deste militar”.

Seguramente este pretenso ex-cangaceiro comentava sobre o famoso assalto ocorrido em 26 de junho de 1922, a casa da senhora

 Baroneza Joana de Siqueira Torres - Arquivo do João de Sousa Lima

Joana Vieira Sandes de Siqueira Torres, a Baronesa de Água Branca, moradora desse município alagoano, homônimo ao seu título de nobreza. Fato este que gerou forte publicidade para a atuação de Lampião e do seu bando.Mas quem seria a amante da “fazenda do Maxixe”, em Pernambuco? Seria então Maria Bonita, que depois se deixou fotografar com o rico objeto? O ex-cangaceiro Otaviano em nenhum momento fala algo negativo sobre seu suposto ex-chefe. 

Já em relação ao irmão deste, Levino, não nega palavras desaforadas; “Levino é um impossível. Eu queria ter um tostão, por cada moça que ele deixou a toa. É malvado. Mata só para ver a queda”.

Sobre os protetores e coiteiros de Lampião, o então militar narrou que um certo “Véio Praxedes”, que vivia próximo a Custódia, em Pernambuco, lhe guardava muitas munições. Sobre as armas comentou que “os fuzis do bando sempre eram utilizados serrados, tornando o armamento mais leve e ágil na sua utilização. O armeiro que deixava as armas preparadas seria um certo ferreiro de nome Zuza, do município cearense de Jardim, localizado na fronteira de Pernambuco”.

Comentou que “o melhor esconderijo de Lampião fica na Serra da Forquilha”, que teria sido descoberto pelo então falecido cangaceiro paraibano Cícero Costa. No local, Otaviano informou existir um precioso caldeirão de água.

Sobre a medicina típica do bando, ele comentou que “para ferimentos de bala, Lampião e seus comandados utilizavam água de caroá para lavar o ferimento, depois colocavam leite de favela e entre quatro a cinco dias a ferida cicatrizava satisfatoriamente”.

A reportagem enalteceu o comentário de Otaviano sobre o fato de Lampião não haver perseguido em 1926 a Coluna Prestes, na época do governo Artur Bernardes,. Disse que o ex-chefe era francamente favorável às revoluções no país, pois nestes períodos aproveitava para “descansar das perseguições”. Sobre a propalada pontaria de Lampião, o jornal transcreveu as palavras do militar sertanejo na íntegra; “com um oio só faz o servicinho mío do que com dois oio”. Perguntado se ele era valente, comentou que Lampião “não tem preguiça de brigá, não”.

Já sobre de onde surgiu à alcunha de Virgulino Ferreira da Silva, o ex-cangaceiro comentou sobre uma interessante tese. Segundo ele, em uma ocasião que Virgulino estava na vila pernambucana de Nazaré, local de onde surgiram seus mais ferrenhos perseguidores, ele teria feito um grande escarcéu, “quebrando todos os lampiões que existiam no lugar” e daí surgindo o nome que tornaria este cangaceiro famoso.

Sobre a ação da polícia, chama a atenção os extensos e satisfatórios comentários feitos pelo ex-cangaceiro Otaviano, sobre a valentia e a forma de agir do então capitão Lucena, da polícia alagoana. Era o mesmo oficial José Lucena que em uma desastrada ação policial ocorrida em território alagoano, no ano de 1921, assassinou o pai de Virgulino, o pacato José Ferreira.

Durante toda a entrevista, Otaviano Pereira de Carvalho em nenhum momento comenta o seu nome como ficou conhecido no meio dos cangaceiros. Sua entrevista chama atenção pela falta de fotografias do entrevistado, maiores dados sobre o militar Otaviano no Exército Brasileiro e outras notas dissonantes. Seria para se proteger? 

Não podemos esquecer que em 1931, o militar e político cearense Juarez Fernandes do Nascimento Távora, havia comandado as forças nordestinas que apoiaram Getúlio Vargas na implantação do movimento revolucionário de 1930 na região e ganha o apelido de “Vice-Rei do Norte”. Távora e a Revolução de 1930 desejavam alterar as bases políticas e econômicas existentes então no sertão nordestino, retirando tudo que representasse o atraso, daí se enquadravam desde os coronéis aos cangaceiros. Neste sentido, uma entrevista com um ex-cangaceiro, agora militar do Exército Brasileiro, mesmo que falsa, servia de maneira extremamente positiva ao novo regime.

Mas se Otaviano Pereira de Carvalho fosse realmente quem ele afirmava ser na entrevista? Aí só mais outras pesquisas para corroborar, ou não, a reportagem de capa do jornal pernambucano “A Notícia”, do dia 8 de março de 1931.

Evidentemente que aqueles que desejam trabalhar com a pesquisa histórica, seja em relação ao cangaço ou outros assuntos, venha a informação pesquisada oriunda de fontes orais ou documentais, conseguidas através de um diálogo com um informante, ou em uma hemeroteca de algum arquivo, não é nenhuma novidade comentar que o material analisado deve ser sempre visto com ressalvas e exaustivamente analisado.

Entretanto visitar arquivos, em um futuro não muito distante, deverá ser a principal forma de se pesquisar sobre o cangaço, pois enfim, o tempo não para, pois as testemunhas do cangaço estão seguindo seu caminho natural.

(*) Espeleólogo potiguar. Sócio da SBEC

http://lentescangaceiras.blogspot.com.br/2009/01/1931-entrevista-com-ex-cangaceiro-do.html


Clique no link abaixo para você ler: 
A conversa do Coronel Joaquim Resende com o Capitão Lampião.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2012/01/conversa-do-coronel-joaquim-rezende-com.html#links

Um dos maiores coiteiros do capitão Lampião - Mané Félix

Mané Félix - Cortesia do pesquisador/escritor- Dr. Sérgio Augusto de Souza Dantas

Para você que não tem noção o que seja coiteiro, segundo o poeta e escritor Rangel Alves da Costa coiteiro era a denominação recebida pelo matuto que servia de ponte para o abastecimento e comunicação do bando de cangaceiros. Não houve reconhecimento maior por parte da história, mas dele muitas vezes dependia a vida e a sorte dos cangaceiros que se amoitavam nos esconderijos mais impensáveis.

Durante muito tempo Mané Félix conviveu com "Lampião", sendo por ele encarregado da aquisição de mantimentos na feira de Piranhas, no Estado de Alagoas, do outro lado do Rio São Francisco, bem à frente de Canindé.

Manoel Félix como a grande maioria dos moradores de Poço Redondo/SE de uma certa idade, viu de perto "Lampião", a quem jamais traiu ou temeu, porque dele ignora qualquer crueldade praticada na região contra os que ali viviam, o que não acontecia, porém, com as "volantes", temidas e odiadas pela barbaridade de seus integrantes que, no afã de compensarem sua incapacidade em descobrirem o bandoleiro, martirizavam com seus impiedosos tratamentos a quantos julgavam "coiteiros".

Manoel Félix, amigo particular de Virgulino Ferreira da Silva, a quem reconhece "um homem fino e educado", embora lamentando o seu trágico fim, "porque um homem como Lampião não devia morrer assim", confessa ter sentido "uma frescura de alivio no espinhaço" ao certificar-se de sua morte, pois, mais dia, menos dia, sabia que também ele acabaria torturado pelas desumanas "volantes".

"Se você quiser conhecer a história completa sobre o coiteiro Mané Félix e os últimos dias de Lampião, escrito pelo jornalista e escritor Juarez Conrado,  com participação do Dr. Ivanildo Alves Silveira, clique no link abaixo,"

EM UM CERTO TEMPO PASSADO

Por: Honório de Medeiros

Houve um tempo no qual comíamos apenas abacates crus no café-da-manhã, PFs no almoço, líamos e discutíamos Marx à tarde, e, quando vinha a noite, bebíamos cachaça e declamávamos Augusto dos Anjos para as meninas de São Carlos, em São Paulo, antes de as convidar para dançar forró, que estava começando a fazer sucesso, no "Porão" da Universidade Federal de São Carlos. Aqui, com o grande "Gentil", o "Alma minha Gentil que te partiste, tão cedo desta vida descontente...". Tirando a foto, meu irmão Gilson Ricardo, com quem eu passava as férias.

COISA DE CACHAÇA (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

Coisa de Cachaça

Saiu de casa dizendo à esposa que colocasse a comida na mesa que voltaria num instante.

Já depois da porta de casa, bateu com a mão na barriga e disse que já que ia almoçar comida pesada, então tinha de se preparar tomando uma pra não dar indigestão.

Seguiu até o bar e do balcão fez o gesto de pinga pro vendeirim. Já conhecendo as preferências do cliente, pegou o litro certo e despejou a dose.

Tomou logo metade e depois mordeu o umbu que levava no bolso. Arrepiou-se todo e virou a outra golada. Tiliscou novamente o umbu e passou a língua nos beiços.

Pagou e já ia embora quando catou o restante do fruto azedo para jogar fora. Contudo, olhou de relance e viu que o danado ainda servia como tiragosto pra outra dose.

Apontou pedindo outra relepada e foi logo atendido. Agora com mais vagar, tomava um tiquinho e quase beijava a fruta, sentindo apenas o azedume no sabor.


Já era outro homem, mais animado, conversador, ainda que não tivesse ninguém por ali pra puxar conversa. O jeito foi jogar um proseado em direção ao vendeirim que colocava mais casca de pau em litros de aguardente.

Perguntou se achava que demoraria cair chuva e o outro respondeu que tanto fazia. Achou estranha a resposta e perguntou por que tanta fazia se chovesse ou não. E sem virar o rosto, o outro apenas disse que tanto fazia porque tanto fazia e pronto.

O bebedor achou ainda mais estranha a segunda resposta. Já conhecendo o sujeito, virou o restante da dose e perguntou o que estava acontecendo com ele naquele dia para estar assim tão emburrado.

Então o vendeirim levantou a cabeça, chegou mais perto e disse que estava com um problema sério. E puxou um copo pra se servir de uma cachaça. Encheu sua medida e ofereceu ao cliente mais uma dose, agora por sua conta.

A oferta foi aceita até com sorriso na cara. Mas depois teve que se fechar diante da cara do outro, que realmente não tava muito boa. Após virar uma golada o entristecido se ajeitou pra falar. O bebedor talagou um tiquinho, beliscou o umbu, e ficou esperando o amigo dizer o que estava sentindo.

E ouviu do outro uma conversa de arrepiar. O homem disse que toda noite ia dormir bebinho da silva e ainda assim sonhava que sua mulher não estava dormindo do lado da cama, tinha saído e ido às escondidas pra outro lugar.

Experiente nesse assunto, o bebedor perguntou se ele acordava depois do sonho e olhava se a mulher continuava dormindo no mesmo lugar. Já estava desconfiado do que podia estar acontecendo, mas era melhor deixar que o outro chegasse à sua própria conclusão.

Então o desgostoso respondeu que só conseguia abrir os olhos quando o galo cantava. E sempre que acordava a mulher estava ali perfumada que nem uma danada, mas sempre evitando um chameguinho.

Pá, casca! Já sei o que é. Não pode ser outra coisa. A mulher tá chifrando o homem, tá botando ponta com outro e com este vai encontrar assim que o marido corneado chega bêbado e dorme feito um amalucado. Pensou o bebedor, mas não era doido de falar isso.


Para não chegar logo ao ponto, disse ao outro que achava melhor ele tentar acordar logo depois de sonhar o tal sonho e verificar no mesmo instante a presença de sua madame. E disse baixinho que talvez ele não estivesse sonhando.

Ao ouvir isso, o sonhador botou mais duas doses, a sua e a do conselheiro, e depois perguntou por que ele achava que talvez não estivesse sonhando. Dando voltas, o amigo respondeu que talvez sua digníssima realmente gostasse de sair um instantinho enquanto ele dormia.

O tempo passava, as doses já eram muitas, a embriaguez avançava e o homem puxando assunto sobre o sonho. Até que num determinado instante o conselheiro disse que tinha de ir embora senão corria o risco de sua esposa fazer o mesmo que a do amigo fazia.

Já de fogo, o vendeirim então perguntou o que ele sabia que sua mulher fazia. E o outro disse na bucha que nada, que ela não fazia nada, mas só com ele, ao que tudo parecia.

E o homem ficou sem entender nada mesmo. E ofereceu mais uma dose em louvor a honra de mulher tão séria e que não merecia que ele ficasse pensando besteira. E disse ainda, já pronunciando um tanto arrastando, que mulher igual aquela não encontraria mais nunca.

E o outro confirmou que sim. Enquanto o copo estivesse molhado confirmaria tudo, ainda que estivesse com pena do coitado cheio de pinga e chifre.


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Saudade de cais (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa*

Saudade de cais


Mesmo sem ter partido
espero seu retorno
feito a pedra do cais
chorando o seu barco

mesmo sem ter seguido
sinto a sua chegada
como a janela da tarde
deseja a brisa aparecer

mesmo sem ter viajado
fico ansioso na estação
igual a olhos tristes
desejando apito do trem

ah! esse esperar, esse ficar
tanta dor, tanto mar
nada retorna do navegar
nem barco nem vela
e a chama apagada revela
que fui longe buscar
o amor que nunca voltou
e que me faz naufragar.


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com