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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Sabino Cangaceiro: quem era o homem que atacou Cajazeiras?


Sabino Gomes de Góis, alusivamente conhecido com “Sabino das Abóboras” nasceu na Fazenda Abóbora, localizada na zona rural do município de Serra Talhada/PE, próximo a fronteira com a Paraíba pertencente ao respeitado coronel Marçal Florentino Diniz pai de Marcolino Pereira Diniz. No local eram criadas grandes quantidades de cabeças de gado, havia vastas plantações de algodão, engenho de rapadura e se produziam muitas outras coisas que geravam recursos. Também existem dois riachos, denominados Abóbora e da Lage, que abastecem de forma positiva a gleba.

Sabino era filho da união não oficial entre o coronel Marçal Florentino Diniz e uma cozinheira da propriedade. Consta que ele trabalhou primeiramente como tangedor de gado, o que certamente lhe valeu um bom conhecimento geográfico da região. Valente, Sabino foi designado comissário (uma espécie de representante da lei) na circunvizinhança da fazenda Abóbora.

Para alguns estudiosos do cangaço teria sido Sabino que coordenou a vinda do debilitado Lampião para ser tratado pelos médicos José Lúcio Cordeiro de Lima e Severino Diniz. E que amizade entre o “Lampião” e o filho bastardo de Maçal Diniz, teria nascida na Fazenda Abóbora e se consolidado a ponto deste último se juntar ao “Rei do Cangaço” e seu bando, em uma posição de destaque, no famoso ataque de cinco dias ao Rio Grande do Norte, ocorrido em junho de 1927. Asseguram também que a inserção de Sabino no cangaço se deu em razão do assassinato de um primo legitimo seu de nome Josino Paulo surdo-mudo, morto por Clementino Quelé - conhecido por tamanduá vermelho, nas pilhérias do cangaço.

Entre 1921 e 1922, acompanhou seu meio irmão Marcolino para Cajazeiras. Marcolino Pereira Diniz desfrutava de muito prestígio político. Era presidente de clube social, dono de uma casa comercial e do jornal “O Rebate”. Tinha franca convivência com a elite cajazeirense. Sabino por sua vez era guarda costas de Marcolino e andava ostensivamente armado. Nesta época Sabino passou a realizar nas horas vagas, com um pequeno grupo de homens, pilhagens nas propriedades da região.

Foi através do Cel. Marcolino, que Sabino trouxe para residir na cidade sua mãe Maria Paula - carinhosamente chamada pelas pessoas de Vó e suas quatros filhas:  Geni, Alaíde - Nazinha e Maria de Lourdes - Delouza.

Poucos cangaceiros foram tão cultivados, fora o chefe Lampião, do que Sabino Gomes, cuja presença no cangaço a cultura popular se encarregou de perpetuar, a exemplo da trova divulgada pelas banda do sertão, a qual dizia: "lá vem Sabino mais Lampião, Chapéu quebrado, fuzil na mão".

Fontes: blog Cajazeiras de Amor

Manoel Duarte - Combateu Lampião em Mossoró


Manoel Duarte foi apontado como o autor do disparo que alvejou Colchete.

Raul Fernandes conta como tudo aconteceu: "O facínora de "corpo fechado" se levantou para o temerário lance. Com a cabeça à mostra, olhava para a trincheira, através das grades ornamentais de madeira, do muro baixo da casa da esquina. Sem perceber, tornara-se excelente alvo aos olhos do atirador alcanforado, em posição excepcional de tiro. Manoel  Duarte, que no início da luta atirava contra 


Sabino, era calmo e famoso na pontaria. Não podia desperdiçar as 15 balas do bornal, sua munição. Apontou a arma e fez fogo. Dessa vez, o resultado foi diferente. Colchete, com o impacto, é lançado a quase dois metros de distância. O projétil lhe fez horrível estrago na face, arrebentando-lhe a cabeça. Estava foro de combate".

Em depoimento a um de seus netos, Carlos Alberto Duarte, anos depois, Manoel confirmou ter acertado Colchete na cabeça e baleado Jararaca na perna, quando este tentava despojar o companheiro morto.

Extraído do livro
: "Nas Garras de Lampião"
Autor: Raimundo Soares de Brito

Ano de publicação: 2006
Cedido gentilmente pelo poeta e  pesquisador do cangaço:
Kydelmir Dantas

Delmiro Gouveia - Um dos maiores empreendedores do Brasil


O cearense Delmiro Gouveia foi um homem muito à frente do seu tempo. Com ideias revolucionárias criou a primeira hidrelétrica do País. O "Rei do Couro", um dos maiores empreendedores do Brasil é um grande cearense de Ipú.

"Foi o grande Delmiro Gouveia/ que evangelizou o sertão/ que matava a fome alheia/ abrindo as portas à redenção". (Virgílio Gonçalves de Freitas)

Delmiro nasceu no município de Ipu, em 1863. Partiu para Pernambuco por volta de 1872 com a mãe, órfão de pai. Passou de mascate no ramo de peles para "Rei do Couro", exportando peles de bode para a moda de Nova Iorque um século antes de se ouvir falar por aqui no tal do mundo "fashion". Estabeleceu-se como comerciante em Recife e abriu Casa Delmiro Gouveia & Cia.   Em Recife, criou o primeiro Shopping Center do Brasil, o Derby. Fugiu com a filha do Governador de Pernambuco e ganhou neste um inimigo. Perseguido em Pernambuco partiu para as Alagoas, neste Estado se estabeleceu, adquiriu ainda mais prestígio e prosperidade. 

Em viagem para a Europa conheceu a Revolução Industrial. A experiência o fez voltar ao Brasil, em 1910, com a idéia de uma hidrelétrica. A idéia transformou-se na hidrelétrica de Paulo Afonso.  Seu espírito empreendedorista foi além e trouxe ao nordeste brasileiro, cinema, estradas, escolas e toda uma cidade (Delmiro Gouveia - AL). Entre seus negócios, Delmiro Gouveia contabiliza a abertura das linhas Estrela, chegando a produzir 20 mil carretéis por dia e exportando para países como Chile, Argentina e Peru. Delmiro Gouveia foi assassinado em 1917 e até hoje não se conhecem os detalhes desse fato.


Prêmio Delmiro Gouveia

O Prêmio Delmiro Gouveia tem o objetivo de reconhecer as Maiores e Melhores Empresas do Ceará, tanto no desempenho econômico-financeiro quanto no desempenho social, atribuindo assim o destaque necessário para as empresas do estado do Ceará.

DELMIRO GOUVEIA


Delmiro Augusto da Cruz Gouveia nasceu no dia 05 de junho de 1863, na fazenda Boa Vista (município de Ipu, na serra da Ibiapaba). Filho da paixão e do acaso. Pois o coronel Delmiro de Farias (nome de uma rua que se inicia no bairro Jardim América e chega ao Rodolfo Teófilo), casado e pai de cinco filhos, raptou a jovem pernambucana Leonilda Flora da Cruz Gouveia. Apaixonou-se por ela quando viajou a Recife, a negócios. 

Delmiro Gouveia perdeu o pai na Guerra do Paraguai, em 1867. Dele, herdou a personalidade forte, a coragem e os arroubos da juventude. “Em uma das festas que promoveu, ele se apaixonou por uma condessa italiana. Chegou a passar meses na Itália... Em Alagoas, mantinha duas residências: numa, ficava a irmã e os filhos. No chalé, fora do cercado (região onde estava a cidade), teve muitas mulheres e muitas amantes”, conta Edvaldo Nascimento, da Fundação Delmiro Gouveia (Alagoas).

Após a morte do pai, Delmiro e a mãe escaparam em Pernambuco. Migraram do interior para a capital até o rapaz se estabelecer no ramo de peles. Por essa época, 1883, casou-se com Anunciada Cândida de Melo Falcão (o casal se separou em 1901). O mascate era intermediário entre os produtores do sertão e os comerciantes estrangeiros de Recife. Em 1896, já era proprietário da Casa Delmiro Gouveia & Cia. A sociedade com a L.H. Rossbch, de Nova Iorque, rendeu-lhe o título de Rei das Peles.

Nesse período, Virgulino Ferreira (antes de se tornar o cangaceiro Lampião) foi almocreve de Delmiro. Ele carregava as mulas, pra lá e pra cá, fazendo o 
transporte das peles. Era o início do século XX, e Delmiro seguia a sina do pai: fugiu com a adolescente Carmela Eulina do Amaral Gusmão para Vila da Pedra (Alagoas). Um povoado, como situa Edvaldo Nascimento, na margem do Rio São Francisco, a cem quilômetros de Canudos, a 60 de Angicos e a 150 da terra de Graciliano Ramos.

Em Pedra, Delmiro Gouveia continuou a lida com as peles até viajar à Europa e conhecer a revolução industrial. Do outro lado do mar, trouxe a idéia da hidrelétrica (1910).

"O Povo", 21/10/2007:
http://www.opovo.com.br/opovo/economia/738420.html

CARTA AO FILHO (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

                                                      
Desde que acordou abrindo o bico do galo e fez sua primeira oração, a mulher trouxe a imagem do filho ao pensamento. Há muito tempo que não sentia tanta saudade, que não pensava nele daquele jeito.

Saudade de mãe é dor, aflição, angústia, vontade de virar passarinho e se danar pelo mundo para saber como vai sua cria. E isto porque não vem só a recordação, mas também um certo temor que somente mãe conhece a gastura que dá por dentro e faz doer bem no coração.

Depois da prece pedindo por ele, pela sua sorte na vida e um breve retorno aos braços da família, começou os afazeres matinais. Ralou o milho com o filho no pensamento. Como ele gostava do cheiro e do sabor do cuscuz caseiro. Pisou café no pilão e era como se o seu menino estivesse gritando com uma xícara na mão e perguntando se já estava no ponto.

E a cada pensamento, a cada recordação, um desespero medonho tomando conta de tudo. Olhou o retrato dele na parede para ver se passava, lembrou momentos felizes, fez de tudo para manter o espírito calmo e confortado pela ausência. Mas não tinha jeito. E chorou. Que belamente melancólico é choro de mãe!

Foi enxugar as lágrimas precisamente numa roupa dele. Levantou a camisa e era como se o avistasse dentro dela ali adiante. Mas logo ele volta, não vai demorar muito e a porta vai se abrir para o sorriso, o abraço, o ficar no seu ninho. Pensava enquanto abria gavetas procurando papel de carta e caneta.

Todo aquele pensamente despertou uma vontade danada de escrever uma cartinha, coisa simples, dizendo da saudade que sentia a cada segundo, da falta que ele fazia a todos e da esperança que pudesse voltar sem demora.

Não sabia se o coração ia suportar de tanta alegria e felicidade, mas que prometia um caldeirão de doce de leite com bola, um bolo de macaxeira e uma buchada de bode, bem daquelas com tudo dentro que ele tanto gostava.

A ideia era escrever tudo isso, mas a mão trêmula ganhou vida própria, assenhorou-se do coração de mãe e rabiscou entre lágrimas:

“José, como vai meu filho?
É sua mãe Rosa Maria que lhe escreve pra primeiro dar um abraço e um beijo e depois dizer da imensa saudade que estou sentido. Entra dia e sai dia e eu não consigo esquecer o meu menino um só minuto. Desde que você saiu por aquela porta dizendo que tinha uma sina a cumprir noutro lugar, que não tenho tido mais felicidade na vida.

Se seu pai continuasse com a gente talvez fosse um pouco diferente. Mas a gente sabe que a mão de Deus levou ele pra bom lugar. Sem ele aqui você ficou sendo o homem da família. Tanto pedi e implorei, mas você sempre dizendo desse destino fora daqui e acabou indo. Foi, mas disse que ia voltar. O tempo tá passando, meu filho, e nada de você chegar pra molhar e depois enxugar de vez esses olhos sofridos de sua pobre mãe.

Mandei pintar a casa de branco com rodapé azul esperando você chegar. Ajeitei o seu quarto também, mudei a cama de lugar e comprei um guarda-roupa novo. A roupa que você deixou tá toda guardada lá. Tudo seu tá arrumadinho como deixou.

Me perdoe, meu filho, mas enquanto eu desarrumava o guarda-roupa velho acabei achando um bilhetinho que você acabou escondendo e esqueceu por lá. Li sem querer e até chorei de felicidade pelo que vi. É verdade mesmo que você gosta de Aninha? Gosto tanto dela, acho ela tão bonita, tão fina e educada, uma pessoa decente.

Se isso servir pra alegrar seu coração vou dizer. Nunca vi Aninha namorando com ninguém. O que a bichinha faz é vim aqui todo santo dia perguntar quando você vai chegar. Quando digo que não sei sinto no rosto dela uma tristeza danada. Não duvido meu filho que a mocinha tá apaixonada. E isso a gente logo vê nos olhos tristes dela quando recebe a resposta. Faça ela sofrer não, meu filho. Se você também gosta tanto só basta que arrume a mala e venha encontrar a mulher de sua vida. O seu quarto bem que cabe dois.

Mas tudo que disse sempre fica na vontade de Deus. Por isso mesmo me despeço sem falar no que está aqui lhe esperando quando chegar. Vai ser surpresa, mas antecipo que é coisa que vai gostar muito.

Agora de coração mais aliviado vou fazer minhas coisas. Essa hora e já tem gente batendo na porta e já ouço a voz de Aninha. É ela mesma que mais uma vez vem saber de você. Tudo depende de Deus, mas o amor e a felicidade também cabem a vocês.
Com um beijo e um abraço me despeço.
De sua mãe Rosa Maria”.

Ah, se a gente soubesse o que acontecerá amanhã, e depois e depois...


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Negrume (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa* 


Negrume


Pois sim
ainda que veja o meu sorriso
direi do espelho que carrego
na face que tanto disfarça
e da cortina falsa por cima
desse corpo que não é mais
direi do branco o negro
e do azul escuro o sem cor
do que acham que ainda sinto
tudo que seja menos amor

não posso negar a ninguém
o que doloroso me nego
não posso ser o que pensam
se sei que já sou aquele não
que não se alegra com a manhã
não sente as horas nem os dias
que pinta outra cor no entardecer
que espera a noite logo chegar
para abrir as portas e chamar
a lágrima e a dor que merecer.



Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com