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terça-feira, 1 de maio de 2012

Edivanio Leite lançou o livro "Tang, o sonho do pequeno imperador" na FLIPOÇOS

 
No dias 28 e 29 de abril, na Feira do Livro de Poços de Caldas-MG, foi lançado o livro infantil do Autor Edivanio Leite, com o título "Tang, o sonho do pequeno imperador" pela Editora Literarte.
Estavam no lançamento, diversos autores e artistas plásticos, como: Izabelle Valladares, Vivi Valladares, Merari Tavares, Danilo Marques, Carlos Pedro, J. C. Bridon, Arlete Trentini, Dyandreia Portugal, Janice França, Edson Marques Brandão e muitos outros, os quais abrilhantaram o estande mais badalado da Flipoços.
O livro estará a venda no site www.grupoliterarte.com.br; livraria Café (Andradina) e outras. Pedidos ao autor pelo e-mail: ediebrasil@yahoo.com.br, com comprovante escaneado do depósito na conta: BANCO ITAÚ S.A - AG. 0244 - C/C: - 01380-1 - FAVORECIDO: JOSE EDIVANIO LEITE. Frete grátis para Andradina. Para outras localidades consultar pelo e-mail.
Valor do livro: R$ 16,00
Clique no link para ver todas as fotos:

Bilionário pretende construir réplica do Titanic em tamanho real


Titanic II vai contar com tecnologias avançadas e será movido a diesel, mas deve apresentar as quatro chaminés imponentes que marcaram o antigo navio.

Apenas algumas semanas após o centésimo aniversário da colisão do Titanic com um iceberg, o bilionário australiano Clive Palmer anunciou que pretende construir uma réplica em tamanho real do navio mais famoso de todos os tempos. Para isso, ele já teria inclusive um estaleiro chinês escolhido para abrigar a construção.

Além da contratação da empresa, Palmer já contaria com uma equipe pronta para recriar com perfeição todos os detalhes dos nove andares do navio de cruzeiro, que contava com 840 quartos. Segundo informações do Daily Mail, o Titanic II também deve apresentar as quatro imponentes chaminés, mas elas têm apenas fins estéticos, já que o navio deve usar diesel como combustível.

O Titanic II promete ser equipado com "tecnologias do século XXI": além de ter garantias de que não vai afundar, ele vai trazer academias, spas e todas as comodidades que as pessoas esperam de navios de cruzeiro de luxo.

Esse é apenas o primeiro dos quatro navios de cruzeiro encomendado pelo bilionário ao fabricante chinês. A construção do Titanic II deve começar ainda no próximo ano e a viagem inaugural já estaria marcada para 2016. O custo do projeto ainda não foi revelado.

Fonte: Daily Mail

O Memorial da Ressistência de Mossoró

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Como pesquisador do tema “cangaço” tenho viajado, juntamente com outros companheiros da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, por quase todos os recantos do Nordeste que de alguma maneira tiveram participação nesse movimento. Nessas viagens conhecemos vários museus dedicados a esse tema, alguns bem interessantes, mas em nenhum deles encontrei uma seção sequer que mostrasse a luta das volantes (tropas móvel da polícia, constituídas para combater os cangaceiros). Em todos eles a figura principal é a de Virgulino Ferreira da Silva - Lampião, o mais famoso dos cangaceiros. 

Fachada do Memorial da Resistência em Mossoró

Mossoró teve o seu envolvimento com o cangaço em 1927, quando a 13 de junho a cidade era invadida por numeroso grupo de cangaceiros chefiados pelo próprio Lampião. Não contavam os cangaceiros, com a fibra do povo de Mossoró. A cidade se preparou e expulsou a bala os facínoras. Esse evento constituiu-se num marco da história do cangaço. A audácia de Lampião em atacar uma cidade do tamanho de Mossoró, com mais de vinte mil habitantes, com várias fábricas de beneficiamento de algodão, agência do Banco do Brasil, estrada de ferro, etc., fez com que os governantes de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e até do Ceará se mobilizassem para perseguir esse grupo, de modo que com as volantes em seus encalços, Lampião foi obrigado a atravessar o rio São Francisco, o velho Chico, passando para a Bahia com o grupo bastante reduzido, esfarrapados e famintos. E aí começa outro capítulo da história do cangaço, ficando essa parte do Nordeste livre desse mal. 
Assaltar uma cidade do tamanho de Mossoró era algo que Lampião ou qualquer outro chefe de cangaço não imaginava. Toda a ação desses grupos era sobre pequenas cidades e povoados, muitos de uma rua só. Mas um fato ocorrido na região veio a alimentar a esperança de sucesso, por parte de Lampião. Isso ocorreu quando em 10 de maio daquele mesmo ano, a cidade de Apodi, distante apenas 76 Km de Mossoró, era atacada por um grupo de cangaceiros chefiados por Macilon, por encomenda do Cel. Isaias Arruda, do Ceará, que era coiteiro de Masilon e também de Lampião. 

Apodi não era tão pequena naquela época. E Massilon, com apenas cinco comparsas, arrasou a cidade. E foi ele e o Cel. Isaias Arruda que convenceram Lampião a atacar Mossoró. Alegavam que, se com um pequeno grupo Massilon tinha dominado Apodi, juntando o grupo dele com o de Lampião teriam êxito em Mossoró.  

Mas uma empreitada dessa monta precisava de muitos preparativos, como aquisição de munição, traçar rotas, etc., e Lampião não conhecia o Rio Grande do Norte. Não tinha nenhum coiteiro aqui que pudesse dar apoio aos seus planos. Tinha que contar com as informações passadas por Massilon, esse sim, conhecia bem a região, pois havia sido tropeiro em Mossoró. Mas enquanto preparavam o ataque, as notícias iam chegando a Mossoró. E o Cel. Rodolfo Fernandes (foto ao lado), então Prefeito da cidade, acreditou na possibilidade dessa invasão e preparou a cidade para a defesa. Providenciou armas, munição, traçou o plano de defesa, juntamente com os oficiais da polícia local, solicitou as pessoas indefesas que deixassem a cidade, para evitar mortes desnecessárias, de modo que naquela tarde de 13 de junho de 1927, quando os cangaceiros chegaram, tiveram que enfrentar uma verdadeira “chuva de balas”, resultando com a morte do cangaceiro Cochete e com ferimento de diversos outros cangaceiros, inclusive de Jararaca, que ferido no tórax e na parte superior da perna, foi preso no dia seguinte e justiçado uma semana depois. 
O Memorial da Resistência vem resgatar toda essa história, com ênfase para os “Heróis da Resistência”, aquele cidadão comum que, em não podendo contar com apoio de forças oficiais, se viu obrigado a pegar em armas e com risco da própria vida defender a cidade. Esse é o grande diferencial do que podemos chamar de museu do cangaço de Mossoró. Claro que para se falar da defesa, tinha que se falar do atacante. Por isso que o Memorial é constituído de vários prédios: Um dos prédios mostra o que foi o movimento cangaço e os principais cangaceiros. Em outro prédio conta a história da defesa da cidade com bastantes detalhes. Existe ainda um prédio que mostra como era Mossoró em 1927, para que o cidadão possa compreender os motivos que levaram Lampião a atacar a cidade. Todos o s painéis que compõem o acervo são auto-explicativos e seqüenciais, de modo que não precisa de guia para se entender a história. Basta ter tempo disponível para circular entre os prédios e conhecer um dos capítulos mais emocionantes da história de Mossoró.
Geraldo Maia 
Mossoró RN 
Fonte: blogdogemaia.blogspot.com
Extraído do blog Cariri Cangaço 
http://cariricangaco.blogspot.com.br/2009/12/o-memorial-da-resistencia-de-mossoro.html 

Informação

"A fachada do Memorial da resistência de Mossoró está sendo restaurada. Não sei se será a mesma foto, ou se irá sofrer modificação, porque os serviços estão em andamento".

J. Mendes 

O primeiro jumento de Mossoró

Por Geraldo Maia do Nascimento

Notícias recentes da imprensa local dão conta que o estado do Rio Grande do Norte assinou um protocolo de intenções com a China para exportação de jumentos para o mercado asiático, na ordem de 300 mil animais por ano. Apesar de tratar-se apenas de um protocolo de intenção, a transação é dada como certa.
Desde os tempos bíblicos, os jumentos são um dos mais importantes instrumentos do homem na agricultura e no transporte. Entre o povo hebreu era considerado rico aquele que tivesse a maior criação de jumentos. E mesmo aqui, no Nordeste brasileiro, o jumento ou jegue, como também é conhecido, foi uma das espécies que mais prestou serviços no campo. Mas hoje, a espécie anda desprezada, abandonada pelas rodovias, sem nenhum valor comercial.
Meditando sobre essa notícia, lembrei-me de um texto lido em um velho jornal da cidade que falava do primeiro jumento que chegou a Mossoró, e da reação do povo diante do estranho animal.
Consta que no século XIX era proprietário de um vasto terreno na Quixaba, Manoel João da Silveira que, segundo a tradição, todos os anos, pelo mês de Santana (julho) só de potros em sua fazenda, nasciam mais de cem. Como tinha em suas terras um vasto carnaubal, tornou-se também fabricante de velas de cera de carnaúba, que na época eram muito usadas. Anualmente viajava para o Piauí onde vendia suas velas e voltava com suas bestas carregadas de rapadura, açúcar, etc.
Em 1829, numa dessas suas viagens ao Piauí, trouxe na volta além das bestas carregadas, um grande e bonito jumento que comprara por cinco patacas a um fazendeiro piauiense. O animal causou admiração e espanto aos parentes e vizinhos que vinham visitá-lo.
Jumento  no Maranhão
No dia da chegada, já ao entardecer, o jumento colocado num cercado. Talvez saudoso da sua terra natal, o animal passou a noite relinchando. No dia seguinte, a vizinhança em peso recorreu ao fazendeiro para saber que bicho era aquele que não tinha deixado ninguém dormir na redondeza. E a estória do jumento espalhou-se, tornando a propriedade da Quixaba um ponto turístico da ribeira do Mossoró. Pessoas que moravam a mais de dez léguas de distância apareceram para conhecer o animal, impulsionados pela curiosidade. E muitos só se retiravam depois de ouvir o grito do jumento, como diziam. Com o tempo a vizinhança perdeu o medo do animal, que já o viam com naturalidade.
Um fato curioso é que por essa época existia na região um boêmio, Casimiro Carlos da Silveira, tocador de rebeca, que regressando altas horas da noite de um baile, ouve, de repente, o relincho do jumento. O pavor foi tão grande que o rabequeiro jogou o seu instrumento pro lado e subiu rapidamente em uma carnaubeira, ficando ali o resto da noite. Já no outro dia as pessoas que passaram no local se depararam com a cena e convenceram o boêmio a descer já que o animal que tanto o amedrontara com o seu relincho não causava mal a ninguém.
E foi dessa maneira, entre admirados e assombrados, que os moradores da ribeira do Mossoró tomaram contato como o primeiro exemplar da espécie asinina. Podemos dizer, portanto, que esse jumento de propriedade de Manoel João da Silveira foi o avô de todos os jumentos que existem hoje aqui em Mossoró.
A espécie, em período passado, já havia sofrido duros golpes. Em 1954, milhares de jumentos nordestinos foram sacrificados para a fabricação de vacina antirrábica. Houve protestos. O jumento também sofreu uma redução de seu rebanho entre 1967 e 1981 de 75% (segundo dados da Embrapa).
Nos anos 80, o jumento nordestino voltou a correr risco de extinção, com o abate indiscriminado feito pelos frigoríficos, motivando uma nova série de manifestações. Os matadouros clandestinos realizam abates indiscriminados com a finalidade de exportar sua carne para o preparo de rações para animais de estimação. Grande parte da carne de jumento brasileira era exportada para o Japão. E agora mais uma ameaça ronda o nosso jegue com esse protocolo de intenção assinado com a China. Pelo que parece, vão acabar com o jumento nordestino.

CONVITE DO GRUPO DE ESTUDOS DO CANGAÇO DO CEARÁ

CONVITE
negócio, pessoas, reunião, apresentação - csp1565826
Aos sócios e amigos do GECC (Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará):
Amanhã (Quarta-feira) dia 02 de Abril, excepcionalmente teremos reunião do GECC na livraria Saraiva do Iguatemy (Espaço Rachel de Queiroz)

Horário: 19:00h.

Palestra com Odilon Camargo

Apresentação do trabalho do nosso companheiro Luiz Zanotti : Lampião, Texto, Tela e Palco

Contamos com sua presença.
Extraído do blog do professor e pesquisador do cangaço:
Honóro de Medeiros 

Evento em Serra Talhada

 
Escurinho Vence o 2º Festival de músicas do Cangaço
O cantor e compositor pernambucano, radicado há várias décadas na Paraíba, Jonas Neto Escurinho foi o grande vencedor do II Festival de Músicas do Cangaço, realizado na noite de 28 de Abril, na Estação do Forró – Vila Ferroviária, em Serra Talhada/PE, capital do xaxado e terra natal de Lampião, o Rei do Cangaço.

Quando Escurinho chegou à tarde, para “passar o som” de “Nas Estradas de Bom Nome”, melhor música do festival, encontrou-se no museu do cangaço, com seu amigo Epitácio Andrade, contemporâneo da Universidade Federal da Paraíba, nos anos oitenta do século passado.

Momento de premiação

A performance de Escurinho defendendo a música vencedora foi  irretocável, valendo-lhe também o prêmio de melhor intérprete. Para o médico psiquiatra e pesquisador social Epitácio Andrade, a letra de “Nas Estradas de Bom Nome” é um convite ao engajamento político para o enfrentamento das questões sociais.

A segunda edição do festival musical do cangaço foi organizada pelo ponto de cultura “Cabras de Lampião”, patrocinada pela secretaria de cultura de Pernambuco, tendo mais de 90 composições inscritas, oriundas de todo país, e foram selecionadas vinte para a etapa final.

Na manhã seguinte à vitória de Escurinho, Epitácio Andrade foi parabenizá-lo na Pousada Lampião, onde estava hospedado, e lhe presentear com um exemplar de seu livro “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”.

 Escurinho e o pesquisador Epitácio Andrade

Resultado Geral
2º lugar: "Em versos quebrados, mulher no cangaço"
Autor: João Sereno e Maviael Melo
Intérprete: Carlinhos Pajeú de Juazeiro/BA

3º lugar: "Flores do Cangaço"
Autor: Tavinho Limma e Sandro Livarck
Intérpretes: Tavinho Limma e Sandro Livarck de Ilha Solteira/SP

4º lugar: "O
Brasil, o Cangaço e Lampião"
Autor: Rui Grudi
Intérprete: Rui Grudi de Serra Talhada/PE

5º lugar: "Um Cangaceiro e um cão"
Autor: Artur Silva
Intérprete: Laerson Alves Cidade de Guarabira/PB

# Melhor Intérprete: Escurinho

 Com informações da assessoria do Dr Epitácio Andrade e do
Portal Belmonte

Postado por Kiko Monteiro

"Não façam isso comigo, sou um sacerdote católico!"

Por: José Romero Araújo Cardoso

Notas sobre o sangramento do Padre Aristides Ferreira da Cruz
Convivi e conversei muito com o brioso oficial da Polícia Militar Coronel Manuel de Assis, pois assim como eu, o valente guerreiro das caatingas nasceu na velha terra de Maringá. Arruda era um homem espetacular, ser humano formidável, possuía prosa animada, muito atencioso e dotado de memória prodigiosa.

Apesar das qualidades ímpares, Arruda era afoito demais, pois querer enfrentar a Coluna Miguel Costa - Prestes quando da passagem por Piancó (PB), em fevereiro do ano de 1926, foi um ato temeroso e intempestivo, mas que lhe rendeu honraria do governo do Presidente João Suassuna por bravura - a espada do herói! Arruda negava peremptoriamente os fatos, mas sem sombras de dúvidas foi ele quem abriu fogo contra a vanguarda dos militares insurrectos, abrindo os portais dos infernos para a cidade de Piancó e seus defensores.

Nas inúmeras conversas sobre a passagem da Coluna pelo desditado município paraibano, havia incontida emoção quando o velho combatente falava sobre o Padre Aristides Ferreira da Cruz, vigário e chefe político da cidade sertaneja literalmente arrasada em fevereiro do ano de 1926.

O Coronel Manuel Arruda de Assis informava que o Padre Aristides nasceu no então distrito pombalense de Lagoa. Quando de minha fixação no Estado do Rio Grande do Norte, efetivamente a partir do ano de 1998, fiquei sabendo por intermédio de informações fornecidas por dileto amigo de nome Raimundo Soares de Brito, verdadeiro arquivo vivo da cultura potiguar, que o Padre Aristides havia exercido o cargo de vigário em Caraúbas (RN).
Arruda narrava que o Padre Aristides era inimigo de muita gente em Piancó, mas que todos o respeitavam. O vigário andava com inseparável F. N. Brown na cintura, acompanhado de grupos de capangas, era metido em tudo que não prestava no sertão daquela época, viveu maritalmente com jovem da localidade, tiveram filhos, enfim, como dizemos no sertão, era mais desmantelado do que vôo de anum molhado ou galope de vaca amojada.

Quando os informes enviados de Pombal (PB), notificando sobre a passagem da Coluna Prestes por Malta (PB), chegaram em Piancó (PB), o Padre Aristides se animou em enfrentar, telegrafando para Júlio Lyra, o chefe de polícia de Suassuna, comprometendo-se a conseguir dois mil homens em armas em quarenta e oito horas, prontamente aceito pelo governo do Estado. Não obstante os esforços, Padre Aristides não conseguiu reunir o número de homens prometido para a defesa.

Mas o que ninguém sabia em Piancó era que esta consistia em uma tática de Prestes, a guerra de movimento, depois usada por Mao-Tsé-Tung, quando da grande marcha pela China, a fim de ludibriar o inimigo. Prestes dividia a coluna em inúmeros subgrupos que se reuniam em local previamente determinado em cartas e mapas.

Quando a Coluna entrava em Piancó, descargas certeiras alvejaram cavalos e cavaleiros. Daí por diante fechou-se o tempo, quando intenso tiroteio transformou Piancó em praça de Guerra. Vinha de ambas as partes, mas com maior intensidade, devido ao número de componentes, disparado pelos integrantes do movimento tenentista originado no sul do País.
Coluna Miguel Costa–Prestes Costa é o quarto sentado (esq. para dir.) e Prestes, o terceiro.In Ijuí Memória Virtual 
O ódio que a Coluna Miguel Costa - Prestes passou a devotar ao piquete do Padre Aristides teve seu recrudescimento quando ato considerado de alta traição inflamou os ânimos acirradíssimos dos combatentes.
Arruda contava, parece até que o estou ouvindo neste momento, que havia um preso de justiça em seu piquete. Esse detento, por bom comportamento, tinha tratamento diferenciado. Apelidaram-no de "preá", pois bastava dar-lhe uma rapadura que ele conseguia trazer do meio da caatinga qualquer cabra ou bode espavorido que por ventura se desgarasse do rebanho.

Conforme Arruda, havia visualizado sinal do Tenente Antônio Benício, delegado de Piancó, para que levasse quatro fuzis e um cunhete de balas para o piquete dele, ao que "preá" retrucou com toda razão ser impossível furar as mil modalidades de ataque dos revoltosos e chegar ao piquete do Tenente do outro lado da rua. Arruda teve a idéia de instruir "preá" para pendurar a camisa branca que vestia em um dos fuzis. Quando o defensor de Piancó saiu à rua com o fuzil hasteando a bandeira branca, imediatamente o código ético-militar da Coluna Miguel Costa - Prestes foi acionado, com os combatentes ensarilhando armas e respeitando a decisão contida no símbolo internacional.

Talvez por não saber o que acontecia na área defendida pelo então Sargento Manuel Arruda de Assis, o piquete do Padre Aristides aproveitou o momento de distração da Coluna Miguel Costa - Prestes para intensificar o tiroteio em direção ao grupo revoltoso. O resultado foi catastrófico, pois a Coluna teve muitos integrantes mortos e feridos.

Daí em diante era ponto capital para os comandados pelo General Miguel Costa e pelo Capitão Luiz Carlos Prestes chegarem ao piquete do Padre Aristides Ferreira da Cruz. A Coluna, então, lutou com gosto, botando para quebrar. Foi em direção aos defensores sediados na residência do vigário de Piancó com vontade de esbagaçar.

Arruda me contava que o Padre Aristides quando viu a coisa ficar preta mandou seu guarda-costa, de nome Rufino, subir no muro para ver o que acontecia. Rufino informou desesperado que a situação era periclitante, pois se fugissem morriam, se ficassem morriam do mesmo jeito. Nesse momento, a Coluna lançou duas bombas de efeito narcótico dentro da casa do Padre. O pessoal que lutava bravamente começou a demonstrar sonolência, ao que o Padre Aristides instruiu comerem açúcar. A luta era nos corredores, nas salas, em todo canto, quando uma ordem do comandante da investida, que calassem as baionetas de uma vez só, cessou a luta, enquanto o Padre Aristides pedia incessantemente garantias de vida para todos.

Covardemente o comando da Coluna Miguel Costa - Prestes assegurou as garantias. Todos que estavam na casa, incluindo o Padre Aristides e o prefeito de Piancó, o Sr. João Lacerda, bem como o filho deste, foram conduzidos a um barreiro e lá sangrados, um a um, e não fuzilados. A Coluna Miguel Costa - Prestes era formada majoritariamente por gaúchos, notabilizados pela selvageria das degolas, dos sangramentos, das lutas fraticidas que encharcaram os pampas em épocas passadas.

Padre Aristides, sentindo-se mortalmente ferido, implorou para que não fizessem aquilo com ele, pois era um sacerdote católico. As humilhações foram intensificadas, pois o martírio do Padre Aristides Ferreira da Cruz e sua gente foi um episódio macabro patrocinado pela ignominiosa covardia, pela efetiva traição de membros de um movimento que se autointitulava revolucionário, reformista, ou seja lá o que tenha sido ou digam ter sido, mas que não teve hombridade Enem humanismo para respeitar as vidas daqueles que já se achavam dominados e impossibilitados da mínima defesa.
Trabalho louvável, de suma importância para a compreensão de nossa história regional, intitulado "A Vida do Coronel Arruda, Cangaceirismo e Coluna Prestes", de autoria do ilustre Promotor de Justiça paraibano, Dr. Severino Coelho Viana, um dos mais cultos e inteligentes pombalenses, orgulho da terra de Maringá, constitui-se em brilhante contribuição para a literatura sobre o assunto que tanta polêmica suscitou, sobretudo quando dos embates do Padre Manoel Otaviano com o Coronel Manuel Arruda de Assis na época que ocupavam cadeiras na Assembléia Legislativa do Estado da Paraíba.

(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor do Departamento de Geografia do Campus Central da UERN. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Imagem pescada no site da prefeitura municipal de Piancó. Confira um outro excelente texto sobre a passagem dos revoltosos por esta cidade:
 Clique aqui

A ABA FILM e a história do cinema cearense


Um fascinante capítulo da história do cinema documental brasileiro foi escrita no Ceará e a esse respeito, até hoje, ainda há muito que se descobrir. Estou me referindo à ABA FILM, empresa especializada no ramo da fotografia e do cinema, idealizada pelo fotógrafo Ademar Bezerra de Albuquerque (1892-1975).

A ABA FILM foi criada em 1934. Ademar Bezerra de Albuquerque era bancário, trabalhava do London Bank, e com apenas 18 anos montou seu próprio laboratório fotográfico em Fortaleza. Seu interesse se voltou para o registro do cotidiano e da cultura do Ceará.


Em 1925, Ademar Albuquerque fez o primeiro filme sobre Padre Cícero: O Juazeiro do Padre Cícero. O documentário contém imagens da cidade de Juazeiro do Norte, a devoção ao


Padre Cícero, a feira, o movimento das ruas. Registra também imagens de Missão Velha, Crato e Barbalha. O filme foi lançado no Cinema Moderno em Fortaleza no dia 8 de dezembro. Nesse curta metragem é possível ver Padre Cícero caminhando nas ruas de Juazeiro do Norte e tendo ao seu lado personalidades políticas e atrás de si uma pequena multidão.

A produção do filme foi registrada em dois artigos do Jornal do Comércio. Durante as filmagens em Juazeiro do Norte, Ademar Bezerra de Albuquerque foi apresentado ao imigrante libanês Benjamin Abraão Botto, secretário particular do Padre Cícero. Neste encontro Ademar Albuquerque não só emprestou farto material fotográfico, como introduziu Benjamin nas artes da fotografia e do cinema. Em 1926, na ocasião em que Lampião visitou a cidade de Juazeiro do Norte, Benjamin Abraão tentou, sem sucesso, filmar o cangaceiro e seu grupo. No entanto, seguiu à procura de Lampião até fazer o único registro em filme numa localidade chamada Bom Nome.

Realizado em 1936, o filme Lampião foi censurado pelo Estado Novo que se preocupou com a transformação do filme numa apologia ao cangaço. Benjamin Abraão foi morto em 1938, num crime até hoje não esclarecido. Nos anos 50, o material de Benjamin Abraão foi recuperado pela Fundação Getúlio Vargas que o incorporou a seu acervo.

Dica de leitura: Firmino Holanda, Benjamin Abrahão, edições Demócrito Rocha, Fortaleza, 2000.


HISTÓRIA DO CEARÁ - BENJAMIM ABRAÃO BOTTO


Benjamin Abrahão Botto (Zahlé, Líbano, c. 1890 — Serra Talhada, PE, 10 de maio de 1938) foi um fotógrafo sírio-libanês-brasileiro, responsável pelo registro iconográfico do cangaço e de seu líder, Virgulino Ferreira da Silva – o Lampião. Abrahão morreu assassinado durante o Estado Novo.
A fim de fugir à convocação obrigatória pelo Império Otomano de lutar durante a Primeira Guerra Mundial, migrou para o Brasil em 1915. Foi comerciante (mascate) de tecidos e miudezas, além de produtos típicos nordestinos, primeiro em Recife, depois para Juazeiro do Norte, com dois burros (chamados Assanhado e Buril) e um cavalo (de nome Sultão), atraído pela grande freqüência de romeiros.

Abrahão foi secretário do Padre Cícero, e conheceu o cangaceiro Lampião em 1926, quando este foi até Juazeiro do Norte a fim de receber a bênção do célebre vigário e a patente de capitão, para auxiliar na perseguição da Coluna Prestes, sendo que não se 
encontrou com Lampião em 1924, quando de outra de sua visita à cidade, apesar de estar em Juazeiro. A nomeação fora feita, a mando do padre, pelo funcionário federal Pedro de Albuquerque Uchoa, segundo uma autorização dada ao deputado Floro Bartolomeu pelo próprio presidente Artur Bernardes - ordem que em nada adiantou, pois não foi respeitada nos demais estados, resultando que Lampião e seu bando jamais efetuaram perseguição a Prestes. Em 1929 Abrahão fotografou o líder cangaceiro ao lado de padre Cícero.
Ficheiro:1886lampiao5g.jpg
Após a morte de Padre Cícero, Abrahão solicitou e obteve do "rei do cangaço" a permissão para acompanhar o bando na caatinga e realizar as imagens que o imortalizaram. Para tanto teve a parceria do cearense Ademar bezerra de Albuquerque, dono da Abafilm que, além de emprestar os equipamentos, ensinou o fotógrafo seu uso. Ao menos por duas ocasiões, esteve junto ao bando de lampião, realizando seu intuito.

http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:bJ3HWYlncjNRkM:http://www.almanaquebrasil.com.br/wp-content/uploads/2009/04/abraobenjamin.jpg&t=1
Dadá, Corisco e Benjamim Abraão

Abrahão teve seus trabalhos apreendidos pela ditadura de Getúlio Vargas, que nele viu um antagonista do regime. Guardada pela família de libaneses Elihimas, em Pernambuco, a película foi analisada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), um órgão de censura.

Morreu esfaqueado (quarenta e duas facadas), sem que o crime jamais viesse a ser esclarecido, tanto na autoria como na motivação, donde se especula ter sido mais uma das mortes arquitetadas pelo sistema, como outras ocorridas em situação análoga, a exemplo de Horácio de Matos (embora exista a versão de que o fotógrafo sírio-libanês teria sido alvo de roubo, por algum ladrão, apesar de com este nada de valor haver).
Para a realização do filme Abrahão contou com verdadeiro trabalho de aproximação junto ao bando, que fugia da perseguição cada vez mais feroz do governo. O encontro veio finalmente a ocorrer em um lugar chamado Bom Nome, onde o cangaceiro, desconfiado, primeiro realizou ele mesmo a filmagem do ex-mascate (em trecho que se perdeu) e só então consentiu que fosse filmado. Abrahão retorna a Fortaleza, onde este primeiro sucesso permite-lhe obter mais rolos de filmes, e voltar para registrar os cangaceiros, sendo que o resultado dessa segunda incursão também se perdeu. Abrahão passou a ser considerado suspeito, pois além das filmagens, enviava matérias aos jornais, relatando suas aventuras. O seu conhecimento do paradeiro do bando era indício forte demais, de seu envolvimento com este.

Benjamim abraão deixou para a história o maior acervo existente sobre Lampião e o cangaço. Seria impossível refazer a história com fatos tão precisos se não fossem suas fotografias.

De Renato para Rostand....Mais Benjamim

Por: Renato Cassimiro

Caro Rostand,


Leio sempre, com a melhor atenção, o que vem postado no blog do Cariri Cangaço, ou o que me remete diretamente. Grato pela atenção e meus cumprimentos pelos ótimos textos. E a propósito deste último, sobre Benjamimn Abraão, considero o trecho:

Ficheiro:Benjamin abrahão CC.jpg

"Tudo indica que o imigrante se deu muito bem nas terras do “Padim Ciço” e se entrosou perfeitamente com a sociedade local. Segundo o jornal “Diário de Pernambuco”, edição de 27 de dezembro de 1936, ao apresentar o “Sírio” Abrahão, o periódico informava que o imigrante teria fundado um jornal chamado “O Cariri”.

Realmente, Benjamim tinha este jornal em Joazeiro. Acho que fotografei o exemplar por inteiro. Oportunamente poderei remeter uma cópia, se lhe interessa, ou a quem mais. Aí se trata da edição I (12): 24.03.1931, 10p. Não foi possível localizar todas as edições.

O Cariri: Data de Fundação (Número 1): 1930; Data de Encerramento (Última Edição): não identificada; Editor: Manoel Pereira Dinis e J. Rocha. Diretor: Dr. Antonio Alencar Araripe. Proprietário: Benjamin Abraão & Cia.; Dimensões: 34,0cm x 50,0cm; Periodicidade: semanal (aos sábados);
Se o jornal era regular, suas edições podem ter sido:

I(1):04.01.1930,4p;I(2):11.01.1930,4p;I(3):18.01.1930,
I(4):25.01.1930,4p;I(5):01.02.1930,4p;I(6):08.02.1930,   
 I(7):15.02.1930,4p; I(8):22.02.1930,4p;I(9):01.03.1930, 
 I(10):08.03.1930,I(11):15.03.1930,4p;I(12):24.03.1931,


Como se vê, ele era o proprietário, em nome de sua organização comercial de tecidos. Na sua redação se destacavam duas expressões de peso: Antonio Alencar Araripe, então advogado do Pe. Cícero, mais tarde deputado federal da bancada cearense, e Manoel Pereira Dinis que foi um dos primeiros biógrafos do Pe. Cícero, autor de Mistérios do Joaseiro, de 1935, que esperamos que saia em reedição durante este próximo semestre como parte da celebração do Centenário da cidade.
E, realmente, Benjamim parece ter sido bem entrosado na sociedade local. Aproveito para lhe enviar, também, uma foto do quadro dos primeiros reservistas do serviço militar do então Tiro de Guerra 48, de Juazeiro do Norte, em 26.12.1933, onde Benjamim figura dentre outros reconhecidos cidadãos da terra. (Ele é o quarto, da esquerda para a direita, na segunda linha, de baixo para cima). Observo, também, dentre os homenageados, o Dr. Plácido Aderaldo Castelo, então juiz da comarca. (o primeiro, sentado, da esquerda para a direita). Remeto estas duas imagens para seus arquivos, elogiando a revelação da imagem (para mim, inédita) de Benjamim, no Recife.
Abraço,
RENATO CASSIMIRO
Cariri Cangaço

Tania Alves participa de evento em homenagem à Maria Bonita

 
Durante todo o ano de 2010 foram realizados diversos eventos em homenagem ao Centenário de Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita, companheira do célebre cangaceiro Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião. 
Maria Bonita completaria 100 anos em 8 de março de 2011.
Um desses eventos foi o Seminário 'Centenário de Maria Bonita', realizado na UNEB (Universidade do Estado da Bahia), de 8 a 10 de março de 2010. O Seminário reuniu pesquisadores e estudantes de vários estados e foi coordenado pela neta de Maria Bonita, Vera Ferreira; além de Miguel Teles (Biblioteca Pública do Estado da Bahia), Germana Araújo (Sociedade do Cangaço - Sergipe) e Roberto Dantas e Manoel Neto (Uneb).
A atriz e cantora Tania Alves, que interpretou a famosa cangaceira na minissérie 'Lampião e Maria Bonita', em 1982, na TV Globo, foi uma das convidadas do Seminário e prestou um depoimento sobre a importância da personagem em sua vida e trajetória artística: 

Postado por Blog Tania Alves (As Cantrizes)

JANELA DA TARDE (Crônica)

Por:   Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

JANELA DA TARDE

Deus do céu como é boa a vida, Senhor como é bom viver. Até ontem estava de mala arrumada para pegar estrada e eis que uma serena voz, silenciosamente soprando ao meu ouvido, me mandou pros lados do Monte do Entardecer.

Já que eu estava decidido a ir embora, justo que a voz me lembrasse de fazer a despedida àquele que talvez fosse o meu único amigo nos últimos tempos. No Monte do Entardecer, ao cair da tarde e pertinho do anoitecer, travei diálogo comigo mesmo, conversei com meu Deus, estendi o meu dedo em direção ao seu.

Mais cedo que o normal, tranquei a porta e sai quase correndo em direção à vereda que me conduziria até lá. Mas o passo diminuiu quando entrei numa rua e avistei uma flor na janela. O caqueiro estava ali, a roseira também, mas a flor era outra. E que linda pétala soprada pela brisa da tarde.

Já não sabia se ia ou ficava, se prosseguia ou voltava. O vento que sopra apenas volteia em frente às coisas belas, as horas deixam de avançar para não ver o instante passar, o beija-flor sente-se beijado com a simples visão do paraíso. E quem seria eu para não me entorpecer de desejo e de paixão escondida?

Arrumei forças para prosseguir e de repente já estava em frente à sua janela. Ela não, pois não conseguia olhar no seu olhar. Não conseguia avistar nem ouvir mais nada, ainda que ela estivesse abrindo a boca pra dizer boa tarde, ainda que ela se permitisse esboçar um sorriso, ainda que ela acompanhasse com um olhar diferente o meu passo seguinte.

Foi por causa dessa paixão doentia que decidi ir embora de vez. Continuar
por ali sem ter qualquer esperança, apenas amando e sofrendo sozinho, perdendo noites e madrugadas rimando seu nome em infinitos versos, traçando planos para ao menos entregar uma flor, um bilhete, um versinho dobrado, uma maçã do amor.

E era o nome dela na madeira do banco da praça, no tronco da árvore, vagueando pelo ar, escrito em qualquer canto e em todo lugar. Dentro de mim não duvido que esteja dividido numa parte que é só dela e noutra que só pensa nela. E eu que chamei a manhã pelo seu nome, a tarde pelo seu nome, o sonho com nome e sobrenome: ela e ela..

É dolorosa aflição para quem não tem esperança de beber do cálice da possibilidade, buscar a cura na gota azul do seu olhar, encontrar a paz espiritual naquele sorriso exalando vida, buscar o renascimento do coração através da palavra talvez. Sim, talvez, pois a dúvida é fronteira que não afasta de vez a presença do amor.

Mas soprado pelo vento, e andando mais rápido quando ele batia mais forte, o Monte me acolheu sem ao menos eu perceber que havia chegado. E em seguida disse-me que olhasse adiante e percebesse que não há nenhuma beleza no que se apresenta ao olhar se não estivermos com o espírito preparado para aceitar as coisas belas. E perguntou se o meu espírito naquele momento era capaz de enxergar o sol se pondo através da nuvem.

Nem respondi. Então a voz do Monte disse que voltasse para buscar a palavra e junto com ela trouxesse também o olhar com a limpidez da alma renovada. Mas que só voltasse no outro dia, pois naquele resto de tarde eu teria que recolher tudo aquilo que precisaria para enxergar a vida na sua nobre grandeza.

Retornei entristecido, pensando nas palavras do Monte. Assim que a avistei na janela me enchi de coragem e vontade de dizer tudo o que sentia naquele momento e de uma vez por todas. E não me reconheci a tanto falar, a declamar, a cantar versos de amor, a dizer do que sentia. E também da certeza do impossível amor em apenas um.

Espantada com meu gesto, ela apenas sorriu e me olhou com um azul que imaginei ser o céu. E era. Um céu que se abre no espírito e no coração, na alma e no corpo inteiro, deixando o passo leve para voar de felicidade. E ter a nitidez das coisas, enxergar tudo como um espírito feliz e contente se permite, pois o amor tira a névoa dos olhos e acentua a cor de tudo que há ao redor.

Bem assim como o Monte falou. Bem assim como ele repetiu quando retornei com ela no entardecer do dia seguinte.


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Dia do Trabalhador

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O Dia do Trabalhador ou Dia Internacional dos Trabalhadores é celebrado anualmente no dia 1º de Maio em numerosos países do mundo, sendo feriado no Brasil, em Portugal e em outros países. Em 1886, realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América. Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos EUA. No dia 3 de Maio houve um pequeno levantamento que acabou com uma escaramuça com a polícia e com a morte de alguns manifestantes. No dia seguinte, 4 de Maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos policiais que começavam a dispersar os manifestantes, matando sete agentes. A polícia abriu então fogo sobre a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket.

Três anos mais tarde, a 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objectivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.

Em 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama o dia 1 de Maio desse ano dia feriado. Em 1920 a Rússia adota o 1º de Maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outros países.

Apesar de até hoje os estadunidenses se negarem a reconhecer essa data como sendo o Dia do Trabalhador, em 1890 a luta dos trabalhadores estadunidenses conseguiu que o Congresso aprovasse que a jornada de trabalho fosse reduzida de 16 para 8 horas diárias.

Dia do Trabalhador em Portugal


1º de Maio na cidade do Porto

Em Portugal, só a partir de Maio de 1974 (o ano da revolução do 25 de Abril) é que se voltou a comemorar livremente o Primeiro de Maio e este passou a ser feriado. Durante a ditadura do Estado Novo, a comemoração deste dia era reprimida pela polícia.

O Dia Mundial dos Trabalhadores é comemorado por todo o país, sobretudo com manifestações, comícios e festas de carácter reivindicativo, promovidas pela central sindical CGTP-Intersindical (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical) nas principais cidades de Lisboa e Porto, assim como pela central sindical UGT (União Geral dos Trabalhadores). No Algarve, assim como na Madeira é costume a população fazer piqueniques e são organizadas algumas festas na região.

Dia do Trabalhador no Brasil

Até o início da Era Vargas (1930-1945) certos tipos de agremiação dos trabalhadores fabris eram bastante comuns, embora não constituísse um grupo político muito forte, dado a pouca industrialização do país. Esta movimentação operária tinha se caracterizado em um primeiro momento por possuir influências do anarquismo e mais tarde do comunismo, mas com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, ela foi gradativamente dissolvida e os trabalhadores urbanos passaram a ser influenciados pelo que ficou conhecido como trabalhismo.

Até então, o Dia do Trabalhador era considerado por aqueles movimentos anteriores (anarquistas e comunistas) como um momento de protesto e crítica às estruturas sócio-econômicas do país. A propaganda trabalhista de Vargas, sutilmente, transforma um dia destinado a celebrar o trabalhador no Dia do Trabalhador. Tal mudança, aparentemente superficial, alterou profundamente as atividades realizadas pelos trabalhadores a cada ano, neste dia. Até então marcado por piquetes e passeatas, o Dia do Trabalhador passou a ser comemorado com festas populares, desfiles e celebrações similares. Atualmente, esta característica foi assimilada até mesmo pelo movimento sindical: tradicionalmente a Força Sindical (uma organização que congrega sindicatos de diversas áreas, ligada a partidos como o PDT) realiza grandes shows com nomes da música popular e sorteios de casa própria. Na maioria dos países industrializados, o 1º de maio é o Dia do Trabalho. Comemorada desde o final do século XIX, a data é uma homenagem aos oito líderes trabalhistas norte-americanos que morreram enforcados em Chicago (EUA), em 1886. Eles foram presos e julgados sumariamente por dirigirem manifestações que tiveram início justamente no dia 1º de maio daquele ano. No Brasil, a data é comemorada desde 1895 e virou feriado nacional em setembro de 1925 por um decreto do presidente Artur Bernardes.

Aponta-se que o caráter massificador do Dia do Trabalhador, no Brasil, se expressa especialmente pelo costume que os governos têm de anunciar neste dia o aumento anual do salário mínimo. Outro ponto muito importante atribuído ao dia do trabalhador foi a criação da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, em 01 de maio de 1943.

Dia do Trabalhador em Moçambique.

Durante o período colonial (até 1975), os moçambicanos estavam proibidos de celebrar o 1º de Maio em virtude da natureza repressiva do regime colonial português. No entanto, houve manifestações de trabalhadores moçambicanos, em particular em Lourenço Marques (actual Maputo), contra o modo de relações laborais existente naquele período.

Após a Independência Nacional, o Dia do Trabalhador é celebrado anualmente, e com o passar dos anos, com as reformas políticas, económicas e sociais que o país sofreu a partir de finais da década de 80, registrou-se um crescimento do movimento sindical em Moçambique. A primeira instituição sindical no país foi a Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM), que veio depois a impulsionar o surgimento de novos movimentos sindicais, cada vez mais específicos de acordo com os sectores de actividade.

Dia do Trabalhador no mundo

Alguns países celebram o Dia do Trabalhador em datas diferentes de 1 de Maio: Na Austrália, Canberra, Nova Gales do Sul, Sydney e na Austrália Meridional esta data de celebração varia de acordo com a região. Estados Unidos da América e Canadá: Celebram o Labour Day na primeira segunda-feira de Setembro.