Seguidores

domingo, 18 de março de 2012

Derna de 1912!

Por: Kidelmir Dantas



É LUA, é sol, é sertão,
É caatinga, fauna e flora.
É a maior expressão
Do Nordeste, mundo afora.

É sanfona, triângulo e zabumba,
É luz para os que aí estão.
Vaquejada, Cantoria e Boi-Bumba,
XAXADO, Xote e BAIÃO.

É a MISSA DO VAQUEIRO,
As festas de São João.
ASSUM PRETO, BOIADEIRO,
É ave de arribação.

É a saudade presente;
No SANGUE DE NORDESTINO.
É ASA BRANCA, no céu,
Que cumpriu o seu destino.

É recordação que vive,
Em todos trabalhos seus.
Que inspira teus seguidores,
SANFONEIRO DO POVO DE DEUS!
Nova Floresta (PB), 28.06.1994
(*) Atual Presidente da SBEC.


Nova Floresta (PB), 28.06.1994


Artigo - Posse da Associação dos Filhos e amigos de Aurora residentes em Fortaleza(AFA))

Por José Cícero
 


Estive a conferir de perto todas as emoções  que foi  a solenidade  de posse  da nova diretoria da AFA,   assim como de todo o ato festivo  ocorrido no último sábado em Fortaleza.  Um autêntico encontro, ou mesmo um reencontro de gerações.

Homens e mulheres aurorenses das mais variadas ramificações familiares, mas que têm em comum, além do amor à terra em que nasceram –  uma incontida paixão por tudo aquilo que diz respeito  a sua terra natal. Uma confraria de grandes entusiastas e admiradores de Aurora, em torno da qual se reúnem  para matar saudade, rever amigos, falar das coisas boas de outrora e de outras amenidades comezinhas que ficaram como que eternizadas no baú das memórias.

Boas estirpes, cujas raízes ancestrais de alguma maneira ainda se mantêm ligadas ao solo fértil e sagrado  do vale sul caririense.  Filhos e amigos de uma Aurora indelével, romântica e aprazível. Tão majestosa e bela qual imagem de uma donzela indígena-Kariri, ainda hoje a se banhar nas águas do Salgado – o rio mais doce do mundo.

De uma Aurora-passado prenhe de reminiscências  que nas lembranças de todos “eles” ainda permanece como dantes: Um tanto bucólica, calma e adolescente, desafiando com a sua paz  e calmaria a voracidade dos anos. Assim como toda a avidez de um tempo dito moderno assaz indvidualista e conflitante, como combustível  alimentando o atual esquecimento histórico.

AFA - Uma boa gente que através dos  anos aprendeu  amar sua terra também no pretérito.  E que  não aceitou simplesmente a horrível sensação  que a sociologia denominou de 'não-lugar'. A todos  imposta como uma sentença de granito pelo árduo e cruel cotidiano da grande  metrópole.

Eu estive lá e vi toda a dimensão da alegria fraternal estampada, em forma de sorrisos, nos semblantes de todos eles. Vi por assim dizer, a prática interessante da verdadeira arte do encontro  realizada naquele bonito evento organizado pela  grande colônia dos aurorenses residentes na capital cearense. O calor do contato humano como a desafiar toda a frieza das convenções da grande cidade.  Um congraçamento de amigos e de irmãos ligados  pelos laços inquebrantáveis de uma bela  e fantástica história chamada Aurora. Quase um lenitivo contra o artificialismo citadino. Puro refrigério para a alma e o espírito. Um mergulho efetivo e afetivo no tempo e no espaço.

Quase um grito uníssono de protesto ante as indelicadezas do mundo pós-moderno diante da sensação indizível  do eterno retorno. Um momento dos mais linsonjeiros e afirmativos proporcionado pela argamassa do otimismo cimentado pela sinergia de todos aqueles que amam  de verdade a terrinha do Menino Deus.

Uma pena, que muitos outros ainda  não se permitiram  se desvencilhar sequer um pouco da dura correria do dia a dia no sentido de,  vez por outra, também puderem compartilhar  destes instantes simples da vida e que por isso mesmo não têm preço. E por conseguinte, dada a força do sentimento afetivo e memorialista que carregam, poderíamos muito bem, chamá-los,  tão somente  de 'momentos eternos'.

Oh, Aurora como dói se estar tão longe! E o quanto é doce e maravilhoso falar dos anos idos em que felizes vivemos e adolescemos pelo tempo jubiloso fo teu passado...

Prof. José Cícero
Secretário de Cultura, Turismo e Esporte - 
Aurora/CE.


LEIA MAIS EM:


Foto: 'Aurora Bucólica'(rio Salgado) M.Bittecourt/93- Arquivo JC



Enviado pelo Secretário de Cultura de Aurora, José Cícero

IHGB: Instituto criado para construir uma História do Brasil

Fundado em 1838 com forte vínculo ao Estado, IHGB inicia o século XXI com abertura à produção universitária.

Mais antiga instituição cultural do país, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro nunca deixou de funcionar desde que foi fundado, em 1838, por um grupo de 27 intelectuais que pretendiam construir uma História do Brasil num país recém-independente. Assim, apesar de já ter nascido como um órgão privado, o instituto foi criado com um forte vínculo com o Estado, já que se propunha a consolidar uma ideia de nação brasileira. Com a proclamação da República em 1889, o IHGB passou a ser visto como um órgão atrasado, identificado com a monarquia, mas sobreviveu ao tempo. Ao longo do século XX, já garantida a unidade nacional, passou a acolher uma pluralidade maior de pensamento, sobretudo nas últimas duas décadas. 

— O instituto tem o peso da tradição — reconhece Arno Wehling, presidente do IHGB desde 1996, e reeleito esta semana para mais dois anos no cargo. — Quando foi criado, seu objetivo prático era colher documentação para que se escrevesse uma História do Brasil, numa época em que três províncias queriam se separar. Após os anos 1870, passou a haver uma preocupação maior com a formação da sociedade brasileira. 

Professor universitário, Wehling afirma que o movimento de abertura para o pensamento produzido nas universidades é recente, até porque a profissionalização da História e das Ciências Sociais só se deu a partir dos anos 1930 no Brasil. O IHGB ainda tem sócios como eclesiásticos e militares, mas a proporção de acadêmicos é cada vez maior, sobretudo de historiadores — são 40 titulares e 20 eméritos, com direito a voto, 60 correspondentes brasileiros e 60 estrangeiros (brasilianistas), além de sócios honorários. Ainda assim, ressalta ele, o instituto é aberto a pesquisadores de outras formações, sem necessariamente um perfil universitário. 

No acervo do IHGB, aberto ao público, estão a Coleção Thereza Christina, com parte da biblioteca particular de dom Pedro II; a Coleção Roberto Macedo, uma bibliografia sobre o Rio; e a Coleção Martius, com livros raros do século XVI ao XIX. O IHGB publica a “Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro” (trimestral) desde 1839 e organiza colóquios — os próximos serão o seminário Brasil-Itália (dias 27, 28 e 29), e outro pelos cem anos da morte do Barão do Rio Branco, com o Itamaraty (em maio).

As parcerias são fundamentais para a organização dos eventos, já que o IHGB é uma entidade privada sem fins lucrativos. Seus recursos provêm do aluguel de oito dos 13 andares do edifício onde está sediado, na Glória. O prédio foi inaugurado em 1972 pelo general Emílio Garrastazu Médici, então presidente da República. Nesse período da ditadura, diz o historiador Marco Morel, voltou a haver uma desconfiança, que hoje se dissipa, em relação ao instituto.

— Houve durante algum tempo uma desconfiança recíproca entre historiadores do instituto e da universidade, sobretudo naquela época. Agora ele está se abrindo para pesquisadores universitários, procurando um equilíbrio com o conservadorismo — diz Morel. 

Sócia honorária desde 2007, a historiadora Isabel Lustosa elogia a aproximação das universidades e as atividades que estimulam a produção de conhecimento, como os encontros da Comissão de Estudos e Pesquisas Históricas (Cephas), abertos a pesquisadores de fora. 

— Há um compromisso cada vez maior de diálogo com a academia, de entendimento de que o mundo intelectual é uma espécie de sociedade, com pluralidade de visões — afirma Isabel.


Fonte: http://oglobo.globo.com/

ANTONIO LUIZ TAVARES - O CANGACEIRO ASA BRANCA

Por: José Mendes Pereira

Segundo o mossoroense professor, advogado, escritor e poeta David de Medeiros Leite, em seu livro: "Ombudsmam Mossoroense", publicado em 2003, na página 71, diz que o cangaceiro Asa Branca havia trabalhado em Mossoró, na Fazenda Barrinha dos Duartes (lugar onde eu nasci),  do senhor Francisco Duarte, vulgarmente conhecido por Chico Duarte, pai de Manoel Duarte, Ferreira, o matador do cangaceiro Colchete.

Escritor David de Medeiros Leite

Diz o escritor: "A Barrinha não foi atacada, mais viveu horas intensas de medo. E o fato fazia sentido na medida em que era sabido que um antigo trabalhador da fazenda, com o apelido de Asa Branca, integrava o bando, e por isso todos pensavam na hipótese do mesmo conduzir os bandoleiros à fazenda antes de invadir a cidade".
Como o futuro cangaceiro Asa Branca chegou até a fazenda Duarte não se sabe, pois ele em entrevista que cedeu ao jornalista Tomislav Femenik, disse que foi incorporado ao bando de Lampião quando se escondia das autoridades, por ter assassinado o assassino do seu pai. 

O cangaceiro apenas declarou o ano em que passou a ser cabra de Lampião, 1922, mas   não revelou  em qual lugar do Nordeste ele  passou a acompanhar o bando do rei.  
Se o cangaceiro Asa Branca tivesse pensado tal ataque à Fazenda Barrinha, com certeza Lampião teria adquirido uma porção de jóias e muito dinheiro, vez que


Chico Duarte

Chico Duarte jamais foi coronel, mas era muito rico, dono de todas as terras no Leste que cobre Mossoró.
Do Sul para o Norte as terras de Chico Duarte, pai de Manoel Duarte, começando pelo Sítio Curral de Baixo, hoje, propriedade dos herdeiros do matador do cangaceiro Colchete.

Sítio Angicos, propriedade do médico  já falecido, Duarte Filho, irmão de Manoel Duarte, nos dias de hoje, no domínio do seu genro Dr. Gastão, irmão do Paulo Medeiros Gastão, o fundador da SBEC.

Sítio Tabuleiro Grande, propriedade do já falecido José Reis, hoje no domínio dos filhos. Sítio Martelo, propriedade do falecido Luiz Duarte (Lili Duarte),  herdeiro do fazendeiro, hoje no domínio dos seus filhos. Sítio Mururé, antiga propriedade de Tentora, também filho do fazendeiro, hoje, propriedade de Dr. Sérvulo. Sítio São Francisco, este último, uma pequena parte pertence aos herdeiros de Chico Néo, meu tio, e Pedro Nél, meu  pai, ambos falecidos, propriedades compradas a Lili Duarte.

Outra grande parte deste último sítio pertence a Ufersa, antiga Escola Superior de Agricultura de Mossoró, e novamente ao fazendeiro Dr. Sérvulo Hebert Vasconcelos e ao Dr. Carlos.

Com a morte do fazendeiro,  onde era localizada a sua grande fazenda, passou a ser propriedade  da viúva, Dona Chiquinha Duarte, que com a sua morte foram herdeiras: Letícia Rodrigues Duarte, filha do casal fazendeiro, e  Gema, sobrinha da viúva. Posteriormente as herdeiras venderam para o capitão Fábio e ao industrial Raimundo Figueira.

Na mesma localidade Barrinha, tem ainda a  propriedade de Aldemar Duarte,  já falecido, pai do escritor Davi de Medeiros Leite. 

Ainda era  propriedade do mesmo fazendeiro, o Sítio Melancias, cujo, fazia estrema com o fazendeiro Joca Correia.

Todos estes sítios são ligados, que antes era uma única propriedade, pertencente ao maior latifundiário de Mossoró, Chico Duarte.  

José Mendes Pereira 
   

Mulheres Mossoroenses II - 18 de Março de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Dando continuidade à série Mulheres Mossoroenses, que estamos publicando nesse mês dedicado a mulher, apresentamos hoje a figura de D. Amélia de Souza Galvão, que foi a única mulher a participar ativamente do movimento pela abolição antecipada dos escravos de Mossoró.
Amélia Dantas de Souza Melo Galvão ou D. Sinhá Galvão, como era mais conhecida, teve papel de destaque no movimento abolicionista mossoroense, sendo de sua autoria a confecção do Estandarte da Libertadora Mossoroense, feito em cetim, com franjas e letras douradas. Este estandarte, que pode ser visitado no Museu Histórico “Lauro da Escóssia”, é o símbolo maior da abolição da escravatura em solo mossoroense. É a prova do idealismo, da disposição e da luta de um povo em prol da liberdade, luta essa que teve D. Amélia como uma incansável guerreira. 
Nas palavras de Raimundo Nonato, “D. Sinhá Galvão foi a mais extraordinária figura feminina de Mossoró, com atividades políticas, sociais e humanitárias do século XIX.” Contagiou-se pelo idealismo do seu marido, de quem se tornou uma cooperadora dedicada e cheia de entusiasmo pela vitória da causa que empolgava as multidões da cidade. 
Era filha do também abolicionista e poeta José Damião de Souza Melo, português radicado em Mossoró. Professava a religião presbiteriana, apesar de seu pai ter sido padre em Portugal. Nunca se soube o motivo da mudança de religião. Sabe-se apenas que um dia ele tirou a batina, queimou-a e veio para o Brasil, surgindo como comerciante em Mossoró. 
Segundo depoimentos do Major Romão Filgueira, “D. Sinhá era uma mulher dotada de raros predicados morais e culturais, belo espírito de comunicação e de idéias elevadas”. Tomou parte em todas as comissões importantes da Libertadora. Apaixonada pelo movimento, “convida suas amigas, entre elas as das famílias Soares do Couto, Dr. Paulo Leitão e outras, para saírem às casas dos senhores possuidores de escravos, concitando-os a alforriarem seus cativos, chegando ao ponto de quando não podiam receber adesões para o movimento, em virtude da escravidão ser garantida por lei, de se ajoelharem, beijando os pés dos potentados, indiferente aos sofrimentos dos prisioneiros das senzalas, rogando a liberdade imediata dos escravos que possuíam”. 
Na memorável sessão de 30 de setembro de 1883, D. Amélia Galvão teve a incumbência de fazer entrega de carta de alforria às mulheres escravas e, a cada uma, beijava, dizendo: “ D. Fulana, a senhora, de agora em diante é tão livre como eu”. Foi um belo e expontâneo gesto. 
Mas D. Sinhá Galvão pagou um preço alto por sua luta em prol da libertação dos escravos. Esgotada pelo cansaço adoeceu, contraindo uma tuberculose e dela não conseguiu se curar. Morreu a 14 de novembro de 1890, estando sepultada em túmulo próprio no Cemitério Público de Mossoró. O município de Mossoró a homenageou emprestando o seu nome a uma rua da cidade e a Loja Maçônica “24 de junho”, fundada em --que foi o berço da campanha libertadora, a elegeu como madrinha do Clube das Samaritanas. 
É lamentável que Mossoró, em suas homenagens prestadas em cada dia 30 de setembro, jamais tenha se lembrado de prestar uma homenagem a D. Sinhá Galvão.

Geraldo Maia do Nascimento

Todos os direitos reservados
É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.
Fonte:

“VOSMICÊ NUM É HOMI NÃO, É CABA SAFADO!...” (Estória sertaneja)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

“VOSMICÊ NUM É HOMI NÃO, É CABA SAFADO!...”
Torquato entrou na bodeguinha totalmente desarmado, levando consigo apenas a coragem dos homens valentes, encontrou o jagunço Cirineu, armado até os dentes, virando um copo de cachaça no pé do balcão, e foi logo dizendo pra que ouvisse bem:
“Vosmicê num é homi não, é um caba safado!...”.
Ao ouvir a sentença, o vendeirim amarelou, começou a tremer das pernas, se molhou todo e correu como pôde pro quintal. Não se sabe como, mas um que estava por ali acabou engolindo o cigarro de palha que estava fumando. Uma porta ficou estreita demais pra dois passar ao mesmo tempo em correria desenfreada. Outros se jogaram ao chão, se esconderam por trás de sacos, ficaram se sem saber o que fazer diante da tragédia iminente.
Ora, a resposta do jagunço Cirineu às palavras de Torquato certamente não viria através de outra coisa senão na bala, na facada, na extrema violência. Mas o pior é que se ouviram as mesmas palavras sendo repetidas:
 “Vosmicê num é homi não, é um caba safado!...”.
Dois desmaios e um ajoelhamento atordoado, de mãos erguidas para os céus, pedindo por tudo na vida que nenhuma bala perdida lhe atingisse onde estava. Contudo, parecia que o atingido na honra, o que havia sido chamado de cabra safado, não tinha ouvido o que o outro havia dito.
Mas ouviu, e bem claro. E tanto ouviu que à moda dos bandoleiros mais frios, se apoderou da garrafa ainda em cima do balcão e colocou outra dose no copo, virando numa golada só. Depois jogou o copo na prateleira e se virou com olhos esfumaçando em direção a Torquato.
“Num ouvi direito. Repita o que vosmicê acabou de dizer...”. E o outro, agora à sua frente, olhando olho no olho, repetiu: “Quantas veiz percisá. Vosmicê num é homi não, é um caba safado!...”.
“Entonce vai morrer agora mermo...”. E puxou, ao mesmo tempo, uma faca peixeira e um revólver. “Escolha com qual quer morrer...”. Falava cuspindo o jagunço, numa vermelhidão na face que parecia querer explodir a qualquer momento. Deu um passo pra trás e disse: “Vai ser com suas duas. Primeiro atiro, adespois sangro até as tripa sair...”.
“Cuma feiz cum Totonha?”. Ao ouvir esse nome o jagunço mudou de cor, do vermelho irado passou ao amarelado assustado, a quase nenhuma cor nem sangue pela face. A mão afrouxou o revólver, a faca acabou caindo. Mas o jagunço, num gesto brusco, levantou a arma em direção a Torquato e falou:
“Matei a safada que me traía com o Coroné. Tomem vou dá cabo dele, poi quem já me mandô matá mai de vinte vai tomem senti o gostim de morrer sem saber pruquê. E vosmicê vai ter o mermo destino da puta daquela puta safada...”.
“Entonce atire, se for homi mermo. Nunca vi jagunço ser homi, ser valente, ter quarque coragem. Cuma vosmicê, é tudo medroso, traiçoeiro, covarde. Se tivesse um pingüim assim de coragem enfrentava todo aquele que é pago pra matar, pra tirar a vida inocentemente. Mai não, poi o que faz é tocaiá, sem esconder atraiz das moita, na traição. Entonce mostre agora que é homi, ói nos meu óio e atire seu cabra safado, covarde duma figa. Lá onde ela tiver vou dizê àquela que vosmicê acabou de matá, e que num foi Totonha, o quem vosmicê é...”.
“Mai eu matei a puta da Totonha. Ela tava de costa mai sei que era ela...”. Disse o jagunço recuando novamente, sem jeito, numa medonha aflição. Então foi a vez de Torquato avançar em sua direção e dizer: “Quer que eu mande Totonha entrar? Ela está bem aí fora da porta. Quer que eu mande ela entrar?”.
E o jagunço se transformou totalmente, parecia um desajuizado, um fora de si. “Se num matei Totonha, entonce quem foi quem eu matei? Totonha, Totonha, Totonha, me perdoei pelo amor de Deus, vorte pra mim. Totonha, Totonha...”. E correu enlouquecido porta afora atrás da mulher. Saiu da cidade, entrou em estradas, veredas, na mataria, e sempre gritando por Totonha. Louco, completamente louco.
Passados os instantes de aperreios, com cada um saindo de seus esconderijos e aparecendo novamente, o dono da bodega acabou perguntando: “Mas quem foi, Torquato, quem o jagunço Cirineu matou mermo?”.
“Totonha. Ele matou Totonha. Mas ela não botava ponta nele com o Coroné não. Era comigo que ela tinha um chamego”.

Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Amar como... (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa

Amar como...


Amar como o amor
necessita ser amado
amar como o amor
precisa ser venerado
amar como o amor
pede para ser deliciado
amar como o amor
retribui se respeitado
amar como o amor
ama o seu bem amado

e amar assim
e apenas amar assim
porque amando assim
o amor será a conquista
de anjo feliz querubim
azul coração na nuvem
distante de todo fim.


Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com