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sábado, 3 de março de 2012

Ilha Grande



Em 1559, a Ilha Grande, que fazía parte da Capitania de São Vicente (que coube a Martim Afonso de Sousa) foi presenteada ao desembargador Dr. Vicente de Fonseca que, aparentemente, nunca tomou posse da ilha.

As primeiras informações sobre habitantes europeus na Ilha Grande vêm de relatos de tripulantes da Armada do corsário inglês Thomas Cavendish que ancorou na Ilha em dezembro de 1591. Conforme este relato tinha cinco a seis casas na ilha habitadas por portugueses e índios que cultivavam mandioca, batata doce, banana e criavam porcos e galinhas.
Com a descoberta de ouro em Minas Gerais e a implantação de lavouras de cana e de café no século XVIII, a Ilha Grande se tornou o centro principal para o contrabando de escravos africanos, na região. Em 200 anos, e um dos capítulos mais escuros da história brasileira, embarcaram nas praias de Palmas e Dois Rios um grande número de navios com homens, mulheres e crianças da África, destinados ao trabalho pesado nas plantações de açúcar e nas fazendas de café. Para poder alimentar a demanda de mão - de - obra, depois da abolição da escravatura em 1850, o Brasil abriu as portas para imigrantes, principalmente europeus e asiáticos. Como em alguns destes países havia epidemias de cólera, o imperador D. Pedro II mandou construir um Lazareto de quarentena (1886) e um aqueduto de abastecimento de agua (1889). As ruínas destas instalações ficam perto na praia Preta, ao norte de Abraão.

pt.hostelbookers.com

Com a expansão do comércio ilícito por piratas e corsários, Portugal instalou uma guarda costeira, comandada por Martim de Sá, fiscalizando toda a costa entre Cabo Frio e Santa Catarina. Foi explicitamente prohibida a habitação das ilhas da região para evitar um contato entre potenciais moradores e inimigos da coroa portuguesa. Sendo assim, a Ilha Grande ficou praticamente deshabitada até mitade do século XVIII


tedxbaiadailhagrande.com
O Lazareto foi desativado em 1893, passando a funcionar como presídio político durante a ditadura militar (um segundo presídio deste típo foi instalado na Ilha Anchieta em São Paulo). A construção veio a ser parcialmente demolida durante a Revolução Constitucionalista em 1932 e os prisioneiros passaram para a Colônia Correcional de Dois Rios no outro lado da ilha.

Com a construção do Instituto Penal Cândido Mendes em 1940, a capacidade de presos foi aumentada para 1.000 pessoas. O presídio foi desativado e implodido pelo governo do estado de
Rio de Janeiro em 1994. Os prisioneiros foram transferidos para Bangú I e II, dois presídios de segurança máxima em Rio de Janeiro. O terreno e as instalações que sobraram foram transferidos para a Universidade Estadual de Rio de Janeiro que hoje dirige lá um centro de ciências biológicas. Algums ex-presidiários e ex-funcionários do presídio ficaram na ilha, abrindo pequenos negócios.

Do final do século XIX ao início do século XX, a pesca passa a ser a atividade económica principal da ilha. Imigrantes japoneses vindo de
São Paulo instalaram aproximadamente 30 fábricas de salga de peixe na Ilha Grande. Devido à diminuição do pescado na baía da Ilha Grande a produção declinou substancialmente, sendo gradualmente substituido pela venda de peixe congelado e, mais tarde, pelo turismo.
Na Ilha Grande vivem hoje cerca de 5.000 habitantes distribuidos sobre 20 localidades.

Mulher fica com o rosto inchado após tingir cabelo com kit caseiro


Uma mulher teve uma reação alérgica tão forte a um kit caseiro para tingir os cabelos, comprado no supermercado, que ela chegou a ficar sem enxergar por causa do inchaço no rosto. A reportagem é do jornal “Daily Mail” e reproduzida pelo portal G1.
Carmen Rowe, de Swansea, no País de Gales, tem 25 anos e usava o kit da mesma marca desde os 13. Antes de aplicar no cabelo, ela testou o produto na pele. Porém, depois de tingir, ela sentiu os efeitos na pele.
“Acordei e minha cabeça estava tão inchada que eu não conseguia ver. Eu estava cega. Fui olhar no espelho e metade do meu rosto estava inchada. Parecia que metade da minha cabeça tinha sido enchida como uma bola de futebol”, contou.
Ela foi ao hospital, onde foi imediatamente internada. Os médicos diagnosticaram que Carmen teve alergia a parafenilenodiamina, um corante comum em tintas de cabelo.
Depois de três dias tomando esteroides e antibióticos, Carmen recebeu alta. Porém, ainda precisou voltar quatro vezes no mesmo mês, com ardor e outros inchaços.
Da redação do DIARIODENATAL.COM.BR, com informações do G1

Extraído do blog do Pôla Pinto

A influência estética de Lampião.

MÃO NA MASSA Lampião costurando numa máquina Singer:
REVISTA ISTO É . N° Edição: 2139 | 05.Nov.10 - 21:00 

A influência estética de Lampião.
A roupa colorida e ricamente decorada do cangaceiro servia de patente hierárquica no bando, despertava admiração na população e era copiada até pela polícia.

Wilson Aquino

A simples menção ao nome de Lampião fazia tremer o cabra mais macho do Nordeste. Virgulino Ferreira da Silva, seu nome de batismo, aterrorizou o sertão, entre 1916 e 1938, com seu bando que contava 200 homens.


Nos sete Estados da Federação onde a lei parecia ausente e a polícia, chamada de Volante, cometia excessos, Lampião e sua gangue justificavam seus assassinatos, degolas, estupros e assaltos com supostas bandeiras sociais e, assim, conseguiam angariar alguma simpatia da população pobre. Mas, quando não estava praticando crimes, o cangaceiro se atracava com agulhas e linhas para costurar e bordar, lindamente, roupas, revestimentos para cantil, cinturões, bornais (espécie de bolsa) e os lenços que usava ao estilo Jacques Leclair, o protagonista costureiro da novela global "Ti-ti-ti". Seu sanguinolento bando exibia uniformes bordados com flores, estrelas e símbolos místicos. Embora cause estranheza, este apuro estético tinha uma finalidade: servia para despertar admiração entre a população e, também, como patente hierárquica do bando. Lampião acreditava ainda que alguns símbolos blindavam seus homens contra maus espíritos.

O lado excêntrico e quase marqueteiro do famoso bandoleiro emerge pelas mãos de uma das maiores autoridades brasileiras em cangaceiros, o historiador Frederico Pernambucano de Mello, "o mestre dos mestres quando o assunto é cangaço", como dizia o antropólogo Gilberto Freyre.
 Mello acaba de lançar o livro "Estrelas de Couro " A Estética do Cangaço" (Escrituras, 258 págs.), no qual mostra que, ao impor um estilo próprio de vestuário, Lampião incutia os valores do cangaço aos homens do seu bando e estabelecia a diferença entre a sua tropa e os "outros."
 Lampião, aliás, odiava ser confundido com cangaceiros comuns. A força da roupagem luxuosa que ele criara " e incluía metais e até ouro, além de moedas e espelhinhos ", chegou a influenciar as vestimentas dos policiais. Antes de costurar, ele pegava um papel pardo e desenhava, depois levava o papel para a máquina Singer e cobria o tecido. "Ele não era apenas o executor do bordado. Era também o estilista", afirma Mello.

"No início, a moda era ofício masculino", garante a professora de história da indumentária e antropologia da moda Silvia Helena Soares, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Ela vê nas criações de Lampião um estilo de moda que remonta à época do Renascimento (século XVI), quando os homens bordavam as joias na própria roupa. "Era tudo grandão, pesado. Não tinha nada de delicadinho", afirma. Para o historiador Luiz Bernardo Pericás, autor de "Os Cangaceiros: Ensaio de Interpretação Histórica", os uniformes dos cangaceiros ficaram tão enfeitados que pareciam fantasias. "Era um dos aspectos da extrema vaidade daqueles bandoleiros", diz Pericás. Lampião aprendeu a manejar a linha e a agulha muito antes de tomar gosto pelo rifle. Quando menino, quase adolescente, Virgulino fazia tecidos de couro muito bem ornamentados, resistentes e esteticamente valiosos para vender nas feiras. "Era famoso como alfaiate de couro", afirma o historiador Mello. Ele foi parar no crime porque sua família se envolveu numa guerra com fazendeiros vizinhos. Dizem que era tão hábil com a espingarda que conseguia dar tiros consecutivos que clareavam a noite. Daí a alcunha de Lampião.
O Rei do Cangaço morreu aos 40 anos, em 1938, junto com a fiel companheira, Maria Bonita " que, igualmente, andava coberta de roupas, chapéus, cintos e bolsas bordadíssimas. O casal e nove homens do bando foram decapitados e as cabeças expostas como troféus pela polícia nas escadarias da igreja de Piranhas, em Alagoas. Ali, foram fotografadas ao lado de objetos preciosos do grupo, como espingardas e cartucheiras, além de outras armas de Lampião: duas máquinas de costura Singer, o sonho de todas a donas de casa da época. Se tivesse escolhido a profissão de costureiro, Lampião (até hoje cons­tantemente revisitado pela indústria fashion) certamente teria tido uma carreira brilhante.

 Web site:
http://www.istoe.com.br/reportagens/109496_A+INFLUENCIA+ESTETICA+DE+LAMPIAO  Autor:   REVISTA ISTO É . N° Edição: 2139
Extraído do blog:
Cangaço em Foco, do Delegado de Polícia Civil no Estado de Sergipe,
Dr. Archimedes Marques

LUÍS da CÂMARA CASCUDO e os QUIRÓPTEROS

By: Rostand Medeiros
http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/05/rostand_03.jpg?w=300&h=228

Quem nasce no Rio Grande do Norte, gosta de ler livros interessantes, de aprender sobre fatos, pessoas e coisas que valham a pena serem conhecidos, dificilmente vai deixar de ler alguma referência, algum livro, ou mesmo episódios da vida de Luís da Câmara Cascudo (1898-1986).
Luís da Câmara Cascudo
Felizmente para este leitor, ele estará diante de toda uma plêiade de obras que vão dos estudos folclóricos, as pesquisas históricas, antropológicas, etnológicas, sociológicas e de outras áreas do conhecimento.
Este grande pesquisador das manifestações culturais brasileiras deixou um extenso material cujo conjunto é considerável em quantidade e qualidade, onde mais de trinta dos seus livros são listados como essenciais ou no mínimo importantes para muitas áreas da pesquisa.
Mesmo tendo passado toda sua vida na provinciana Natal, distante dos grandes centros culturais do país, Cascudo obteve reconhecimento nacional, internacional e sua obra ainda não foi superada.
Romance de Costumes
Como leitor contumaz do “Mestre Cascudo”, como ele é conhecido pelos potiguares, na sua vasta produção li poucas referências às cavernas, a espeleologia e seus assuntos correlatos. Até então tinha lido somente pequenos apontamentos sobre lendas envolvendo cavernas, a utilização de nomes ligados a espeleologia na toponímia de pontos geográficos pelo Brasil afora e outras referências. Imaginava que para Cascudo, a espeleologia e o universo de assuntos que rodeiam esta área do conhecimento eram limitados. Talvez um assunto que não tenha despertado o seu interesse?
Foi então que um amigo me apresentou um livro que o próprio autor definia como um “romance de costumes”, o único escrito por ele. Este livro é “Canto de Muro”.
A primeira edição em 1959.
Confesso que depois de ler “Geografia dos Mitos Brasileiros”, “História da Cidade do Natal”, “Dicionário do Folclore Brasileiro”, “Viajando o Sertão”, “Vaqueiros e Cantadores” e outras maravilhas do universo de Cascudo, aos quais tenho como referências obrigatórias em minhas pesquisas, eu não me animei em conhecer este “Canto de Muro”. Imaginava esta obra como sendo uma viagem literária do pesquisador, por uma área das letras “nunca d’antes navegada”.
Comecei a folhear o livro, onde os personagens que se apresentavam a minha frente eram um escorpião chamado “Títius”, ou a aranha “Licosa”, ou ainda a lagartixa “Vênia” e outros. Após o exame inicial, fiquei com vontade de devolver na mesma hora o objeto oferecido.
Mas como este amigo havia tido a gentileza de me emprestar seu livro, me entregando com um largo sorriso de satisfação no rosto, tive vergonha de devolvê-lo.
Em todo caso imaginei ir para casa aproveitar o “Canto de Muro” para contar algumas “historinhas de animais” para minha filha Tainá, de apenas sete anos de idade e entretê-la na hora de dormir.
Ao folhear mais calmamente o romance de Cascudo, imaginando a “historinha” mais interessante para contar, quem verdadeiramente foi ficando no “Canto do Muro” fui eu.
O livro é verdadeiramente maravilhoso.
Cascudo fez um “romance de costumes”, mas de animais.
E que animais são estes? A maioria são justamente as espécies menos enaltecidas pelo homem. São aquelas que vivem literalmente no “Canto de Muro”. Passeiam por suas páginas aranhas, besouros, ratos, baratas, cobras, escorpiões e outros que vivem escondidos nos quintais das casas velhas, entre troncos decaídos, buracos, ripas, tijolos quebrados e em outros locais que são rejeito e entulho da desenvolvida humanidade.
O autor age unicamente como um narrador, em meio a uma primorosa escrita, aonde vai trazendo de forma romanceada, os aspectos naturais destes animais. Os capítulos se seguem como se fossem uma descrição feita em uma caderneta de campo de um pesquisador atento e minucioso. Cascudo comentou que desde cedo fora seduzido pela história natural, que foi se aprimorando quando captou, e anotou os episódios da vida dos protagonistas do livro. Ele realizou estas anotações, principalmente nos jardins e quintais da casa paterna, a chamada “Vila Cascudo”.
Com o passar do tempo, o homem crescia, mudanças surgiram em sua vida, seus caminhos literários se expandiam, mas nunca deixou de observar e anotar, desinteressadamente, o comportamento de alguns animais.
“Quiró”
Para minha satisfação, entre os animais observados e descritos por Cascudo, está o mais representativo membro da fauna cavernícola, os morcegos.
No terceiro capítulo vamos encontrar “O Mundo de Quiró”, onde o autor inicia com a citação de certo “Sr. Hemenegildo”, proprietário de um pomar em Natal, que resoluto questionava;
“- Faça-me o favor de dizer: para que Nosso Senhor fez o morcego?”
Logo após o escritor mostra uma das características mais conhecidas dos quirópteros, a forma como descansam;
“Quiró está com as unhas dos pés fincadas numa saliência da parede, voltado para ela, e com a cabeça para baixo, dormindo. Não sei de outro vivente que durma desta maneira. Dorme todo o dia e detesta a luz e mesmo as cores garridas e atraentes.”
Vai descrevendo de forma clara e simples o único mamífero voador, comparando-o a outros animais e de como utilizava suas características naturais.
Em meio a deliciosas informações biológicas, que certamente podem fazer muitos cientistas desta área torcerem o nariz, Cascudo afirmou que suas observações sobre os morcegos foram feitas em expedições noturnas no centro de Natal, nos bancos da tradicional Praça Sete de Setembro, defronte ao antigo Palácio do Governo.
Cascudo não estava escrevendo um chato, monótono e, como muitos realizam, inútil texto acadêmico. Suas informações fluem de uma maneira tranqüila, fazendo com que o leitor, de forma fácil, conheça sobre o peculiar mundo destes animais.
Como de praxe em suas obras não faltam citações explicativas de figuras históricas, como a do naturalista e escritor francês, George Louis Buffon, que tinha otítulo de conde de Leclerc (1707 – 1788), que afirmava serem os quirópteros “mais um capricho que uma obra regular do Criador”.
Lembrava o jesuíta e naturalista italiano, Lazzaro Spallanzani (1729 – 1799), aquele que em 1756 cegou quatro morcegos, colocou todos em um quarto escuro, com uma teia de fios verticais embebidos em forte visgo, para assim prender os pequenos animais ao menor esbarrão e, mesmo sem compreender, percebeu que os morcegos conseguiam se desviar dos finos obstáculos.
Ou uma citação do também naturalista francês, Georges Cuvier (1769 – 1832), que descreveu aspectos da gênese destes mamíferos e em 1797 batizou a família dos morcegos com o termo “quiróptero”.
Afirmava que o mamífero estava em terras brasileiras desde o início dos tempos, mas comentava com certa decepção que estes animais não tinham mito, ou lenda na memória popular no Brasil, servindo “apenas para fantasias de carnaval”.
Cascudo não procurou desfazer a triste lenda que afirmava “serem os morcegos, uma evolução dos roedores mortos”. Mostrava inclusive as ligações que havia entre os termos “morcego” e “rato” nos idiomas inglês, alemão e francês. Mas não fechou a questão da falsa evolução voadora dos roedores e deixava o tema em aberto.
Outra faceta dos quirópteros que o autor comentou, foi em relação ao sentido de orientação destes animais. Apontando que milhares de anos antes, estes já possuíam um radar.
Cascudo, a Cobaia dos “Morcegos-Vampiro”
Entre as espécies deste mamífero, a que mais chamou a atenção do folclorista foram os membros da família dos morcegos-vampiro (Desmodus rotundos). Cascudo buscou detalhar a forma como estes estranhos animais agiam em busca do seu alimento. Lembrou que foi o cronista português Gabriel Soares de Sousa, em seu “Tratado Descritivo do Brasil em 1587”, o primeiro estudioso a analisar a ação dos morcegos-vampiro.
Cascudo chega a afirmar que em algumas ocasiões, em locais onde proliferavam estes mamíferos, o famoso folclorista chegou a dormir despido da cintura para cima, na intenção de se transformar em cobaia. Seu desejo era conhecer os mecanismos do analgésico que estes animais utilizam para manter a vítima adormecida enquanto retiravam sangue.
Devido à tez bastante clara da sua pele e sua compleição forte, o pesquisador era um alvo fácil para estes quirópteros. Mas afirmava decepcionado que nunca foi mordido. Ele não podia então “dar seu depoimento pessoal sobre a ação destes mamíferos”.
Contudo informa que em uma ocasião viu um destes animais “saborear” o sangue de um jumento “Catolé” e este nem dar atenção ao banquete que faziam nele. Relembrou que no antigo Brasil colonial, os homens do campo atribuíam ao “Saci-Pererê”, a responsabilidade pelas sangrias nos pescoços e dorsos dos diversos tipos de alimárias que eram utilizados nas antigas fazendas.
Para quem gosta da espeleologia e não tem medo de quirópteros, o terceiro capítulo de “Canto de Muro” é uma ótima pedida de leitura.
Luis da Câmara Cascudo, nas últimas páginas, confessa que esta obra parecerá estranha aos que haviam lido seus trabalhos anteriores. Ele não pensava em publicá-lo, se assim o fizesse seria com um pseudônimo. O amigo e editor José Olympio aceitou as condições, mas a família e outros amigos convenceram-no a assinar o “Canto de Muro”.
Lançado em 1959, quando o autor tinha então setenta e três anos foi um sucesso e uma surpresa para a intelectualidade brasileira. Este livro teve mais três edições, todas acolhidas de forma positiva por parte do grande público, principalmente aqueles que não se entregam ao cotidiano, que com olhos atentos sempre focalizam as coisas naturalmente interessantes. Mesmos as pequenas.
P.S. – Desde 1990 que participo de grupos dedicados ao conhecimento e preservação de cavidades naturais no Rio Grande do Norte, visitando estes ambientes na Região Oeste do estado e vendo muitos morcegos. Na foto abaixo estou na Gruta Três Lagos, no município de Felipe Guerra.
 
Foto - Solón R. Almeida Netto.
Extraído do blog "Tok de História", do historiógrafo e pesquisador do cangaço: Rostand Medeiros



Inscrições para concurso de Professor Temporário da URCA começam no próximo dia 6

Game em sala de aula
Publicado no Diário Oficial do Estado, último dia 29, o Edital nº 001/2012-GR, que fixa normas para a realização de concurso para Professor Temporário da Universidade Regional do Cariri (URCA),destinando 168 vagas para as unidades descentralizadas de Iguatu, Campos Sales e Missão Velha, em diferentes áreas do conhecimento. As inscrições serão iniciadas na próxima terça-feira, dia 6, e vão até o dia 19 de março.
Os requerimentos de inscrição serão recebidos pela Comissão de Seleção do Processo Seletivo, no Campus do Pimenta, à Rua Coronel Antônio Luiz, 1161, CEP: 63.105-000, Crato – CE, no horário das 9horas às 12 horas e das 14 horas às 17 horas, de segunda-feira à sexta-feira,no prazo estabelecido pelo edital.
Os requerimentos de inscrição também poderão ser feitos através de endereço eletrônico, pelo www.urca.br, devendo a documentação necessária ser postada à Comissão de Seleção, até o último dia de inscrição, por meio de SEDEX com Aviso de Recebimento (AR), no endereço constante do edital. A taxa de inscrição é no valor de R$ 100,00 e deverá ser paga em qualquer agência da Caixa Econômica Federal (CEF), mediante depósito em favor da Universidade Regional do Cariri (URCA), conta corrente nº 369-2, agência 0919-9. O comprovante de depósito deve ser afixado à ficha de inscrição.
Os salários destinados aos cargos de professores graduados, especialistas, mestres e doutores com 20 e 40 horas vão de R$ 656,43 a R$ 3.751,06.

  Fonte:  

http://blogdojuazeiro.blogspot.com/

Saudade dos antigos Conjuntos Musicais do Cariri

Por: José Cícero
José Cícero Silva

João Martins no tempo das grandes festas dançantes
João Martins e seu conjunto animaram festas memoráveis no Treze Atlético Juazeirense, no Clube dos Doze, no BNB Clube e na AABB em Juazeiro do Norte. Eram grandes festas, especialmente as realizadas nas décadas de 60 e 70, quando a sociedade juazeirense bancava festas inesquecíveis, como a Festa Branca, a Festa das Flores, a Festa das Debutantes e as tradicionais Festas de Colação de Grau. João Martins estava no centro de tudo isso.
Ele veio de Missão Velha para Juazeiro em 1954. É alfaiate de profissão e músico por vocação e idealismo. Iniciou sua carreira de músico em nossa cidade, tocando no Regional da Rádio Iracema, apresentando-se no Clube dos Doze. Tocava violão. Em 1961 criou com seu sobrinho Rosiel o J. Martins e seu Conjunto. Em 1967 mudou o nome para J. Martins Show e depois, em 1971, uniu-se a Hildegardo Benício, de Crato, e fundou o Hilder Martins Som.
Na foto acima vemos a formação do J. Martins Show, da esquerda para a direita: Patrício (acordeão), João Martins (guitarrista), Roterdan (contrabaixo), Chico Cancão (saxofonista), Bebê (pistonista), Geraldo (baterista), Wilson (percussionista e vocalista) e o empresário Raimundo Milton. A todos esses músicos a nossa homenagem.
Fonte:
http://juazeiroanos60.blogspot.com/2012/03/joao-martins-no-tempo-das-grandes.html?spref=fb

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Um trabalho ao alcance de todos

LAMPEÃO  DE  A  a  Z
Autor: Paulo Medeiros Gastão
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Kiko e Paulo Gastão - sentados - Ivanildo silveira, Rostand Medeiros, João de Sousa Lima e Lívio Ferraz
Para você adquiri-lo basta depositar
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Banco do Brasil
Agência: 3526-2
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REVENDO - REUNIÃO-ANGICO, ANTES DA MORTE DE " LAMPIÃO "

 Por: SABINO BASSETTI 
Pesquisador/escritor do cangaço
Amigos do Cariri Cangaço,

No meu entender, os motivos de Lampião se manter vivo por tanto tempo na vida bandida foram vários.
Um deles é o fato dele respeitar o inimigo, não brigando quando não havia possibilidade de vitória como no caso do ataque a Mossoró e, outros de menor vulto. Outro motivo podemos dizer que seja o apoio que Lampião recebia dos coiteiros das mais diferentes classes. Tenho também que citar liderança que Lampião tinha sobre seus cabras não importando a importância que este ou aquele tivesse no grupo. E por fim a coragem natural que o rei dos cangaceiros possuia.

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 Quanto a ligação que Lampião tinha com coiteiros e protetores de grande projeção, era importante e proveitosa para os dois lados .

Sendo amigo e, prestando favores a Lampião, o fazendeiro, comerciante ou qualquer pessoa importante não teria suas propriedades, seus empregados e também suas famílias molestadas pelo cangaceiro.

Em contra partida, Lampião tinha em suas mãos tudo aquilo que nescessitava com bastante facilidade. Além disso, negociar com Lampião, era uma razoavel fonte de renda. Mas não podemos negar, que existiram coiteiros importantes que serviam a Lampião apenas por amizade. Como exemplo das desvantagens de não se ter um bom relacionamento com Lampião, é lembrarmos do coronel Petronilo Reis, que logo depois de conhecer Lampião tornou-se seu inimigo sofrendo então enormes prejuizos.

Tempos depois da morte de Lampião, falou-se que ele iria se encontrar com seus sub grupos em Angico, para tratar, da sua retirada do cangaço ou uma possivel mudança de ares. Porém, poucos dias antes de Lampião chegar em Angico, ele esteve reunido com diversos de seus sub grupos e não tocou nesse assunto. Durante a semana que esteve em Angico, também lá esteve pelo mesmo período
http://revistatpm.uol.com.br/01/vermelhas/imagens/ze.jpg
Zé Sereno e todo seu grupo e, Lampião não disse uma palavra a ninguém a respeito de abandonar o cangaço ou o nordeste como se cogitou. O encontro de Angico foi apenas mais um encontro rotineiro de Lampião e seus sub grupos.

Taí meu caro Severo, espero que seja isso que o amigo queria. Estou a sua disposição para qualquer tipo de colaboração que eu possa dar. Como se diz aqui no interior de São Paulo: "nóis num entende muito, mais nóis vai empurrando devagar".
Abraço fraterno.

Sabino Bassetti
Pesquisador e escritor
Salto - São Paulo

FONTE/AÇUDE : Blog Cariri-cangaço (Dr. Severo)
Um abraço a todos.
IVANILDO SILVEIRA
Natal/RN
Porque a reunião no coito do Angico/SE?
(*) Por:Aderbal Nogueira -
 
 Pesquisador/documentarista do cangaço; Membro da SBEC
Caro Sabino, venho aqui mais uma vez tentar colaborar com o debate e com esta história tão cheia de mistérios, como diz nosso amigo Alcino, que é o Cangaço.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQQxNRWjIdJWHHzXTRSs7E8UaowtDO9Zn4PmeAwv1eeiKJ0GTokFGACuTBVRiI7fDPJZbDwcjAaaFa20xcVC71i_gUZRkb1jo8fXgf9oh4VmltFz8eMSYlCES8dL1kaMxQU2rftLCRIK0/s1600/DSC03054.JPG
Pois bem, lendo sua matéria aqui no Cariri Cangaço, lembrei de dois depoimentos que gravei com amigos ex-cangaceiros, Candeeiro e Vinte e Cinco, depoimentos esses que tiveram um intervalo de aproximadamente 8 anos entre a gravação de um e de outro.
http://3.bp.blogspot.com/_8Ch8kqRaXWk/TUCFvfrfjMI/AAAAAAAAA7Q/ql485Nb-2Co/s320/candeeiro.JPG
Um detalhe é que Candeeiro só encontrou com Vinte e Cinco cerca de 50 anos após o combate de Angico.
Gravei primeiro com Candeeiro, e quando gravamos
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfYpJ1dDeq6UiiUQEwL8KCrHAq05l-gnQBRHNgsUs1vFL8MuAPIpHttSj3nnVd97hOn5PHC7dJkBPoAOTnOBx15vDgxjh15QNA8ad_UfyBljL6uf7ZVhBoIHkVT12VO8ICIoI4swlIWQA/s1600/GetAttachment.aspx.jpg
com "25" ele nos narrou a mesma coisa que Candeeiro havia falado, sem que nós sequer tenhamos comentado o assunto. Ambos os depoimentos foram tomados por mim e pelo amigo Paulo Gastão.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwVxTlk7jzTd8jYYATQhAtjP78zkkovzemfuzE5m769_aS5c0S2IBIRM2k18LgAlE_0qDkvfFWVTxBmilZep4l8ueHtArBW4ELFLI96l3MmyA4ZFcFwND5KZpUcNfboWqVmEkcmDZ4UA/s400/SEVERO+CALDEIR%C3%83O+E+NO+(29).JPG
Mais uma vez digo que eu, Aderbal, não estou dizendo absolutamente nada, não quero eu causar celeumas, apenas coloco ao público o que foi por mim gravado; tento somente colaborar com as pesquisas. Esse assunto no caso, estava até esquecido por mim. Quando vi a matéria hoje no Cariri Cangaço é que lembrei.

Confesso que até pensei em não mais enviar esses vídeos para os blogs, pois pode parecer, como algumas pessoas já falaram, que estou querendo me intrometer demais, porém o caso não é de intromissão e sim de colaboração. Por favor receba o vídeo como algo a mais para as pesquisas.


Eu, Aderbal, não julgo se o depoimento é verdadeiro ou falso, afinal não estava no bando na referida época - 1938.

Aderbal Nogueira.

FONTE/AÇUDE: Blog Cariri-cangaço (Dr. Severo)

Um abraço a todos. Vejam a matéria acima, analisem, tire suas conclusões e façam seus comentários.

IVANILDO SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Membro da sbec
Natal/RN

URGENTE! -

 Lenore Xavier de Souza
https://lh3.googleusercontent.com/-4l8DDCGW7U4/AAAAAAAAAAI/AAAAAAAABpY/bjbNmRJ1AJQ/s200-c-k/photo.jpg

Dona Lenore Xavier de Souza está desesperada com o desaprecimento de sua filha, Joana Xavier de Souza Lisboa,  em Canasvieiras, Florionópolis – no Estado de Santa Catarina, no dia 13 de março de 2011.

https://lh5.googleusercontent.com/-_ktUoPymK9c/T1In01kAfHI/AAAAAAAABvA/TaeivuU7b3U/s663/390057_313964118642621_241242589248108_856998_2115606225_n.jpg

Quem souber notícias dela, favor entrar em contato URGENTE! pelo telefone: (48)84345868, ou disque denúncia - SC – 181, ou e-mail: lenorexs@hotmail.com.
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DESAPARECIDO: Joana Xavier de Souza Lisboa | Disque ...
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7 nov. 2011 – DESAPARECIDO: Joana Xavier de Souza Lisboa ... Joana Xavier 8 DESAPARECIDO: Joana Xavier de Souza Lisboa. Idade: 34 anos ...

Joana Xavier de Souza Lisboa (Desaparecimento) > Gabriela Sou ...
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13 mar. 2011 – Familiares de Joana Xavier de Souza Lisboa, 33 anos, estão desesperados tentando encontrá-la. Joana estava em uma clínica de repouso ...
Joana Xavier De Souza Lisboa - Fpolis/SC - Desaparecidos do Brasil
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19 dez. 2011 – JOANA XAVIER DE SOUZA LISBOA, 34 ANOS, RUIVA/LOIRA, 1 METRO E 58, 58 KLG, MANEQUIM 36, DUAS TATUAGENS, 1 NO OMBRO ...

O Mundo Cariri entrevista curador do Cariri Cangaço

Por Ingrid Alidiane
http://mundocariri.com/blog/wp-content/uploads/2011/09/Foto-Manoel-Severo1.jpg
Foto: Dhielson Mendonça
O Mundo Cariri teve a grande satisfação de conversar com Manoel Severo, curador e idealizador do Cariri Cangaço. Evento de cunho turístico-cultural e histórico-científico; já em sua terceira edição neste ano de 2011, que tem como sede o município do Crato, reunindo as maiores autoridades nacionais do campo da pesquisa e estudo de assuntos ligados às temáticas do Cangaço.
Hoje o Cariri Cangaço é o maior evento do gênero do Brasil, em suas duas últimas edições a cidade de Crato recebeu mais de 200 pesquisadores e historiadores de 14 estados da federação e um público de mais de 1.500 pessoas, colocando o Crato e a região do Cariri no circuito dos grandes eventos culturais históricos do País.  (fonte:cariricangaço.blogspot)
Então vamos nos deleitar com esta conversa tão agradável. 
Mundo Cariri: Agradeço por aceitar conceder ao Mundo Cariri esta conversa. Sei que você é um grande admirador do cangaço. Como e quando surgiu esse interesse em conhecer mais profundamente a história do cangaço?
Manoel Severo: Eu é que agradeço a oportunidade de vir até o Mundo Cariri; muito obrigado mesmo. Bem; o interesse pelo tema cangaço nasceu ainda na minha adolescência. Acho que naquele momento despertou em mim, o tão polemico e inexplicável fascínio que o cangaço desperta em parcela significativa dos jovens ainda hoje. Não saberia dizer o porquê, mas o fato é, que a partir de meus 12, talvez 13 anos, fui alcançado por esse interesse, e dali até os dias de hoje tenho, dentro do possível, dedicado uma parte de meu tempo à pesquisa dessa temática; que é extremamente polêmica, mas ao mesmo tempo, riquíssima; por toda sua capilaridade e repercussões. E não precisaria me esforçar muito para pontuar aqui as muitas heranças que por incrível que pareça, o cangaço acabou legando: na música, na culinária, na dança, da estética, enfim. Então, pesquisar cangaço não seria de forma nenhuma uma exaltação ao banditismo; porque na verdade, o eram; nem à violência; mas acima de tudo compreender á alma desse povo do sertão, muitos desses, personagens anônimos do universo desse fenômeno que tanto sofrimento acabou trazendo ao bom povo de nosso nordeste.
Mundo Cariri: Como nasceu a idéia de se realizar um evento sobre o cangaço?
Manoel Severo: Depois de participar de uns cem números de eventos da mesma natureza, pensava em trazer para o nosso Ceará algo parecido, pois entendia que havia sim, ambiente favorável para a discussão, para o debate, para o aprofundamento, enfim; daí nasceu a idéia.
Mundo Cariri: Por que o Cariri cearense foi escolhido para ser a sede deste evento?
Manoel Severo: Pouca gente sabe, mas o Cariri cearense se configurou como um dos mais importantes cenários deste mesmo ciclo do cangaço, notadamente ligado à figura do mais célebre de todos os cangaceiros, Virgulino Ferreira – Lampião. Era aqui que o “Rei dos Cangaceiros” possuía protetores poderosos, era aqui que se revitalizava e se abastecia de armas e munições entre os muitos embates contra as forças policiais.  Aqui temos cenários mais que importantes ligados à temática, só para citar alguns: A Serra do Mato e a Fonte da Pendência; a Fazenda Padre Cícero, A Casa de Izaias Arruda, o Armazém de Antonio Silvino, o trono da família Linard; todos esses em Missão Velha; o Alto do Leitão, a Cadeia antiga, o Caldas e o Hotel Centenário em Barbalha; a Casa do Poeta em Juazeiro, as Fazendas Piçarra e Guaribas em Porteiras; a Fazenda Ipueira e a Estação da RVC em Aurora, a Fazenda Baixa Grande e a Casa das André em Barro, enfim; sem falar em todo o circuito ligado ao misticismo e a religiosidade, com destaque para o roteiro da fé, em Juazeiro do Norte e o magnífico sítio histórico do Caldeirão do Desertoem Crato. Portoda essa riqueza de história e memória já se justificaria que o Cariri cearense sediasse um evento dessa natureza, e aí, a partir da idéia, se somaram inúmeros parceiros e assim ficou fácil transformar o sonho em realidade.
Mundo Cariri: O que de melhor aconteceu nessas duas edições de Cariri Cangaço?
Manoel Severo: Eu diria que o ponto alto das duas primeiras edições do Cariri Cangaço, não teriam sido o espetacular número de pesquisadores; número esse nunca visto em evento da mesma natureza em tempo algum; o grande número de participantes, o grande número de obras lançadas, a riqueza dos debates, as visitas, as apresentações artísticas e folclóricas, enfim ; mas, a meu ver, foi sem dúvida, a compreensão de que, quando temos uma boa idéia, exeqüível, unindo as pessoas certas nos lugares certos, o resultado certamente se confirmará. E somos o exemplo do que falo. Penso que nenhuma outra iniciativa conseguiu traduzir de forma tão evidente esse sentimento da Região Metropolitana do Cariri, pois em duas edições reunimos sete municípios, uma universidade, seis instituições culturais, três fundações e associações de artistas, mídia, várias organizações não governamentais e ainda órgãos governamentais e iniciativa privada, formando uma equipe envolvida com a produção, de mais de 140 pessoas, tendo como resultado final, o maior e mais qualificado evento sobre a temática, de todos os tempos, e digo isso; sem falsa modéstia; não para colher um pequeno mérito que seja; mas em profundo respeito e gratidão a todos esses homens e mulheres que estiveram e estão ao nosso lado nessa verdadeira construção coletiva que é o Cariri Cangaço.
Mundo Cariri: O Cariri Cangaço 2011 tem como temática “Da Insurreição a Sedição”.  Qual seria o grande destaque desta edição?
Manoel Severo: O destaque do ano de 2011 começa exatamente como você bem frisou com os subtemas. Primeiro a Insurreição, momento intimamente ligado ao nosso amado Crato, onde desponta a figura emblemática e heróica de Bárbara de Alencar. Teremos uma eletrizante conferência com Salete Libório, contando ainda na mesma noite, com as presenças de nomes como George Macário, Alexandre Lucas, Alessandra Bandeira, Carlos Rafael e José Flávio, uma noite imperdível sem dúvidas. E ainda sobre os subtemas, o segundo: Sedição; trazendo-nos o lançamento da esperada minissérie Sedição de Juazeiro, genuinamente cearense e que para nossa felicidade, será uma das maiores produções da TV nordestina e brasileira do ano. A Sedição a partir das figuras de Floro Bartolomeu e Padre Cícero, também farão parte dos destaques desse ano, com uma Mesa onde teremos Renato Casimiro, Huberto Cabral, Aderbal Nogueira e Renato Dantas. Sem falar na Exposição Cangaceiros, a maior e melhor do Brasil, que ficará no Centro Cultural da RFFSA, dentro do Cariri Cangaço. E daí todo o resto que certamente todos podem acompanhar a partir da Programação Oficial através de nosso site:  www.cariricangaco.net 
Mundo Cariri: Ficamos sabendo que na abertura desta edição do Cariri Cangaço você receberá o Título de Cidadão Cratense. Como está se sentindo ao saber que receberá esta honraria?
Manoel Severo: Existem momentos em que nos faltam palavras… Esse é um deles. Talvez de hoje até a noite da solenidade, que será dia 20, às 19 horas no Teatro Salviano Arrais, consiga reunir palavras para traduzir, minha alegria, minha gratidão, meu verdadeiro sentimento.
Mundo Cariri: O Mundo Cariri agradece pela conversa tão agradável. Em representação a região do Cariri, agradecemos a você por sediarmos um evento deste porte. Por favor, faça suas considerações finais.
Manoel Severo: Bem; só me resta agradecer a gentileza do espaço e a cortesia e elegância da entrevistadora, e ainda, convidar a todos os nossos leitores e internautas, para participarem conosco dessa grande realização que é o Cariri Cangaço. Saibam que a Região Metropolitana do Cariri os aguarda de braços abertos. Muito obrigado.
O Mundo Cariri agradece mais uma vez ao Manoel Severo pela disponibilidade e gentileza, e principalmente por brindar nós caririenses com este evento tão singular e importante para todo o Ceará, onde a Cangaço, a História e as Tradições do Nordeste são discutidas, revividas e preservadas na história e na memória.  
*Por: Ingrid Alidiane

O SERTÃO E A CAATINGA

Por: Alcino Alves Costa
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3URnssAnct1b6VfzqRCIcgdI5QFZVUQ9AcWOuld9blzDKIC1C83LHKT4du8Vhla9QOGsy2y2q-swG7mYExQmgs5-fBe3FDC5UfSz77h0VBOTecykC-pRrsABBlrY8AlcaETQJl-MP4A/s1600/IVANILDO+(548).JPG

O sertão sempre foi, desde as mais remotas eras, considerado o primo pobre das terras brasileiras. O parente indesejável que vivia – e ainda vive – numa indigência total e absoluta – assim propalam os arautos da descrença sertaneja.
           
Segundo o arrazoado desses doutores do saber e da verdade, a razão da extremada pobreza sertaneja está no berço de seu nascimento, uma região quase que sem umidade, estéril, praticamente improdutiva e despovoada do interior do país.

           
Foi naquele mundo de secura que nasceu o Sertão. Suas terras adustas, imprestáveis, não têm serventia alguma; o seu chão arroxeado em algumas partes e brancas em outra é praticamente infecundo e de uma aridez irreversível – assim pensam os habitantes de outras regiões.
Não é verdade.
           
É nesse mundo que se imagina de carência, pobreza, abandono e solidão que nasceu e vive por toda encosta das eras a caatinga. A caatinga é a filha predileta do sertão. É a sua mocinha amada. A rainha e deusa dos campos sertanejos.
           
Assim como o sertão, o viver da caatinga passa por períodos de transformações. No verão, sob os rigores do sol ardente, essa vegetação arbustiva perde a exuberância de suas folhagens. Definha e murcha, tornando-se de uma sequidão de dar pena. Estiolados e enfraquecidos pelos terríveis e prolongados verões e pelas tenebrosas secas, esses dois tesouros da natureza – sertão e caatinga – vivem os maiores e mais angustiantes momentos de suas existências.
           
Contudo, se enganam aqueles que imaginam ser a caatinga e o sertão restos imprestáveis de garranchos e paus secos, jogados ao léu, sem valor nenhum. Puro e ledo engano. Basta que do céu e das nuvens desça a chuva, o bendito e abençoado sangue da terra, no dizer simplório e ao mesmo tempo sábio do caipira, para que aquela mataria que antes parecia morta, esturricada e sem vida, passe por uma transformação milagrosa ao ser impulsionada por uma sublime magia ou um milagre divino que faz brotar de suas entranhas, da força poderosa de suas raízes, troncos e galhos, o verde generoso da fartura e da bonança. E assim, das planícies e vales, viceja o verde e a leguminosa que também são bênçãos generosas de nossa mãe natureza.
           
Com essa transformação, esse passe de mágica, ou esse milagre do Criador, a caatinga enverdece. O verde enfeita, embeleza, perfuma e alegra a natureza, formando um quadro lindo, um cenário sublime, onde a mão de Deus se faz presente.
           
Era essa a caatinga de outrora. Era naquele dantes sertão viçoso e maninho que a passarada gorjeava e fazia o seu ninho nos galhos e ramagens de frondosas e seculares árvores. Era aquele sertão o mundo da onça pintada e da suçuarana, da jaguatirica e do gato do mato, do veado e do caititu, do gambá e do tamanduá, do preá e do mocó, do peba e do tatu. Vastas paragens sertanejas, abençoadas e virgens, onde o canário e o cabeço, o galo de campina e o xofreu, o xexéu e a pega, o papagaio, a arara e o periquito festejavam o amanhecer divino dos dias sertanejos. Chão caboclo do canto mavioso do zabelê nos cerrados das caatingas. Rincão de nuvens claras, por onde andorinha, asa branca e garça branca da serra passeavam, voejando em bandos pelos descampados do infinito. Paisagem divina onde as árvores, frondosas e belas, protegiam e guardavam os ninhos da casaca de couro. Mundo fantástico e misterioso da vida pastoril, da vacada pé duro e do boi brabo de ponta limpa. Matas densas e cerradas, paraíso do vaqueiro e do caçador. Caatinga de antigamente.
           
Hoje vivemos novos costumes e novos métodos de vida. O mundo embocou na modernidade dos tempos. O sertão e a caatinga agonizam nos últimos estertores de irreversíveis e brutais mortes. O que sobrou da fauna e da flora foram restos de um passado glorioso. Nos tempos atuais a caatinga é triste, solitária, desnuda, pobre, aos poucos assassinada pela mão perversa e maldita do homem. Homem mau que usa o machado e a moto-serra para, sem piedade e sem amor, cortar e derrubar as nossas árvores, muitas delas nobres e seculares. Enegrecido homem que usa a sua espingarda assassina para ceifar a vida de pássaros e animais silvestres. Homem sem coração e sem piedade. Homem que não escuta o grito angustiante e dolorido dos valores da natureza que clamam por vida.
           
A caatinga pede socorro. A caatinga quer viver.
Homens insensíveis dos novos tempos saibam que a caatinga é o símbolo maior do homem do campo. A filha predileta do sertão e a netinha amada de nossa mãe natureza.
           
Deus salve a nossa caatinga!


Publicado no dia 4 de janeiro de 2007, no JORNAL DA CIDADE, Aracaju – Sergipe.

            Publicado nos dias 04 e 10 de fevereiro de 2007, no jornal TRIBUNA DO POVO, de Mundo Novo – Mato Grosso do Sul.


Alcino Alves Costa
O Caipira de Poço Redondo - SE


DESENCANTO DA NATUREZA
Autores: Alcino Alves Costa e Dino Franco
Interpretes: Dino Franco e Mouraí



Eu vejo lá bem distante
Os papagaios voando
Cada vez indo pra longe
Outro habitat buscando
Periquitos e araras
Também vão se retirando
A raposa espreita tudo
Desconfiada, olhando,
E o homem sem piedade
Cruelmente vai matando.

Caçador, caçador,
Com você estou falando,
Não mate a fauna e a flora
Quero vê-las procriando

Muito triste a mata chora
A morte da passarada
Os campos virando cinzas
Com a fúria da queimada
Na sombra da quixabeira
Não se ver onça pintada
Caititu se retirou
Pra bem longe da baixada
Galho seco despencando
Caindo lá da ramada
O homem cortando tudo
Em medonha derrubada.

 
Roçador, roçador,
Não pegue mais empreitada
Encoste a foice e o machado,
Evite fazer queimada.

O sertão é um paraíso.
Paraíso de esplendor,
Mata virgem, céu azul,
E canário dobrador
Inhanbu piando triste
Quando a tarde furta a cor
Os bichos todos fugindo
Da mira do caçador
O riacho ainda chora
A mata cheia de flor
E o homem destruindo
As obras do criador
Predador, predador,
Olhai para o que restou
Predador, predador,
Não mate o que Deus criou

Não mate o que Deus criou

Transformada num belíssimo cateretê, gravado pela dupla, Dino Franco e Fandangueiro, na faixa 3, do CD “Sertão viola e amor”.

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço:
Alcino Alves Costa