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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Primeiro automóvel de São José do Egito e vale do Pajeú, que chegou na cidade em 1924.


FORD 24, primeiro automóvel de São José do Egito e vale do Pajeú, que chegou à cidade em 1924. O veículo pertencia ao senhor Antônio Barbosa de Lima, um de 4 irmãos oriundo da cidade de Piancó-PB, que ao chegar na cidade de São José do Egito-PE ficou conhecido como 
Antônio Piancó, e por isso, originou a família Piancó, hoje bastante conhecida na região. O senhor Antônio Barbosa de Lima, proprietário de uma indústria de beneficiar algodão, na intenção de adquirir o veiculo, se dirigiu a Limoeiro do Norte-pE, ponto de encontro dos sertanejos e agrestinos efetuarem trocas de mercadorias. Partindo do Sítio Maniçobas, localizado no município de São José do Egito com 40.000 Kg de lã de algodão, divididos em 400 cargas de animais (100 kg cada uma), percorrendo uma distância de 400 km até a cidade de limoeiro- PE onde efetuou a troca de carga de algodão pelo Veículo. De Limoeiro a Arcoverde veio numa estrada precária, abrindo uma picada na Caatinga numa distância de 150 km até a cidade de São José do Egito, com auxílio de 50 homens. Como era na época dos soçaites, este carro rendeu para o proprietário, um pouco de dinheiro, uma vez famílias tradicionais solicitavam o carro para passeio, e com isso se sentiam orgulhosas, ao falarem aos amigos que teriam andado de automóvel.
Na foto acima temos: No volante, João Piancó de Lima, filho do dono do carro. Como passageiros o motorista e sua senhora. O motorista veio à cidade com a função de ensinar os filhos do proprietário do veículo, pois na época, sua função possuía status da função de um aviador na atualidade. Certo dia, este carro ia subindo uma ladeira ao lado de uma roça muito grande de algodão, cujas proprietárias (três moças velhas) apelidadas de babecas da goiabeira, que estavam com um senhor apanhando algodão, ao ouvirem o barulho do motor, imediatamente correram, e o senhor gritou:
_ Corram não, isto é um automóvel! Uma das moças então gritou: _ Corra que ele está dizendo que são oito ou nove! O neto de Antônio Barbosa de Lima, senhor Genivaldo Piancó de Lima, aconselha aos seres humanos para nunca usarem a expressão ”que as coisas vão ruins ou estão difíceis”, salientando o seguinte: “Veja a diferença da compra deste automóvel para os dias de hoje”.

Fonte:
Blog FM Rádio da cidade de Piancó

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TONNI LIMA


Quiero que la oscuridad de sus ojos, mira a la vida que he prometido, y en ellos, los sueños que he vivido. Y me pregunto, ¿dónde está el amor que he ganado un día?"
Tonni Lima

Extraído do blog: fraseS subntendidaS

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Mapa do trajeto feito por Lampião, para ir ao encontro de Maria Bonita em Paulo Afonso na Bahia,

Por: Guilherme Machado
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até a Malhada da Caiçara, município vizinho à Santa Brígida, no ano de 1930. Este encontro durou 8 anos de guerra e amor no cangaço.


A primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. Assim foi Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Bonita. Nascida em 8 de março de 1911 (não por acaso o Dia Internacional da Mulher!!) numa pequena fazenda em Santa Brígida, Bahia e filha de pais humildes: Maria Joaquina Conceição Oliveira e José Gomes de Oliveira. 


Maria Bonita casou-se muito jovem, aos 15 anos. Seu casamento desde o início foi muito conturbado. José Miguel da Silva, sapateiro e conhecido como Zé Neném vivia às turras com Maria. O casal não teve filhos. Zé era estéril.

A cada briga do casal, Maria Bonita refugiava-se na casa dos pais. E foi, justamente, numa dessas “fugas domésticas” que ela reencontrou Virgulino, o Lampião, em 1929. Ele e seu grupo estavam passando pela fazenda da família. Virgulino era antigo conhecido da família Oliveira. Esse trajeto era feito com freqüência por ele. Era uma espécie de parada obrigatória do cangaceiro.

Os pais de Maria Bonita gostavam muito do “Rei do Cangaço”. Ele era visto com respeito e admiração pelos fazendeiros, incluindo Maria. Sem querer a mãe da moça serviu de cupido entre ela e Lampião. Como? Contando ao rapaz a admiração da filha por ele. Dias depois, Lampião estava passando pela fazenda e viu Maria. Foi amor à primeira vista. Com um tipo físico bem brasileiro: baixinha, rechonchuda, olhos e cabelos castanhos Maria Bonita era considerada uma mulher interessante. A atração foi recíproca. A partir daí, começou uma grande história de companheirismo e (por que não!) amor.

Um ano depois de conhecer Maria, Lampião chamou a “mulher” para integrar o bando. Nesse momento, Maria Bonita entrou para a história. Ela foi a primeira mulher a fazer parte de um grupo do Cangaço. Depois dela, outras mulheres passaram a integrar os bandos.

Maria Bonita conviveu durante oito anos com Lampião. Teve uma filha, Expedita, e três abortos. Como seguidora do bando, Maria foi ferida apenas uma vez. 

No dia 28 de julho de 1938, durante um ataque ao bando um dos casais mais famosos do País foi brutalmente assassinado. Segundo depoimento dos médicos que fizeram a autópsia do casal, Maria Bonita foi degolada viva.

Blog: Portal do Cangaço de Serrinha - BA.

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A família de Lampião


Virgolino Ferreira da Silva era o terceiro dos muitos filhos de José Ferreira da Silva e de Maria Lopes. Nasceu em 1898, como consta em sua certidão de batismo, e não em 1897, como citado de várias obras.

A família Ferreira formou-se na seguinte sequência, por datas de nascimento:

1895 - Antonio Ferreira dos Santos
1896 - Livino Ferreira da Silva
1898 - Virgolino Ferreira da Silva
???? - Virtuosa Ferreira
1902 - João Ferreira dos Santos
???? - Angélica Ferreira
1908 - Ezequiel Ferreira
1910- Mª. Ferreira (Mocinha, dos irmãos, a única viva, mora em São Paulo)
1912 - Anália Ferreira

Todos os filhos do casal nasceram no sítio Passagem das Pedras, pedaço de terras desmembrado da fazenda Ingazeira, às margens do Riacho São Domingos, no município de Vila Bela, atualmente Serra Talhada, no Estado de Pernambuco.


Esse sítio ficava a uns 200 metros da casa de dona Jacosa Vieira do Nascimento e Manoel Pedro Lopes, avós maternos de Virgolino. Por causa dessa proximidade Virgolino residiu com eles durante grande parte de sua infância. Seus avós paternos eram Antonio Ferreira dos Santos Barros e Maria Francisca da Chaga, que residiam no sítio Baixa Verde, na região de Triunfo, em Pernambuco. 


A infância de Virgolino transcorreu normalmente, em nada diferente das outras crianças que com ele conviviam. Todas as informações disponíveis levam a crer que as brincadeiras de Virgolino com seus irmãos e amigos de infância eram

nadar no Riacho São Domingos e atirar com o bodoque,

um arco para bolas de barro. Também brincavam de cangaceiros e volantes, como todos os outros meninos da época, imitando, na fantasia, a realidade do que viam à sua volta, "enfrentando-se" na caatinga. Em outras palavras, brincavam de "mocinho e bandido", como faziam as crianças nas outras regiões mais desenvolvidas do país.

Foi alfabetizado por Domingos Soriano e Justino de Nenéu, juntamente com outros meninos. Freqüentou as aulas por apenas três meses, tempo suficiente para que aprendesse as primeiras letras e pudesse, pelo menos, escrever e responder cartas, o que já era mais instrução do que muitos conseguiam durante toda sua vida, naquelas circunstâncias.

O sustento da família vinha do criatório e da roça em que trabalhavam seu pai e os irmãos mais velhos, e da almocrevaria. O trabalho de almocreve estava mais a cargo de Livino e de Virgolino, e consistia em transportar mercadorias de terceiros no lombo de uma tropa de burros de propriedade da família.

Os trajetos variavam bastante, mas de forma geral iniciavam-se no ponto final da Great Western, estrada de ferro que ligava Recife a Rio Branco, hoje chamada Arcoverde, em Pernambuco. Ali recolhiam as mercadorias a serem distribuídas pelos locais designados por seus contratantes, em diversas vilas e lugarejos do sertão. Esse conhecimento precoce dos caminhos do sertão foi, sem dúvida, muito valioso para o cangaceiro Lampião, alguns anos mais tarde.


Por duas vezes Virgolino acompanhou a tropa até o sertão da Bahia, mais exatamente até as cidades de Uauá e Monte Santo. Nesta última havia um depósito de peles de caprinos que eram, de tempos em tempos, enviadas pelo responsável, Salustiano de Andrade, para a Pedra de Delmiro, em Alagoas, para processamento e exportação para a Europa.

Esta informação nos foi prestada por dona Maria Corrêa, residente em Monte Santo, Bahia. Dona Maria Corrêa, mais conhecida como Maria do Lúcio, exercia a profissão de parteira e declarou-nos que, quando jovem, conheceu Virgolino Ferreira durante uma de suas visitas ao depósito de peles.

Como curiosidade e melhor identificação, dona Maria Corrêa é a parteira que foi condecorada pelo então presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira ao completar mil partos realizados com sucesso.

É bom frisar que as peles caprinas não eram compradas pelos Ferreira, apenas transportadas por eles, num serviço semelhante ao do frete rodoviário dos dias atuais.

Em quase todas suas viagens os irmãos tinham a companhia de Zé Dandão, indivíduo que conviveu durante muito tempo com a família Ferreira.


Nossas pesquisas na região comprovaram, através de diversos depoimentos pessoais, que José Ferreira, o patriarca da família, era pessoa pacata, trabalhadora, ordeira e de ótima índole, do tipo que evita ao máximo qualquer desentendimento. 

Esses depoimentos positivos merecem especial atenção e ainda maior credibilidade por terem sido prestados por pessoas inimigas da família. Apesar da inimizade preferiram contar a verdade a denegrir gratuitamente o nome de José Ferreira. 

A mãe de Virgolino já era um pouco diferente, mais realista em relação ao ambiente em que viviam. De maneira geral todos os entrevistados declararam que José Ferreira desarmava os filhos na porta da frente e dona Maria os armava na porta de trás dizendo: 

- Filho meu não é para ser guardado no caritó. Não criei filho para ser desmoralizado. 


http://www.rosanevolpatto.trd.br/LENDALAMPIAO.html 
http://www.memoriaviva.com.br/ocruzeiro/06061959/060659_2b.htm

Informação: O texto não apresenta autor

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TÁ SECO OU TÁ CHUVENDO?


No sudeste tanta chuva
Causando devastação.
Enquanto no Ceará,
Não cai um pingo no chão
Para aguar o terreiro,
Que até parece um braseiro
Quando se pisa no chão

  
Diga-me caro poeta
Que vive a observar
Como tem andado o tempo
Em seu canto, em seu lugar.
Mande-me o seu recado
Em prosa ou versejado
Porém queira me informar.

Texto e foto de Dalinha Catunda

Do blog: Cordel de Saia

MORRE EM BRASILIA MESTRE DE REIZADO

 (Ueslei Marcelino/Reuters)

O ilustrador JÔ OLIVEIRA, meu amigo e parceiro, mandou-me por e-mail esse texto publicado no CORREIO BRASILIENSE sobre a morte de um mestre do Reizado em Brasília, "seu" Teodoro Freire. Jô estava produzindo ilustrações para decoração do cenário onde o reizado era apresentado.

Seu Teodoro Freire, mestre da cultura popular e o principal idealizador do Bumba-meu-boi no Distrito Federal, morreu na madrugada deste domingo (15/01) no Hospital Santa Helena, em Brasília. Ele estava com 91 anos e sofria de enfisema pulmonar e há alguns dias resistia aos revezes da saúde debilitada. Ele conseguiu, ainda em vida, a honra e o merecido reconhecimento de receber das mãos do então presidente 


Luiz Inácio Lula da Silva e do também então Ministro da Cultura Gilberto Gil, 

Ministro da Cultura - Gilberto Gil

a Ordem do Mérito Cultural tornando-se uma grande referência de cultura popular na cidade e sendo reconhecido o trabalho dele como patrimônio imaterial do Distrito Federal.

O velório acontece hoje, a partir das 12h, no Centro de Tradições Populares, em Sobradinho - Quadra 15, área especial, nº 2 -, e se estende até as 11h desta segunda-feira (16/01). Centenas de pessoas, amigos, familiares, colegas de trabalho e admiradores passaram pelo centro para se despedir de Seu Teodoro, que deve ser cremado amanhã.

No último dia 10 foi aberto o período de festejos de São Sebastião, que iria até o próximo dia 20. “Com o falecimento de meu pai, teremos que cancelar toda nossa programação deste mês. Não há o menor clima de continuarmos com as festividades agora. Ficou um vazio muito grande”, explicou Guarapiranga Freire, um dos filhos do artista e que nos últimos anos tem assumido a responsabilidade em continuar com o trabalho cultural do mestre. Com isso, a festa "Bumba-meu-boi e tambor-de-crioula de Seu Teodoro" em comemoração aos 49 anos do tradicional evento e prevista para acontecer em 20 de janeiro não irá ser realizada. ”Não há mais clima”, disse Guarapiranga
Seu Teodoro Freire

O maranhense Teodoro Feire, conhecido como Seu Teodoro, nasceu na pequena cidade de São Vicente Ferrer, localizada a 280 km de São Luís (MS), em 1920. Desde os oito anos era apaixonado pelo cultura popular e dedica-se à tradição de sua região: o Bumba meu boi e outras paixões como o time de futebol Flamengo e sua escola de Samba, a Mangueira.

Blog: Acordal Cordel

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Horácio de Mattos... A morte...

Por: Rubens Antonio
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16 de maio de 1931, no “A Tarde”:

Numa explosão de odio, um guarda civil mata tiros o cel. Horacio de Mattos, tradicional chefe sertanejo

Declarações attribuidas ao criminoso que não se arrepende do que fez.

No Largo 2 de Julho fora um homem assassinado! E correu gente para o local. Phisionomias assustadas indagavam o nome da victima.

A reportagem policial d’A TARDE movimentou-se chegando ao local do crime minutos após. O facto se dera precisamente ás 7 horas e 30 minutos da noite. Uma onda enorme de curiosos fechava em circulo o cadaver do coronel Horacio de Mattos, tradicional chefe politico sertanejo. estava deitado de bruços sobre o leito da linha de bondes, que vae da rua Democrata, antiga do Hospicio, no local entre o Armazem Novo elegante e a rua do Areial de Baixo, tinha o pescoço retorcido, vendo-se com segurança um filete de sangue que escorria de sua bocca semi-aberta, onde brilhava uma fila de dentes de ouro.
Caído ao lado estava o seu chapéo de feltro, preto. A fio comprido, junto a sua mão direita, encontrava-se a sua inseparavel bengala de castão de ouro.
Vestia um terno preto, tendo preso entre os botões do collete o seu relogio que marcava 7 hjoras e 40 minutos.
Desfigurado embora, na crispação da morte, reconhecemos a figura do cel. Horacio de Mattos.


Cadáver do coronel Horácio de Mattos

- E o criminoso?

Era a pergunta que faziam todos os presentes.
As hypotheses formuladas sobre a figura do autor da morte eram as mais desconcertadas.
De arma em punho, conseguira evadir-se ladeira do Areial a baixo, perseguido pelo clamor publico.

CHEGAM OS LEGISTAS
Com a chegada dos legistas Arthur Ramos, que se encontrava de plantão, e Estacio de Lima, aquelle perito de lapis e papel em punho procurou fazer ali mesmo um schema do local do crime e outros apontamentos para a descripção da perinecroscopia.
A camisa de listra do cel. Horacio de Mattos estava manchada de sangue no lado esquerdo, na altura do peito.
aberta a mesma constataram se dois ferimentos por bala um na ponta do mamillo, com a sua destruição e outra a 5 ou 10 centimetros mais a cima.
Neste momento, o delegado Tancredo Teixeira, que não se fizera esperar tomava todas as providencias necessarias, não só para a identificação do criminoso, como tambem a sua captura.
Varias pessoas apontavam como testemunhas do facto os emprgados do armazem Novo Elegante.
Um rapazinho de nome Gonçalo Braga levado á presença da autoridade, explicou
- Vi o assassino.
Era um homem alto , cheio de corpo, todo de escuro e chapéo de palha. Atirou contra o cel. Horacio de Mattos, de frente, fugindo em seguida, ladeira abaixo, de arma em punho.
Come sta declaração do rapazinho, mil conjecturas foram feitas pelos presentes.
O prof. Estacio de Lima, neste momento, providenciava a remoção do corpo para o Instituto Nina Rodrigues.
Do cadaver fora tirado um revolver “schimidt” com 6 balas intactas e a importancia total de 5:020$200.

COMO SE DEU O CRIME
A reportagem d’”A TARDE” avida por colher notas para o noticiario de hoje, interrogava os presentes.
Ninguem sabia ao certo como se dera o crime, mas affirmavam que o criminoso atirara de frente, com segurança, quando o cel. Horacio de Mattos passava em frente ao Areial de Baixo.
Ao longe, ficaram vendo-o tres moças e uma menor.
As moças eram as suas cunhadas Amerina, Ayda e Maria e, a menor, a sua filha Horacina.
Ao verem os disparos, aquellas moças entraram com a menor, apenas indo até junto ao corpo a de nome Amerina, a quem o guarda civil ali presente pediu que se retirasse.
O cel. Horacio de Mattos morava actualmente com a sua familia na residencia do seu compadre e amigo o ex-deputado dr. Arlindo Senna, á rua Accioly, 17.
Depois de ter jantado saíra para ver a sua cunhada de nome Arlinda que se encontrava doente.
Mal sabia que ali perto, na esquina da rua do Areial, a morte o esperava traiçoeiramente.
A PRISÃO DO ASSASSINO
- Foi preso o assassino! O assassino entregou-se á prisão!
Foram estas as primeiras palavras que se ouviu, quando o corpo do cel. Horacio era posto no caixão.
O delegado Tancredo Teixeira juntamente com algumas testemunhas do facto, dirigiu-se para a Secretaria de Policia.
O criminoso ia ser identificado.
Quem seria? Porque matara? era inimigo da sua victima ou agira sob alguma influencia extranha? Pairavam duvidas.
Emquanto isto o legista Arthur Ramos, de vela em punho, examinava o local do crime, procurando as capsulas das balas.
Chegada a caravana na Secreataria de Policia e conhecido o autor do crime, foi geral a estupefação. Era elle o guarda civil 97, Vicente Dias dos Santos, que servira ha dias na Delegacia da 2ª Circumscripção. Era tratavel com todos e tinha

Vicente Dias dos Santos - O assassino

como explicar o caso?
Elle, entretanto, mostrava-se de uma calma apparente. De quanto em quando esboçando um leve sorriso, sorriso amarello, dizia:
- Foi um bandido que desappareceu...
O delegado Tancredo Gteixeira a esta sua primeira phrase, deitou-o incommunicavel.
- Era preciso - disse a autoridade - ia ouvil-o sob sigillo.
A CAUSA DO CRIME

Aquella determinação do delegado Tacredo Teixeira foi o bastante para augmentar a curiosidade de todos.

- Porque teria o guarda morto o cel. Horacio de Mattos?

No entanto, a reportagem da A TARDE assim que teve conhecimento do nome do accusado, desvendou todo o mysterio.
O guarda civil 97, pelo que parecia tinha um odio de morte do cel Horacio.
A ninguem elle negava a sua magua.
Conta o criminoso que a sua familia, que era de Morro do Chapéo, de onde é filho, foi bastante perseguida pelo cel. Horacio. Que o que elle fizera fora apenas “tirar uma fera do sertão”.
O cel Horacio de Mattos, proseguiu, de uma feita mandara espancar o seu irmão de nome Pedro Dias dos Santos, garimpeiro do cel. Aurelio Goudim. Que o povo de Horacio depredou fazendas do seu pae, denominadas “Alagoinhas” e “Duas Barras”, que fica no Morro do Chapeu. Que elle proprio fôra jurado pela gente da sua victima, não podendo ir áquelle municipio.
O crime não premeditara. Encontrava-se no local, accidentalmente, quando viu o seu inimigo passar.
Teve logo uma repulsa medonha, comettendo o crime e fugindo, indo esbarrar numa casa á rua da Gameleira, onde se entregou a Cicero Mullulo e o seu collega de n.27. A sua arma comprara por 40$ em mão d eum soldado revolucionario.

QUERIA GARANTIAS DE VIDA
É do conhecido publico o modo porque foi preso o accusado. O sr. Olival Salles Pontes, empregado do Archivo criminal, conta que ao ver passar o acusado deu o alarma com um apito.
elle, porem, não se intimidou, e apezar de grande numero de pessoas que corriam ao seu encontro foi esbarrar na casa 17, á Gamelleira casa do sr. Eusebio dos Santos, onde procurou occultar-se.
Foi ali - disse a testemunha Cicero Mullulo que fui buscalo-o. Elle entregou-se a mim e ao guarda 27 sem a menor relutancia. Queria apenas que garantissemos a sua vida.
Chamado um auto de praça foi elle transportado para a Secretaria de Policia.
Alem do revolver, Vicente estava armado com um punhal que foi tambem entregue ao delegado Tancredo Teixeira.
A NECROSCOPIA
Pela manhã de hoje, foi procedido o exame de necroscopia pelos legistas Egas Muniz e Arthur Ramos.
Notaram logo elles tres orificios de entrada e dois de saída.
O primeiro orificio de entrada no 7° espaço intercostal esquerdo, a 4 centimetros á esquerda da columna dorsal; trajecto: transfixiando a massa pulmonar esquerda, lesando ligeiramente o ventriculo esquerdo, saindo ao nivel da região precordial (4° espaço intercostal esquerdo).
Segundo orificio de entrada na região axillar direita, atravessando o pulmão direito, lesando a aorta ascendente, e saindo na 3ª costella, fracturando-a ao nivel da articulação chondro-esternal, á esquerda. Hemorrhagia fulminante, 3 litros de sangue liquido e coagulos na cavidade pleural.
3° orificio de entrada ao nivel do acromio esquerdo, encontrando-se um projectio de chumbo (de revolver) encravado no omoplata esquerdo.
Em suma: foram 3 disparos de traz para diante e da esquerda para a direita. Morte por hemorrhagia fulminante, por lesão larga da aorta ascendente
QUEM ERA O MORTO
O cel Horacio de Queiroz Mattos era de côr branca, casado com d. Augusta Medrado de Mattos, negociante fazendeiro, era residente em Lençóes e encontrava-se nesta cidade preso sob paavra. Deixou cinco filhinhos menores Horacina, Tacio, Judith, Horacio e Ruth. O seu corpo, ás 12 horas d ehoje, foi removido para a residencia do sr. Arlindo senna, á rua do Accioly de onde sairá o enterro para o cemiterio do Campo Santo.


Clique nos links.

Uma lição contra o racismo


Um menino negro entra em um mercado. Um homem branco diz: 
- Não permito pessoas de cor aqui. 
O menino negro diz: 
-Eu nasci negro. Quando eu estou congelando, eu sou negro. Quando estou doente, eu sou negro. Quando eu estiver morto, estarei negro.
E o menino negro continua...
- Quando você nasce, você é rosa. Quando você está congelando, você é azul, quando você se sente envergonhado, você fica vermelho. Quando você está morto, você fica roxo, e você está me chamando de pessoa de cor?"
 "Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos ainda haverá guerra"

Diga não ao racismo! 

Fonte: TABOLEIRO TABOLEIROGRANDENEWS  
Via: gardêniaoliveira

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Lampião em Capela

Por: Ivanildo Silveira

A literatura cangaceirista narra, com uma grande riqueza de detalhes, a visita de Lampião á cidade de Capela, distando esse município, apenas 70 kms de Aracaju, capital do estado de Sergipe. A visita indesejável ocorreu no dia 25-11-1929.


Após visitar e fazer escaramuças na cidade sergipana de Nossa Senhora das Dores/SE, o rei vesgo do cangaço, se apropriou de alguns poucos veículos existentes nesse lugarejo, e junto com sua malta, algo em torno de 15 cangaceiros, se dirigiu á cidade de Capela.

Ao se aproximar dessa última urbe, o rei caolho do cangaço mandou emissário ao então intendente (cargo de Prefeito), Sr. Antão Correia Andrade, conhecido por "Correinha", com o seguinte recado:

" diga ao major Correinha (irmão do Chefe de Polícia/SE - Dr. Heribaldo Dantas Vieira) que se quizé qui eu entre em paz venha até aqui, se não vié eu entro com bala e a rapaziada ".

Em seguida, partiu o emissário, voltando em companhia do intendente.
Após confabulações com seu interlocutor, Lampião entrou na cidade de Capela/SE, por volta das 20:00 hs, antes, porém, mandou cortar os fios de comunicação.

Os cangaceiros do estado-maior de Virgulino: Moderno, Ezequiel, Arvoredo, Volta Seca, Mourão, Gavião, Jose Baiano e outros valentes, tomaram posição, em pontos estratégicos.

Cine Capela; foto acervo Dr. Sérgio Dantas

Lampião foi até o “Cinema Municipal de Capela” (foto acima), acompanhado de alguns cabras, e do intendente (prefeito). Ao chegarem no local, foi grande o alarido, tendo os espectadores sido dominados pelo pavor, impossibilitados de fugir. Na ocasião estava sendo veiculado o filme "Anjo das Ruas", com a artista Janet Gaynon. A projeção foi interrompida. O rei do cangaço advertiu a todos que não corressem. Era um cinema simples, com banda de música que tocava no intervalo. Os músicos tocaram com beiços trêmulos, uma valsa triste e desafinada.

Na sala de projeção, avista-se o telegrafista Zózimo Lima, e previne-lhe de que não dê notícia de sua entrada na cidade, sob pena de ser sangrado.

Do cinema, Lampião sempre acompanhado do intendente (prefeito), e do telegrafista Zózimo foi até a estação da estrada de ferro, utilizando 3 automóveis, dos 4 tomados em Nossa Senhora da Dores.

Com a chegada do trem, os passageiros começaram a saltar calmos. Ao saberem da presença do rei do cangaço, o desembarque se transformou numa debandada. Um soldado que vinha de Aracaju, foi abordado por Lampião, que lhe arrebatou o fuzil, tirou as balas e disse que ele tinha sorte, pois se fosse da polícia baiana, o sangraria, ali mesmo.

Como contribuição, o caolho do cangaço estabeleceu que a cidade contribuiria com a importância de 20 contos de réis. O prefeito, no entanto, salientou que os habitantes de Capela eram pobres, se achavam desprevenidos, estavam atravessando 3 anos de seca. Nisso, foi atendido, tendo a importância sido reduzida para 06 contos de réis. O próprio chefe de polícia (delegado), Pedro Rocha quem fez a coleta entre os que dispunham de posse. Entregue ao cangaceiro Moderno, esse colocou o montante no bolso, sem contar.


O chefe do cangaço deu ordens a seus subordinados para que andassem livremente pela cidade, mas que ficassem atentos ao apito para a retirada estratégica. Na loja do comerciante Jacson Alves de Carvalho, Lampião adquiriu roupa, capa de borracha e um parabelo , tendo dito o seguinte:"Eu carrego comigo treiz coisas: corage, dinheiro e bala".

Por onde andavam os cangaceiros eram acompanhados de uma grande legião de admiradores, encantados com as histórias de suas façanhas e vestimentas esquisitas.

Por seu turno, o padre José Cabral esteve com os delinquentes que a ele se curvaram pedindo benção. Foram aconselhados a deixarem aquela vida.

Lampião recebeu das mãos do comerciante Jackson Alves Carvalho, com dedicatória, o livro "Vida de Cristo ".

Cerca das 23:00 horas, Lampião desejou telefonar para o chefe de polícia da capital (Aracaju), Sr. Heribaldo Vieira. A ligação não pôde ser completada, em face do adiantado da hora.

Kiko Monteiro e Ivanildo Silveira

Lampião desejou conhecer o "brega" (cabaré) de Capela, pois essa cidade gozava da fama de ter mulheres decaídas bonitas em abundância. Ele foi recebido pela prostituta " ENEDINA ", a quem obsequiou, após o " COITO " , com 70 mil réis. Enquanto vadiava, 02 cangaceiros davam guarda á entrada e saída do lupanar.

No salão de bilhar (jogo) situado na Praça do Mercado, o Rei Vesgo do Cangaço, deixou, em uma das paredes, o seguinte aviso:

Capela - 25-11-29
Salvi
Eu cap.m Virgolino Ferreira
Lampeão
deixo Esta Lca. para o officiá qui parçar

Em minha perceguição, apois tenho Gosto que
Voceis me persigam. Descupe as letra qui sou
Um bandido como voceis me chama pois eu não
Mereço, Bandido E voceis que andam roubando
e deflorando as famia aleia porem eu não tenho
este costume todos me desculpe a gente a quem odiar?
Aceite Lças. do meu irmão Ezequiel Vulto Ponto Fino e
do meu cunhado Virginho Vulgo Moderno.

Por volta das 03 horas da madrugada, Lampião convocou os demais cangaceiros, com 3 silvos de apito, tendo deixado Capela, nas mesmas viaturas em que haviam chegado.

No caminho, trocaram os automóveis por cavalos.

A polícia sergipana, na capital, havia sido avisada, mas não conseguiu chegar a Capela, senão às 07 hs da manhã do dia seguinte.

Um abraço a todos.
IVANILDO SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Natal/RN

Gentileza: lampiaoaceso.blogspot.com
Kiko Monteiro

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Clementino José Furtado e Lampião

Por: Ivanildo Alves da Silveira

Clementino José Furtado (O Quelé do Pajeú) peitou Lampião também (Ver artigo do nobre amigo Rostand Medeiros, no blog overmundo, Hoje só se salva quem avôa). Fato ocorrido em 1923. 

Em 1924, após o ataque à cidade paraibana de Sousa, houve um grande desentendimento entre Lampião e Meia Noite, motivado, segundo literatura (Livro Serrote Preto, de Rodrigues de Carvalho) por furto dos irmãos Ferreira, (Antônio e Livino) ao dinheiro que Meia Noite guardava, fruto do saque naquela cidade. 

Fato que motivou a saída do cangaceiro do bando. Mas, o "nego" encarou foram os três Ferreiras de uma só vez. Acho que Lampião não teve mais desentendimentos com a cabroeira, porque era muito inteligente. Não entrava nas brincadeiras, que eram frequentes, procurava sempre se isolar, quando o bando procurava pouso. Sempre nomeou lugares tenentes, Ex: Sabino, Antônio Ferreira, Luiz Pedro... para resolverem problemas de pequena monta, junto ao bando, ou seja, procurava não se expor muito, não intervia em bebedeiras e sempre perdia no jogo de carteado, acho até que propositadamente.


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A ESTUPIDEZ NATIVA

François Silvestre

Começa o ano e a repetição do assassinato das grotas na serra já dá sinais de sua presença.
         
São chagas imitando a catapora que as queimadas e broques ferram as encostas e descidas de uma serra minimalista, bela e descuidada. Não há governo federal, estadual ou municipal. Não há um órgão sequer de defesa do patrimônio ambiental que se manifeste ou reprima esse crime. Nem Ibama, Idema, Prefeitura ou Ministério Público.
         
Olhos d’água, passarinhos, caças, angicos, ipês, macaúbas, mutambas, ubaias, frejós, mororós, cajazeiras, jitiranas, cajaranas, coqueiros, catolés, trapiás, jucás, mucunãs, jatobás. Tudo a pedir socorro ao infinito. Órfãos e vítimas da irresponsabilidade e nulidade desse aparato todo, caríssimo ao bolso de todos nós. 
         
Seriam todas árvores seculares. E pássaros trinando a vida. Juritis, corrupios, pintassilgos, sanhaçus da grota, canários; não existem mais.
         
E das árvores existentes, são filhotes que escapam do broque de hoje para morrer no ano que vem. Não engrossam o caule, não frondam, não belam.
         
Dorme nas gavetas da Câmara Municipal um PL elaborado por mim, com a garantia unânime dos vereadores de que viraria Lei. Faz mais de nove anos. Nem sei se ainda dorme ou se foi sepultado na lixeira.
        
 Cuidava das grotas, da regulamentação da caça, da proteção da flora e do patrimônio arquitetônico. Nas primeiras ameaças dos eleitores useiros na prática da destruição, um vereador propôs uma audiência pública. Seria uma audiência para perguntar à população se a serra merece ou não ser preservada. Mesmo com a cavilação da proposta, tal audiência nunca ocorreu.
         
Agora, ano de eleição, declarei que não voto em nenhum deles. Um grande amigo, que é vereador e participou da reunião que aprovou o projeto, disse que vai retomá-lo. Já lhe pedi permissão para não acreditar. E mantenho o voto nulo.
         
Num sítio aqui perto da minha casa, o proprietário juntou o folharal e tocou fogo. Matou vários cajueiros e chamuscou alguns outros. Matam fruteiras para plantar palmeiras imperiais. Esse monstrengo arbóreo que só faz sentido no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
         
Um Juiz, que já foi desta Comarca, plantou três delas em frente da sua casa inabitada. Sua folhagem cobriu a rede elétrica. Quando cai uma palma sobre os fios, nós ficamos de quatro a cinco horas sem energia. Pois a Cosern tem um escritório para atender trinta e duas cidades.
         
Enquanto isso todo mundo se descabela se arrancarem uma folha do “maior cajueiro do mundo”. Como se houvesse cajueiro em todo o resto do mundo.
          
Cá, no oeste, tem a maior oiticica do mundo, a maior timbaúba do mundo. Sem falar nos jumentos, abandonados na beira das estradas, cada um com o maior do mundo. Té mais.

Extraído do blog do professor e pesquisador do cangaço Honório de Medeiros

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Cangaço - Banditismo no sertão nordestino

Por: Antonio Carlos Oliveira

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Entre os séculos 19 e meados do 20, um tipo específico de banditismo se desenvolveu no sertão nordestino: o cangaço.

Os cangaceiros - bandos de malfeitores, ladrões, assassinos, bem armados, conhecedores da região - saqueavam fazendas, povoados e cidades, impunemente, ou, pior, impondo sua própria lei à região em que atuavam.

Para isso, contavam com o isolamento do sertão, com o tradicional descaso e a incompetência das autoridades constituídas, bem como com a conivência ou proteção de vários chefes políticos locais, os grandes proprietários rurais, conhecidos como "coronéis".

História do cangaço

O cangaceiro - um deles, em especial, Lampião - tornou-se personagem do imaginário nacional, ora caracterizado como uma espécie de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres, ora caracterizado como uma figura pré-revolucionária, que questionava e subvertia a ordem social de sua época e região.

Nesse sentido - heróico/mitológico - o cangaço é precursor do banditismo que ocorre atualmente nos morros do Rio de Janeiro ou na periferia de São Paulo, onde chefes de quadrilhas também são considerados muitas vezes benfeitores das comunidades carentes.
O cangaço existiu a partir do século 19, mas atingiu o auge entre o início do século 20, marcado pela ação do bando de Antonio Silvino, e a década de 1940, quando foi morto o cangaceiro Corisco, no interior da Bahia. Entre a atuação dos dois, destacou-se aquele que tornou-se a personificação do cangaço, por ser o líder de uma quadrilha que atuou por quase duas décadas em diversos estados do Nordeste: Virgulino Ferreira da Silva, o célebre Lampião.

Contribuíram para sua fama a violência e a ousadia, que o levaram a empreender ataques até a cidades relativamente grandes do sertão, como Mossoró (RN), em 13 de junho de 1927. Nesse caso, em especial, o ataque fracassou, pois a população local se entrincheirou na cidade e repeliu o ataque. O mesmo não aconteceu em Limoeiro do Norte (CE) ou Queimadas (BA), que o bando de Lampião tomou por alguns dias saqueando, matando indiscriminadamente, e impondo a sua vontade pelo tempo que ali permaneceu.
As volantes

O agravamento do problema do cangaço levou as polícias estaduais a criar forças especiais para combatê-lo, as chamadas "volantes", comandadas por policiais de carreira, mas formadas por "soldados" temporários e cujos métodos de atuação - em especial em relação à população pobre - não era muito diferente daqueles dos próprios cangaceiros. Quanto ao governo federal, seu descaso pelo cangaço foi sempre o mesmo manifestado pelo semi-árido de um modo geral.

De qualquer modo, em 1938, o governo de Alagoas se empenhou na captura de Lampião. Uma volante comandada por João Bezerra conseguiu cercá-lo na fazenda de Angicos, um refúgio no Estado de Sergipe. Depois de vinte minutos de tiroteio, cerca de 40 cangaceiros conseguiram escapar, mas onze foram mortos, entre eles o líder do bando e sua mulher, conhecida como Maria Bonita.

Para se ter uma idéia do caráter violento da sociedade em que isso aconteceu, vale mencionar que os onze mortos foram decapitados e suas cabeças, levadas para Salvador (BA), ficaram expostas no museu Nina Rodrigues até 1968 - quando foram finalmente sepultadas.




O fim do cangaço

Lugar-tenente de Lampião, o cangaceiro Corisco jurou vingança e continuou a atuar até maio de 1940, quando também foi morto num cerco policial. Na década de 40, o Brasil passava por grandes transformações econômicas e sociais, promovidas pela industrialização.

A evolução dos meios de transporte e comunicação integravam pouco a pouco o sertão ao resto do país. De resto, a necessidade de mão de obra nas fábricas do Rio de Janeiro e de São Paulo passaram a atrair a população do semi-árido. Assim, as diversas circunstâncias que originaram o cangaço desapareceram junto com ele.

*Antonio Carlos Olivieri é escritor, jornalista e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação.


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