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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

TONNI LIMA

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"Tal qual o minuano/soprando de leve nos ombros/Te sinto de longe em solidão,/tolas lembranças vãs, ameaçadoramente vãs/Onde estás que não te encontra o pobre vento/


E chega frio, silenciosamente frio em meus ombros..."

Tonni Lima

Extraído do blog: fraseS subntendidaS


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MAIS BAIANOS PRODUZINDO CULTURA, MAIS CULTURA PARA TODOS OS BAIANOS


Por: Pawlo Cidade

O Diretor

Semana passada me deparei com um informativo da revista Veja em que o título acima falava sobre a grande mudança na Cultura da Bahia. Era um anúncio publicitário cujo texto atentava para a nova política do Governo do Estado sobre a descentralização dos recursos da área cultural para que mais pessoas tivessem acesso à produção, bens e serviços culturais. Isso se deu pelo fato de que a Bahia foi recentemente reconhecida como o segundo estado do país que mais investe em Cultura, de acordo com dados da publicação “Investimentos Públicos na Cultura do Brasil”, realizado pelo Partido da Cultura (PCult). A Bahia fica atrás somente do estado de São Paulo e a frente de estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco. 

O Partido da Cultura é um fórum informal, ambiente supra-partidário permanente e trabalha para que a Cultura, tanto quanto educação e saúde, seja tema central dos debates políticos eleitorais, nas campanhas que acontecem a cada dois anos no país e no desenvolvimento do Sistema Nacional da Cultura, aglutinando diversas entidades, redes, movimentos e pessoas de todos os estados do país em todos de temas diversos, sempre na esfera cultural.

De acordo com a PCult “as pesquisas foram realizadas nos anos de 2007, 2008, 2009 e no primeiro semestre de 2010, com base em dados secundários produzidos e publicados pelas Secretarias de Fazenda (ou Finanças) dos governos estaduais e do Distrito Federal, nas suas páginas na internet. A divulgação atende à Lei de Responsabilidade Fiscal, que obriga a publicação bimestral dos Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária (RREO). A publicação Investimentos Públicos na Cultura do Brasil foi realizada por quatro estudiosos, todos, integrantes do Pcult: Mário Olímpio Medeiros, ex-secretário de Cultura de Mato Grosso e atual integrante da Agência MO Arte e Mídia; Lenissa Lenza e Mariele Ramirez, ambas do Instituto Cultural Espaço Cubo, e o cientista econômico e integrante do coletivo Amerê-Coletivo Fora do Eixo, Bruno PoljoKan”.

Confesso que não fiquei surpreso. A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia tem realizado um trabalho ímpar. A política de editais contribui muito para o fortalecimento da classe artística e no fomento de grupos e projetos culturais. Hoje, a Bahia possui 200 Pontos de Cultura (Ilhéus tem quatro: Casa dos Artistas, IBART, Sociedade Filarmônica Capitania dos Ilhéus e Núcleo da Mulher) em 107 municípios e 26 Territórios de identidade. Foram lançados desde que Márcio Meirelles assumiu a pasta, 115 Editais, com mais de 1.200 projetos apoiados e mais de 87 milhões investidos. Segundo a Agência de Comunicação do Estado, o dado expressivo de investimentos em Cultura na Bahia também é atribuído à parceria com o Governo Federal, através do Programa Mais Cultura, política de fomento que inclui investimentos em editais e microcréditos, dentro de uma dimensão econômica e social da cultura.

Parabéns ao Partido da Cultura – criado, sobretudo, com o objetivo de expor problemas e sugerir soluções que sejam operadas a partir das decisões políticas e institucionais de partidos políticos, candidatos a cargo eletivo e ocupante de cargos públicospor ter realizado a pesquisa – por realizar a pesquisa; parabéns ao Secretário de Cultura por defender a interiorização dos recursos. Na opinião de Bruno PoljoKan “o relatório é um ponto de partida para cada coletivo ou grupo do PCult se munir de informações para servir de base aos pedidos de ampliação de investimentos aos governos estaduais. A Bahia é o mais forte entre os estados nordestinos. É o que mais se sobressai.”

Como bem afirma o anúncio na Veja: “A cultura que o Brasil inteiro admira, mais do que nunca, agora é também a cultura de todos os baianos”. Essa política não pode parar.

Pawlo Cidade

Extraído do blog: "Cangaço"

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O PODER SOBRENATURAL DO CRACK

Por: Archimedes Marques

Há algum tempo atrás um cidadão aparentando ter pouco mais de trinta anos, vagava pelas ruas centrais de Aracaju, como de costume, pois noutra vez eu já tinha observado os seus passos nas mesmas cercanias. 

Mostrava estar triste e deprimido como nunca, talvez como sempre. O dia de sábado era como outro qualquer na sua vida e na vida da cidade, pois o vento que soprava quente era o mesmo, o sol abrasante e causticante a tudo esquentar era o mesmo, as pessoas indiferentes, passando de um lado para o outro das ruas e nas calçadas, afastando-se do citado cidadão em misto de medo e asco eram as mesmas, a agência bancária a qual ele entrara era também a mesma. Entretanto, aquele carrancudo cidadão, barbudo, cabeludo, sujo, maltrapilho, esquelético, parecendo seriamente doente me lembrava de alguém, alguém conhecido, alguém que um dia já mantivera algum tipo de contato verbal comigo, mas, por mais que eu tentasse me lembrar de quem seria aquela misteriosa pessoa não conseguia. Demasiadamente curioso, dessa vez olhei mais demoradamente para aquele estranho e intrigante cidadão enquanto ele tirava dinheiro no cash do banco no mesmo instante em que as outras pessoas que ali estavam presentes trataram de fugir do recinto pensando ser ele um assaltante, um bandido ou delinquente qualquer, talvez um maluco andarilho. Ele não demostrou surpresa pelo fato das pessoas assim agirem, parecia acostumado com isso, com essa humilhação, sabia que a sua aparência era assustadora apesar de saber que não era um marginal, parecia não estar ali naquele momento, noutro mundo, não ligar para o que acontecia a sua volta, parecia nada temer, talvez se a Terra explodisse para ele seria normal. Temia somente um novo ataque de bronquite que se avolumava no seu pulmão devido a tosse grossa e pesada que insistia na sua garganta a fazer tremer a sua longa e imunda barba que carregava em igual modo com o seu cabelo escarafunchado e embuchado tal qual uma casa de cupim. As suas perspectivas eram as piores possíveis. Certamente mergulhado em pensamentos pessimistas, nem sequer notou que eu sem disfarçar tanto olhava para ele querendo me lembrar de onde o conhecia, até que o guarda do banco chegou de um possível cafezinho e me falou: - Tá vendo o que o crack faz? ... Ele era um Advogado!...


Foi aí que tudo emergiu, veio à tona; foi ai que tudo me chegou à mente; foi ai que o mistério foi revelado; foi ai que pude decifrar todos seus segredos; foi ai que vi o quanto o destino das pessoas pode ser cruel para uns e bondoso para outros; foi aí que eu vi aquele cidadão, antes promissor Advogado conversando comigo em algumas oportunidades nos corredores do Tribunal de Justiça e em determinada Delegacia que trabalhei, assuntos relacionados a Processos criminais ou Inquéritos policiais; foi aí que me lembrei de uma reportagem que um jornal sergipano fez sobre uma mãe em desespero querendo libertar o seu querido filho, estudioso, carinhoso, alegre e feliz com a vida, então Advogado preso nas garras do crack; foi ai que soube que os familiares desse cidadão tentavam interná-lo em clínica apropriada, mas ele se recusava tal tratamento por conta do poder avassalador e sobrenatural do crack que o arrastava cada vez mais para o fundo do poço; foi ai que lembrei que aquele Advogado entrou no imundo mundo do crack por conta de ter se envolvido com um traficante após conseguir sua liberdade na Justiça; foi ai que lembrei da citada matéria jornalística dizendo que aquele Advogado se desfez do seu escritório, do seu carro, dos seus bens, vendendo ou trocando tudo pelo crack ou para pagar dívidas com traficantes; foi ai que eu senti que aquele cidadão abandonou a sua casa e passou a morar no submundo da sociedade de Aracaju, nas ruas, no mercado central, nas marquises dos prédios ou em pensões baratas junto à prostituição rasteira, com seus iguais, pelo crack e para o crack; foi ai que eu imaginei que aquele cidadão então sobrevivia de algum dinheiro que ainda restava da venda dos seus bens, ou quem sabe, de depósitos efetuados por familiares na sua conta bancaria; foi ai que eu vi que um cidadão bem vestido, alinhado, com terno, paletó e gravata impecáveis pode se transformar num mendigo, num zumbi, num morto-vivo; foi ai que eu vi que a vida daquele cidadão era somente o crack.
 

Certamente sentindo-se arrasado, desesperado, impotente para resolver o seu próprio infortúnio, o seu calvário, lançando um olhar no passado esse cidadão, antes feliz Advogado, viu o rumo errado que tomou, mas não teve forças para voltar atrás, não queria se curar, não admitia tratamento porque o crack era mais forte do que a sua vontade, o crack era mais forte do que ele. O seu presente era só o crack, o crack como o senhor do seu viver, o crack como seu dominador, o crack como destruidor da sua família, o crack como aniquilador da sua vida. Crack e desgraça são indissociáveis e quase palavras sinônimas.
 

O crack é o grande mal do século, o mal dos males, a pior de todas as drogas, que se não for um mal que todos nós estejamos esclarecidos, irá nos afetar em qualquer momento de nossa vida ou na vida de quem mais amamos, como de fato aconteceu com esse cidadão e sua família, um jovem que estudou nos melhores colégios, que teve boas amizades, que se formou em Direito, que se tornou um Advogado, que tinha um bom escritório, que pretendia ser juiz por isso adormecia em cima de livros de tanto estudar, que tinha um bom futuro pela frente, mas que por ironia do destino, pelo poder sobrenatural dessa droga, tudo trocou pelo crack.
 

Rodeado e instado pelos sentimentos humanitários de enternecimento, compaixão, piedade até porque sempre fui dos maiores combatentes do crack, tanto na área repressiva quanto preventiva, com prisão de grandes traficantes na minha careira policial e inúmeros artigos de minha autoria pertinentes ao tema publicados em centenas de sites do Brasil, Portugal, Angola e Moçambique, logo pensei em falar com ele, oferecer algum tipo de ajuda moral, espiritual, mas seu olhar sisudo e com possibilidade de algum tipo de agressão me afastaram, me reprimiram até porque ele também não me reconheceu. Entretanto, todas as vezes que caminho pela citada área de Aracaju, procuro em vão e insistentemente com os meus curiosos olhos pelo triste cidadão entre os inchadinhos de cachaça ou barbudinhos zumbis do crack em muitos espalhados pela redondeza. Se o cidadão aceitou fazer tratamento, se fez ou faz tratamento em clinica de recuperação não sei, só sei que o poder de imensa e infinita bondade do nosso Criador pode sobrepor e derrotar o poder sobrenatural do crack como assim já fez com muitos. Assim, um dia espero ver aquele alegre Advogado de volta aos corredores do Tribunal de Justiça ou em Delegacias defendendo os seus clientes, menos os traficantes.

Autor: Archimedes Marques (Delegado de Polícia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela Universidade Federal de Sergipe) " archimedes-marques@bol.com.br

Extraído do blog: 
"Folhado Delegado" 

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ESTRELAS DE COURO: A ESTÉTICA DO CANGAÇO

Por: Pawlo Cidade
O Diretor

"[...] se tivessem sido outras as minha inclinações no campo das letras; se o destino e a vida tivessem me direcionado, em algum momento, não para a Beleza da Literatura, mas para a Verdade das ciências - da História, da Sociologia ou da Antropologia; se a enigmática roda da Fortuna tivesse me lançado em outro palco que não o de Picadeiro-de-Circo onde exerço, até hoje, ainda animoso e cheio de esperanças, as minhas artes de Palhaço frustrado, de Cantador sem repentes e de Professor; não seria outro, senão este Estrelas de couro, de Frederico Pernambucano de Mello, o livro que eu gostaria de ter escrito".

 

Estas palavras são do Mestre Ariano Suassuna, para o livro "Estrelas de couro: A Estética do Cangaço", de Frederico Pernambucano de Mello (vide foto), que acabei de adquirir. 


Faço minhas, as palavras deste fantástico homem das letras e do teatro. O livro é tudo de bom. Por causa dele, espero poder rever todos os adereços (veja fotos abaixo) dos cangaceiros de CANGAÇO e seu figurino. 


Claro que primeiro vamos precisar de patrocínio ou quem sabe de um novo edital.

Por falar em novo edital, comecei a estudar nosso próximo espetáculo. O pano de fundo é a miséria, a ignorância e a violência, causadas pela falta de oportunidades, justiça e ética. O protagonista é mais uma vez um nordestino revolucionário que fundou uma cidade com ideias anti-republicanos. Prometo falar dele numa próxima oportunidade.

Extraído do blog: "Cangaço"

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Manuelito - Manuelito Pereira dos Santos Magalhães Benigno

"Quase meio século fotografando"

Dirigível Zé Pelin sobre a Catedral de Santa Luzia em Mossoró/RN na época da 2ª Guerra Mundial.


Maria Fumaça. Um dos primeiros trens que vieram para Mossoró. Ao fundo Estação Ferroviária - (Hoje Estação das Artes)


Inauguração da ponte Linha Férrea sobre o Rio Mossoró.


Praça Vigário Antonio Joaquim na década de 40.


Pavilhão Vitória - (Extinto) localizado na Praça Rodolfo Fernandes, ao fundo Cine Pax.


Segundo Mercado Central de Mossoró - (Construção de 1917)


Rua Idalino de Oliveira, onde hoje fica a Color Filme Digital, endereço bastante conhecido dos fotógrafos. - (Década de 40).


Grande Hotel hospedou várias pessoas ilustres, dentre eles o então Presidente Juscelino Kubitschek.


Casa de D. Luzia Queiroz, dona do Principal Bordel de Mossoró. Frequentado pela Elite Local.


Colheita de Sal de forma artesanal na região de Piquiri zona rural de Mossoró.

Obs.: Estas fotos foram resgatadas dos originais em vidro (negativo usado na época) pelo fotografo Argemiro Filho. Estes negativos foram cedidos pela família do fotógrafo, Museu Municipal e pelo Historiador Raimundo Soares de Brito. Foi um trabalho demorado e complicado, para preservar a história de Mossoró. Parte do trabalho foi executado na Color Filme Digital.


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Poetisa Cordélia Silva - 21 de Março de 2010

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Em 14 de abril de 1931 morria, em Alagoa Grande/PB, a professora, musicista, poetisa e jornalista Maria das Mercês Leite, que se tornou conhecida com o pseudônimo de Cordélia Silva. Mossoró prestou-lhe uma homenagem gravando seu nome em uma artéria da cidade.
              

Maria das Mercês Leite, ou Cordélia Silva, nasceu em Mossoró no dia 11 de novembro de 1888, num belo dia de Domingo. Era filha legítima de Tomé Leite de Oliveira e de Maria das Mercês Leite.
               
Sua infância deu-se em Mossoró, sua terra natal, onde iniciou os seus estudos. A família mudou-se para Macau e depois para Alagoa Grande, na Paraíba, em 1902. E é nessa cidade paraibana que a nossa futura poetisa fez o seu curso de humanidades e música. Foi também em Alagoa Grande que começou a sua vida profissional, lecionando por vários anos. Em 1908 fundou a revista “O Batel”, que circulou por vários anos. Foi colaboradora de vários jornais e revistas da época, entre os quais podemos citar a revista “A Estrela”, de Aracati/CE, que era dirigida por sua amiga Francisca Clotilde, além dos jornais “Jornal do Comércio, de Recife/PE, “O Nordeste” e a “Imprensa” de João Pessoa/PB e em outros periódicos sulistas.
               
“Foi Cordélia Silva de uma dedicação exemplar ao desenvolvimento cultural da mulher, dando prova exuberante de sua privilegiada inteligência, como fundadora e diretora de uma revista, em colaboração com Célia Adamantina, que era o pseudônimo de Rita de Miranda Henrique”, nas palavras de Lauro da Escóssia.
               

O historiador Raimundo Soares de Brito em suas “Notícia Biográfica de Alguns Patronos de Ruas de Mossoró, assim se expressa sobre a personalidade de Cordélia Silva: “Descendia dos troncos ilustres, que em Mossoró tiveram suas origens no Sargento-Mor José de Oliveira Leite, a primeira autoridade da então ribeira de Santa Luzia de Mossoró. Seus pais foram: Tomé Leite de Oliveira, também mossoroense e dona Maria das Mercês Leite, cearense da cidade de Pereiro”.
               
Causava admiração, na época, o fato de duas moças, numa pequena cidade do interior, conseguir sustentar por tanto tempo uma revista literária, quando na capital todas as publicações desse gênero tinha vida curta, como nos informa ainda o historiador Raimundo Soares de Brito. Tinha também predileção pela música, deixando alguns interessantes trabalhos.
               
Em dezembro de 2000, a POEMA – Poetas e prosadores de Mossoró – lançou, através da Fundação Vingt-un Rosado, o livro “100 Poetas de Mossoró”. Trata-se de uma antologia aos poetas da cidade. E como não podia deixar de ser, a nossa poetisa em foco, Cordélia Silva, se fez presente com o poema intitulado “O Batel”, um dos mais bonitos de sua criação. A própria autora gostava muito desse poema, tanto é que foi com esse nome que batizou a revista que criou em 1908.
               
Cordélia, como tantas outras mulheres mossoroenses, destacou-se por suas atuações empreendedoras, numa época de puro machismo. É mais uma a figurar na galeria das grandes personalidades mossoroenses.


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É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

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As garrafas de areia de Tibau - 15 de Janeiro de 2010

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Há dias parei em uma loja de artesanato em Tibau e fiquei olhando para um rapaz que enchia garrafas de areia colorida e depois, com a ajuda de pequenas palhetas de arame, criava figuras diversas em seu interior. 


Admirei-me da perícia daquele artesão no preparo das famosas garrafas de areia, que já se tornaram símbolo do artesanato não só de Tibau mas de todo Rio Grande do Norte. A visão do artista despertou-me a curiosidade de pesquisador e daquele dia em diante passei a procurar alguma referência que me levasse a origem da questão, ou seja, de como surgiu a idéia de encher garrafas de areia e esculpir figuras em seu interior. 


Achei a resposta nos escritos do professor Vingt-un Rosado que tendo a mesma curiosidade, desvendou o caso muitos anos antes de mim.
               
Conta o mestre que Manuel de Jesus do Nascimento e sua esposa Maria da Conceição construíram moradia em cima do Morro do Tibau em 1918, onde passaram a morar com os filhos. Belisa, uma das filhas do casal, gostava de brincar pelos morros com outras crianças. Despertou-lhe a curiosidade a grande variedade de areias e argilas ali existente e resolveu, juntamente com sua irmã Joana de Jesus, encher uma garrafa com areia das várias cores existentes. 

Claro que as primeiras garrafas de areia preenchidas por aquelas meninas não tinham o refinamento de arte que tem hoje. As primeiras garrafas eram de faixas, isto é, cada tipo de areia ou de argila ocupava na garrafa faixas paralelas. Colocavam as areias com as mãos, que funcionavam como um funil. Tudo isso se passou no ano de 1921.
             
Em 1924 Francisca Matias, que era filha de Tito Petronilo de Lima e Isabel Lima, sem conhecer o trabalho que Belisa tinha feito três anos antes, tem a sua atenção despertada pela multiplicidade de cores das areias carregadas pela enxurrada, na proximidade de algumas casas. Ocorreu-lhe a mesma idéia que tivera Belisa: encher garrafas, também em faixas.
               
Numa comunidade pequena como era Tibau daquela época, as garrafas de areia das meninas passaram a ser conhecidas e imitadas. Logo surgiram as palhetas de talo de coqueiro e de arame que permitiram criar outros desenhos que foram sendo aperfeiçoados nas mãos hábeis dos artesãos até chegar ao que é hoje. Usando as palhetas, a de coqueiro e a de arame, pressionavam a faixa, em pontos simétricos, até conseguir o efeito desejado. Com o passar do tempo e com o interesse que as garrafas despertavam, passaram a trabalhar também na qualidade da matéria prima. Descobriram, por exemplo, que a areia e a argila mereciam cuidados especiais para melhorar o efeito plástico. Passaram então a secar e peneirar a areia em sacos de algodão, estopa ou peneira de arame. A argila era secada, pilada e peneirada.
               
Em 1955, quando o professor Vingt-un fez esse estudo, identificou 25 variedades de argilas e areias, destacando que as mais usadas eram as de cores: branca, amarela, preta, vermelha, marrom, salmon, creme, prateada, cinzenta, vermelho queimado, grená e verde. Registrou também que as tibauenses que mais se dedicavam ao novo tipo de artesanato, naquela época, eram: Josefina Fonseca, Francisca Henrique, Nazaré Silvino, Francisca Matias e Alice Rebouças, sendo que Josefina Fonseca era a que recebia o maior número de encomendas, consequentemente a que maior desenvolvimento deu aquela atividade.
               
Com o crescimento demográfico da região e a expansão imobiliária, as dunas foram sendo ocupadas ao ponto de pouco restar das famosas areias coloridas de Tibau. Mas o artesanato de garrafas de areia permanece até hoje, embora que para isso precisem tingir areia ou pilar carvão para substituir o material que antes era vasto e fácil de achar.
               
Fazemos o resgate do início dessa arte em memória e prova futura, ou como diriam os intelectuais: “Ad futuram memoriam et probationem”!
                


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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

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Quadra Invernosa no CE.

Sabedoria popular: Natureza indica bom inverno no Ceará

 

AS OBSERVAÇÕES POPULARES SOBRE PLANTAS, ANIMAIS E VENTOS PODEM INDICAR CARACTERÍSTICAS DA QUADRA INVERNOSA QUE SE APROXIMA NO CEARÁ. NO SÍTIO AROEIRAS, NA ZONA RURAL DE ORÓS, UM GRUPO DE AGRICULTORES PARTICIPOU DO 4º ENCONTRO DOS GUARDADORES DE EXPERIÊNCIAS POPULARES DE CHUVA E DE SEMENTES NO SERTÃO. A INICIATIVA, DO PROJETO SERTÃO VIVO, OBJETIVA MANTER A TRADIÇÃO E A MEMÓRIA DOS ANTEPASSADOS QUE, NOS MESES DE DEZEMBRO E JANEIRO, COSTUMAVAM FAZER PREVISÕES ACERCA DO INVERNO.

Aos poucos, os agricultores vindos dos sítios vizinhos chegam ao Sítio Aroeiras. Cada um traz suas observações feitas nos últimos dias. Conversam entre si, trocam ideias e fazem uma roda de conversa informal sob a sombra de uma frondosa aroeira. O autor do projeto é o poeta e músico Zé Vicente, que logo faz um aviso: "Não é uma reunião de profetas, mas de guardadores de experiências populares, para manter viva a história, o costume do sertanejo".

Neste ano, a preocupação é de todos, embora a maioria acredite que no sertão haverá boas chuvas. O tempo permanece quente, não houve registro de precipitações na segunda quinzena de dezembro e nos primeiros dias deste janeiro.

"Teremos um inverno tardio, mas será muito bom", comentou o agricultor Antônio Alcântara, 78 anos, que desde criança acompanhava os avôs em suas experiências de previsão sobre as chuvas. Ele se baseia no vento Aracati, que sopra sobre o sertão vindo do litoral.

O agricultor Hélio Barros participa desde o terceiro encontro e entra logo na conversa. "A gente que anda pelo mato vê a formiga, o cupim e faz acertos e erros, mas digo que, quando chove em novembro, o inverno é ´desmantelado´", observou. "Neste ano, as chuvas só a partir de março". O agricultor e diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Pedro Edimir Bezerra, solta um lamento profundo pela mudança dos tempos. "O homem desmatou muito, coloca veneno em tudo que é plantação, mata bichos e a natureza mudou", frisou. "Não é mais como antes e isso prejudica as experiências que os nossos pais faziam".

José Nilson Oliveira, agricultor do Distrito de Guassussê, acredita que "logo, logo, o inverno vai começar". Depois de ouvir o relato de experiências dos amigos, sentencia: "A chuva chega já, já, e muito forte", disse. "Não há porque ficar preocupado e é só esperar um pouco mais que vai cair muito água".

Fonte: Diário do Nordeste via site Vermelho.
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