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sábado, 30 de junho de 2012

Game de cangaço no Facebook

 
O Cangaço Wargame foi lançado no dia 9 de junho de 2012, e pode ser jogado gratuitamente através do Facebook. A idéia do jogo nasceu há cinco anos, a partir da vontade de se desenvolver um jogo com base em nossa própria cultura, fugindo dos tradicionais cavaleiros medievais e soldados da segunda guerra mundial. Naquele momento, o Cangaço Wargame foi idealizado como um jogo de tabuleiro para tablets e smartphones.

Essa ideia inicial foi desenvolvida como um protótipo para tabuleiro com peças pintadas à mão, que foi utilizado para se testar e evoluir as mecânicas, regras e idéias do jogo. A experiência de desenvolver um protótipo de tabuleiro foi bastante gratificante e mostrou que o jogo e o tema se encaixam de uma forma muito divertida.


Durante os testes, notou-se que as batalhas eram muito competitivas, e os dois jogadores duelavam e interagiam com afinco durante a partida. Nesse momento, percebeu-se que o jogo possui características sociais muito marcantes e que o melhor ambiente para sua utilização seria o Facebook.

O jogo
No cangaço Wargame, você lidera um bando de cangaceiros em batalhas épicas nas fazendas, cidades e brejos da caatinga. Cada batalha é jogada em turnos contra um amigo de sua rede social no Facebook. Isso significa que você pode fazer a sua jogada sem que o seu amigo esteja necessariamente online. Dessa forma, uma partida pode ser jogada imediatamente, ou ao longo de um dia, ou até mesmo uma semana.

Ao iniciar uma partida, você irá comandar o seu bando de cangaceiros contra a temida volante, que será controlada pelo amigo escolhido na sua rede do Facebook. À medida que você vai vencendo seus amigos, sua pontuação vai aumentando e você poderá se tornar o “Rei do Cangaço”.

Em cada turno, você irá movimentar os seus personagens, atacar os seus inimigos, e se posicionar de forma a dominar o time adversário ou defender seu território, dependendo do tipo de batalha sendo jogada e do grupo que você está controlando: cangaceiros ou a volante, que possuem personagens e estratégias diferentes.

Para desbravar a aridez do sertão, você terá que racionalizar o uso da água, que é o recurso mais escasso e importante tanto para os cangaceiros quanto para a volante. No jogo, a água é usada para se “treinar” novos personagens e assim tentar obter uma vantagem tática na batalha.

História

Todos os elementos do Cangaço Wargame estão sendo baseados no movimento brasileiro que batizou o jogo. Muito do cotidiano dos cangaceiros será retratado, como por exemplo o fato dos cangaceiros atirarem de lado, pois assim, eles eram “meio homem” e ficavam mais difíceis de acertar. As roupas, cores, armas e as estratégias do jogo são cuidadosamente embasadas na historia do movimento. Para isso, a Sertão Games contou com a
consultoria de um dos maiores especialistas sobre o assunto, o médico e escritor Leandro Cardoso Fernandes.


O primeiro desafio que será apresentado ao jogador é completar a campanha de batalhas sob o ponto de vista de um bando de cangaceiros. A sequência de batalhas nessa campanha retrata diversos lugares onde ocorreram importantes eventos ligados ao cangaço. Para completar a campanha, o jogador precisará vencer seus amigos em cada uma dessas batalhas.

A época e os lugares em que o fenômeno do cangaço aconteceu também estão retratados no estilo, nos textos e na música do jogo, cuja trilha sonora está sendo composta pela banda Validuaté.

O cangaço foi lançado no dia 09/06/2012, e pode ser jogado gratuitamente, de qualquer lugar do mundo, através do Facebook.

Para notícias e mais informações, acompanhe a fanpage da Sertão Games:
CLIQUE AQUI

Para jogar :
CLIQUE AQUI

Videos





    Açude: Cangaço.com

E eu no açude do KIKO Monteiro

lampiaoaceso.blogspot.com

AS CRÔNICAS DO CANGAÇO – 1 (PADRE ARTUR E O BANDO DE LAMPIÃO)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

AS CRÔNICAS DO CANGAÇO – 1 (PADRE ARTUR E O BANDO DE LAMPIÃO)

Tornou-se célebre o episódio do encontro entre Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e o Padre Artur Passos, ou simplesmente Padre Artur, na residência dos amigos comuns Teotônio Alves China, o China do Poço, e sua esposa Dona Marieta, na povoação sergipana de Nossa Senhora da Conceição do Poço Redondo. 

Segundo as narrativas, o mês era o de agosto, no tríduo dedicado às comemorações em louvor à santa padroeira da povoação, Nossa Senhora da Conceição. No dia 15, data do festejo principal, havia celebração de missa pelo vigário da Paróquia de Porto da Folha, município sertanejo ao qual estava vinculado Nossa Senhora da Conceição do Poço Redondo.


Assim, no dia 15, antes do meio-dia, chegou à localidade o Padre Artur Passos no intuito de celebrar a tão aguardada missa. Cansado, depois de uma longa viagem em lombo de burro, desceu do animal defronte à casa do seu amigo China, local onde ficava todas as vezes que até ali se dirigia. Descansaria um pouco, almoçaria, e depois emendaria nos preparativos da celebração.

Mas a casa da família China, pessoa renomada e das mais influentes na povoação, se enchia de convidados nesse período festivo. E eis que chega um matuto em disparada para avisá-lo que a cangaceirada já dobrava a curva da estrada naquela direção. China sabia que era pra sua casa que o Capitão Lampião se encaminhava juntamente com o seu bando. Já o havia recebido ali outras vezes.

Antes de sair à porta para esperar a comitiva trajada de sol, China gritou por Dona Marieta, que acorreu esbaforida perguntando pra qual lado o mundo estava se acabando. Quando ouviu a novidade da boca do esposo quase desmaia pra trás. Quando conseguiu abrir a boca, disse ao marido que coisa pior não poderia acontecer. E se danou a rezar.

Se benzendo, logo apontou em direção a uma porta, em cujo local o Padre Artur descansava antes do almoço, e perguntou como haveria de ser agora com a chegada de Lampião e o velho sacerdote estando por ali. E disse ainda que não esperava nada de bom nesse encontro da valentia bandoleira com a cruz da cristandade.

Verdade é que China também não sabia o que fazer, mas resolveu apenas dizer que não haveria de acontecer nada de ruim. Ademais, se de um lado não podia deixar de acolher o da igreja, por outro lado não podia nem pensar em deixar de receber o da guerra sertaneja. Contudo, o desespero do homem não era maior porque conhecia segredos entre os dois que ninguém mais sabia.


Coisa de não acreditar, mas China já sabia, pois ele mesmo intermediário, de uma velha amizade travada às escondidas entre Lampião e o Padre Artur. Ele mesmo já havia enviado diversas missivas para o padre dizendo o local exato onde o bando estava acoitado e que em tal dia o Capitão lhe esperava para o que sempre faziam nessas visitas mais que escondidas. E tudo mantido em segredo tão bem guardado que somente o coiteiro Mané Félix tinha conhecimento.

E durante essas visitas, sempre saindo no lombo de burro mas chegando à pé e depois de vencer os desafios das pontas de paus, xiquexiques e mandacarus, pedrarias e verdadeiros abismos, o velho sacerdote se transformava totalmente. Ou quase, pois sempre guardava alguns momentos para confessar os cangaceiros, ouvir o que lhes afligia, proporcionar algum conforto espiritual diante daquelas durezas cotidianas.

E como sempre chegava acompanhado do coiteiro carregado de tecidos, bebidas e mantimentos, nem se sentia culpado por passar horas e horas jogando baralho com Lampião, bebericando vinho de jurubeba, taliscando uma perna de preá assado na brasa. Não só o vinho, mas também, cachaça, e da limpinha, da boa mesma. E dizem até que quando o fogo lhe chegava às ventas, logo gritava pedindo um fole e se danava a dedilhar. E era uma festança só no meio da cangaceirada.

Antes de retornar, e quase sempre no outro dia, chegava o momento daquilo que mais apreciava fazer, que era lançar o olhar pidão sobre as mãos do Capitão Lampião e pedir devotadamente que fosse presenteado com aquele anel maior e mais brilhoso. E por mais que o rei dos cangaceiros dissesse que não podia se desfazer assim do presente enviado por este ou aquele coronel do sertão, acabava cedendo aos rogos do amigo vigário.

Com o valioso presente escondido debaixo dos panos, voltava o velho sacerdote em direção à sua paróquia, onde já no dia seguinte começava a esbravejar contra aqueles malditos assassinos, bandoleiros imprestáveis que andavam assolando o sertão de mortes e atrocidades, pecadores que mereciam o tacho fervente ainda em vida. Mas tudo da boca pra fora, pois enquanto falava o anel cangaceiro reluzia na sua mão. E que coisa mais bonita de se ver.

Por ter conhecimento da velada amizade entre os dois é que China procurou se acalmar e dizer à esposa que tudo logo seria resolvido da melhor maneira possível. E ao chegar e tomar conhecimento de que o padre já estava hospedado ali, Lampião foi logo dizendo que tinha grande interesse em encontrá-lo o mais rapidamente possível.


Talvez por momentâneo esquecimento de que China sabia de tudo, ao tomar conhecimento da proposta o padre quis espernear e jurar que jamais colocaria a cruz do Senhor diante de um cangaceiro. Mas em seguida lembrou-se da asneira que dizia ao amigo, porém pediu por todos os santos que não deixasse ninguém perceber que os dois mantinham grande relacionamento de amizade.

Então Padre Artur revestiu-se de falsa ojeriza ao rei dos cangaceiros e saiu do quarto como se quisesse matar uma fera apenas com o olhar. Mas baixou a guarda diante do Capitão e nem pensou duas vezes quando o mesmo lhe chamou num canto e disse que naquele dia todo o bando assistiria a celebração da missa. E a única exigência ouvida foi que deixassem as armas do lado de fora da igreja. Ao menos as de cano longo.

E assim foi feito, depois de uma maravilhosa buchada de bode gordo, coisa de lamber os beiços e repetir o prato. E quanta alegria esfomeada no da batina, e quanta voracidade no da pistola.


(*)Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

COCOTA – O MAIOR SERESTEIRO DE MOSSORÓ

Por: José Mendes Pereira
Cocota

Participações Especiais:

Do cantor Carlos André, irmão do seresteiro Cocota,


e do poeta, escritor e pesquisador do Cangaço Kydelmir Dantas


Francisco de Almeida Lopes era carinhosamente alcunhado em Mossoró por Cocota. Seresteiro de primeira categoria; amigo dos amigos, conduzia consigo uma admirável popularidade. Nasceu na cidade de Santa Luzia, e era filho do senhor  Messias Lopes de Macedo e da honrada dona Joana Almeida Lopes, e irmão dos cantores Oséas Lopes (o atual Carlos André), Hermelinda Lopes e João Batista Almeida Lopes, que artisticamente é conhecido por João Mossoró.

Uma jovem que era empregada doméstica dos seus pais conduzia consigo uma paixão louca pelo seresteiro. O mais interessante, a jovem tinha um irmão ainda criança, que não se sabe o que ele havia feito contra o Cocota, fazendo com que ele o castigasse, dando-lhe uma terrível surra. A agressão do Cocota foi tão violenta, que seus irmãos, juntos, quase não conseguiram arrancar a criança dos braços do agressor. Salva das violências praticadas pelo seresteiro, a criança saiu em choro, prometendo-lhe que quando crescesse iria matá-lo, ou de um jeito ou de outro.


João Mossoró, Hermelinda Lopes e Carlos André

Anos após, quando os irmãos formaram o Trio Mossoró, Cocota não fazia parte do grupo, mas no auge do sucesso, e já morando no Rio de Janeiro, os irmãos resolveram levá-lo para o Rio, para tentar "carreira solo", com o apoio do Trio Mossoró.

Não se sabe se o que acontecera contra o Cocota tenha sido causado pela paixão da jovem, mas tudo indica que sim, já que ele estava de viagem pronta para juntar-se aos irmãos, que já brilhavam no mundo artístico; sabendo que tão cedo ele não voltaria a Mossoró, sua terra natal, é provável que ela tenha sido a idealizadora de um plano triste e doloroso.  

Já que o Cocota viajaria para a “cidade maravilhosa”, a jovem o convidou para fazer uma festinha em sua residência, onde lá ele cantaria as mais belas músicas que faziam sucesso na época.  Como ele era um jovem conhecido na cidade, amigo de muitos, não negou a sua solicitação, dando-lhe a palavra que à noite estaria presente em sua residência.  

Cocota era um jovem que não dispensava um bom gole, e nessa noite, bebeu vários goles a mais, chegando a ficar totalmente embriagado. É claro que a jovem sentindo a perda da sua paixão, e talvez, não se sabe, premeditou o crime, tenha lhe dado ainda uns goles a mais. Já muito embriagado ela o convidou para deitar-se, prometendo-lhe que no dia seguinte o levaria para casa dos seus pais. Cocota concorda, e caminha para o quarto, onde lá se deitou.   

Mas o seresteiro não imaginava que a sua viagem e carreira artística estariam prestes a serem encerradas, e por má sorte ou coisa arquitetada, o Cocota estava marcado para morrer. E na noite do dia 12 de fevereiro de 1962, a criança que Cocota açoitara, que agora já era um jovem, chegou ao local da festa. Apoderado de uma tesoura, o rapaz começou a furar-lhe. Foram 38 perfurações. Cocota tentou escapulir pela porta da cozinha, mas sobre o muro da casa da jovem era cheio de cacos de vidro, e por mais que ele tentou subir, não conseguiu se livrar da morte, caindo logo em seguida.

Seu Messias e Dona Joana Lopes tiveram o desprazer de ver o seu ente querido morto, com o corpo e os punhos banhados em sangue, saindo pelas perfurações feitas pela maldita tesoura e pelos cortes dos vidros.   

Cocota tentou se livrar da morte, fez tantos esforços para  viver, no intuito de apresentar a sua invejada profissão aos brasileiros, principalmente aos seus conterrâneos mossoroenses. Mas infelizmente  não conseguiu, calando assim e acabando com os sonhos daquele que foi o maior seresteiro da nossa cidade Mossoró

Os donos do poder, desde então, nada fizeram de maior importância para homenageá-lo. Mas seus irmãos ainda não perderam as esperanças que esse dia venha acontecer, que na Praça dos Seresteiros seja colocado o seu busto, talhado em bronze, para apresentar às futuras gerações, que ele foi o maior seresteiro de todos os tempos em Mossoró. 
 
Nota: Todas as informações deste artigo foram gentilmente cedidas pelo cantor Carlos André, quando de sua visita a minha residência, em companhia do irmão João Mossoró e Kydelmir Dantas, no dia 12 de Junho de 2012 

Contatos com Oseas Lopes (Carlos André):

Tel. 55 (81) 3422.0605 / (81) 9121.4485

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Pesquisando a História foi indicado ao Prêmio Top Blog Brasil - Edição 2012


O blog Pesquisando a História do pesquisador Urano Andrade foi indicado ao Prêmio
Top Blog Brasil - Edição 2012.

Com certeza, indicado pelos seus excelentes trabalhos.


Avia Cangaceirólogos paulistas e agregados


Amanhã 30/06, 10hs. Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera (portão 10).

A entrada é franca!
Intimou: Vera Ferreira
lampiaoaceso.blogspot.com

Coral da Petrobras em Mossoró - Sábado 30/06/2012 - TRIBUTO AO REI DO BAIÃO

Por: Kydelmir Dantas

Boa tarde a todo(a)s.

O Coral Petrobras Mossoró, estará se apresentando no Memorial da Resistência 

(Corredor Cultural da Av. Rio Branco - Mossoró-RN),  sábado (30/06/2012),
dentro da programação do Mossoró Cidade Junina 2012.

A apresentação está prevista para às 19h30 h.

TRIBUTO AO REI DO BAIÃO
Repertório
Cantiga de Lampião (Motivos folclóricos) - Arranjo (Duda)
O Canto de Ema (João do Vale - Aires Viana - Alventino Cavalcante)
Cajuína (Caetano Veloso)
Cantiga de Caicó (Tradicional do Brasil) - Cocos: Sai do Sereno (RN) e Adeus, amô (Chico Antônio RN) - Arranjo: Danilo Guanais
Trenzinho Caipira (Heitor Villa Lobos) música Bachianas Brasileiras nº 02 - Poema de Ferreira Gullar (Trecho do poema sujo, 1975) - Arranjo da Ana Yara Campos
Feira de Mangaio (Sivuca) - Instrumental – Tocada pelo Trio pé-de-serra.
Vida de Viajante (Luiz Gonzaga - Hervê Cordovil) - Arranjo: Júnior Marques
ABC do Sertão (Luiz Gonzaga - Zédantas) - Arranjo: Benedito Fonseca
Qui nem Jiló (Humberto Teixeira - Luiz Gonzaga) - Arranjo: Danilo Guanais
Sabiá (Zédantas - Luiz Gonzaga) - Arranjo: Danilo Guanais
Baião (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) - Arranjo: Eduardo D. Carvalho
Asa Branca (Luiz Gonzaga - Humberto Teixeira) - Arranjo: Sérgio (Regente do Coral da FAFEN-SE)


Enviado pelo pesquisador do cangaço:

Kydelmir Dantas

A casa do Gonzagão em Campina Grande - PB.

Casa do Gonzagão é uma das atrações do São João de Campina Grande  (Foto: Divulgação/Codecom-CG)

Visitem o "site" do Museu Fonográfico Luiz Gonzaga, de Campina Grande - PB.

www.museuluizgonzaga.com.br


Enviado pelo poeta, escritor, pesquisador e sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço:

Kydelmir Dantas

Aroma e sabor (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

Aroma e sabor


Às vezes penso
que é manga
outras vezes goiaba
talvez jabuticaba
um cheiro de tudo
de fruta madura
de pomar colorido
aos meus olhos
que pedem à boca
que pede à mão
para colher
e experimentar


e fico imaginando
a árvore frondosa
que vejo em você
fruta brilhosa no olhar
fruta gostosa no lábio
fruta deliciosa
no seu corpo inteiro
e essa vontade imensa
que me chega assim
quando tenho fome
quando quero saborear
um gosto diferente
um apetite de amar.



(*)Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

Azulão, Zabelê, Canjica e Maria Dórea...

Por: Rubens Antonio

Um dos combates memoráveis do Cangaço é o da Lagoa do Lino. Nele, um subgrupo do bando de Lampião, composto por 4 cangaceiros e 3 cangaceiras liderados por Azulão, que assolara as regiões de Mairi, Várzea do Poço, Miguel Calmon, Várzea da Roça, Serrolândia e Jacobina, entre setembro e outubro de 1934, foi duramente atingido por uma volante. 

Está referenciado este combate na postagem:


Como consequência, quatro cangaceiros sucumbiram... Azulão, Zabelê, Canjica e Maria Dórea.Mortos e decapitados, tiveram suas cabeças conduzidas a Salvador. Sua foto mais conhecida é apresentada abaixo.

 Cabeças de, da esquerda para a direita, Zabelê, Maria, Azulão e Canjica.
 
O pesquisador Orlins Santana nos oferece um material extremamente raro relacionado a este embate. São duas fotos. Uma é outra foto das cabeças dos cangaceiros Azulão e Maria Dórea (abaixo).

Esta outra foto mostra as cabeças dos quatro cangaceiros mortos, Zabelê, Canjica, Maria Dórea e Azulão (abaixo).


Ambas foram tomadas provavelmente quando da chegada das cabeças a Salvador, exibindo já processo de necrose avançada. Que estes ecos daquele terror... melhor sirvam ao entendimento das suas e nossas sombras... e tragam, ao menos, rasgos de luz ao presente e ao futuro.


Fonte:
Professor Rubens Antônio

O ataque de Mossoró a Lampião

Por Antonio Francisco

O ataque de Mossoró a Lampião

O poetas Antonio Francisco nos conta em versos o Ataque de Mossoró a Lampião.

Clique no link abaixo:


quinta-feira, 28 de junho de 2012

O Mistério

Por: Juarez Conrado - Jornalista
Foto:Lampiaoaceso.blogspot

É na verdade um mistério
Levado para o cemitério
O encontro programado
Será que Lampião iria
Falar na aposentadoria
Abandonando o cangaço?

Pessoalmente acredito
Que já se achando abatido
Deixaria o cangaço
Certamente o sucessor
Do sertão, governador
 Ganharia um abraço

Sendo assim comunicado
O seu então comandado
Que ganhara a promoção
Teria a responsabilidade
De mesmo em dificuldade
Manter no grupo, união

Mas na fria madrugada
Com a gruta já cercada
Acabou-se o vencedor
Morreu o grande bandido
Que desta vez foi vencido
Sem indicar sucessor.

Sessenta e dois anos depois de sua morte, uma pergunta permanece intrigando a quantos procuram conhecer os vários episódios que marcaram durante duas décadas, a vida de Virgulino Ferreira da Silva, a expressão máxima do banditismo nas Américas.


Por que Lampião, acostumado com a perseguição das volantes, deixou-se cercar tão facilmente na gruta do Angico, sem tempo de pegar, sequer, no seu inseparável fuzil?
Afastada a hipótese – absoluta – de ter sido envenenado pelo coiteiro Pedro de Cândido, como chegam a imaginar muitos dos que já escreveram sobre ele, inclino-me a aceitar a possibilidade – e não é uma afirmação do autor, mas, apenas, uma suposição – que o bandoleiro, após 22 anos de vida em meio às adversidades do nordeste brasileiro, já não desfrutava, apesar de contar, ainda, com apenas 40 anos, 1 mês e 24 dias de idade, de um estado de saúde que lhe permitisse manter a habilidade que lhe assegurou, como poderoso e temível senhor, o controle absoluto dos sertões de sete Estados da região.

Pedro de Cândido à esquerda

Decididamente, desde Janeiro de 1938, acometido de grave enfermidade que o obrigou a sair de circulação, razão dos rumores de que teria morrido vítima de tuberculose, Lampião já não se aventurava a incursões mais perigosas, limitando-se a uma área compreendida entre a Bahia, Sergipe e Alagoas, localizada numa mesma região.
Que andava ele às voltas com problemas de saúde, não há dúvida. Os depoimentos dos que o acoitavam nesse período são unânimes em relação a isso. Lampião já não tinha os reflexos que caracterizaram seu gênio de estrategista. Com um olho perdido, porque atingido por um galho de umburana, e com o outro, segundo o diagnóstico de oftalmologistas que examinaram sua cabeça em Maceió, afetado por glaucoma, não tinha uma boa visão. Aliado a isso, fatos outros, surgidos nos seus últimos meses de vida, levam-me a acreditar que Lampião, sentindo fugir-lhe as qualidades que o guindaram àquela posição no cangaço, tenha decidido a exemplo do que fez

Sinhô Pereira

Sinhô Pereira (seu primeiro e único chefe), retirar-se para o interior do país, passando o comando do grupo a um de seus companheiros mais chegados.
Sabido é por todos que sua presença em Angico tinha como objetivo importante reunião, para a qual foram convocados todos os subchefes do grupo.

Luiz Pedro e Zé Sereno

Luiz Pedro e Zé Sereno lá já se encontravam, restando Labareda e Corisco, que eram ansiosamente aguardados por Virgulino, com uma viagem programada para local que nem mesmo ou os cangaceiros mais íntimos conheciam. Acredito, sinceramente – essa, repito, é apenas a minha opinião pessoal - que tal reunião, por ele mesmo dita como de grande importância, iria marcar a sua retirada do cenário do qual, desde que nele surgiu, garoto ainda, foi sempre sua principal figura.

Os cangaceiros Labareda e Corisco

De outro modo, como se explicar a longa espera dos principais homens do bando, quando, contando com uma extensa rede de coiteiros, poderia facilmente com eles comunicar-se, como, aliás, era de praxe acontecer?
Alguma coisa de grande importância iria realmente ser discutida nesse encontro à margens do São Francisco. Mas a polícia alagoana, com sua fuzilaria, impediu que as intenções de Lampião fossem levadas a efeito.
De surpresa e arrasadoramente, cercou o local, liquidando o homem que iria presidi-la e cuja morte envolveu para sempre em indecifrável mistério a decisão que nela tornaria.

Extraído do livro:
Lampião Assaltos e Morte em Sergipe
Autor: Juarez Conrado
Páginas: 220 e 221
Aracaju - Sergipe - 2010 

Zé Vaqueiro foi justiçado pelos cangaceiros

Por: Juarez Conrado - Jornalista
Juarez Conrado, jornalista e escritor (Foto: Arquivo pessoal)

"Esta história já foi postada neste blog, mas agora com mais detalhes pelo mesmo autor."

Nesse período, Lampião, que empreenderia viagem para o agreste, notou a ausência de Novo Tempo, embora afastando de logo a possibilidade do mesmo ter morrido ou sido ferido, pois, em qualquer dos casos, os coiteiros já o teriam informado.

O cangaceiro Novo Tempo 

Novo Tempo, entretanto, apesar da gravidade do seu estado, lutava para deixar o local onde fora ferido, conseguindo chegar à Fazenda Paus Pretos, de Antonio Carvalho, localizada em Poço Redondo. Desmaiado, foi encontrado pelo jovem Francelino, filho de Zé Vaqueiro, que imediatamente, ao tomar conhecimento do fato, foi ao encontro do cangaceiro, em mais uma demonstração de respeito e fidelidade ao capitão Virgulino.


Com a ajuda do filho, esforçava-se pela recuperação do Novo Tempo, cujo estado de saúde, no entanto, mostrava-se cada dia pior. Diante de tal situação e temendo viessem os soldados descobri-lo aos seus cuidados, o coiteiro arquitetou um meio de livrar-se dele: matá-lo.
Sem que a mulher ou o filho soubesse do seu propósito, foi ao encontro do referido, e, nada dizendo, desfechou-lhe um tiro no ouvido.
De retorno à casa, declarou a Antonia, sua mulher, e a Fernandinho, seu filho, que iria levar uma picareta para cavar a sepultura de Novo Tempo, que não resistiu aos ferimentos  e morrera durante à noite.
Surpreendeu-se, porém, ao voltar ao local do crime: Novo tempo, cujo cadáver iria sepultar, lá não se encontrava, deixando-o bastante apreensivo.
Com um misto de pânico e remorso, voltou para casa. A inquietação, contudo, não lhe permitia conciliar o sono, tal o pressentimento do resgate do bandido pelos companheiros. Novo Tempo, realmente resistira ao tiro.
Depois de escapar por um riacho, para não deixar rastro, foi localizado por duas garotas, filhas de Zé Nicaço, que dele realmente cuidou. Sob a proteção de uma tolda e o uso de poderoso xarope com várias raízes, como era comum acontecer na medicina rural, ficou praticamente recuperado.
Nicaço, dias depois, foi solicitado por Novo Tempo, irmão da cangaceira Sila, Mergulhão e Marinheiro, para comunicar o acontecido a Zé Sereno, seu cunhado. No Poço dos Porcos, coito onde se encontravam os cangaceiros, foi recebida a notícia. Logo após, chegou o companheiro que julgavam morto.
Zé Sereno foi informado, por Novo Tempo, sobre tudo o que lhe tinha acontecido, inclusive a fuga empreendida por Zé Vaqueiro, após desfechar-lhe o tiro e sair apressadamente do local, certo de tê-lo liquidado.
Sabedor da infama traição, Zé Sereno (que era chefe do grupo que Novo Tempo participava), planejou, de imediato, terrível vingança: chamou quatro dos seus comandados, inclusive os irmãos Mergulhão, e Marinheiro, para irem à casa de Zé Vaqueiro. A ordem era que o judiassem bastante e matassem-no.
Partiram sem demora.
Ao encontrarem Zé Vaqueiro, este, cinicamente, procurou aparentar calmo ante a presença dos cangaceiros, porque imaginando o pior: sua traição e seu crime foram descobertos, o que significava morte bárbara e cruel.
Quando perguntado se tinha visto Novo Tempo, insistiu em negar qualquer fato que o relacionasse ao desaparecimento do bandido.
Um integrante do grupo, porém, irritado, e impaciente, o chamou de “nego descarado”, safado sem vergonha, fio de uma puta!, logo o desmascarando: Novo Tempo não morrera, estava em companhia dos demais cangaceiros lá no coito de Zé Sereno e contara tudo. Mesmo baleado no ouvido, sobrevivera milagrosamente, vendo, inclusive, o momento em que o coiteiro saiu apressadamente do local.
Nada mais lhe restava.
Deram início à vingança: Juriti, Sabiá, Mergulhão e Marinheiro  por eles amarrado, xingado e maltratado a bofetadas, chicotadas e pontapés. Obrigando a própria vítima a cortar xique-xique e mandacarus, fizeram com os espinhos desta vegetação uma cama na qual, depois de despido, Zé Vaqueiro foi jogado, morrendo pouco tempo depois.
A vingança estava incompleta, mesmo cumprida a ordem de Zé Sereno no que se referia à grande judiação recomendada.
Seu corpo inanimado e sangrando bastante em virtude dos espinhos que lhe dilaceram as carnes e, ainda jogado na cama feita pelos bandidos, foi transformado em verdadeira tocha com a fogueira provocada por um dos cangaceiros que jogou fósforos acesos nos gravetos.
Retornaram com a “alma lavada”, por ter vingado a traição do coiteiro infiel.  

 Extraído do livro:
"Lampião Assaltos e Morte em Sergipe"
Paginas: 80 e 81
Publicado em Aracaju - Sergipe
Ano de publicação: 2010  

A traição da cangaceira Lídia


Segundo os pesquisadores do cangaço, a Lídia, companheira do cangaceiro Zé Baiano, não levou sorte em razão da sua traição à Pantera Negra.

Lídia era a mais bela de todas as mulheres do cangaço. Mas de olho no pássaro humano, o Bem-te-vi, conseguiu levá-lo até o matagal para satisfazer os seus desejos sexuais.

Mas ela não sabia que o Coqueiro humano havia lhe seguido, enquanto ela procurava um cantinho para transar com o Bem-te-vi.

Inconformado de ter sido rejeitado pela cangaceira, Coqueiro resolveu contar a traição da Lídia ao Zé Baiano.

Logo gerou um clima não muito bom no coito, porque Lampião mandou que o cangaceiro Gato atirasse no delator.

Lídia foi morta a pauladas pelo seu companheiro Zé Baiano.   

Veja o que disse o escritor Arquimedes Marques.
Fonte:

“Por sua vez, o cangaceiro Bem-te-vi logo no início da conversa, de um pulo, tratou de fugir na escuridão, mato adentro em desabalada carreira para nunca mais se ter notícias dele.”

O penúltimo cangaceiro a dexar o cangaço do nordeste brasileiro

Por: Antônio Vicelmo - Repórter

O ex-cangaceiro Moreno

 Moreno, que era pernambucano, mas passou a infância e adolescência na cidade cearense de Brejo Santo, deixou o Cangaço em 1940, dois anos depois da morte de Lampião. Fugiu do Nordeste de pé, deixando um filho com um padre, que somente foi identificado em 2005. Ele é policial e mora no Rio de Janeiro. A beira da morte, o casal de cangaceiros resolveu contar para os filhos, que nasceram em Minas Gerais, a verdadeira história de suas vidas.


Moreno e Durvina foram localizados pelo cineasta cearense Wolney Oliveira, que estava produzindo o documentário "Lampião, o Governador do Sertão".




Wolney Olivera

Uma das filhas do casal, Neli, ajudou o cineasta - a chave foi um filho que Durvina e Moreno deixaram com um padre, em Tacaratu, no sertão pernambucano, enquanto fugiam.

Neli Gonçalves e João Souto, filhos de Morena e Durvinha, na foto com o Presidente da SBEC Ângelo Osmiro

A primeira providência de Wolney foi trazer o casal de volta às suas origens: Paulo Afonso, na Bahia, onde nasceu Durvina, e Brejo Santo, no Ceará, onde estão os parentes de Moreno.
A volta ao passado foi acompanhada pelo Diário do Nordeste. Ele foi recebido como herói, em Brejo Santo, de onde saiu em 1930, com vários crimes nas costas. Moreno foi recepcionado com festa. Concedeu entrevistas às emissoras de rádio e abraçou sobrinhos e amigos de infância. A mesma recepção festiva aconteceu com Durvina, em Paulo Afonso, sua terra natal, também acompanhada pelo Diário do Nordeste.
Em Brejo Santo, na conversa com os parentes, entre risos, lágrimas e versos improvisados, reviveu a sua adolescência sofrida marcada por um ardente desejo de ser soldado de Polícia. O destino, entretanto, lhe foi cruel. Terminou levando uma surra da Polícia de Brejo Santo, sob a acusação injusta de ter roubado um carneiro. Quando saiu da cadeia, matou o homem que o denunciou e que era o verdadeiro ladrão do carneiro.
A partir daí virou uma fera. Matou e castrou alguns dos seus perseguidores. Ele nega estes crimes, dizendo que não assassinou ninguém em Brejo Santo. Mas, a própria família confirma as atrocidades praticadas por Moreno que, com 19 anos, fugiu para a Paraíba. Em Cajazeiras, matou mais um. Fugiu para Alagoas, onde já chegou com a fama de valente.

Cangaceiro

Tentou a profissão de barbeiro. Foi contratado por um proprietário rural para defender uma fazenda do ataque dos cangaceiros. Terminou se integrando ao grupo de Virgínio, cunhado de Lampião, de quem se tornou amigo. Dirigiu o seu próprio grupo. Participou de todos os tiroteios entre cangaceiros e policiais na década de 30.
Nas suas contas, matou cerca de 21 homens. Os historiadores dizem que este número é muito maior. "Ele dirigiu o seu próprio grupo e foi um dos cangaceiros mais cruéis", garante o escritor Magérbio Lucena. Moreno justificava: "Estava ali para matar e morrer, não tinha alternativa". E complementava: "Só atirava, quando o inimigo estava na mira do meu mosquetão".
Antônio Vicelmo
Repórter