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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Palco de polêmica


A carreira literária de José de Alencar (1829-1877) iniciou com um conflito: em 1856, ele publicou as Cartas sobre a Confederação dos Tamoios. que criticavam duramente a qualidade do poema de Gonçalves de Magalhães. Sua vida política também sofreu tumultos, como o impedimento de sua candidatura ao Senado por iniciativa de D. Pedro II.

Mas as polêmicas não pararam por aí; chegou inclusive aos palcos e às capas de jornais. Ismênia dos Santos, atriz e empresária do Teatro São Luís, encomendou uma peça ao escritor em 1875. Alencar decidiu, então, tirar da gaveta O jesuíta, texto criado 14 anos antes, tendo como protagonista um inaciano que constrói um discurso de engrandecimento da pátria. A montagem do espetáculo foi encenada apenas nos dias 18 e 19 de novembro de 1875: a ausência de público fez com que ela saísse rapidamente de cartaz e, por isso, ficou conhecida como "peça maldita".

O número ínfimo de espectadores provocou a reação do autor, que, em sua coluna semanal no jornal O Globo (um homônimo do atual), acusou o povo brasileiro de ser indiferente à questão patriótica. As páginas do periódico se tornaram palco de uma briga entre Alencar e Joaquim Nabuco (1849-1910), que respondia em sua própria coluna valorizando a cultura estrangeira.

Texto publicado no blog Saiba História, postado pelo Prof. Adinalzir.

Mais um Veredas do Brasil

Por: Aderbal Nogueira

Amigo Mendes, segue mais um capítulo de Veredas do Brasil.
Se o amigo achar interessante, pode postar.
Trata de como também é possível remar no Ceará. Mesmo sem água o ano todo, nos poucos dias que chove se torna uma aventura deliciosa para quem não tem medo de se arriscar.
Abraço.
Aderbal Nogueira.

Clique duas vezes no link abaixo para você assistir o Veredas Brasil no YouTube.

Santa Brígida, Pedro Batista e a Caravana Cariri Cangaço

Por: Manoel Severo

Ainda no quarto dia da Caravana Cariri Cangaço - GECC, após as visitas a Malhada da Caiçara, Casa de Dona Generosa e o Cemitério onde jazem os corpos dos pais de Maria Bonita; seguimos por entre as serras e em meio a caatinga brava de Paulo Afonso até Santa Brígida, terra emblemática de Pedro Batista e de nosso estimado confrade, escritor Alcivandes Santos.
Eram perto das 13 horas, com o sol alto depois de uma neblina refrescante; suspeita de inicio de inverno; quando entramos em Santa Brígida. Localizada no Nordeste do Estado da Bahia, na Microrregião de Paulo Afonso, o município fica à margem direita do Rio São Francisco numa distância de mais ou menos 30 km possui cerca de 18 mil habitantes. Sem perca de tempo nos dirigimos para a praça central onde se localiza a imagem e o Museu em homenagem ao Beato Pedro Batista.
Caravana Cariri Cangaço-GECC em Santa Brígida



Recorremos ao site oficial da Prefeitura de Santa Brígida para trazer um pouco mais da história de Pedro Batista, em http://www.santabrigida.ba.gov.br/
"Em 1942 peregrinava pelos Estados de Alagoas, Sergipe e Pernambuco um penitente de barba e cabelos grisalhos, pregando e curando, que se chamava Pedro Batista da Silva. Serviu o exército aos dezessete anos, sendo deslocado posteriormente para Foz do Iguaçu e Ponta Grossa , no Paraná. Após desligar-se do exército trabalhou como marinheiro e estivador nos portos do Rio de Janeiro, Santos e Paranaguá, onde se fixou e viveu como pescador. Uma "visão" fez regressar ao Nordeste, onde peregrinou até fixar-se em Santa Brígida com a permissão do Coronel João Sá que acompanhou a chegada dos romeiros até certificar-se de que o movimento não ameaçava se tornar uma nova Canudos. Em suas andanças Pedro Batista ficou famoso pela sua sabedoria em dar conselhos, efetuar curas e libertar pessoas de maus-espíritos.

Esta postura cativou os romeiros que via nele um representante de Deus. Pedro Batista não comentava com os romeiros sobre a sua vida, de onde veio, quem era seus pais ou se tinha irmãos, pouco interessava aos seus adeptos. Era como se ele não tivesse tido princípios de dias. Sua chegada a Santa Brígida ocorreu em 14 de junho de1945, tinha como objetivo formar a romaria e desenvolver a agricultura como meio de subsistência para as famílias que ali residiam. Correndo pelo sertão a notícia que o Beato Pedro Batista estava instalado em Santa Brígida, a gente que o conhecia de Alagoas, Sergipe e Pernambuco, veio visitá-lo em romarias.
 Uns com o fito de se instalar ao pé do "Padrinho", outros traziam dinheiro para comprar terras ou alugá-las, pretendendo ali, viver atraídos pela crença, fé e pela ordem que faziam reinar em torno de si. A exemplo da saudosa Madrinha Dodô, que veio do povoado Moreira, no município de Água Branca, onde conheceu o Beato e resolveu acompanhá-lo por afinidade dos trabalhos comunitários de atendimento ao povo pobre e sofrido da região, tornando-se assim, a pessoa mais próxima do padrinho Pedro Batista. Madrinha Dodô, como era conhecida, foi a grande confidente e herdeira espiritual do Beato, passando a ser respeitada e enaltecida pelos romeiros, que viam nela a sabedoria e a caridade, comparando-a com a saudosa Irmã Dulce da Bahia.
O querido e saudoso Beato Padrinho Pedro Batista da Silva, veio a falecer aos oitenta anos, no dia 11 de novembro de 1967, sepultado no cemitério São Pedro em Santa Brígida - Bahia."

Manoel Severo


Zé Rufino na Caravana Cariri Cangaço

Por: Manoel Severo
Antônio Gama, personagem principal em Jeremoabo
Poucas vezes vi um sertanejo falar tão a vontade sobre as coisas do cangaço como o senhor Antônio Gama, morador de Itapicuru d'Água, distrito de Jeremoabo. Era necessário "amordaçar" o homem para uma simples pausa em nossa prosa. Morador antigo de Jeremoabo, conhecedor profundo das coisas e dos causos do sertão, conviveu ainda algum tempo com o coronel Zé Rufino...
"Homem respeitado, sua palavra aqui em Jeremoabo era lei, o homem casava e batizava, era uma espécie de delegado, padre, juiz, conciliador, aconselhador, o homem era um tudo..."

Antônio Gama e Lívio Ferraz
Antônio Gama para as lentes de Aderbal Nogueira
Por longas horas tivemos o senhor Antônio Gama em nossa companhia, primeiro em Itapicuru d'Água, depois até a fazenda Almendas e depois no local onde houve a Chacina de Manoel Salinas. Foram momentos extremamente ricos,  Antônio Gama com um jeito todo especial de contar suas histórias acabava sempre com uma gargalhada sonora e instigante, chegando a ser até desconcertante em suas alegativas, diante de tanta precisão; nas datas, nos fatos e nos personagens.
De todos esses o mais comentado foi o coronel Zé Rufino que ali estabeleceu a base de seu comando e ali passou a viver depois da campanha contra o cangaço sob as bençãos do grande coronel João Sá, o grande potentado local. E continua Antônio Gama:
"O Coronel Zé Rufino era meio 'canguinha', não gostava de gastar um  ou dois tostões, enquanto ele podia ir levando as coisas daquele jeito ele não metia a mão no bolso mas nem 
pelo amor de Deus...
...E aqui era assim, fosse quem fosse, quem tivesse um problema, pequeno ou grande , não importava, ia falar com o coronel Zé Rufino, que a tudo dava o seu jeito e ainda por cima o homem era protegido do João Sá. Olhe era só o povo ouvir o nome de Zé Rufino para ficar logo todo mundo apavorado, o homem era uma fera !"

Manoel Severo
Cariri Cangaço

As cruzes da estrada...

Por: Manoel Severo
Do cemitério temos uma outra vista da Serra do Umbuzeiro
Logo depois de sairmos da Malhada da Caiçara fomos em direção a Santa Brígida, mas o trajeto foi feito pela caatinga, o destino era o cemitério onde estavam sepultados os corpos do pai e da mãe de Maria Bonita. Depois de percorrer cerca de 8 Km chegamos ao campo santo, infelizmente não haviam indicações dos túmulos dos genitores da rainha do cangaço.
Neste campo santo se encontram sepultados o pai e a mãe de Maria Bonita...

Manoel Severo
Extraído do blog: Cariri Cangaço

O capitão Lampião e seus compadres:

Por: Guilherme Machado
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Coiteiros e alcoviteiros do cangaceiro, de Serra Talhada. Os coiteiros vinham da Bahia, Sergipe, Alagoas, Ceará, Paraiba, Pernambuco,.. Todos a troco do dinheiro e das duas sobrevivências e dos seus escalpos.


(Coiteiro Pedro de Cândido é o da esquerda. O da direita é um comerciante de Piranhas)

(O cazendeiro cearense Antonio da Piçarra, na Santa Paz de sua casa com seu cachorro estimado)

O mais famoso “coiteiro” foi Pedro de Cândida - (e não Pedro Cândido ou Pedro de Cândido), segundo D. Cyra Bezerra em conversa com este autor. Corroborado, também, por Araújo (1985 p. 238), nesta assertiva. - Quando este levou o Tenente Bezerra e sua coluna para o “coito” de Lampião na grota do Angico na manhã (5h30) de 28 de julho de 1938, onde o mesmo pereceu - juntamente com Maria Bonita e mais 9 cangaceiros - em cruento combate.

Seus coiteiros mais importantes foram Antônio da Piçarra, de Brejo Santo (estado do Ceará), Ângelo da Jia, de Tacaratu (estado de Penambuco), “Coronel” Marçal Florentino Diniz e Laurindo Diniz, ambos de Princesa Isabel (estado da Paraíba), Marcolino Pereira Diniz, dos Patos de Irerê e também da região limítrofe da Paraíba com Penambuco. A repressão aos agentes patrocinadores do cangaço, principalmente após a tentativa de saque a Mossoró, é destacada por Mello (1985, p. 116), quando relata que;
Extraído do blog:
"Portal do Cangaço de Serrinha - Bahia, do amigo Guilherme Machado

MONÓLOGO DO MORTO (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa
 
MONÓLOGO DO MORTO
Dizem que morri, fui apenas lamentado por corações verdadeiros e pranteado por tantas pessoas falsas que se juntaram ao meu redor para a despedida. Naqueles um adeus de verdade, nestes um suma daqui para sempre.
Lembro das quatro velas acesas, imensas daquelas de sete dias. Alguém deu a ideia de acender somente dois cotocos de velas que encontraram pelas gavetas. Funeral de pobre mesmo, como sempre fui, numa sala sem reboco, num chão sem ladrilho, com padre chegado ali forçadamente, puxado à mão pela beata minha velha conhecida.
Disse algumas palavras para justificar o que seria uma missa de corpo presente, e pronto. E nas palavras o que se pode dizer de todo mundo que não existe mais: era uma pessoa tão boa, tão prestativa, bom amigo e irmão, cuidadoso no trato com as pessoas, sem ter vícios que o desnorteasse dos caminhos da responsabilidade...
Nesse ponto, quando o velho sacerdote falou da minha pureza e da negação aos vícios, mesmo de olhos fechados vi pessoas sorrindo, cochichando, tendo que correr para fora para não cair em gargalhada. Mas que povo mais besta, mais ignorante, parecendo que não se olhava no espelho.
Ora, nunca neguei meus vícios a ninguém, e se o que faço possa ser considerado vício. Creio que não, pois diante de tantos vícios pesados envolvendo drogas e outros vícios humanos envolvendo desonra e imoralidade, até que sou de uma pureza a toda prova.
Nunca vi vício algum em beber cerveja, cachaça e uísque, e às vezes tudo na mesma ocasião. Muito menos fumar cachimbo, cigarro e charuto. Gostar de cabaré nunca foi vício e muito menos de namorar. Por isso mesmo que não precisava que ficassem zombando pelas palavras do sacerdote.
Se fui verdadeiramente viciado em uma coisa, esta foi gostar de viver caminhando sempre pelo lado contrário de tudo, desafiando os perigos, escrevendo meu próprio livro de conduta. Jamais aceitei imposição de quem quer que fosse, por mais rico ou metido a besta, nunca baixei a cabeça nem aceitei nada forçadamente por medo.
Pelo contrário. Até horas atrás, quando ainda estava vivo, continuava dono absoluto do meu passo e do meu ideário. Partidário contra as injustiças sociais, ainda assim nunca levantei uma bandeira de partido político porque seu discurso mentiroso dizia que era de esquerda. Esquerda uma ova, pois quando alcançam o poder todos, indistintamente, se tornam demasiadamente tortos.
Li Marx, Trotsky, Rosa Luxemburgo, Bakunin, Arendt e outros do mesmo modo que li Lewis Carol, Tolkien, Whitman, Drummond, Pessoa, Jorge Amado. Tudo pelo prazer da leitura e do conhecimento, nada mais do que isto. Se eu levantasse desse caixão e dissesse, talvez vocês diriam que era mentira minha, mas já chorei lendo aqueles romances infanto-juvenis de José Mauro de Vasconcelos. Que saudade de Rosinha, minha canoa, de Meu pé de laranja lima...
Gostava, não vou negar agora só porque logo mais estarei tendo o meu passaporte avaliado para saber para qual lado posso seguir, do pecado e de pecar. Mulher casada já foi mais casada comigo do que com os seu maridos corneados. Escrevia cartas de amor para meus amigos entregarem às suas pretendidas, mas quem as encontrava nos escondidos dos cemitérios e dos bequinhos era eu.
Certa vez travei uma longa discussão com um padre sobre a igreja e a existência de Deus. Foi a primeira das tantas vezes que fui excomungado. Provei ao homem que igreja e cabaré são as mesmas coisas e que prostituta não se diferenciava de beata. Ora, eu disse, a igreja é apenas uma construção que precisa verdadeiramente alcançar o fim a que se destina, através do exemplo maior dos seus sacerdotes, padres e sacristãos. Mas o que eles fazem senão denegrir a imagem do templo religioso?
Uma igreja que se respeita cultua a palavra do Senhor e segue os seus mandamentos. E não me parece algo respeitável um templo onde um padre raparigueiro ou pedófilo se reveste de paramento para falsear a palavra sagrada. Do mesmo modo aquelas sonsas que chegam por ali cheias de pecados e ainda assim se acham devotas disso ou daquilo. Em primeiro lugar sejam devotas de si mesmas, respeitando-se, deixando de trair os maridos, deixando de viver para a mentira e a falsidade.
Conheço cabaré com gente mais religiosa do que aquelas que freqüentam assiduamente os templos. Os padres que freqüentam ali às escondidas também sentem isso, tenho a máxima certeza. E porque disse essas verdades o homem me ameaçou de excomungamento. Ameaçou e cumpriu logo assim que me ouviu dizer quem era Deus.
Disse apenas que Deus não pertencia nem a bíblia, a igreja, ao Vaticano, a sacerdote nem a religião. Disse que o Deus verdadeiro era único e individual, pertencente apenas àquele coração que o aceitasse com tamanha devoção e fé que jamais outra força poderia suplantar. Esse Deus de cada um e em cada um é igreja, bíblia, religião e tudo. E não somente o que freqüenta o templo o tem, mas também aquela que é chamada prostituta.
Fui excomungado por isso. E o pior é que foi esse mesmo padre que veio aqui, forçadamente, dizer as mentiras que disse instantes atrás. Agora certamente estará tentando que o meu passaporte para o céu seja negado. Problema dele, se bem sei o que mereço ter.

Rangel Alves da Costa* 
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

FACES DE UMA MESMA CIDADE CHAMADA NATAL

Por: Rostand Medeiros
Photo

Normalmente não esquecemos das belezas de Natal
Mas Natal tem algo mais!
Que normalmente é esquecido.
Agradeço a maravilhosa figura humana de Vilma Maciel, competente professora de Gestão Ambiental da UNP- Universidade Potiguar, pela cessão das imagens “não turísticas”.
 
E O QUE VOCÊ PODE FAZER PELOS ESQUECIDOS DESTA BELA CIDADE?

Extraído do blog:
"Tok de História", do historiógrafo
 Rostand Medeiros

Pessoas Especiais

Por: Archimedes Marques

Archimedes Marques compondo a Caravana Cariri Cangaço-GECC

Amigo Manoel Severo!
Foi realmente um carnaval bastante especial esse que passei em companhia de vocês, pessoas especiais na minha vida.
Saúde, Paz e Prosperidade!

Archimedes Marques

Cariri Cangaço

Estrada de flores (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa

Estrada de flores


Meu amor não esqueço
do sol cortando a pele
do açoite do vento no olhar
dos labirintos medonhos
das distâncias espinhentas
e dos nossos pés e mãos
sangrando incontidamente
marcas das dores do tempo
mas tudo isso passou
foi de um dia meu amor

vencemos as dificuldades
calaram-se as brigas ciumentas
não se ouve mais o grito
dizendo da certeza incerta
que cada um queria manter
apenas para dizer o indesejado
e tudo porque meu amor
soubemos procurar outra estrada
uma estrada sem medo e rancor

de mãos dadas pela estrada
a cada passo um ramalhete
um perfume que chega no ar
um canto de passarinho
uma paz no correr e andar
porque agora merecemos
da vida sentir seus sabores
porque soubemos construir
essa linda estrada de flores.


Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

1925 – ALBERT EINSTEIN NO BRASIL

 Por: Rostand Medeiros

Einstein esteve no Brasil em maio de 1925, mas esta visita é apenas ligeiramente mencionada nas mais conhecidas biografias.
 
Jornal "A Notícia", Recife, Pernambuco, sexta-feira, 15 de maio de 1925

Einstein chegou a Buenos Aires no dia 24 de março, onde ele deveria apresentar duas conferências na Universidade. Dali ele seguiu para Montevidéu, permanecendo uma semana e ministrando três conferências em francês. Do Uruguai ele partiu para o Brasil, para uma semana de permanência no Rio de Janeiro, onde também apresentou conferências. Denis Brian também dedica apenas um parágrafo a esta viagem. Informa que Einstein foi efusivamente recebido pelo embaixador alemão na Argentina e que teve uma crise nervosa durante a viagem, adiando a visita que faria à Califórnia.

Fonte - http://seletynof.wordpress.com/2007/04/12/mecanica-quantica-um-desafio-a-intuicao-i/

Aparentemente, o primeiro convite para Einstein visitar a América do Sul foi feito, em 1923, pelo jornalista e escritor argentino Leopoldo Lugones. Naquele ano Einstein estava sendo vítima de perseguição por causa da sua atitude pacifista durante a primeira guerra mundial, e também por causa da sua origem judaica. Lugones lançou a idéia de oferecer-lhe uma cátedra na Universidade de Buenos Aires, ou o título de doutor honoris causa. Einstein gentilmente agradeceu, alegando que suas ocupações não lhe permitiam viajar. Os argentinos não desistiram e em janeiro de 1924 Einstein recebeu uma carta do Reitor da Universidade de Buenos Aires, José Arce, convidando-o para um ciclo de conferências naquela instituição. Em julho de 1924 Einstein aceita o convite e inicia os preparativos para a viagem: marcação das melhores datas, reservar passagens e organizar sua vida para um período de ausência de aproximadamente três meses. A Asociación Hebraica agenciou convites de outras instituições acadêmicas no Uruguai e no Brasil. Assim, Einstein recebeu convites das Universidades de Córdoba, La Plata e Tucumán, na Argentina, da Universidade de Montevidéu, no Uruguai, e da Faculdade de Medicina e Escola Politécnica do Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro, o rabino Isaiah Raffalovich entrou em contato com o diretor em exercício da Escola Politécnica, Getúlio das Neves, mas o convite que Einstein recebeu era assinado pelo rabino, em nome de Paulo de Frontin, diretor da Escola Politécnica, e Aloysio de Castro, diretor da Faculdade de Medicina.
Einstein deixou a programação de conferências em aberto, para ser definida de acordo com a disponibilidade de tempo em cada local. No Rio de Janeiro, ele acertou a programação no dia da sua chegada, 4 de maio. Além dos compromissos sociais, incluindo uma visita ao presidente da República, Arthur Bernardes, Einstein faria duas conferências sobre a teoria da relatividade no Clube de Engenharia e na Escola Politécnica do Rio de Janeiro e faria uma comunicação na Academia Brasileira de Ciências. No Clube de Engenharia encontrou o salão superlotado por embaixadores, generais do exército, representantes dos ministros e engenheiros, muitos deles acompanhados de suas esposas e filhos. Era evidentemente uma platéia apropriada para um espetáculo qualquer, menos para uma conferência científica.
Mesmo na Escola Politécnica e na Academia Brasileira de Ciências, a capacidade da platéia para entender a conferência de Einstein era muito limitada. Eram poucos os que aqui tinham algum conhecimento sobre a mecânica quântica e a teoria da relatividade. Na verdade, não se sabe quem foi o primeiro no Brasil a ter conhecimento das teorias de Einstein. Cafarelli diz que encontrou o nome de Einstein (escrito errado) pela primeira vez em jornais brasileiros em abril de 1919, num pequeno artigo do Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, a propósito da expedição de brasileiros e britânicos em Sobral (Ce) para observar o eclipse solar e testar a hipótese da curvatura da luz feita por Einstein. Provavelmente o artigo foi inspirado pelo professor Henrique Morize, diretor do Observatório Nacional. O pioneiro na divulgação das idéias relativísticas no Brasil foi o físico-matemático Amoroso Costa. Logo depois que os ingleses noticiaram o resultado positivo da observação do eclipse, Amoroso Costa escreveu um artigo no O Jornal, demonstrando conhecimento da teoria da relatividade. Em 1922 ele escreveu um pequeno livro intitulado Introdução à teoria da relatividade. Todavia, o primeiro a fornecer informações mais detalhadas sobre essa área do conhecimento, foi Roberto Marinho, que era professor da Escola Politécnica. Em 1919, antes mesmo de ter conhecimento dos resultados do eclipse, ele escreveu dois artigos sobre a relatividade geral, publicados em 1920 na Revista de Ciências. O primeiro trabalho original sobre relatividade feito no Brasil deve-se a Teodoro Ramos, da Universidade de São Paulo. Trata-se do artigo A Teoria da Relatividade e as Raias Espectrais do Hidrogênio, publicado em 1923 na Revista Politécnica, de São Paulo.

Fonte - http://enigmadeeinstein.com.br/images/s1.jpg
 
A nota dissonante na recepção a Einstein e sua teoria da relatividade foi dada logo depois da sua partida, em polêmico artigo publicado no O Jornalde 16 de maio, de autoria de Licínio Cardoso, professor de mecânica racional na Escola Politécnica. Intitulado Relatividade Imaginária, o artigo traz o seguinte comentário sobre o livro de Einstein La théorie de la relativité restreinte et genéralisée: “A cada página, pode-se dizer, da obra eu encontrava proposições análogas: umas confundindo o objetivo com o subjetivo, outras afirmando coisas de impossível realização, outras estabelecendo conceitos elementaríssimos e velhos como se fossem novos, tudo, está claro, no meu fraco entender; outras produzindo afirmações incompreensíveis como esta ‘Nous verrons plus tard que ce raisonnement qui s’appelle dans la Mécanique Classique le theorème de la composition des vitesses n’est pas rigoureux et, par conséquent, que ce theorème n’est pas vérifié en réalité’. O que tem a lei abstrata da composição das velocidades com a velocidade particular de cada corpo? Sempre a confusão entre o abstrato e o concreto (…) Demonstrei que o professor Einstein, confundindo os pontos de vista abstrato e concreto, toma por objetivo o que é subjetivo e vice-versa e não distingue entre ciência abstrata e relações particulares das existências concretas.” (In: Moreira e Videira, p.131).

Texto do Professor C. A. dos Santos – Instituto de Física da UFRGS
-5.805909 -35.210544

Extraído do blog: "Tok de História", do historiógrafo
Rostand Medeiros

http://tokdehistoria.wordpress.com