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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A Cangaceira Sila em noite calorosa

Por: Alfredo Bonessi

 Realizou-se na terça-feira, 06 de dezembro de 2011, no auditório da Livraria Saraiva do Shoping Iguatemi de Fortaleza-Ce, mais um encontro do GECC – Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará – sob o comando do Escritor, Estudante e Pesquisador Ângelo Osmiro.
Reunida a Diretoria do GEC, seus membros ativos e visitantes, deu-se o início a abordagem do tema proposto – Sila mentiu?.
Passada a palavra ao estudante,  Pesquisador e Membro Fundador do GECC -
Aderbal Nogueira- e principal interessado na abordagem e discussão do tema, o mesmo proferiu a seguinte pergunta aos presentes e em seguida passou a palavra ao sucessor por ordem das cadeiras:
- peço, por gentileza,  a todos os presentes que citem três mentiras  ditas por  Sila.
O microfone passou de mão em mão até o Professor, Estudante, Pesquisador e Membro Fundador do GECC – Alfredo Bonessi- o qual proferiu as seguintes palavras:
- nenhum personagem daqueles tempos, que restou vivo, volante e cangaceiro,  foi  capaz de aquilatar as repercussões que o tema cangaço teria  futuramente;
- todos procuraram enfeitar a história do pouco que se lembraram,  omitiram seus crimes, os crimes que participaram e os crimes vivenciaram;
- a idade avançada foi  o principal  fator  capaz de embaralhar as datas dos eventos, fatos  e acontecidos citados por esses personagens;
- Sila escreveu três livros  todos diferentes em conteúdo. Neles  se confunde no tempo entre os  personagens:  irmãos – pai -
Zé Bahiano (seu admirador e futuro marido) -
Nenê (de Luiz Pedro)  e fatos, principalmente com relação a sim mesma, aponto de não saber a data em que nasceu, nem que idade tinha quando seu pai faleceu. Comprovou-se que ela queria mesmo ir para cangaço e esperava por Zé Bahiano. 
Na verdade apareceu Zé Sereno, tendo ela acompanhado esse cangaceiro sem saber do destino de Zé Bahiano. Ele já havia morrido meses antes.
 - no mais é aquilo que já foi dito: Sila tinha pouca vivência no Cangaço, sabia muito pouco, era uma simples dona de casa em São Paulo quando, descoberta,  virou artista e famosa. A idade avançada e os anos  de muito sofrimento fez com que escondesse alguma coisa com medo da justiça, com medo de comprometer outras pessoas e levou para o túmulo pouca coisa que ainda não sabemos.
Por fim, o Estudante e Pesquisador Ângelo Osmiro apresentou  o resultado de um trabalho seu sobre os livros escritos por Sila, comparando-os  a luz de datas, fatos e acontecidos em que todos os presentes puderam realmente ficar a par das discrepâncias  acontecidas, mais de uma dezena de equívocos, contradições, omissões  donde se concluiu  que Sila estava perdida no tempo e no espaço quando ditou a obra para os escritores que escreveram o que quiseram sobre ela.  Sila mesmo em vida confessou que nem ela tinha lido os livros e não sabia o que tinham escrito sobre a vida dela.
Por fim, concluímos,  que ainda temos muito que pesquisar e estudar, eliminando e deixando de lado aqueles escritores fantasiosos e destituídos de vontade de buscar a verdade.
O cangaço é um mistério que se acabou com Lampião em 28 de julho de 1938 – só ele poderia nos dizer o porque de tudo aquilo, o porque da violência, o porque de ser cangaceiro, o porque do orgulho, da prepotência, da arrogância com relação aos demais pobres sertanejos, trabalhadores, sofredores, que se não bastasse a região hostil, as intempéries, as doenças,  as secas,  ainda sofriam nas mãos dos seus  algozes: volantes  e cangaceiros.
Somente o tempo poderá nos indicar as veredas culturais de raízes históricas em que se possa encontra os motivos,  as razões para tanta violência, desamor, crimes de todas as formas, ganância,  cuja verdade absoluta jaz no interior dos túmulos  daqueles que se debateram naqueles tempos, com dor, sofrimento e  sangramentos  de ambos os lados.  Se tudo isso valeu a pena,  a resposta está com eles.
Alfredo Bonessi  - Professor – SBECC - GECC
Enviado pelo autor: Capitão Alfredo Bonessi

A Marcha de Lampião em AURORA

Por: José Cícero
José Cícero com o Sr. Vicente de Generosa - Filho do guia de Lampião no Jatobá: Antonio Arara
José Cícero no sítio Jatobá entrevistando o Sr. Vicente de Generosa - Parente/filho dos guias de Lampião (família Arara).
Massilon se separa do Bando de Lampião no sítio Japão.
- O assassinato do guia pelo cangaceiro Massilon na Catingueira.
Tendo saído da fazenda Ipueiras às pressas, após o cerco do dia 7, Lampião atravessa o Salgado e chega com seu bando ao sítio Jatobá de onde leva três pessoas de uma mesma família como guias
Quando da passagem de Lampião com seu bando pelo sítio Jatobá no município de Aurora no dia 8 de julho de 1927, logo após o histórico fogo da Ipueiras, três pessoas de uma mesma família foram 'pegas', para servir de guias. Um rapazola leiteiro, um sitiante e um vaqueiro. Seus nomes: Zé Vicente, Zé Alves e Antonio Arara, respectivamente. Todos trabalhadores do eito, residentes no sítio Jatobá dos Araras.
Tudo estava calmo naquele mundo ermo, cercado de mato e morros. Havia rumores de que pras bandas da rua a umas três léguas dali, soldados do governo estavam a um passo de dá cabo de Lampião. A estação era um vaivém dos seiscentos diabos. Coisa de gente grande que era melhor nem se falar...
Mas ninguém da ribeira do Jatobá imaginava que os cangaceiros que estavam do outro lado do rio Salgado e da própria vila, pudessem de fato passar sequer por perto daquele lugar distante. Até os boatos dando conta de Lampião e das volantes chegavam aos pouco e distorcidos por aquele fim de mundo. Até que numa certa manhã a velha calmaria foi quebrada como que numa maldição.. O improvável aconteceu. Quando o leiteiro do sítio (quase uma criança) se esbarrou de súbito com um bando de cangaceiros, quando este atravessava o riacho (hoje existe uma barragem). Sem tempo sequer para sentir medo, o garoto foi interrogado pelos facínoras:
- pra onde você leva este leite menino? - Perguntou um dos bandoleiros.
– Vou entregar lá na rua meu senhor. - Respondeu o jovem leiteiro um tanto trêmulo.
– Acho que hoje, aqueles lá não vão tomar leite não. Né mesmo cambada!... - emendou o bandido.
Sem demora o bando logo se apoderou do balde. O menino estupefato, ficou apenas observando aquela cena em silêncio. A princípio, não entendia bem o que estava de fato acontecendo. Quase todo o líquido foi bebido pela cabroeira. O resto foi derramado ali mesmo, na margem do riacho. Lampião, o chefe do grupo, neste momento estava um pouco mais afastado, como que averiguando melhor aquele ambiente que para todos eles, era por demais desconhecido.
E os cangaceiros após beberem e derramarem todo o leite, ainda 'mangavam' do menino brejeiro:
– Deixa a rua para outro dia menino. Você vai agora é com a gente pra ensinar o caminho. Além do mais, na rua você vai dar é com a língua nos dentes e nos entregar aos macacos. - Disse por fim, o tal cangaceiro. 
Riacho do Jatobá onde ouve o 1º encontro do bando de Lampião com o jovem leiteiro Zé Vicente Arara
1- Local onde aconteceu o incêndio da Ipueiras com o serrote dos Cantins ao fundo. 2 - Local onde Lampião descansou na antiga residência do guia Davi Silva na Malhada Vermelha. 3 - JC com o Sr. Moreirinha que em 1927 testemunhou quando Lampião passou pela M. Funda. 4- Sr. Chico Ferreirão com uma relíquia: A janela da sua antiga residência alvejada à bala por um tiro dado pelo grupo de Massilon.

Lampião naquele momento já estava junto do grupo. Mas continuava pensativo. Algo o preocupa além da conta. O grupo agia como se o velho chefe estivesse desligado do mundo. Quem sabe em descanso das ordens e das decisões costumeiras. Mas nesses instantes de pressentimentos o capitão costumava ficar irascível. E eles sabiam disso. Por isso é melhor não incomodá-lo com nenhuma asneira ou aborrecimentos indesejáveis.
Havia um verdadeiro burburinho entre os bandoleiros. Mas, até então, ninguém sabia do que de fato se tratava. Muito menos os pobres roceiros que ali já se sentiam reféns dos cangaceiros .
Seguindo o menino a cabroeira logo alcançou a casa do sitiante: o Sr. Zé Alves- tio do leiteiro. O cumprimento foi lacônico e seco. - Oh de casa!
- Aquilo é o bando de Lampião, José! – Alertou Dona Raimunda, a esposa, quase num muxoxo.
– Deixa de eguagem mulher. Aqueles por essas horas já devem é tá presos nas Ipueiras do coronel. - respondeu o chefe da casa. Nem sabia ele, que seria a grande vítima de uma desgraça...

Subitamente, por trás da pequena casa, alguns cangaceiros começaram a vasculhar o pequeno sótão já no interior da pobre residência. Estavam como fome. Queriam queijo, farinha e rapadura. Não encontraram o que desejavam. Mas não saíram de mãos vazias. Levaram algumas “cabaças” para transportar água. Pois as deles ficaram para trás com a saída às pressas de Ipueiras durante o cerco do dia 7.
O dono da casa foi convidado a segui-los, juntamente com um cunhado que se encontrava(como que escondido) na cozinha . Seu nome era Antonio Arara cunhado do dono da casa(Zé Alves). Dona Raimunda ainda pediu que não os levaram. Dizendo ter filhos pequenos pra criar. Mas não teve jeito. O bando seguiu na direção do sítio Japão meia légua mais adiante. Iam todos a pé. Seguiam no sentido do poente pelo caminho de São Francisco (hoje Quitaiús). Depois derivaram para o sul.
Estavam arranchado um pouco mais pra trás, na descida do riacho sob as sombras das árvores. Lampião, havia enviado(disfarçadamente) dois cangaceiros até a entrada da cidade. Onde receberiam encomendas de um homem forte do lugar. Um ex-prefeito: munição, de comer e algumas garrafas de bebidas finas. De novo, Lampião se encontrava desconfiado. Mas precisava de comida e municição...
Quando finalmente os emissários retornaram, Virgulino pareceu mais calmo. O episódio relacionado a traição da Ipueiras não saíra da sua cabeça. Não trouxeram comida. Logo, Virgulino Solicitou que os guias experimentassem primeiro a tal bebida. Só após vários goles dos dois homens, foi que autorizou que a sua cambada sorvessem a aguardente.
- Um presente de uma autoridade, tem sempre um sabor especial. Mas a gente tem que ter cuidado – disse ele. Em seguida completou: - Veja só, a munição é das boas, diferente da que comprei caro, aquele coronel traidor fio de uma égua. Prosseguiram.

Durante o trajeto, o cangaceiro Massilon Leite se agastou com o guia Zé Alves quando este o dissera que tinha o que fazer em casa. Tomou a indagação como uma piada. Lampião não gostou da rispidez de Massilon para com o guia em tom de ameaça por uma coisa tão trivial. De modo que o repreendeu fortemente na frente de todos.
– Respeite o homem Massilon! - disse o rei do cangaço: - O que ele está fazendo por nós é um grande favor. - O cangaceiro, emudeceu. Trancou-se por dentro em seu orgulho. Achou aquilo uma grande desfeita. Tudo culpa daquele desconhecido. Era um sujeito frio e vingativo. Os exemplos eram fartos neste expediente. E assim que o bando chegou na ladeira do sítio Japão, Massilon fez alto; dizendo à Lampião que a partir daquele local seguiria numa nova direção como o seu próprio grupo. Faria igualmente os Marcelinos, dias antes, ainda no riacho do sangue. O chefe aquiesceu.
Despediu-se de Virgulino, dizendo apenas: - até outro dia, capitão. – E Lampião com a mão estendida no ar, desejou-lhe boa sorte. E ainda aconselhou: – Tome cuidado, as coisas não estão boas pra ninguém. E não abuse da sorte. - disse o capitão.
José Cícero entrevista o Sr. Chico Ferreirão morador da Catingueira por onde passou Massilon com seu grupo.
1 - Grota da Catingueira onde foi lançado o corpo de Zé Alves. 2 - Local da antiga residência de Izaías Arruda e Zé Cardoso na Faz. Ipueiras. 3 - JC entrevista parente do vaqueiro de Zé Cardoso. 4 - Dona Ana Silva esposa de Davi Silva(esta Sra. falecera pouco depois desta entrevista ano passado).
O gesto de adeus foi imitado por todo o resto do bando. Apenas cinco cangaceiros acompanharam Massilon. Em seguida, ele próprio apontou para Zé Alves o sitiante do Jatobá, dizendo: - Quero este aqui como o meu guia. – E assim foi feito.
Logo nos primeiros passos no sentido Sul, um dos cabras de Lampião(talvez Sabino), afirmou em relação ao guia: - Aquele não voltará mais vivo.
Um pouco mais à frente, antes mesmo de chegarem ao sítio Vazantes, Lampião agradeceu aos dois guias que ficaram com ele. Assaz amistoso e educado, pagou-lhes com algum dinheiro pelo serviço.
– Meus amigos, não digam aos meus inimigos por onde eu fui.
- Pode crer meu capitão. - E assim os dois moradores do Jatobá voltaram pra casa. Estavam aliviados e até alegres, afinal de contas, após um dia e uma noite de andança pela caatinga guiando cangaceiros, estavam sãos e salvos.
Mas depois pensaram com preocupação:
- E Zé Alves, como estará ele? Será que já retornou primeiro que nós?
- Deus haverá de ter guiado ele nos rumos de casa.
- Quem meu padim pade Ciço te ousa meu tio.
Estavam ansiosos para chegar ao Jatobá e contar a aventura. E, principalmente saber notícias o quanto antes do chefe da casa. E assim, finalmente, chegaram, um tanto exaustos, no lusco-fusco do dia. Péssima notícia os aguardavam. Zé Alves não estava lá. Todos ficaram preocupados. As mulheres chorosas começaram a rezar.
Mas, quem sabe,(disseram) ele tivesse ido mais longe? Mas, haveria de voltar tranqüilo como nós. Esse pensamento vez por outra, servia-lhes de consolo... Mas não por tanto tempo.
Massilon seguira inicialmente para o Sul e depois para as fímbrias do nascente como que quisesse dá a volta para retornar à Paraiba. Agora sem Lampião, ficara ainda mais cruel e perigoso. Desconfiava até do vento assobiando sobre a copa das matas. Boatos davam conta de que as volantes do major Moisés agora ajudada pela jagunçada do coronel Izaías Arruda, estavariam espalhadas por toda a Aurora. Os macacos não lhes dariam mais trégua.
Esses pensamentos o atormentavam. Tinha, vez por outra, verdadeiro aceso de raiva. Era um bicho em forma de gente. Os que iam com ele, também não ficariam por baixo. A morte estava expressa na 'bila' dos olhos de cada um deles.
Até que chegando no lugar de nome Catingueira a cerca de três léguas(mais ou menos) de onde deixaram Lampião; Massilon ouviu do guia que a partir daquele ponto, não conhecia mais nada. Podiam se perder.
O cangaceiro com a cara amarrada cheio de ódio, apenas o respondeu com ironia:
- Você não vai né, mas porém também não volta... - Os outros que estavam ao seu lado, apenas riram como quem já soubessem como iria terminar aquela história.
Sem mais um palavra, o perverso Massilon sacou a arma e à queima roupa, assassinou de maneira fria e covarde Zé Alves com um balaço na cabeça. O corpo do guia foi jogado numa grota ao lado(foto). Uma perversidade sem tamanho.
Seguiu em frente com os seus, como se nada tivesse acontecido. Tinha sede de sangue. Segundo dizem, um lavrador que tirava lenha na mata assim que avistara o bando do alto do serrote, saiu na frente e avisou aos que moravam no caminho. Todos deixaram suas casas. Algumas delas foram alvejadas...
Quatro dias depois, um vaqueiro da região que procurava uma vaca desgarrada percebeu sobre a grota um enorme e estranho bando de urubus. Não era o animal que procurava, e sim o cadáver do pobre agricultor do Jatobá sendo devorado pelos abutres dos sertões. Era o corpo do guia vítima de Massilon. A família ficou sabendo e, só reconheceu o corpo devido o cinturão que ele usava.
Depois daquele bárbaro assassinato ocorrido no sítio Catingueira no município de Aurora não se teve mais nenhuma notícia acerca do itinerário do cangaceiro Massilon Leite com o seu grupo de facínoras.
Cruz da Catingueira - marco do local onde o guia Zé Alves foi assassinado pelo cangaceiro Massilon Leite em julho de 1927.

1 - JC e Luiz Domingos(revista Aurora) com o filho de Davi Silva na Malhada Funda 2 - JC e Rdo. Davi com o punhal que Lampião presenteara o seu pai. 3 - JC entrevista Seu Edgar Rangel testemunha do confronto do sítio Ribeiro no Bordão de Velho. 4- JC, Dr. Sebastião Rangel e o vice-pref. Antonio Landim no sítio Ribeiro(riacho das Murtas) local do confronto.
Enquanto isso, o rei do cangaço com seus comandados pernoitaria em segurança no sítio Juá (Vazantes) na residência do Sr. Agostinho Silva, onde um boi foi assado para o jantar do bando. De lá, continuaria sua marcha agora com o auxilio de dois novos guias: João Pereira e Joaquim de Lira(dois vaqueiros) requisitados no Alto da Boa Vista(no riacho da Caiçara) entre as serra dos Quintos e do Góes quase na fronteita de Aurora com Caririaçu. Ambos o levariam até o sítio Cajuí nas proximidades da vila de Ingazeiras. Depois, já no dia 9 de julho atravessou o rio Salgado e a linha do trem da RVC no lugar Morro Dourado de onde seguiu, finalmente, para a Paraíba e depois para sua terra natal, o Pernambuco.
José Cícero
Secretário de Cultura
Pesquisador do cangaço
Aurora-CE.
Fragmentos do livro: "Lampião em AURORA – Antes e Depois de Mossoró" – de: José Cícero(Inédito - 2011).
LEIA MAIS EM:
Postado por SECULTE-AURORA

MUSEU DE LAMPIAO - SERRA TALHADA - PE

Vídeos que falam em cangaço e Lampião


 Museu do Cangaço, Serra Talhada, Pernambuco, terra natal de Lampião, o Rei do Cangaço ( 13-7-2009 ).


Lampião o maior cangaceiro do Brasil no sertão castigado por secas prolongadas e marcado por desigualdades, nasce o mais temido e respeitado cangaceiro, Virgulino Ferreira da Silva

Histórias do vovô Paulo – Lampião. Quando o pai de meu avô viu Lampião

CANGAÇO E CANGACEIROS: HISTÓRIAS E IMAGENS FOTOGRÁFICAS DO TEMPO DE LAMPIÃO

Por: Marcos Edílson de Araújo Clemente
RESUMO:
Este trabalho analisa a relação história e fotografia em seus aspectos teóricos e metodológicos, com enfoque no cangaço da fase de Virgulino Ferreira da Silva (Lampião) entre 1926-38.
Há imagens fotográficas de Lampião e seu bando em pelo menos duas ocasiões: a primeira, em 1926, quando esteve em Juazeiro, Ceará, para encontro com Padre Cícero.
Padre Cícero
Na segunda ocasião, em 1936, o mascate Benjamim Abrahão Botto filmou Lampião e seu bando no deserto do Raso da Catarina.
Benjamim Abraão
As fotografias mostram os cangaceiros em cenas da vida cotidiana, em poses de guerra, rezando, lendo. Tal aparato fotográfico expõe um conjunto de representações do cangaço. Duas questões são colocadas: qual o lugar da imagem fotográfica enquanto evidência histórica? Quais são os limites e as possibilidades da iconografia fotográfica do cangaço?

Sobre seca no Sertão - 05 de Dezembro de 2011

Por: Geraldo Maia do Nascimento
O ano de 1915 foi de sede e fome para o sertão nordestino. Episódios terríveis foram registrados naquele ano. Leva de retirantes dirigia-se para Mossoró, diariamente, em busca da salvação. Mas muitos não conseguiam chegar ao destino; morriam pelo caminho. Aos que chegavam restava a vergonha da miséria, a humilhação de pedir o que comer, de implorar por um trabalho onde pudesse ganhar o que comer. 
Chega  1916 e com ele bom inverno. Mas para os flagelados de Mossoró, a situação era a mesma. Muitos continuaram residindo sob a copa verde dos juazeiros e quixabeiras. A chuva trouxe enxurradas, que encheram os barreiros, criando focos de endemias. A febre veio dizimando criaturas indefesas, que sem comida nem agasalho tentavam sobreviver.
O padre Manoel de Almeida Barreto, na época Diretor do Colégio Diocesano Santa Luzia e pároco, registrou um encontro que teve com uma flagelada na periferia da cidade. Assim registrou o padre: 
“Uma mulher caminhava a passos perdidos, soluçando aos ventos a elegia dos infinitamente tristes. 
- Que há, minha velha? Disse-lhe. 
- Sei dizer que ali, debaixo daquela quixabeira, perdi marido, filhos, todos, somente eu fiquei para sofrer... 
- E para onde vai? 
- Sozinha sigo para minha terra Pau dos Ferros. Choveu lá. Perdi tudo, porém lá tenho parentes e está chovido, é o que basta. Chuva em minha terra, nada falta. Mas ali, debaixo daquela quixabeira de meus pecados, perdi e deixo a minha alma!... Sinto febre, estou a morte, não sei se alcançarei Pau dos Ferros. Estou por tudo, pois a vida que tenho está ali enterrada, perto, disse, daquela quixabeira. Algumas palavras de conforto e alguns tostões caíram naquela alma que saiu em pranto, cambaleando, ao farfalhar da brisa nordestina, sem esperança de chegar a terra, donde emigrou forçada”. 
Naquela época, a administração municipal estava a cargo do comerciante Francisco Vicente Cunha da Mota. Apesar das dificuldades que teve de vencer, ocasionadas pela seca, a sua administração ficou assinalada por uma série de acontecimentos e realizações notáveis, todas de incentivo ao desenvolvimento de Mossoró e região. 
O historiador Câmara Cascudo registra: “Há uma sociedade, em 1916, construindo rodovias para auto-caminhões, ligando Mossoró a Limoeiro, no Ceará. A Intendência auxilia com cinco contos. Cuida-se de urbanismo. O engenheiro Henrique de Navaes mandara uma planta da cidade com projeção de bairros novos e sistematização dos existentes.” 
É nesse ano que Mossoró ilumina-se de luz elétrica. A Intendência contratara o serviço com a Empresa Força, Luz e Melhoramentos de Mossoró. A iluminação começaria com 120 lâmpadas de 32 velas. 
Foi também nesse ano, a 15 de outubro de 1916, que circulou o primeiro número do jornal “O Nordeste”, sendo proprietário José Martins de Vasconcelos. O referido jornal circulou até 1934. José Vasconcelos era jornalista, poeta, músico, político, historiador, autodidata, animador de quaisquer entidades culturais, sendo um espírito sem desânimo e uma figura de alta simpatia humana, segundo as palavras de Cascudo. 
Como curiosidade podemos registrar que foi nesse mesmo ano que Manoel Reginaldo da Rocha, conhecido por “Nezinho Doze Anos”, construiu uma série de vinte casinhas, dando nome ao bairro “Doze Anos”. O apelido devia-se ao fato do mesmo ser pequenino e fraco, parecendo ter apenas aquela idade. Ficara assim chamada a “Família Doze Anos”. 
Foi assim o ano de 1916 em Mossoró.
Geraldo Maia do Nascimento
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JOÃO DE SOUSA LIMA

Por: Jack de Witte

Agradecimento do pesquisador do cangaço Jack de Witte, ao escritor João de Sousa Lima pela homenagem aos amigos:
Também!
Abraço
Jack de Witte

JOÃO DE SOUSA LIMA

Por: Capitão Alfredo Bonessi
Agradecimento do Capitão Alfredo Bonessi ao escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima, pela homenagem aos amigos:
Clique em um dos links:
Olá João!

Obrigado por lembrar meu nome - vamos em frente com nossos estudos.
abraço
Recomendações
Alfredo Bonessi

A ARTE POÉTICA DE KIDELMIR DANTAS

Por: Antonio Kidelmir Dantas

Kidelmir Dantas dedica ao escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima, pela homenagem feita aos amigos.

Clique em um dos links:


Nosso João de Sousa Lima,
Cabra bom Pauloafonsino,
Rememora os amigos,
Com muita ciência e tino.
Aqueles que levam a sério,
Histórias, vidas e mistério,
Deste Sertão nordestino.

Agradeço a lembrança,
Meu nome na relação,
Pois a nossa amizade,
Essa consideração,
Não foi pega em arapuca,
Nem em jogo de sinuca,
Nem em mesa de salão.

Kydelmir Dantas
Mossoró-RN - dezembro de 2011
Repassado por
Antonio Kydelmir Dantas de Oliveira/BRA/
Petrobras em 07/12/2011 11:33
Assunto: RE: [João de Sousa Lima]
AOS VERDADEIROS VAQUEIROS DA HISTÓRIA

O poeta e cantador João Melchíades Ferreira da Silva


João Melchiades Ferreira, violeiro e poeta da Literatura de Cordel Bananeiras / PB
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
O poeta popular e cantador João Melchíades Ferreira da Silva nasceu em Bananeiras, Paraíba, em 7 de setembro de 1869.
Filho de pequenos proprietários ficou órfão de pai muito cedo. Nunca freqüentou a escola. Aprendeu a ler com o beato Antônio Simão que pregava o catolicismo e alfabetizava adultos e crianças, por ordem do Padre Ibiapina.
Entrou para o exército aos 19 anos e, cinco anos depois, foi promovido a sargento. Combateu os partidários de Antônio Conselheiro na Guerra de Canudos, em 1897, e participou das campanhas do Acre, na disputa de território entre o Brasil e a Bolívia, em 1903.
Em 1904, depois de reformado do Exército voltou a morar na capital paraibana, onde casou e teve quatro filhos, tornando-se poeta popular e cantador. Segundo alguns, era mais poeta popular do que cantador, não se enquadrando como um repentista nato.
Intitulava-se o Cantor da Borborema e é invocado, com nome e codinome, na obra de Ariano Suassuna  A Pedra do Reino.
É autor do folheto A Guerra de Canudos, o primeiro cordel sobre Antônio Conselheiro, publicado no início do século XX que, apesar de não ter sido assinado, foi identificado como seu pelo pesquisador José Calasans.
Os seus folhetos, na sua grande maioria, eram revisados e impressos na tipografia do seu amigo Francisco das Chagas Batista.
Considerado um dos grandes poetas populares da primeira geração de cordelistas do Nordeste brasileiro, Melchíades já publicava folhetos com regularidade em 1914.
Era um poeta-cronista da sua região de origem, principalmente da Serra da Borborema, narrando histórias e feitos dos seus habitantes, beatos, heróis e valentes, além de descrever seus usos e costumes.
Estima-se que seja autor de 36 cordéis. Da sua obra podem ser destacados, além d'  A Guerra de Canudos, O Pavão Misterioso; História do valente sertanejo Zé Garcia; As quatro órfãs de Portugal ou o valor da honestidade; Combate de José Colatino com o Carranca do Piauí; História de Rosa Branca de castidade; História de Antonio Silvino; A história de Carlos Magno e os 12 pares de França; Peleja de Joaquim Jaqueira com João Melquíades; História do Rei do Meio Dia e a moça pobre; História sertaneja; Quinta peleja dos protestantes com João Melquíades; História do viadinho e a moça da floresta; O príncipe Roldão no Leão de Ouro; A besta de sete cabeças; As quatro moças do céu: fé, esperança, caridade e formosura
João Melchíades Ferreira da Silva morreu em João Pessoa no dia 10 de dezembro de 1933.
Recife, 15 de dezembro de 2008.
FONTES CONSULTADAS:
ALMEIDA, Átila Augusto F. de; ALVES SOBRINHO, José. Dicionário bio-bibliográfico de repentistas e poetas de bancada. João Pessoa: UFPB, Editora Universitária; Campina Grande: Centro de Ciências e Tecnologia - UFPB, 1978. v. 1.
BENJAMIM, Roberto. João Melchíades Ferreira: biografia. Disponível em: <http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/JoaoMelquiades/joaoMelquiades_biografia.html>. Acesso em: 5 dez. 2008.
GRILLO, Maria Ângela de Faria. A arte do povo: histórias na literatura de cordel (1900-1940). 255 f. 2005. Tese (Doutorado em História).- Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, 2005.
JOÃO Melchíades Ferreira: poeta popular. Disponível em: <http://fotolog.terra.com.br/editora_coqueiro%3A503>. Acesso em: 5 dez. 2008.
COMO CITAR ESTE TEXTO:
Fonte: GASPAR, Lúcia. João Melchíades Ferreira. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009.

Extraído do blog: "Acorda Cordel"

Massilon - Nas Veredas do Cangaço e Outros Temas Afins


Por: Honório de Medeiros
Comentário do leitor Daniel sobre o livro de Honório de Medeiros - Massilon - Nas Veredas do Cangaço e Outros Temas Afins

Primeiro contato
Este é o primeiro livro que leio relacionado ao cangaço ou a Lampião.
Creio que todo brasileiro - pouco conhecedor que somos de nossa história - vê as atividades de Lampião com um certo romantismo, eu pelo menos tenha essa visão, o fraco lutando contra os fortes e, durante muito tempo, vencendo-os.

Quando comprei este livro, em minha ignorância neste tema, acreditava que Massilon tinha sido um dos cangaceiros do grupo de Lampião. Pois não era!! Nem sabia que houve outros grupos de cangaceiros, para mim todos pertenciam ao grupo de Lampião!!!

Ao contrário do que imaginava, o autor mostra que o cangaço era nada mais nada menos que banditismo, pura e simplesmente banditismo. Ele mostra alguns dos problemas vividos pela população do sertão do Rio Grande do Norte dentre eles o coronelismo, que no meu entendimento é uma das razões para o surgimento do cangaço uma vez que a injustiça e falta de opções levou muitos homens a se tornarem cangaceiros.

Ainda mantém em mim a visão romântica sobre o cangaço, vamos ver se a leitura do livro Lampião - Documentário (que já comprei) vai ajudar a manter ou mudar esta visão.

O livro em si é muito interessante, pois o autor preservou grande parte dos textos originais transcrevendo-os, desta forma tem-se a visão de fontes primárias e não a visão do autor sobre as informações obtidas junto às fontes primárias.

Vale à pena a leitura.

Para você adquirir este maravilhoso trabalho, basta entrar em contato com o autor, Honório de Medeiros através deste e-mail:
honoriodemedeiros@gmail.com

Este você pode confiar.
Sem mentiras e sem calúnias sobre o  rei e a rainha do cangaço