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terça-feira, 22 de novembro de 2011

A vida do Cel. ARRUDA, Cangaceirismo e Coluna Prestes. (Comentário)

Por: Archimedes Marques

bom  trabalho literário, de grande importância para a compreensão da história regional da Paraíba, intitulado "A Vida do Coronel Arruda, Cangaceirismo e Coluna Prestes", de autoria do ilustre Promotor de Justiça paraibano, Severino Coelho Viana, sem dúvida, um dos mais brilhantes pombalenses, constitui-se em excelente contribuição para o mundo literário pertinente ao tema.


O bom trabalho literário, de grande importância para a compreensão da história regional da Paraíba, intitulado "A Vida do Coronel Arruda, Cangaceirismo e Coluna Prestes", de autoria do ilustre Promotor de Justiça paraibano, Severino Coelho Viana, sem dúvida, um dos mais brilhantes pombalenses, constitui-se em excelente contribuição para o mundo literário pertinente ao tema.
Clemildo_TERNO

O texto, de leitura simples e direta, sem subterfúgios ou palavras difíceis, termina por envolver o leitor do inicio ao fim do livro, buscando mostrar todas as importantes passagens da vida pública do militar, do policial, do politico, do homem, do Cel. Arruda, desde a sua compreensão e retransmissão de que aquele cidadão se tratava de um ser humano espetacular, atencioso e formidável, além de ser dotado de memória estupenda, de tudo se lembrando nos mínimos detalhes, apesar da sua idade avançada quando da entrevista prestada ao autor do livro.

No decorrer da leitura, o leitor, por mais leigo que seja, percebe as grandes qualidades que possuía o Cel. Arruda, destarte para a sua coragem, destreza, honradez, honestidade, um grande homem, entretanto, teimoso e afoito por demais, talvez, por vezes agindo mais pela emoção, mas no intuito de acertar e vencer em vitórias não só suas, mas do seu povo, do povo a quem tanto amava, do povo paraibano a quem tanto defendeu. O exemplo maior dessa ousadia e extrema coragem visando defender o povo da tirania do suposto exército revolucionário que buscava novos rumos para o país, mas para tanto não deixou de praticar rosários de arbitrariedades por onde passou, foi o seu enfrentamento a grande e temível Coluna Prestes, quando da passagem daquela Unidade de Guerra pelo município de Piancó na Paraíba, em fevereiro do ano de 1926. Sem sombras de dúvidas, um ato corajoso de um destemido homem, mas ao mesmo tempo temeroso e intempestivo, vez que de tudo, houve final trágico para muitos combatentes com a cidade praticamente arrasada em verdadeiro inferno. Entretanto, o exército revoltoso de Prestes sentiu a pungência e a força do povo paraibano, apesar de ter realizado verdadeiro e covarde massacre a certos combatentes de Piancó, já rendidos e desarmados como foi o caso do Padre Aristides Ferreira da Cruz e alguns dos seus bravos seguidores.

Padre Aristides Ferreira da Cruz

Tal ato combativo e heróico rendeu ao então sargento Arruda, a importante e dignificante honrária do governo do Presidente do Estado, João Suassuna, por bravura, condecorado com a espada do herói.

João Suassuna

Passeando na interessante leitura do livro, para não muito se alongar no presente comentário que de fato merece destaque para muitos atos heróicos do bravo Cel. Arruda deixamos de tecer dados sobre a sua atuação incansável em busca de criminosos; sobre a prisão que efetuou do temível e sanguinário bandoleiro


Chico Pereira; sobre a sua luta contra o poderio dos chamados "coronéis"; sobre a sua trajetória política de prefeito a deputado estadual; sobre os embates que travou com o

Padre Manoel Otaviano

Padre Manoel Otaviano na época em que ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba; sobre a sua inimizade com o


famoso coronel Jose Pereira e sobre tantos outros acontecimentos pelos quais passou o Cel. Arruda na sua trajetória de militar e delegado de policia em várias cidades da Paraíba embrenhando-se no matagal, nas caatingas, sob o sol causticante em busca dos cangaceiros de Lampião,


deixando de tudo então, para melhor se ater a questão da citada batalha contra a Coluna Prestes, a sua mais arrojada batalha, embora pudesse ter sido evitada se alguém dos combatentes de Piancó não tivesse disparado tiros contra aquele temível e terrível exército revolucionário, como de fato ocorreu, ninguém sabendo quem teria sido o autor de tal audácia que gerou rápida, mas sangrenta guerra naquelas terras da Paraíba.

Consta da leitura que quando a Coluna Prestes entrava em Piancó, talvez em passagem amistosa, ninguém sabe, com os homens da cidade já devidamente preparados e entrincheirados em diversos piquetes de defesa, tiros certeiros alvejaram cavalos e cavaleiros daquela tropa, até mesmo oficiais. Daí por diante o tempo fechou em barulho e desespero, quando intenso tiroteio transformou a cidade de Piancó em verdadeira praça de guerra.

Havia entre os defensores de Piancó, um cidadão que na verdade era um preso que ali estava por demonstrar ser de bom comportamento e assim viver de certas regalias fora da cadeia. Esse detento que possuía tratamento diferenciado era conhecido por "preá" e que ganhara tal apelido por ser considerado exímio rastreador de animais perdidos, que para prova disso, bastavam lhe dar uma rapadura que ele conseguia trazer do meio da caatinga qualquer caprino que por ventura se desgarrasse do rebanho. Na delegacia, por conta de tais benesses, o referido "preá" era uma espécie de faz-de-tudo que lhe mandassem.

Junto aos defensores da cidade o tenente Antônio Benício, delegado de Piancó, que estava do outro lado da rua, noutro piquete, solicitou por gestos e algumas poucas palavras em meio ao barulho ensurdecedor dos estampidos vindos de todos os lados, que "preá" trouxesse quatro fuzis e munição suficiente para o piquete dele que assim necessitava. Não havendo a mínima possibilidade de "preá" atravessar a rua em meio ao cerrado tiroteio sem ser atingido, principalmente com todo aquele apetrecho pesado, então, o agora protagonista da história ora comentada, sargento Arruda, teve a idéia de instruí-lo para pendurar a camisa branca que vestia em um dos fuzis. A estratégia deu certo, pois quando "preá", mesmo tremendo mais do que vara verde, saiu à rua com o fuzil hasteando a bandeira branca, imediatamente os revoltosos de Prestes, ensarilharam suas armas respeitando a decisão contida no símbolo internacional, ou até quem sabe, pensando que os combatentes pretendiam se entregar.Em contraponto, talvez por não saber o que de fato acontecia naquele momento de pausa, outro piquete de defesa da cidade ali próximo, o grupo chefiado pelo Padre Aristides, aproveitou o momento de distração da Coluna Prestes para intensificar o tiroteio em sua direção, trazendo como resultado de tal irrazoabilidade, muitos soldados mortos e feridos.

Luiz Prestes

Disso resultou que a tropa revoltosa, em imensa fúria e ódio, comandada pelo próprio Capitão Luiz Carlos Prestes, investiu fortemente contra o piquete do Padre Aristides Ferreira da Cruz, lançando inclusive duas bombas de efeito narcótico dentro da casa do citado reverendo, o que fez com que aquele grupo, fraco, tonto, sufocado e desorientado, se entregasse.

Covardemente, usando tão somente por base, o atroz sentimento de vingança pelos seus mortos em virtude do incidente ocorrido, o comando da Coluna Prestes determinou que todos "os prisioneiros de guerra" que estavam na casa, incluindo o Padre Aristides e o prefeito de Piancó, o Sr. João Lacerda, bem como o filho deste, fossem conduzidos amarrados a um barreiro ali próximo e lá barbaramente sangrados, um a um, com ferimentos perpetrados por longos punhais enfiados nas jugulares, ou em brutais degolas das vítimas que em gritos e desesperos não foram perdoados, fazendo disso, das maiores arbitrariedades, dos maiores e horrendos crimes praticados pelos soldados revoltosos na caminhada histórica da Coluna Prestes. A água do barreiro da morte ficou tão vermelha de sangue quanto vermelha de vergonha ficou essa covarde ação daqueles homens que diziam lutar por um Brasil melhor, que se diziam revolucionários reformistas. Uma ação totalmente injustificada que jamais justificaria a desastrada ação do grupo do Padre Aristides em ter atirado contra os homens que respeitavam a bandeira branca carregada por "preá". Uma triste, desolada, insana e macabra ação de negatividade em extrema falta de hombridade, sensatez e humanidade contra homens indefesos, desarmados e presos, uma execução sumária em verdadeira chacina, que ficou para sempre guardada nos anais da história de guerra desses valorosos paraibanos contra a poderosa Coluna Prestes.

O discurso do autor do livro não é um discurso autoritário, ditatorial ou mesmo demagógico, é um discurso livre, democrático, que busca novas discussões, mas que traz a verdade, ou pelo menos dela se aproxima, sem mentiras, invencionices, extravagâncias, baseado na história real até mesmo em certos pontos diferindo da história oficial, mas não em forma contundente, sim em trabalho cuidadosamente organizado, de forma realmente consciente, de tudo para mostrar ao leitor o que foi a trajetória vida do cidadão Manuel Arruda de Assis, um verdadeiro exemplo para todos os seus familiares, um homem imortal para os paraibanos, um exemplo a ser seguido por todos os homens de bem.

De parabéns, portanto está o autor do livro, por resgatar a historia desse homem guerreiro que tanto enobrece o solo desse tão importante Estado da Paraíba que tantos ilustres personagens trás para o cenário brasileiro. Uma leitura que de igual modo espero que todos gostem. Um livro que merece estar em todas as boas bibliotecas.

Foi assim que eu vi e senti do livro de Severino Coelho Viana.


Autor:
Archimedes Marques (Delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela Universidade Federal de Sergipe) archimedes-marques@bol.com.br

arruda+cangaceirismo+e+coluna+prestes+comentario

TV São Francisco (Rede Bahia) realiza reportagens sobre o turismo em Paulo Afonso.

Por: João de Sousa Lima


A TV São Francisco realiza uma série de reportagens sobre o turismo em Paulo Afonso, assim também como entrevistas com pioneiros da história da cidade, já tendo sido entrevistados Antonio Galdino, Claudio Xavier e Abel Barbosa.

Um dos pontos visitados foi o Museu Casa de Maria Bonita. O Jornalista Pablo com João Lima e o cinegrafista Ailton.


A equipe da TV São Francisco no Museu Casa de Maria Bonita.
Abel Barbosa, o principal nome da emancipação política de Paulo Afonso, recebeu  a equipe da TV São Francisco em sua residência.
Pablo, João e Ailton

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço:
João de Sousa Lima

MEU MARIDO MATOU " LAMPIÃO "

Reportagem de Laércio de Vasconcelos
 Cyra e João Bezerra
A saga de Lampião marcou a história nordestina. Sua trajetória violenta, seu desafio a lei o transformaram em figura mítica. Por outro lado, o homem que o perseguiu e matou jamais foi reconhecido como herói, sem nome quase caiu na obscuridade. O Capitão João Bezerra morreu na cidade de Garanhuns, em Pernambuco, em 1969, sem exigir recompensa de suas campanhas no comando de volantes, caatinga adentro, atrás de perigosos cangaceiros. No Recife, vive ainda sua viúva. Cyra Bezerra Britto, 61 anos, alimentada pelas lembranças do tempo em que seu marido enfrentava o Rei do Cangaço. Em sua casa, D. Cyra guarda ainda o facão que degolou um outro capitão honorário: Virgulino Ferreira. Bezerra o chamava de “O Cego”, pois Lampião não enxergava de um olho.
Em contrapartida, o cangaceiro apelidara Bezerra de Cão Coxo, pois o capitão, mancava de uma perna, devido a um antigo ferimento à bala. Lampião tinha especial ódio a Bezerra, mas também o temia. Mandava-lhe bilhetes desafiando-o, mas sempre fugia de uma luta frente a frente.
D. Cyra recorda que sua vida de casada esteve sempre ligada ao problema dos cangaceiros e das volantes de seu marido. Diz: “Quando me casei com Bezerra eu tinha 15 anos e ele 35. Temível contra os bandidos, meu marido era bom chefe de família. Seus soldados gostavam dele e o obedeciam cegamente. Depois de travar luta e acabar com vários bandos de cangaceiros, entre os quais
O cangaceiro Gato
Gato e Corisco, Bezerra se dedicava especialmente a guerrilha contra Lampião.
O cangaceiro Corisco
Os fatos se passaram há muito e D. Cyra não se lembra com certeza das datas certas, mas tem excelente memória para detalhes e os recorda com alegria ou lágrimas nos olhos. Principalmente quando ela fala naquele dia, quando seu marido se embrenhou no sertão, mais uma vez em busca de Lampião.
Tudo começou assim: “Eu nunca tive medo de nada, pois quando criança estava acostumada a me esconder no mato, fugindo dos cangaceiros que ameaçavam meu pai. Até que veio aquele dia em que meu marido, ajudado pelo tenente Ferreira e o sargento Aniceto, encontrou Lampião na serra de Angico e o abateu inclusive Maria Bonita.
Isso foi em 1938. Nós sabíamos que a família de Pedro de Cândida acoitava Lampião. Pedro ia sempre lá em casa, para colher informações e passá-las ao bandido. Certa vez, ele chegou, dizendo que Lampião estava para os lados Moxotó, em Pernambuco. Era mentira e Bezerra logo percebeu isso. Para despistar, meu marido
TROPA DO Cel. JOÃO BEZERRA, que combateu Lampião.

Foi com a tropa para cidade de Pedra. O sargento Aniceto ficou em Delmiro Gouveia, à espera de notícias. Depois de Bezerra partir, chegou um caboclo amigo nosso, contando que Lampião tinha sido visto perto de Angico. Imediatamente passei um telegrama para o meu marido e outro para Aniceto, em Delmiro Gouveia. Eles, imediatamente, dirigiram suas volantes para Piranha, onde embarcaram em canoas pequenas, amarradas umas às outras com a finalidade de levar mais soldados. Quando Bezerra saiu à caça de Lampião, a noite estava enluarada e bonita. Senti muito medo, mas confiava em meu marido e na sua vitória. Fiquei ao lado de um soldado doente, até as quatro da madrugada. Ele acordou esperou  e me disse: Dona Cyra, o Capitão Bezerra entrou em combate. Estou ouvindo o tiroteio. A cidade entrou em polvorosa. Quando amanheceu, todo mundo assustou-se com o estampido de um tiro. Será que o bando de Lampião estava tão perto assim? Corri para fora de casa e soube então que um homem ao carregar uma arma disparou-a acidentalmente, ferindo a mulher. Fui à casa deles e encontrei a coitada quase morrendo, suplicando que não prendessem o marido. Depois, ela apagou. No meio daquela agonia, chegou um rapaz dizendo que vinha rio abaixo uma canoa cheia de homens. Pedi para ele ir até a margem do Rio São Francisco, para ver se Lampião havia fugido. Nesse caso, ele deveria voltar e avisar a gente na cidade. Se desse tempo, nós fugíamos. Fui para casa e fiquei esperando os acontecimentos. Já ouvia barulhos estranhos por toda cidade. Eram tiros e gritos. Eu não entendia nada daquilo. Mas pensava: “Se o rapaz não voltou, talvez Lampião o tivesse pegado e agora o bandido está entrando na cidade.”. Fui para a calçada da casa, à espera do pior. Um grupo de homens surgiu no fim da rua. Na frente deles, eu vi Bezerra, caminhando todo ensangüentado. Atrás vinham os seus soldados, trazendo cabeças seguras pelos cabelos. Foi o quadro mais horrível que presenciei na vida. Corri para dentro, apavorada,, e me debrucei no berço da minha filha. Não conseguia tirar as mãos do rosto. Foi quando senti entrar gente no meu quarto. Era Bezerra. Ele disse: “Minha filha, venci. O Cego está morto. Venha ver”. Mas eu não tinha coragem de tirar as mãos do rosto. Bezerra insistia: “Você não quer ver? Olhe, eu estou ferido”.
BEZERRA BOTOU SEU FEITO EM LIVRO
Quando me levantei, os soldados já estavam no quarto, muito alegres, jogando uns nos outros, perfumes encontrado com os cangaceiros. Dançavam e cantavam “Mulher Rendeira”. Eu tinha uma sensação estranha, um arrepio me passava pelo corpo todo. Minha filha no berço e os soldados dançando e cantando em volta dela.  Tudo cheirava a suor e a perfume. Aquilo me sufocava. Peguei a minha filha e corri para a sala. Lá, uma tia minha, vendo o meu sofrimento, agarrou a menina e a levou para a sua casa. Foi então que me acalmei e passei a tratar dos ferimentos do meu marido e dos seus comandados. Lá fora, a cidade inteira dava tiros para o ar, cantava e comemorava a morte de Lampião. Nossa casa foi invadida. Todo mundo queria ver as cabeças decepadas. Bezerra, mesmo ferido, gritava e dava ordens pedindo que passassem um telegrama para seus chefes, contando que o Cego estava morto. Depois, olhou para mim e disse: Quero ver se você se lembra da cara de Lampião. Quando menina, você o conheceu, não é verdade?

O cheiro de sangue agora dominava o ambiente. Espalhados pelo chão se achavam os apetrechos dos cangaceiros. Onze cabeças decepadas se apoiavam ao chão contra a parede. Uma delas era a de Maria Bonita. A seu lado estava a de Lampião, com uma expressão de desespero. Naquele momento, me lembrei de seu rosto. Quando o vi pela primeira vez, eu tinha 11 anos. Então em estava na Fazenda Lagoa dos Patos, de meu pai, o Coronel Antonio Menino, o homem mais importante da região. Eu gostava muito de montar a cavalo e de visitar as fazendas próximas. Num desses passeios, fui parar na Fazenda do Poço. Aí percebi que havia festa na casa grande. Parei no pátio e vi homens rindo e conversando, sentados num banco. Não me interessei por eles. Fiquei olhando pela janela o pessoal que dançava dentro de casa. Era muito bonito o arrastar de pés daqueles homens, acompanhando o ritmo de um xaxado. De repente, um dos quatro que estava no banco pegou as rédeas do meu cavalo, me olhou e disse asperamente: “Saia daqui e não volte menina!”. Não gostei daquela maneira de me tratarem e olhei-o bem nos olhos. Ele, vendo que eu não o obedecia, chicoteou o animal com violência. O cavalo disparou e só parou quando chegamos em casa. Agora eu via novamente a cabeça daquele homem, Lampião. Disse comigo: “Nunca mais vai haver Lampião” Sentia um grande alivio.
Depois, seguimos para Maceió, onde as cabeças decepadas pelos soldados foram entregues ao comandante da Polícia Militar. Finalmente, começamos a viver com mais tranqüilidade. Bezerra foi nomeado delegado regional em São José da Lage, onde ficamos durante vinte anos. Enquanto ele foi vivo, procurei sempre apagar aqueles fatos da minha mente. Nunca falávamos dos tempos do cangaço. Sua recompensa foi uma viagem ao Rio de Janeiro, onde Bezerra se encontrou com o Presidente Getúlio Vargas. Depois, caiu no esquecimento. Tudo o que disseram sobre ele se baseia em mentiras, em acontecimentos deturpados. Até o filme sobre o cangaço foi feito de inverdades, mostrando os soldados como se fossem bandidos. Não “perdoo esta injustiça feita ao meu marido, que sofreu tanto para acabar com o cangaço no Nordeste”.
O Capitão João Bezerra, em seu livro: “Como Dei Cabo de Lampião”, editado em 1940, nega ter pessoalmente cortado as cabeças dos cangaceiros. Em certo trecho ele conta que após os soldados trocarem tiros com os cangaceiros ele ouviu a voz de um deles: “Capitão! O Cego morreu e Maria Bonita também!”

O local onde estávamos oferecia grandes dificuldades para sairmos e transportar o soldado morto e o ferido. Embora com sacrifício, devíamos levar o morto e não enterrá-lo ali.

Quanto aos bandidos, o problema se apresentou mais difícil. Se fosse apenas um, poderíamos conduzi-lo, mas se tratava de onze. O único meio de transportar para esses corpos seria as costas dos soldados. E eles não comiam há três dias, a não ser rapadura com farinha. O sol já estava alteando e as dores me chegaram mais e mais. (Bezerra tinha sido ferido na mão e na perna).

Resolvi seguir na frente e deixei o resto a critério do meu auxiliar direito. Atingi a beira do rio, conduzido por dois soldados. Momento depois chegava o aspirante, com o resto da tropa e com as cabeças decepadas. No começo eu quis reclamar, mas ele se justificou dizendo que o soldado morto e o ferido já pesavam muito e mais pesavam ainda os cangaceiros. Todos os soldados vinham carregados com os apetrechos dos bandidos.

Assim, a condução dos corpos seria impraticável. Para transpor uma das barreiras, único lugar de acesso à beira do rio, fora preciso botar no chão, por duas vezes, os corpos dos soldados... Fazer isso com os bandidos seria impossível. Por isso, dei razão ao tenente que trazia a cabeça dos vencidos. Mesmo porque precisávamos dar ao público uma prova de que os cangaceiros realmente haviam morrido. “É necessário lembrar que a degola foi feita em corpos mortos”.
Um abraço a todos, e façam uma boa leitura. Após, postem seus comentários.

IVANILDO ALVES DA SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal/RN

A Polícia, a ordem ferida e o crime organizado.

Por: Archimedes Marques
A extrema ousadia do tráfico dos morros do Rio de Janeiro ao abater um helicóptero da força policial, trouxe à tona mais uma vez a problemática antiga, a ferida crônica de difícil extirpação, que é sem sombras de dúvidas, a questão do crime organizado, raiz do tráfico de armas, do tráfico de drogas, de todos os outros crimes subseqüentes, do descrédito do povo na sua Polícia, no Ministério Público, no Judiciário, nas autoridades dos poderes constituídos, nas leis do Brasil que se mostram ineficazes para debelar este violento e preocupante problema.
Objetivando buscar as origens da dura e triste real problemática, necessário se faz voltarmos um pouco no túnel do tempo e relembrarmos fatos que apesar de terem ficado para trás fazem essa deprimente e vergonhosa história de violência e descaso estatal para com o povo na sua trajetória de sofrimento.
O crime organizado subiu os morros e instalou-se nas favelas das cidades metrópoles do Brasil, em especial, no Rio de Janeiro, com a ascensão do tráfico de drogas no início dos anos 80 e, na contramão, o Estado desceu. Desceu e abandonou o seu povo à própria sorte. Desceu e deixou que o tráfico fizesse as suas vezes de comando e administração das comunidades, que o tráfico fizesse as suas leis, que o tráfico se proliferasse feito epidemia, com isso foram nascendo e crescendo os poderes paralelos através do aparecimento e surgimento das diversas facções criminosas.  
O trafico foi se fortalecendo cada vez mais e arregimentando sempre um maior número de adeptos para as suas facções criminosas. O grande traficante através do seu poderio financeiro e repressivo passou a ser conhecido e respeitado por todos como sendo o rei do morro. O tráfico passou a funcionar nas diversas comunidades como se fosse uma espécie de governo ditatorial paralelo ao nosso Regime Democrático do Direito, ou seja, um poder paralelo.
A ferida crônica, o câncer verdadeiro chamado crime organizado que corroe a ordem constitucional, cresceu de forma vertiginosa se espalhando por todo lugar e atingiu de maneira infame a cidadania e a paz interna do nosso país.
Essa doença crônica que hospitaliza a esperança pela paz, pela dignidade do povo brasileiro, esse vulcão em constante erupção vomitando lavas incandescentes de tráficos, seqüestros, latrocínios, roubos, homicídios, crimes de todos os tipos e corrupções em todas as áreas, urge de soluções imediatas, constantes, concretas e efetivas para o seu saneamento, sob pena da nossa geração futura sofrer conseqüências ainda piores do que estamos a viver.
Assistimos há poucos anos atrás, mais de perto, nos anos 1994/95, o Governo Federal auxiliar ao Governo do Rio de Janeiro enviando as tropas do Exército brasileiro para tentar resolver a problemática do tráfico de drogas nos morros e favelas daquela cidade, usando somente da força, usando da violência legítima do Estado contra os recalcitrantes, contudo, muitas e muitas injustiças e mortes foram praticadas contra pessoas inocentes. As faltas do tato policial, da experiência policial, do manejo policial aliados às ausências de boas informações e dos próprios setores de inteligência fizeram com que os bem intencionados soldados do Exército brasileiro não cumprissem as suas missões a contento e assim os projetos restaram inócuos.
É preciso que se repensem os atos e fatos antecedentes e subseqüentes a tais ações, é preciso também que se repensem as nossas Leis. Precisamos de Leis mais rígidas contra o tráfico, contra o crime organizado. Precisamos de procedimentos Judiciais mais rápidos, ágeis, menos burocráticos e desprovidos de tantos recursos. Precisamos de igual modo extirpar de vez do Poder público todos os funcionários comprovadamente corruptos e que dão suporte com as suas parcelas de contribuição para o fortalecimento do crime organizado.
Conclui-se assim que houve na realidade a privatização da soberania, um poder paralelo, porque o Estado perdeu o controle da situação, mas, tudo isso pode perfeitamente mudar, basta haver a verdadeira vontade política com bons projetos, com mudanças de leis, com as mãos dadas entre os três poderes, com a limpeza e saneamento no funcionalismo público efetivamente e comprovadamente corrupto, com o resgate da dignidade policial principalmente no que tange ao seu salário, com o fortalecimento dos setores de Inteligência dos órgãos de combate ao tráfico, ao crime organizado, com o envolvimento real da sociedade nesta luta. Com toda esta somatória podemos recuperar a soberania do Estado para que a ordem pública ferida seja restabelecida e sempre respeitada por todos.

Autor:
Archimedes Marques (delegado de Polícia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS) – archimedesmarques@infonet.com.br

http:blogdomendesemendes.blogspot.com 

Quão lindas e fraternas são suas palavras... Parabéns!

Por: Juliana Ischiara
Comentário de Juliana Pereira Ischiara sobre o artigo: "Acredito nas pessoas... sempre vai valer a pena", escrito por Manoel Severo, do "blog Cariri Cangaço"
http://cariricangaco.blogspot.com/2011/11/acredito-nas-pessoassempre-vai-valer.html
Amigo e irmão Severo,


Quão lindas e fraternas são suas palavras... Parabéns!
Eu também acredito nas pessoas, acredito na amizade, no amor ao próximo, no poder e amor de Deus. Acredito que o perdoar e o estender a mão, faz bem a quem concede e a quem recebe. Fazer o bem, abraçar, beijar, dizer: estou com saudade; sinto sua falta; eu te amo; você é meu amigo; conte comigo; eu confio em você; eu estou aqui; somos mais que irmãos, somos amigos, estou torcendo por você..., são frases que sempre valerão a pena serem ditas, sempre!
Severo, todos nós que fazemos parte deste grupo que hoje o denominamos de a grande família cariri cangaço, sabe e reconhece seu esforço, sua luta e dedicação para que este espaço seja cada vez melhor, mais qualificado e acolhedor. O propósito desde o começo foi defender nossa cultura, a história e a memória de nosso povo, sem nos esquecermos, porém, de promovermos a paz, o amor e a fraternidade entre nossos amigos e irmãos.
Nossos debates nunca tiveram como intento desrespeitar a quem quer que seja, tendo o respeito, prioridade máxima em nossas discussões.
Estamos aqui, para somar, compartilhando com todos, o resultado de nossos estudos e pesquisas, imprimindo neste espaço, nossas impressões, sentimentos, discordando, concordando, elogiando, incentivando, pedindo desculpas e desculpando, agradecendo e principalmente torcendo pelo outro.
Fazemos o bem e nos protegemos das coisas negativas, apenas com um sorriso, uma palavra, um beijo, um abraço, uma oração… Somos pessoas que erram e acertam, aprendem mais do que ensinam, compartilham seus sonhos…
Pessoas que estão aprendendo a ser melhor enquanto ser humano, indivíduos desprovidos de preconceitos. Somos de todos os tipos, cores, credo e religiões, somos homens, mulheres, ricos de amor, pobres de arrogância e prepotência..., simplesmente humanos, nem sempre temos certeza de tudo, mas acreditamos no que fazemos. Pessoas comuns e especiais umas para as outras, somos transparentes, amigos, espontâneos, sérios, malucos, cantores, artistas, escritores, tagarelas, calados, sabido, ingênuos, sinceros, brincalhões, arengueiros, zangados, engraçados, cangaceiros, coiteiros, volantes, temos até um Bin Laden, só não temos ANÔNIMOS...

Por isso, caros anônimos que nos visitam, saiam do anonimato, venha fazer parte deste grupo de amigos que carinhosamente chamamos de família cariri cangaço.

Saudações a cangaceiras e caatingueiras

Juliana Ischiara
Conselheira do Cariri Cangaço
Diretora do GECC
Sócia da SBEC



O Amigo Severo é um ponto de Luz nesse mundo de trevas.

Por: Capitão Alfredo Bonessi
Caro Amigo Severo:
 
Importante são tuas colocações sobre a Comunicação. Um tema profundo e para   sérias reflexões. A comunicação na natureza extrapola os nossos sentidos. Todos os seres se comunicam.
O leão, considerado  a fera mais perigosa,  ruge de amor.  Todos os animais se comunicam de uma maneira ou de outra. Saber, entender e decodificar os sinais de comunicação  transmitidos entre os seres  é algo espetacular.  
Os seres humanos desde a pré-história  deixaram  desenhados em cavernas  alguma forma de comunicação para serem interpretadas  pelas futuras  gerações.
O surgimento das diversas línguas deu-se, segundo a Bíblia, na construção da Torre de Babel, uma alegoria referente a prepotência do homem mortal em alcançar a Deus.
O trinado dos pássaros, gorjeios  e arrulhos são manifestações de alegrias e de amor.
O barulho das ondas do mar, os ruídos  das águas que despencam das cascatas, os trovões das nuvens carregadas,
os estrondos das lavas de um vulcão que sobem as alturas – tudo isso podem ser interpretados como uma forma de comunicação.
Se os seres humanos não sabem se comunicar como deviam, não se entendem, como fazer para que o progresso da humanidade  não sofra com os diferentes tipos de comportamentos humanos?
Para isso Deus é perfeito em tudo e nos deu a consciência  como tribunal mundano, e um coração, e um pensamento para nos comunicarmos com Deus.  O coração e o pensamento não só servem para nos comunicar com Deus, mas também com todas as coisas que nos rodeiam, principalmente com outras  pessoas, daí a importância de  enviarmos  a todos os nossos  amigos e amigas pensamentos bons e de amor, de paz e de prosperidade e de amizade.
Nada se perde na natureza e tudo fica registrado no grande livro do destino e da vida, até mesmo os nossos pensamentos- livro esse que após a nossa morte será  aberto, lido e contabilizado entre bem e mal, e cujo conteúdo se bom ou ruim  selará nosso destino para sempre.
Temos vistos pessoas rotuladas como místicas, videntes, religiosas, poderosas - que adivinham a vida  e o destino das outras  pessoas, mas não adivinham o seu -  a subirem montanhas para se harmonizarem, para entrarem em contado com Deus-  eu simplesmente dou risadas para isso.
Ora, se  Deus se comunica conosco pelo pensamento e mora no interior do nosso coração, para que sair do lugar onde estou? – Onde eu estiver, seja qual seja a minha condição e situação, a Felicidade, a Alegria e a Paz estarão sempre ao meu alcance – e Deus estará sempre presente.
Se Deus está no interior de cada coração, então somos todos iguais perante Deus; se todos os corações estão harmonizados  com Deus infinito, então somos um com criador.
Deus é amor, e portanto,   somos amor - todos devemos praticar o amor e deixar de lado as vaidades, as antipatias, as ganâncias, os maus pensamentos,  e distribuir  o amor, a alegria e a felicidade porque:
 “o amor é a única coisa que se multiplica, quando se divide” (Bonessi)
Então meus amigos, quando vires alguém orgulhoso, vaidoso, prepotente porque detém algum cargo público mundano, ou é abastado de riquezas materiais, ou porque escreveu vários livros, se julga sábio,  e pensa que está acima de todos – tenha pena dele – porque com certeza essa pessoa está afastada de Deus.  “ mestre é aquele que aprende e não o que ensina” -  “quando o discípulo está pronto, o mestre aparece” -  Quem tem Deus no coração é amigo sincero, divide conhecimento com o único objetivo de engrandecer a cultura das pessoas, reparte  de bom agrado aquilo que sabe, esclarece as mentes que estão duvidosas direcionando-as  ao caminho certo, estende a mão amiga a quem precisa e socorre com atenção quando se é procurado – exemplo de Jesus – sabendo pela virtude que “cada alma que se eleva, eleva o mundo”.     
Saber se comunicar é uma  arte, e assim como o artista busca exprimir em seu trabalho a perfeição, o escritor em seus escritos,  o poeta em seus versos, os amigos em suas amizades, o Cariri Cangaço procura nos unir ao redor de um ponto de luz nesse mundo de trevas  e aflição: esse ponto de Luz chama-se Manoel Severo e sua brilhante obra.
Assim Seja
Alfredo Bonessi – SBEC - GECC
Enviado pelo autro: Capitão Alfredo Bonessi

Acredito nas pessoas...sempre vai valer a pena


Quando estamos dispostos a fazer, mesmo que uma simples reflexão a cerca do que representa a comunicação, vamos nos deparar sem dúvida nenhuma com uma das mais concretas constatações: Que maravilha! Na verdade a comunicação é um grande presente de Deus; para quem acredita em Deus; eu, não só acredito, como respeito e amo. Pois sim; voltando à comunicação; esse instrumento maravilhoso que é o presente da comunicação, concede sentido à vida, torna tudo mais prazeroso, compartilha idéias, conhecimentos, impressões, aproxima sentimentos, pessoas, vidas, almas.

...sempre vai valer a pena!

A internet entrou de vez na vida de todos, em menor ou maior grau, acabamos todos fazendo parte de uma grande e universal família, onde as distâncias e as limitações geográficas foram deixadas para traz e essa tão cantada "comunicação" agora não conhece fronteiras. Os emails, as redes sociais, os sites, blogs, portais, enfim; acabaram no colocando em um mesmo caldeirão.

Nosso humilde espaço cariricangaco.com  nessa fantástica globosfera digital, também nasceu com esse sentimento: congraçamento, encontro, celebração. Congraçamento, encontro e celebração de uma grande família, a família Cariri Cangaço de todo o planeta. Por aqui passam e se abancam todos, grandes e  anônimos pesquisadores, escritores de uma, duas ou mil palavras, curiosos, atentos, desatentos, amantes e amados, tanta gente, que passaria o dia tentando adjetivar.


Aqui, nosso objetivo principal não é trazer apenas a informação, mas, e sobretudo, é traduzir sentimentos. Muitos não compreendem isso e até se aborrecem. Lamento. Não vamos abrir mão de dizer que adoramos e torcemos por nossos amigos, não vamos abrir mão de dizer a todo instante que vale a pena acreditar nas pessoas, em suas qualidades, em seus talentos e acima de tudo em seus sonhos... E que aqui, é e sempre será um lugar onde todos podem, e devem sentir-se em casa.
Apreciar ou não um estilo literário, concordar ou não com um texto, assimilar ou não uma idéia, acreditar ou não em um relato, são próprios da condição e da dinâmica de nossa racionalidade, intelectualidade, convicções, é o que faz a vida ter sabor; as diferentes cores do arcoiris é que fazem no céu o espetáculo. Infelizmente ainda temos companheiros que não conseguem perceber que não há mais espaço...nem tempo, para o terrível desperdício da vida!


Aqui temos grandes textos, matérias e artigos sensacionais, mas quando postamos um pequeno recado, um simples comentário que seja, uma fotografia de um ou de muitos, juntos e misturados, solitários ou sorridentes, na verdade queremos dizer: Que saudade! Saibam que estão e estarão sempre em nosso coração e que essa nossa caminhada em defesa da história, memória e tradições de nosso chão, das nossas raízes, vale a pena.

Por favor, compreendam que esse espaço foi construído; apesar de nossas inúmeras e enormes insuficiências; com o sentimento de harmonia e união, amamos nossos amigos e estamos aqui apenas por eles: E  são muitos; uma média de 1.100 visitas por dia; assim, em respeito a esses mesmos amigos, esse blog permanecerá sempre com a mesma linha de quando foi criado: Despretensiosamente leve, responsável e respeitoso, abrangente e acima de tudo, apaixonado por seus leitores.

Manoel Severo 
Curador do Cariri Cangaço

http://cariricangaco.blogspot.com/
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