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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Bando de Marcos Oliveira


Marcos de Oliveira , é um artista plástico baiano radicado em São Paulo-SP. "Contando a arte de Marcos de Oliveira"é o titulo de um livro sobre seu trabalho de autoria do jornalista e critico de arte Oscar D´ambrósio. Em 2009 Marcos assinou o cenário do programa Metropolis da TV Cultura, com dois grandes painéis. Confiram uma matéria sobre o artista suas inpirações e transpirações na edição de setembro da revista "Elite Luxury Internacional", páginas 74, 75, 76 e 77 .Apaixonado pelo tema, aqui nos apresenta parte da série CANGAÇO.


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MAIS DO MARCOS?


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E uma galeria virtual no: Flickr.com/photos

 


 

 

FONTE E CORTESIA: KIKO MONTEIRO E O SEU LAMPIÃO ACESO

1897 – FURTAR GALINHAS DAVA REBAIXAMENTO DO POSTO NA POLÍCIA POTIGUAR

Por: Rostand Medeiros
Photo

AUTOR – Coronel PM/RN
Ângelo Mário de Azevedo Dantas

Inicialmente, convém esclarecermos que em um passado mais distante  o termo “POSTO” não servia para designar as patentes dos oficiais. Na verdade, independentemente de o policial militar ser oficial ou praça, a sua colocação na cadeia hierárquica da corporação era denominada POSTO. Exemplos: o posto de sargento, o de anspeçada, o de capitão, etc.
Diferentemente dos dias atuais, pois graduação refere-se aos graus hierárquicos conferidos às praças enquanto que  posto designa os graus dos oficiais militares.
Particularmente, acho que não deveria haver tal distinção. Já existe muita separação dentro da caserna.
Bem, mas o foco principal desta pequena postagem não é posto e nem graduação. Desejo apenas exemplificar mais algumas “modalidades” de antigas reprimendas disciplinares.
Na época, o camarada poderia ser rebaixado do posto temporária ou definitivamente, de acordo com a gravidade da transgressão cometida. Quem era cabo, por exemplo poderia voltar a fazer o serviço de simples soldado por bons dois meses ou então voltar a ser soldado de novo definitivamente.
E fechando esta postagem, segue abaixo um desses rebaixamentos que foi aplicado em julho de 1897. E o motivo está bem legível, razão pela qual desta vez não traduzirei o texto.


O amigo Ângelo Mário de Azevedo Dantas recentemente criou o seu blog, que trata da história de uma das mais antigas instituições da história do Rio Grande do Norte, a Polícia Militar.
Pesquisador extremamente sério e preparado, lançou o livro “Cronologia da Polícia Militar do Rio Grande do Norte”, em dois volumes, que não deve deixar de fazer parte da biblioteca pessoal de quem pesquisa a história deste estado.  É um livro fundamental, cronologicamente bem enquadrado, de fácil leitura, onde um bom pesquisador vai encontra uma bela fonte,  onde é possível beber da água da história, que dá para saciar a todos.

Parabéns por este trabalho.
Para adquirir este livro você deve entra em contato com o autor através do e-mail - dantas.angelo@ig.com.br


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É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Extraído do blog: Tok de História, do historiógrafo
Rostand Medeiros



Velhos Bondes de Salvador

Ariano Suassuna: Sua Biografia e a Bela Poesia dedicada ao Inesquecível Pai

Por: João de Sousa Lima
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Ariano Suassuna
Bio-bibliografia



Nasceu na cidade de João Pessoa, Paraíba, no dia 16 de junho de 1927, filho de João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna e Rita de Cássia Dantas Villar. Fez o curso primário no município de Taperoá, PB. Em 1942, a família Suassuna se transfere para o Recife e Ariano vai estudar no Ginásio Pernambucano e depois no Colégio Oswaldo Cruz.



Em 1946, entrou para a Faculdade de Direito do Recife, onde conheceu um grupo de escritores, atores, poetas, romancistas e pessoas interessadas em arte e literatura, entre os quais, Hermilo Borba Filho, com o qual Ariano fundou o Teatro de Estudantes de Pernambuco. Concluiu o curso de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 1950.



Em 1947, escreveu sua primeira peça de teatro, Uma mulher vestida de sol, baseada no romanceiro popular do Nordeste brasileiro e com ela ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno, em 1948.
No dia 19 de janeiro de 1957, casa-se com Zélia de Andrade Lima, com a qual teve seis filhos: Joaquim, Maria, Manoel, Isabel, Mariana e Ana.
Foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura, do qual fez parte de 1967 a 1973 e do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco, no período de 1968 a 1972.

 

Foi nomeado, em 1969, Diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, ficando no cargo até 1974. Lança no dia 18 de outubro de 1970 o Movimento Armorial, com o concerto Três séculos de música nordestina: do barroco ao armorial, na Igreja de São Pedro dos Clérigos e uma exposição de gravura, pintura e escultura.
De 1975 a 1978 foi Secretário de Educação e Cultura do Recife. Doutorou-se em História pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1976. Foi professor da UFPE por 32 anos, onde ensinou Estética e Teoria do Teatro, Literatura Brasileira e História da Cultura Brasileira. Em agosto de 1989, foi eleito por aclamação para a Academia Brasileira de Letras, tomando posse em maio de 1990, na cadeira número 32, que pertenceu ao escritor Genolino Amado. Dramaturgo, romancista, poeta, ensaísta, defensor incansável da cultura popular, das raízes brasileiras e, especialmente nordestina, é autor de várias obras:


Uma mulher vestida de sol (1947): O desertor de Princesa (1948); Os homens de barro(1949, inédita); Auto de João da Cruz (1949); O arco desabado (1952); Auto da Compadecida (1955); O santo e a porca (1957); O casamento suspeitoso (1957); A pena e a lei (1959); Farsa da boa preguiça (1960); A caseira e a Catarina (1962); Romance d´a pedra do reino e o príncipe de Sangue do Vai-e-Volta (1971, traduzida para o inglês, alemão, francês, espanhol, polonês e holandês


Ariano escreveu um dos mais lindos e perfeito soneto da poesia mundial em lembrança do pai que fora assassinado por questões políticas. Seu pai João Suassuna foi governador da Paraíba e sua morte foi logo após a morte de João Pessoa.


Aqui morava um rei


"Aqui morava um rei quando eu menino
Vestia ouro e castanho no gibão,
Pedra da Sorte sobre meu Destino,
Pulsava junto ao meu, seu coração.

Para mim, o seu cantar era Divino,
Quando ao som da viola e do bordão,
Cantava com voz rouca, o Desatino,
O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.

Mas mataram meu pai. Desde esse dia
Eu me vi, como cego sem meu guia
Que se foi para o Sol, transfigurado.

Sua efígie me queima. Eu sou a presa.
Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa

Espada de Ouro em pasto ensanguentado."


Extraído do blog do escritor e pesquisador do cangaço
João de Sousa Lima

Personagens do Cangaço da Região de Paulo Afonso

Por: João de Sousa Lima

 Paulo Afonso foi uma das regiões mais visitada pelos cangaceiros e muitos remanescentes permaneceram ainda na região depois que o cangaço foi extinto.

Pedro Silvestre (o senhor com a bengala) foi um dos maiores coiteiros de Lampião. Ele residia no povoado Lagoa do Rancho e foi um dos que  enterrou o cangaceiro Sabiá, morto por Lampião.


Arlindo Grande também foi  coiteiro e a residência dos seus pais foi um dos lugares onde eram realizados os famosos bailes do cangaço, no povoado Várzea.


o soldado volante Teófilo Pires do Nascimento foi um dos maiores perseguidores do cangaço e foi ele quem matou o cangaceiro Calais.


No centro da foto o senhor Antonio Chiquinho, construtor da Lagoa do Mel, local onde Lampião matou 16 soldados e nesse mesmo tiroteio perdeu seu irmão mais novo,  Ezequiel.
Antonio foi quem enterrou Ezequiel e depois foi forçado pela policia a desenterrá-lo. Faleceu  recentemente com 106 anos de idade residindo ainda no povoado Baixa do Boi.


O soldado Antonio Calunga e Ozeias (irmão de Maria Bonita) dois remanescentes das lutas cangaceiras em Paulo Afonso.


O cangaceiro Alecrim. Seu nome era Pedro Rimualdo e foi da volante, preso por Lampião foi salvo da morte pelo primo Ângelo Roque e foi forçado a ser cangaceiro. Viveu sempre no seu local de origem: o povoado Sítio do Lúcio.

Extraído do blog do escritor João de Sousa Lima

Diário de Pernambuco: O nº 1, uma relíquia no meu acervo.

Por: João de Sousa Lima

PRIMEIRO DIÁRIO DE PERNAMBUCO - EDIÇÃO NÚMERO 1!!!
O JORNAL MAIS ANTIGO DA AMÉRICA LATINA INCIOU COMO UM FOLHETO.


INCIA ASSIM:

HOJE SEGUNDA FEIRA 7 DE NOVEMBRO E 311 DIAS DO ANNO DE 1825...

O jornal mais antigo em circulação na América Latina, o Diário de Pernambuco foi fundado no dia 7 de novembro de 1825, pelo tipógrafo Antonino José de Miranda Falcão, no Recife.
Na data da sua fundação o Recife ainda não era a capital da província de Pernambuco (e sim Olinda), o que só veio a acontecer em 15 de fevereiro de 1827.
O Diário nasceu na rua Direita, número 267, no bairro de São José, na residência do seu fundador.
Custava 40 réis e foi criado no formato 24,5 x 19cm, como uma simples folha de anúncios, com avisos de compra e venda de imóveis, objetos, leilões, aluguéis, roubos, perdas e achados, fugas e apreensões de escravos, viagens, além de informar a hora de entrada e saída de embarcações no Porto do Recife.

UM POUCO DA HISTÓRIA DA IMPRENSA BRASILEIRA:

Imprensa - Hipólito José da Costa funda, em Londres, o Correio Braziliense (ou Armazém Literário) (1 de junho de 1808). Com a vinda da família real para o Brasil, a Imprensa Régia cria a Gazeta do Rio de Janeiro, dirigida pelo frei José Tibúrcio da Rocha (10/9/1808). Friedrich Koening inventa a rotativa, capaz de rodar 1100 folhas por hora (1811). Surge o primeiro jornal informativo brasileiro: o Diário do Rio de Janeiro, (1 de junho de 1821); no mesmo ano surgem as primeiras folhas essencialmente políticas: o Reverbero Constitucional Fluminense, de Gonçalves Ledo e Januário Barbosa, e o Correio do Rio de Janeiro, de João Soares Lisboa; apesar da censura, circulam no Brasil jornais, como o Typhis Pernambucano, de Frei Caneca, que fazem críticas violentas contra o governo (25 de dezembro de 1823); fundação do Diario de Pernambuco, o mais antigo jornal em circulação no Brasil (7 de novembro de 1825).

Primeiro número do Diario de Pernambuco

Pierre Plancher funda, no Rio de Janeiro, o Jornal do Commercio (1 de outubro) e o liberal Evaristo da Veiga funda o Aurora Fluminense; são igualmente combativos o Repúblico, de Borges da Fonseca, o Observador Constitucional, Líbero Badaró, e a Sentinela do Serro, de Teófilo Otoni, em Ouro Preto; em 1827 o Brasil já conta com 54 periódicos, sendo dezesseis na Capital. Em Paris, Charles Havas funda a primeira agência de notícias (1832). Emilie Girardin funda em Paris o La Presse, primeiro diário a publicar anúncios pagos (1836). Início da publicação, no Rio de Janeiro, da mais antiga revista em circulação no Brasil, a Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1839). Criada nos EUA a agência Associated Press (1848). Surge o primeiro diário de São Paulo, o Constitucional (1848). Criada em Londres a agência de noticias Reuters (1851). Surge na Bahia o primeiro periódico feminino do Brasil: o Jornal das Senhoras, de Violante Bivar e Velasco (1852). Quintino Bocaiúva lança A República, órgão do partido republicano (13 de dezembro de 1870). Rangel Pestana funda A Província de S.Paulo (4 de janeiro de 1875), que em 1 de janeiro de 1890, sob a direção de Júlio de Mesquita, passa a se chamar O Estado de São Paulo. Surge em São Paulo O Diário Popular (8 de novembro de 1884). Otto Mergenthaler inventa o linotipo, eliminando o processo manual de composição gráfica (1885).
No Rio de Janeiro, Rodolfo Dantas funda o Jornal do Brasil (9 de abril de 1891). Entre 1891 e 1894, são fechados pelo governo vários jornais; sobrevivem apenas o Diário Popular e A Gazeta, em São Paulo, A Tribuna, em Santos (SP), e o correio do Povo, em Porto Alegre.

Extraído do blog do escritor e pesquisador do cangaço
João de Sousa Lima
Por: Aderbal Nogueira

Amigos, será que enganar-se ao identificar uma foto antiga, como Sila se enganou, é mentir?

Acredito que muitos se enganaram. Meu amigo Candeeiro sequer se reconheceu em uma fotografia no bando.

Eu mesmo, há pouco, estive no colégio onde estudei até os 17 anos de idade e quando vi a foto da turma que conviveu comigo durante todo esse tempo não consegui lembrar do nome e da fisionomia de metade dos amigos de colégio.
Esse é apenas um exemplo das muitas e muitas "mentiras" que dizem que Sila contou (mentira boba, não?). Não estou para defender Sila, nem nem ninguém, apenas considero uma injustiçada.  Fiquei besta no último Cariri Cangaço, quando falei o nome de Sila e muitos disseram: "Sila mentiu em tudo!" O interessante é que, se não me falha a memória cerca de cinco livros foram escritos sobre ela. Eu me pergunto: Porque escreveram e porque tanta gente leu, se a fama dela é de mentirosa?


Quando publicam um livro que só tem absurdos sobre o cangaço, eu não me dou o trabalho de comprá-lo, pois só vai fazer volume na minha minuscula biblioteca. Quando eu gravo um depoimento que não diz "coisa com  coisa", eu não uso em nenhum documentário feito por mim, e olhem que não foram poucos os depoimentos absurdos que gravei ao longo desses anos todos. Uso apenas os mais plausíveis.
Mas vamos discutir isso na nossa próxima reunião na Livraria Saraiva, do dia 6 de dezembro próximo. Ainda não pedi permissão ao


Severo,


ao Kiko,

ao Ivanildo


e ao Mendes, mas a partir das próximas reuniões, sempre que houver discussões técnicas pretendo gravar e exibir nos blogs, sites e redes sociais.

Abraços, Aderbal Nogueira

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Sila...Durma com um barulho desses !

Por: Sabino Bassetti
Sabino Bassetti

Sila, uma cangaceira de Lampião. Quando os ex cangaceiros começaram a ser procurados por pesquisadores e jornalistas, alguns optaram pelo silêncio ou então economizaram no máximo suas revelações, porém, vários deles percebendo alguma notoriedade e tentando ser aquilo que nunca foram, começaram a dar depoimentos no mínimo duvidosos.

Entre os últimos, a senhora Ilda Ribeiro de Souza, ou seja, Sila; esposa do cangaceiro Zé Sereno, quando solicitada, cansou de dar declarações sem fundamentos. Quem leu o livro "Sila. Uma cangaceira de Lampião" escrito por ela em parceria com Israel Araujo Orico, vai perceber que ela procura se colocar no mesmo nível de Maria Bonita, e guindar Zé Sereno no mesmo nível de Lampião. De acordo com declaração dela própria, Sila entrou no cangaço em novembro de 1936, isto é, um dia antes da morte de Neném, no entanto, ela diz que o famoso Zé Baiano, que havia morrido em 07/6 /1936, estava presente em andanças do grupo de Sereno com ela Sila já fazendo parte do grupo.

Naquela famosa foto do grupo de Zé Sereno, ela identifica Canário e Adilia como sendo Cajazeira e Enedina, além disso não identifica seus irmãos na foto. Mas onde Sila revela não ter nenhum compromisso com a verdade, é quando ela dá declarações sobre os acontecimentos de Angico. Ela consegue ver sinais da tropa nos arredores do coito entre 8 e 9 horas, exatamente no horário que a tropa estava saindo de Piranhas. Também não diz a verdade quando descreve o combate e a fuga.

Bando de Zé Sereno

Mas de nada vai adiantar ficar aqui falando sobre as bobagens que Sila disse ao longo de sua vida, pois, pode ter aquele que vá achar que tenho alguma implicância com ela. Nada disso, porque estou relatando aquilo que ela própria escreveu ou disse a alguém que registrou em livros. O pior já aconteceu, porque houveram aqueles que sem ao menos fazer um confronto, isto é, sem pesquisar a fundo, botaram no papel simplesmente aquilo que ela relatou, e por conta disso, aqueles que não conhecem a história a fundo, inocentemente acreditaram naquilo que leram. Para completar, esses dias, lendo o livro "Lampião em Sergipe" do meu querido amigo Alcino Alves Costa, li na na página 130 que o nome verdadeiro dessa mulher, na realidade não era Ilda Ribeiro da Silva, e sim Hermecilia Braz São Mateus. Durma-se com um barulho desses...
Abraço a todos.

Sabino Bassetti

NOTA CARIRI CANGAÇO: Sila será a personagem principal do próximo encontro Cariri Cangaço-GECC , no espaço Raquel de Queiroz da Livraria Saraiva no Shopping Iguatemi de Fortaleza, na primeira terça-feira de Dezembro, às 19 horas; todos estão convidados.

Cariri Cangaço

COITEIRO DE SAIA (Crônica)

Rangel Alves da Costa

Rangel Alves da Costa

De grande relevância no contexto histórico do banditismo e do cangaceirismo nordestino, o coiteiro foi auxiliar, guardião e relações públicas do chefe valente e seu bando, expressando ao mundo exterior as pretensões bandoleiras.
Corriqueiramente, define-se o coiteiro como sendo o indivíduo que dá asilo, coito a bandidos, que os protege; é aquele que, tendo relações de confiança com um grupo, favorece ou protege os seus integrantes.
No mundo cangaceiro, coiteiro era aquele que guarnecia o bando de víveres, servia de contato com pessoas influentes, procurava se inteirar de toda situação ao redor e depois informar ao grupo sobre possíveis ameaças. Coiteiros famosos foram, por exemplo, Pedro de Cândido
e Mané Félix, na região da Gruta do Angico, onde Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros foram assassinados.
Mesmo não fazendo parte do bando, o coiteiro deveria ter a mesma coragem e sagacidade do cangaceiro. Ora, da sua astúcia muitas vezes dependia a segurança e a sorte de muitos, de suas preciosas informações todos se guarneciam debaixo do sol. E tudo isso feito às escondidas da volante, da polícia que estava sempre investigando a existência de gente defensora da laia bandoleira.
Por tudo isso é que sempre diziam que o destemor, a astúcia e o enfrentamento dos maiores perigos, não eram fatores que coubessem numa mulher, ainda que numa valente sertaneja. E se espalhava pelos quatro cantos que pra ser coiteiro tinha de ter sangue no olho, ser macho, corajoso e capaz de dar a vida para não trair os amigos.
Como se vê, mulher não tinha mesmo lugar nessa vida de coiteiro. Ao menos era o que pensavam até aparecer uma história, logo vista como fantasiosa demais, sobre uma bela sertaneja que por amor a um cangaceiro arredio do seu coração, se tornou coiteira objetivando sempre proteger seu amado. Protegendo, garantindo segurança, tinha esperança de que qualquer dia ele abandonasse aquela vida e corresse para os seus braços.
Respondia pelo nome de Miguelina esse coiteiro de saia. Moça mais bela que o amanhecer, mais sedosa que a brisa desapressada, mais encantadora que a noite de lua sertaneja a se espalhar naqueles rincões de meu Deus. De tão formosa era a mulher, que toda vez que o velho sacerdote passava pela sua janela dizia que ali enxergava uma beleza imaculada.
Mas, quanto à singeleza da mocinha, não sabia nem um terço da missa. Verdade é que no seu íntimo, quando vestia por cima da saia uma calça encourada, na cintura pra cima uma camisa de pano grosso de mangas compridas, um roló de couro cru por cima dos pés macios e um chapeu sertanejo, já de cor fogueada, por cima dos cabelos presos, ninguém dizia que ali não estava um sertanejo do mais autêntico.
Mas não, era Miguelina coiteira, moça bela transformada em mateira, em bicho do mato, cortando veredas, encostando os ouvidos na terra, avistando bem mais longe do que se podia ver e adentrando nas escuridões das moitas e labirintos. E tudo pra ver se por perto tinha macaco, tinha volante, tinha polícia no encalço do bando onde estava o seu grande amor: o cangaceiro Tiziu.
Tiziu era cangaceiro aperreado demais. Havia jurado permanecer ao lado do Capitão para o que desse e viesse, mas também com o coração sofrido todas as vezes que se lembrava da moça bela na janela. Porque os pais de Miguelina nunca aceitaram o namoro da filha com ele é que havia entrado pro bando do Capitão.
Também morrendo de amores, a mocinha se entristecia toda só de pensar na vida dele correndo tanto perigo, jogado à sorte duvidosa da vida e a qualquer hora na mira de um macaco de qualquer volante. Por isso é que assim que sabia que o bando estava por perto, acoitado nas redondezas, não fazia outra coisa senão se danar pelos cantos para ouvir rumores se a polícia também estava por perto, no encalço dos cangaceiros.
Quando acontecia de se confirmar, então ela ficava em tempo de se acabar de preocupação, temerosa demais, e assim resolvia se vestir de homem e chegar ao local onde estava o bando, e sempre se passando por coiteiro. E já estava acostumada a isso. Mais de cinco vezes já havia chegado ali e, engrossando a voz, alertado ao próprio cangaceiro maior.
Tiziu nem desconfiava que ali, revestida daquele sertanejo destemido, estava o seu grande amor. Mas no dia anterior à chacina, ocorrida na madrugada do dia 28 de julho de 38, Miguelina até que ouviu rumores que os homens da volante estavam no outro lado. Não deu tempo de ir nesse dia, mas foi a primeira a avistar a carnificina logo de manhãzinha.
Seu amor não estava entre os mortos. Tiziu passarinho sertanejo conseguiu voar, foi pra bem longe. Mas dizem que um dia voltou e numa tarde, deitado no colo dela, contou uma história de um coiteiro que jurava pensar ser ela todas as vezes que aparecia por lá. Mas nunca lhe foi contado o segredo.
Um dia ela tirou as roupas de coiteiro do velho baú e apareceu diante dele. Tiziu passarinho sertanejo quis voar novamente assustado, mas já estava preso noutra gaiola, comendo do amoroso alpiste. Custou a acreditar, mas acreditou.
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com