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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Relógio de bolso: The Roskopf patentes Watch, fabricado na Alemanha no ano de 1930.

Por: Guilherme Machado
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Pertenceu ao cangaceiro “Tempestade”, o João Vital, que militou no bando de Moreno e Durvalina, no Estado de Alagoas.



 Foi uma doação pela filha de João Vital - o cangaceiro


"Tempertade",


Delfina Vital dos Santos, a doadora, moradora da barragem leste, município de Delmiro Gouveia, no Estado de Alagoas.
  

O relógio foi fabricado no ano de 1930, na Alemanha.

 

Este artigo é parte do todo:

Link:


ALCINO: O GUERREIRO DO SOL NA SUA MAIOR LUTA

 Por: Rangel Alves da Costa

Nos últimos tempos, o mundo cangaceirista tem andado preocupado com a saúde do velho guerreiro do sol, hábil pesquisador e expoente das vinditas bandoleiras, principalmente da tocaia onde ainda se entrincheira o fenômeno cangaço. Fale sobre Alcino, o mossoroense José Mendes Pereira me pediu ainda ontem.


Conforto Mendes e outros amigos que se avolumam pelas terras nordestinas, historiadores de cerco, cangaceiristas de rastro e sede, pesquisadores famintos pela verdade e conversê intrigante, afirmando que o homem, mesmo que ainda esteja em plena recuperação de duas cirurgias quase que seqüenciadas, continua na sua gruta nordestina de sempre: Poço Redondo.
E o melhor, fazendo o que a história lhe incumbiu de cavar e o sertão lhe implorou como filho: ouvindo, assuntando, perguntando, tirando conclusões e esboçando sua síntese fenomenológica nos livros que incessantemente escreve. Pois continua com sede de escrever o danado do Alcino, abrindo velhos baús e tirando de lá preciosidades que o mundo sertanejo precisa conhecer sobre si mesmo.


Nem bem fez o lançamento do livro “Lampião em Sergipe”, no dia 19 de outubro em Aracaju, na última segunda-feira, dia 07, aproveitou que veio fazer exames médicos e já apareceu em casa com a prova de um novo livro, este intitulado “João dos Santos - O Caçador de Curituba”.
Não obstante tamanha força e obstinação, os problemas de saúde surgidos foram realmente preocupantes, dado o quadro clínico e a complexidade do primeiro procedimento cirúrgico. Depois da recuperação desta, teve ainda que se submeter recentemente a outro procedimento mais simples, porém ainda relacionado ao anterior. Dessa vez deixou o hospital em dois dias e no dia seguinte já estava avexado, totalmente agoniado para voltar ao seu Poço Redondo. E assim o fez.
Só retornou a Aracaju ao anoitecer do domingo porque era o jeito, eis que na segunda-feira teria que retirar os pontos. E só vem à capital se for amarrado, como se diz por aqui. Se não surgir algo que realmente reclame a sua presença, podem ter certeza que somente será encontrado no seu sertão, caminhando por aquelas ruas, ouvindo suas músicas sertanejas, escrevendo sobre as diabruras de tantos guerreiros, tecendo em páginas o perfil do sertão, do seu povo e sua história.
Mas com relação à plena recuperação, somente os desígnios divinos e o tempo dirão. Eu, que sou filho, não sou mais menino, que dirá aquela raiz vingada no ano 40 no terreno fértil de Dona Emeliana e Seu Ermerindo? Infelizmente, as doenças aproveitam a idade, o desgaste do corpo e as atribulações vividas por cada um para se instalar no organismo. Mas também eis o sal da vida, uma forma de se lutar mais ainda para se vencer essas visitas inesperadas.
Só Deus sabe como ele se sente por dentro. Mas não pela doença que quis testar sua resistência, e sim a cada vez que recebe o conforto de um amigo, sente a preocupação de um irmão nordestino, sabe dos muitos que realmente oraram e continuam em preces pela sua plena recuperação. Nunca foi de chorar, mas como meninão sertanejo, tenho certeza que lacrimeja internamente toda vez que recebe um telefonema de um cangaceirista de proa, um e-mail de um pesquisador angustiado, uma carta de um sertanejo, uma visita.
Enquanto filho, resta-me agradecer a preocupação verdadeiramente devocionária demonstrada por todos, do Cariri ao Mossoró, do Pernambuco a Bahia, cortando essas fronteiras nordestinas e do Brasil, apenas dizendo que se um dia a pedra, o rochedo, for transformada em pó, ainda não será tão breve o momento de ver a ventania levar tais resquícios.
Se um dia houver um encontro marcado entre

Aderbal Nogueira e Alcindo

Alcino e Lampião, certamente que o Capitão haverá ainda de esperar muito.


 Mas por consolo deste, o velho rochedo sertanejo continuará escrevendo sua história com a fidedignidade daqueles que sempre tiveram compromisso com a verdade.

Poeta e cronista

e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

CHARLES CHAPLIN - UM DISCURSO QUE FAZ FALTA


O Último Discurso de Charles Chaplin

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar - se possível - judeus, o gentio ... negros ... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma do homem ... levantou no mundo as muralhas do ódio ... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, emperdenidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas duas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-se muito mais. A próxima natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem ... um apelo à fraternidade universal ... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora ... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas ... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis!" A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia ... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem os homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais ... que vos desprezam ... que vos escravizam ... que arregimentam as vossas vidas ... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquina!
Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar ... os que não se fazem amar e os inumanos.
Soldados! Não batalheis pela escravidão! lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Estás em vós! Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela ... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo ... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos.
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontres, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergues os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos.

Charles Chaplin


Blog do País - "Madeira"

Zuza Camelo no Esquina da Cultura

Professor Zuza Camelo

Hoje, logo mais às 20 horas; horário brasileiro de verão; não podemos perder a participação de nosso companheiro e amigo, Professor Zuza Camelo no Prograna "Esquina da Cultura" ao vivo pela Web TV - Just Tv, basta acessar:


e conferir...a apresentação é de Marta Corrêa. 


O professor Zuza Camelo, ou: José Vieira Camelo Filho é autor de "Lampião, o Sertão e Sua Gente"; livro que procura contribuir com o debate a respeito da História dos conflitos sociais ocorridos nos sertões do Nordeste, tendo o cangaço como objeto de análise. O cangaço sempre foi caronista dos momentos de crises políticas e sociais ocorridas em várias etapas da História do Brasil. O auge das suas ações e da organização cangaceirista se deu nas três primeiras décadas do século XX, sobretudo com o surgimento de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, a partir de 1918. O leitor vai ter a oportunidade de compreender parte da história da gente sertaneja e o seu modo pacato de vida em meio a um furacão de agitações e de conflitos com suas crendices e imaginários; nos quais se inclui os cangaceiros, as volantes e os próprios coronéis fundiaristas. 
Apesar de focar as questões relacionadas ao cangaço, o livro também faz alguns fleches a respeito de outros movimentos sociais que ocorreram em várias localidades do território brasileiro, tais como Canudos e a Revolução Federalista, que eclodiram na última década do século XIX; Contestado e a Sedição do Juazeiro, na segunda década do século XX; Caldeirão e Pau-de-Colher, na terceira década. Todos esses movimentos tinham em comum a luta pelo acesso e posse da terra, exceto a Revolução Federalista e a Sedição do Juazeiro que apresentavam um cunho mais político. 
Capítulos do livro: I. O espaço geográfico do cangaço / II. A gênese de Lampião e do cangaço / III. Lampião como líder carismático / IV. Tradição oral e o imaginário popular no cangaço / V. Punição, força e o abuso de poder nos sertões do Brasil. Apresenta as considerações finais do autor, Genealogia de “maus” feitores e uma rica bibliografia.

Lampião, o Sertão e sua Gente”, 184 páginas, R$ 30,00

Nota Cariri Cangaço: Estimado amigo Zuza, certamente estaremos acompanhando o amigo pelas ondas da internet. Saiba que admiramos seu trabalho e estimamos tê-lo como um de nossos convidados no Cariri Cangaço 2012; grande abraço.

SILVINO JACQUES, BANDOLEIRO E POETA

Por: Alfredo Bonessi

Durante o lançamento de CASOS DE ROMUALDO EM CORDEL, no Memorial do Rio Grande do Sul, tomei conhecimento da existência do famoso bandoleiro SILVINO JACQUES, afilhado de Getúlio Vargas, que escreveu a sua própria saga em mais de 200 sextilhas.


Ele agiu na década de 1930, participou de revoluções como getulista e depois passou a viver uma vida errante, com um grupo de comandados, vivendo tórridos romances e confrontos históricos na região onde hoje é o Mato Grosso do Sul.


Não sei por que o povo gaúcho batizou a obra erroneamente de “Décimas de Silvino Jacques”, pois o texto é, na verdade, todo em sextilhas... O cartunista SANTIAGO nos informou, por e-mail, que na infância conheceu outras "décimas" contando a vida de outros bandoleiros famosos do RS. A figura de Silvino Jacques é fascinante... Pretendo escrever alguma coisa sobre ele em nosso blog.

Silvino Jacques, bandoleiro-poeta afilhado de Getúlio Vargas
Como já frisei “As Décimas Gaúchas” escritas por SILVINO JACQUES são SEXTILHAS em redondilha maior (sete sílabas), da mesma maneira da Literatura de Cordel nordestina:

1
Vou contar uma historia,
Que muitos devem saber,
Mas contada por quem não viu
É justo não deve crer.
E para que todos saibam
Bem certo vou escrever.
2
Meu nome nunca neguei,
E não pretendo negar,
Me chamo Sylvino Jacques,
E nunca procuro o mal
Ele é quem me procura
E sempre há de me encontrar.
3
Sempre fui perseguido
por um ruim triste destino,
Até chegar ao ponto
De ser um homem ferino
E meu nome ser comentado
Com fama de assassino.
4
Essa triste sorte, de longe
De longe vem me seguindo,
Pois creio que é o meu destino
Que anda me perseguindo,
Embora cheio de mágoas
Eu mostro-me sempre rindo.
5
Sou natural da fronteira
Do Rio Grande estimado,
Criei-me como um gaúcho
De pingo bem encilhado
Sempre alegre e altaneiro
Sem maldizer meu Estado.


6
Fui nascido nas campinas
Do Sul cheio de flores,
Foi onde vi prazeres
E que conheci amores,
E conheci também tristezas
E golpes cheios de dores.
(...)

Enviado para este blog por: Capitão Alfredo Bonessi

FESTA DO MUNICÍPIO AURORA - 2011


FESTA DO MUNICÍPIO 2011

Aniversário dos 128 anos da cidade de  AURORA, no Estado do Ceará.

Aproveitem as Festividades! 
Ainda tem hoje e amanhã. 


 

Paulo Afonso: Um Pouco Mais da História de Sua Criação

Postado por João de Sousa Lima

Como se o destino conspiras-se para facilitar-me o conhecimento da cachoeira de Paulo Afonso, Landulfo Alves, então governador da Bahia, sempre me convidava para excursões ao interior. 


De tal modo as visitas calaram no meu espírito que me induziram a pensar obsessivamente no aproveitamento da cachoeira, com uma grande usina hidrelétrica que fornecesse energia ao nordeste, pois seria o meio mais acertado de erradicar a miséria ali reinante. A cachoeira costumava ser invocada pelo espetáculo de grandiosidade e beleza por poetas, escritores, geógrafos, pintores e homens públicos.


Delmiro Gouveia realizou em 1913 um pequeno aproveitamento da cachoeira, com uma usina de 1.500 HP, para servir a sua fábrica de linhas de coser na vizinha localidade de Pedra, Alagoas. A obra foi realizada mediante concessão do Estado de Alagoas, pelo Decreto nº 520 de 12/08/1911.


O Imperador Dom Pedro II foi conhecer a cachoeira em 1859, pernoitando no local chamado Limpo do Imperador, quando fez anotações no seu diário, que está no Museu Imperial, Petrópolis, Rio de Janeiro.
O desequilíbrio entre o nordeste e o sul, o abismo que separava um do outro, tornava a construção da hidrelétrica imperiosa e premente. Maior vulto e significado a cachoeira assumiu a meus olhos quando me coube o ensejo de medi-la na qualidade de presidente da Subcomissão de Abastecimento da Bahia, em 1943. 


Após a deposição de Getúlio Vargas em 29/10/1945 e a interinidade de José Linhares,


assumia o poder o Presidente Dutra.


Quando Daniel de Carvalho, seu Ministro da Agricultura, me convidou para chefe de seu gabinete, exultei com a possibilidade de incluir no programa o aproveitamento prioritário da cachoeira de Paulo Afonso. A energia que ali se gerasse seria o instrumento para redimir o nordeste e dissipar uma desigualdade profundamente injusta para a sua gente. Foi então que tomei conhecimento de que já existiam dois decretos que objetivavam a mesma finalidade, expedidos no governo Vargas, mas que, com sua deposição, haviam ficado em ponto morto. O aproveitamento de Paulo Afonso havia sido combatido tenazmente pelo Ministro Souza Costa, que afirmava que gastar dinheiro alí seria desperdício.
O processo foi então guardado pelo Dr. Sebastião de Santana Silva, auxiliar do Ministro Apolônio Sales. Também o economista Eugênio Gudin visitara Dutra para dizer-lhe que a construção seria uma loucura, pois, entre outras razões, sequer haveria mercado. Nesse ano (1948) Daniel de Carvalho, Ministro da Agricultura, convenceu Dutra contra a opinião de Gudin. A Chesf havia sido criada em 1945 por Getúlio Vargas, mas só em 1948 Dutra iniciou a obra. A decisão de Dutra de construir Pulo Afonso foi um grande momento da história do Brasil. A conspiração dos derrotistas e negativistas nos gabinetes alastrou-se para combater a obra sob os mais variados pretextos, mas a oposição de hoje será o aplauso de amanhã.
O Ministro Daniel de Carvalho levou ao Presidente Dutra uma lista de três nomes, dentre os quais deveria ser escolhido o organizador e futuro presidente da companhia. Foi escolhido o Engº. Antônio José Alves de Souza, que tinha uma longa tradição de inteligência, cultura e serviços, sendo respeitado tanto pelo seu caráter como pela competência profissional. Engenheiro civil e de minas, formado pela Escola de Minas de Ouro Preto, estava ligado a Paulo Afonso desde 1921, quando, com os engenheiros Jorge Menezes Werneck, Jaime Martins de Souza, Mário Barbosa de Moura e Mengálvio da Silva Rodrigues, fizera o levantamento topográfico da área, por designação do ministro Simões Lopes, no Governo de Epitássio Pessoa. Estava talhado para a missão. Pela Portaria nº 553 de 02/10/47 o Ministro Daniel encarregou Alves de Souza de organizar a grande empresa. Graças ao governador baiano Otávio Mangabeira, a Luiz Viana Filho, Clemente Mariani, Juracy Magalhães e Pereira Lira, a Bahia e a Paraíba foram incluídas no programa. O lançamento oficial da abertura da subscrição pública das ações preferenciais da Companhia foi feito pelo Presidente Dutra, no Palácio do Catete, em 01/12/47.
Alves de Souza não teve dificuldade em formar a sua diretoria. Convidou o General Carlos Berenhauser Júnior, engenheiro eletricista, para Diretor Comercial; Eng.º Adozindo Magalhães de Oliveira, ex-colega da Divisão de Águas, para Diretor Administrativo; e o Eng.º Otávio Marcondes Ferraz para Diretor Técnico. Como Consultor Jurídico, eu, Afrânio de Carvalho. Como o estatuto da Chesf, constituída em assembléia em 15/03/1948, fixara o Rio de Janeiro como seu domicílio, após as primeiras reuniões em salas emprestadas a empresa comprou o 15º andar do edifício 134 da Rua Visconde de Inhaúma, centro do Rio, onde esteve durante 27 anos, até a mudança para Recife em 1975. Com o falecimento do Diretor Administrativo, Eng.º Adozindo Magalhães, em 14/06/53, fui nomeado seu substituto.
De início a Diretoria Técnica de Marcondes Ferraz ficou na sede, onde contava com a assessoria de Domingos Marchetti, além dos engenheiros Gentil Norberto, José Vilela e Júlio Miguel de Freitas. Em 1949 a diretoria técnica mudou-se para Paulo Afonso com todos os engenheiros. Com o tempo, outros engenheiros foram incorporando o quadro: Ernani Gusmão, Othon Soares, Dermeval Rezende, Hilton Fiúza de Castro, Hermínio Keer, Hélio Gadelha de Abreu, Nédio Lopes Marques. 
O Presidente Alves de Souza dividia o seu tempo entre o Rio e Paulo Afonso, onde sua presença motivava os trabalhadores, levantava os ânimos e alegrava todos os colaboradores, dos engenheiros aos operários, com os quais sempre manteve estreito contato pessoal, até sua morte em 18/12/61,em Paulo Afonso, ficando o seu coração sepultado ao pé do seu busto no Jardim Belvedere, a seu pedido. A escrivã Maria de Lourdes Martins, do Cartório de Registro Civil de Paulo Afonso, lavrou a certidão de óbito n.º 309, folha 155, livro 6, sendo Alves de Souza sepultado no Cemitério São João Batista, Botafogo, Rio de Janeiro.
Por sua vez, Marcondes Ferraz, indo residir em Paulo Afonso com sua senhora Dona Marieta Ferraz, dera um magnífico exemplo, estimulando engenheiros, médicos, advogados, técnicos e professores a fazerem o mesmo, imprimindo unidade e segurança, contribuindo para que ali se formasse uma comunidade impregnada de espírito familiar. Para exercer funções de “prefeito” do acampamento, Dr. Adozindo designou seu próprio assistente Dr. José Gomes Barbosa, depois substituído pelo Dr. Sílvio Quintela.
A seleção rigorosa dos dirigentes, a boa vontade dos dirigidos, o relacionamento espontâneo entre todos, compuseram um ambiente propício à colaboração e ao rápido progresso das obras. O trabalho era feito de coração tranqüilo e sorriso nos lábios. Enquanto o Eng.º Marchetti supervisionava as escavações dos túneis, os engenheiros Gentil Norberto, Roberto Montenegro e Reginaldo Sarcinelli eram responsáveis pelas ensecadeiras. Se o laboratório de modelo reduzido desempenhou papel tão decisivo na solução de problemas fluviais, isso se deve ao gênio do Engº André Balança. Na construção das subestações, a competência rara doEngº Paavo Nurmi de Vicenzi. Com o aval da aeronáutica fizemos um campo de aviação, onde pousavam aviões de uma empresa comercial e estacionavam aeronaves da Chesf, a princípio apenas um Beechcraft bimotor e um helicóptero Bell, cujo serviço de aviação foi entregue ao coronel-aviador Humberto Aguiar e ao piloto paulista Carlos Alberto Alves, depois vereador de Paulo Afonso.
A Diretoria Comercial se projetou devido a inteligência e retidão de Berenhauser Júnior, que se cercou de auxiliares capazes como Álvaro de Carvalho, Pimentel Tourinho e Euclides Ribeiro. Os grandes equipamentos eram descarregados nos portos de Recife e Salvador, seguindo em carretas para Paulo Afonso. Os milhares de sacos de cimento iam de trem até Arcoverde e de caminhão até a obra. Milhares de pessoas chegavam a Paulo Afonso em busca de pão e trabalho, construindo ao lado do acampamento um grupo numeroso de casebres cobertos com sacos vazios do cimento Poty usado nas obras, cujo núcleo veio a chamar-se Vila Poty. As redes de dormir eram toda a mobília. Na Poty a companhia construiu banheiros públicos, chafarizes, posto médico, e admitiu os homens necessários, que aprendiam facilmente o serviço e revesavam-se de dia e de noite. Ali estava o sertanejo forte mencionado por Euclides da Cunha. Na obra, o sotaque cantado do nordestino dava um toque original e romântico ao trabalho que faziam. Suportando o calor abrasador, labutavam sorrindo e cantando. Ordeiros e disciplinados, formavam um grupo peculiar no agregado brasileiro. Foi, sem dúvida, o magnífico contingente humano dos nordestinos, perfurando o granito e operando máquinas, que permitiu a vitória final.
Durante a construção, o episódio mais importante foi o fechamento do braço principal do rio, com ensecadeiras, treliças e pedras enrrocadas. O desfecho provocou o mais vivo interesse dos operários, funcionários e de outros nordestinos que afluíram às margens do rio. Até gente de outras cidades, na expectativa de ver o rio fechado. Fechadas as comportas, o Velho Chico estava domado pela astúcia do engenheiro brasileiro. Gritos de alegria e foguetes festivos tornaram aquele momento deveras emocionante e inesquecível, quando um entusiasmado espectador atravessou a pé o leito seco do rio, empunhando a bandeira nacional, em 19/07/54. Sessenta dias após, iniciou-se o enchimento do reservatório para provas de funcionamento da usina, que logo entrou em operação comercial, sendo inaugurada em 15/01/55 pelo Presidente João Café Filho, sucessor de Getúlio Vargas, que se suicidara quatro meses antes.
No acampamento, as modernas casas de alvenaria substituíam a caatinga. Casas para famílias, alojamentos para solteiros, casa de hóspedes, casa da diretoria, hospital, igreja, armazém, restaurante, escolas e clubes sociais. Um oásis sem similar no seio do sertão áspero. Vila Operária, Vila Alves de Souza, Bairro General Dutra. Ao lado do acampamento, a Vila Poty. Pioneiros que formavam a enorme família chesfiana, pessoas vindas dos mais diferentes rincões do país e do mundo, as profissões mais diversas, de todas as idades e religiões, com forte espírito de solidariedade inspirado na grandeza da obra que executavam. Num ambiente de camaradagem, todos amavam apaixonadamente aquele trabalho. Entre tantos outros profissionais, os professores responsáveis pela instrução dos milhares de filhos dos construtores de Paulo Afonso: Dilon Alves, Cláudio Melo, Antonieta Morais, Neide Cerqueira Lima, Ana Freitas, Glícia de Morais, Elvira Rocha, Iracy Santiago, Neide Jatobá, Zilá de Castro, Amanda Morais, Jandira Ramos, Maria Amélia. Ezilda Goiana, Zélia Bandeira, Conceição Siqueira, Eunice Macêdo, etc. No meio de todos, a figura ímpar de Alves de Souza, verdadeiro agremiador e condutor de homens, espírito impregnado de fé e entusiasmo. O Hospital Nair Alves de Souza (homenagem à esposa do presidente), que tinha a responsabilidade de atender aos chesfianos, de repente viu-se sob a premência de acudir numerosas pessoas estranhas, vindas até de outras cidades, atraídas pela fama que logo se espalhou. Não podendo enxotar aqueles carentes, os socorria gratuitamente. O criador e diretor do hospital, Dr. Lourival Burgos Muccini, hábil cirurgião, administrador metódico, tinha em sua equipe os médicos Fernando Freitas, Augusto de Sá Brito, José Elói Medeiros, Militão Cézar Oliveira, Edson Teixeira Barbosa (depois prefeito) e a farmacêutica Nilza Alves.
A construção da usina despertou a atenção do povo por toda parte, que via, pela primeira vez, realizar-se em solo nordestino empreendimento de tão extraordinário vulto. Poucas obras ganharam tanto interesse no Brasil inteiro, como as de Paulo Afonso. Os visitantes chegavam sem cessar, vindos de todas as partes, de ônibus, automóveis e aviões. Na sala dos visitantes ouviam explicações do projeto da hidrelétrica e seguiam com um guia para o imenso canteiro de obras. A comemoração do decênio da Companhia em 15/03/58 foi uma gigante festa íntima, que comemorou os resultados obtidos nos dez anos de intenso e fecundo trabalho, resultados que justificavam a euforia da comemoração. Paulo Afonso deixara de ser uma porção desértica da caatinga, tornando-se uma comunidade civilizada. Um magnífico monumento foi erigido ao lado da barragem oeste, o Parque Belvedere, em homenagem à diretoria realizadora da grande obra. Na programação da festa, missa campal no obelisco, churrasco para milhares de pessoas no Clube Operário, jantar no CPA, bailes em ambos os clubes, em cujas comemorações discursaram Dr. José Gomes Barbosa, Dr. Ebenézer Gueiros, Dr. Paulo Parísio, Dr. Waldemar de Carvalho, Dr. Carlos Berenhauser, Dr. Alves de Souza, Dr. Sílvio Quintela, Dr. Marcondes Ferraz, Dr. Hélio Gadelha, Sr. Pimentel Tourinho, Dr. Roberto Montenegro, Sr. José Francisco Oliveira Diniz, Sr. Olímpio Rodrigues dos Santos e Dr. Afrânio de Carvalho.
Paulo Afonso deixava de ser um sonho utópico, abstrato, para ser a redenção do nordeste brasileiro, realidade concreta e incontestável.
No monumento do Parque Belvedere estão gravadas para sempre as palavras do Dr. Sílvio Quintela:

“A FÉ, A TENACIDADE, O SACRIFÍCIO E A UNIÃO TORNARAM REALIDADE O ANSEIO DE VÁRIAS GERAÇÕES”.

Extraído do blog do escritor e pesquisador do cangaço: João de Sousa Lima

I Festival filmes africanos UFRN

Prezado Alfredo,


segue convite para festival e favor divulgar na tua lista, grata, lisabete

I FESTIVAL DE FILMES AFRICANOS

O primeiro festival de filmes africanos é um evento promovido pelo NAVIS (DAN- UFRN). Os filmes exibidos fazem parte do acervo de documentários e películas de ficção, gentilmente cedidos pela Aliança Francesa.
O NAVIS vem desenvolvendo pesquisas sobre cinema africano, com o objetivo de discutir e divulgar essa produção cinematográfica desconhecida do grande público. O festival pretende trazer questões que ocupam o centro de muitos debates: multiculturalismo, hibridismo, diáspora, tradição e modernidade.  
A importância do festival se dá dentro do contexto de políticas do governo federal, Lei 10639/2003, que vem incentivando o ensino da cultura e da arte afro-descendente e africana nas escolas de ensino básico e médio. Após a exibição haverá debate aberto ao público.

07 às 11 de NOVEMBRO DE 2011 - 16 às 22 hs
07, 08 e 09 (AUDITÓRIO DO NEPSA - UFRN)
10 e 11 (AUDITÓRIO ANEXO BCZM - UFRN)

lisabete coradini
NAVIS UFRN

Enviado para este blog por:
Capitão Alfredo Bonessi

A Saga Nordestina na música de Luiz Gonzaga

Por: Juliana Pereira Ischiara

Foram quarenta e oito anos de “chão” percorrido por Luiz Gonzaga, também chamado de “Lula”, “Lua”, “Luiz”, e “Gonzagão”, numa obra poético-musical que tinha como finalidade enfatizar o sertão, ao qual fora obrigado a deixar em plena adolescência.
Assim como muitos sertanejos, Luiz Gonzaga migrou para a cidade grande em busca de sobrevivência e de uma qualidade de vida melhor, do mesmo modo que Chico Bento, de O Quinze, da Rachel de Queiroz, que largou tudo em busca da sobrevivência deixando seu torrão natal, como também Fabiano, de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, que pega toda família e parte sem destino definido, em busca de algo que lhe garanta a sua sobrevivência e a de sua família.
São muitos os personagens encontrados na literatura e na historiografia que tratam dos problemas enfrentados pelos nordestinos nos períodos de estiagem. Nordestinos que deixavam seu mundo em busca de ajuda do governo ou de serviço que lhes garantisse a sobrevivência.
Mas o Nordeste não é só desgraça, fome, miséria e calamidades. O sertão nordestino também tem riqueza, fartura nos períodos de chuva, forró em salas de reboco, cabra valente, muié séria, home trabaiadô, padim Cíço, lua branca, Asa Branca, Assum Preto, Samarica Parteira, Karolina com K, briga no forró de Mané Vito, festa de mourão (gado), Lampião, o cheiro de Carolina, festa de casamento, tem muié que não faia no trato, Doutô e Coroné, político safado e enganador. O sertão é assim mesmo, tem jeito não.
Quando o sertanejo deixa o sertão, não esquece seu lugar e sempre pensa em voltar, mesmo levando um saco como malota e o cadeado sendo um nó. Ele leva também sua riqueza cultural, leva o triângulo, o zabumba o gonguê e o matulão. Leva sua culinária com a carne seca, a carne do sol, a farinha e o baião-de-dois. Como expressou Euclides da Cunha, em Os Sertões, “o nordestino é antes de tudo um forte”. Quando o sertanejo está longe e escuta “o ronco do trovão, mais minino, ele volta tinindo. Vem botar uma rocinha que é pro mode dá uma casada, nos período de missão, que é mais barato”. É preciso nascer no sertão para saber dessas coisas.
Luiz Gonzaga se inspirava na saudade que sentia do sertão e de sua vivência de sertanejo, sofrida, amarga, romântica, valente e sensível. O certo é que, sem pudor nem piedade, ele mandou “brasa”, divulgando seu sertão, seja lá como fosse, com ou sem sofrimento, pois, o sertão é amado, sofrido, seco, triste, verde e alegre. Um universo com suas imensas diversidades, mas, o sertão é também orgulho.
O repertório de Lula, não trata só das festas juninas, amores achados e perdidos, tristezas e alegrias, mas das injustiças sociais, da crítica às políticas públicas e à má distribuição de renda.
O Brasil inteiro escuta o eco da sanfona e a voz de um nordestino, que migrou para o Sul em busca de sobrevivência e acabou dando certo na vida. Salas nobres, como as do palácio do Catete, tocam a música nordestina e com pretensões do tipo: “Eu vou mostrar prá vocês como se dança o baião, e quem quiser aprender é favor prestar atenção.” (Baião, Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira, 1946)
A saga nordestina na música de Luiz Gonzaga, pretende analisar a representatividade do homem do sertão nordestino, no universo poético e musical criado por Luiz Gonzaga e alguns parceiros importantes, e divulgados pelo seu canto no qual o Rei do Baião se fez porta-voz de uma cultura, muitas vezes, fadada a uma ótica folclórica. E é nesse universo gonzagueano que encontramos elementos que caracterizam o nordestino, quando ele se refere às experiências desses homens, tanto no meio rural quanto no meio urbano. Quando o nordestino sai do plano regional e parte para um plano nacional, no caso a cidade grande, ele vai em busca de sobrevivência nos períodos de seca ou de uma vida melhor. Nesse novo espaço tido como “um mundo moderno e desenvolvido”, depara-se com uma diversidade cultural bastante diferente da que ele havia vivido até então.
Para contextualizar a explicação da saga nordestina no cancioneiro de Luiz Gonzaga, optamos, inicialmente, pela contextualização do Nordeste histórico e geográfico, para chegar à própria figura do artista no seu modo de “ver, viver e sentir” esse Nordeste amado.
No primeiro capítulo, procuramos fazer um breve histórico do sertão desse nordestino, enfocando a sociedade originada da pecuária, responsável pelo povoamento do interior; a relação do homem com a religião, com seus fundamentos messiânicos, que fizeram surgir muitos profetas e ‘messias’, homens que se diziam representantes de um poder divino e que usavam a religião em benefício próprio, a exemplo de padre Cícero de Juazeiro do Norte. As festividades, também, estão diretamente ligadas à religiosidade, no caso das festas juninas, talvez as principais e mais tradicionais do Nordeste, que também faz ligação com o calendário agrícola, com sua época de fartura e de comemorações e, por fim, a expressão religiosa de caráter fundamentalista, pois, o sertanejo se acha responsável pela seca e pelos invernos, tudo dependendo da forma como oraram e dos pecados que cometeram.
No segundo capítulo, buscamos mostrar o nordestino retirante e os sentimentos desses homens em relação à sua terra natal, a saudade dos que tiveram que sair do lugar onde nasceram e viveram boa parte de suas vidas e a representação do sertão no imaginário desse sertanejo, que tem esperança de voltar aos primeiros sinais de melhora, pois o sertão não é só tristeza, fome ou miséria, é também riqueza, fartura e beleza. Enfocamos o Ciclo da Borracha, que encontrou no Nordeste sua mão-de-obra barata, dando início a uma ação que até hoje vivenciamos, que é a migração temporária, com homens jovens que partem em busca de uma condição econômica melhor, deixando para traz a família, mulher e filhos, levados pelos efeitos propagandistas.
No terceiro capítulo, identificamos e analisamos a saga nordestina na música de Luiz Gonzaga, abordando as relações do homem com seu meio e, principalmente, tentando compreender como o sertanejo vive, vê e sente o sertão, buscando entender este deslocamento para a cidade em busca da sobrevivência e o choque cultural sentido por estes homens ao se depararem com uma cultura diferente e tendo que adequar-se a uma nova vida, passando a sofrer influência dessa cultura para poder facilitar sua permanência neste novo meio, tendo que urbanizar-se para conquistar seu espaço.
Quando o homem nordestino sai do seu lugar de origem e entra em outro universo, ele leva consigo o que seria, em nossa opinião, a maior forma de representação de um povo, sua cultura e a forma de como esse povo vive e se relaciona com seu meio, com o outro indivíduo e em sociedade, formando um conjunto de detalhes que se contrapõem.
Procuramos mostrar como o migrante Gonzaga sentiu essas relações, poetizando-as e musicando-as, junto com seus parceiros, mantendo viva a sua cultura, abordando temas corriqueiros do sertão nordestino como secas, crendices, religião, festas, etc., e a influência que ele sofre quando entra em contato com uma outra sociedade, tida como evoluída, do ponto de vista tecnológico e social. É neste momento que ele precisa assimilar este novo modelo cultural, mesclando com o seu e impedindo que a sua cultura desapareça.

Monografia apresentada no Curso de História da UECE, campus de Fortaleza. 2003.
Juliana Pereira Ischiara

Nascida na zona rural do município de Itapiúna - CE. Filha de João Osório Pereira e Maria Audelice Pereira. Casada com Julio Cesar Ischiara. Licenciada em História pela Universidade Estadual do Ceará - UECE, tendo Participado do Grupo de pesquisa: História e Oralidade e defendido dois trabalhos na mesma Universidade, sendo eles: A Saga Nordestina na Música de Luiz Gonzaga; Oficinas e charqueadas no Ceará. Autora do artigo "História da Santa Casa: Ceará", publicado pelo Ministério da Saúde. Cursa Direito na FCRS, onde já defendeu dois trabalhos na semana científica, "Penas alternativas de Direito" e "Um tratado sobre ética". Atualmente, assessora o Instituto de Previdência de Quixadá-CE. Colaboradora da SBEC.
Nota: Atualmente Juliana Ischiara também é formada em Direito, exercendo a profissão há mais de dois anos.

VISITA À FAZENDA PACHECO EM BARRA DO MENDES, NA DIVISA DO MUNICÍPIO DE BARRO ALTO BAHIA, ONDE MATARAM O DIABO LOIRO, CORISCO!

Por: Guilherme Machado
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Árdua viagem de mais de 400 Km de poeira e muito sofrimento, desde Feira de Santana até a Barra dos Mendes, na mesma trilha que fez o tenente Zé Rufino, no dia 25 de Maio de 1940, na certeza de assassinar


Corisco, que viajava com sua afilhada Zefinha de 10 anos, e sua mulher, a Dadá, mais um casal de cangaceiros: Rio Branco e Florência que viajavam em direção à cidade de Bom Jesus da Lapa, no Estado da Bahia.

Falando da minha viagem à Fazenda Pacheco, em Barro Alto, no Estado da Bahia, em busca de informação sobre o massacre de Corisco, só obtive informações de um fazendeiro de Brotas de Macaúbas, o senhor Lídio Dantas Neri, hoje radicado na Fazenda Umbuzeiro em Ibititá, também no Estado da Bahia, e me recebeu oferecendo-me um belo almoço regado e muita fartura, e excelentes informações sobre o cangaceiro Corisco.  


Acima, ver-se foto da família do senhor Lídio, quando me mostrava suas vacas leiteiras, onde ele aparece ao meu lado dentro do curral com seus filhos, netos e seus vaqueiros. Gentilmente, emprestou-me um manso cavalo para que eu terminasse a minha pesquisa.

A fazenda dos Pachecos não existe mais. Na casa da farinha  onde o fazendeiro José Pacheco havia hospedado os casais de cangaceiros, só existe uma feia vegetação catingueira.  

  
A primeira foto mostra a estrada de Irerê até a Barra do Mendes, feita a bordo de um velho ônibus, ano 1974, da empresa Águia do sertão; este estourou dois pneus, por conta da estrada de péssima qualidade.  


Logo acima, ver-se a foto de Corisco, feita em 1936, pelo libanês Benjamim Abraão Boto. 


Nesta caçada mortífera, o tenente Zé Rufino matou Corisco por pura ganância ao dinheiro de frutos de roubos e saques das volantes e dos cangaceiros.  O estúpido militar sabia que Corisco viajava com muito dinheiro em mãos.

 

O cangaceiros Rio Branco e sua companheira Florência, conseguiram escapar da perseguição, pois haviam saído  para lavarem roupas em um povoado chamado Lagoa do Soldado, próximo à Barra do Mendes, e de lá ouviram os tiros. 

Observação:

Corisco e todos os cangaceiros que restaram da malta de Lampião já haviam sido perdoados e anistiados pelo governo da época, Landulfo Alves, interventor de 1938 a 1942.  Sendo assim, eram homens livres. Corisco foi assassinado no dia 25 de maio de 1940.