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sábado, 5 de novembro de 2011

Aí, gente, Milagres não Existem ? - Deputado reduz o próprio salário em Brasília - Antonio Morais


O deputado federal José Antonio Reguffe (PDT-DF), FOTO, que foi proporcionalmente o mais bem votado do país com 266.465 votos, com 18,95% dos votos válidos do DF, estreou na Câmara dos Deputados fazendo barulho. De uma tacada só, protocolou vários ofícios na Diretoria-Geral da Casa.
Abriu mão dos salários extras que os parlamentares recebem (14°. e 15°. salários), reduziu sua verba de gabinete e o número de assessores a que teria direito, de 25 para apenas 9. E tudo em caráter irrevogável, nem se ele quiser poderá voltar atrás. Além disso, reduziu em mais de 80% a cota interna do gabinete, o chamado “cotão”. Dos R$ 23.030 a que teria direito por mês, reduziu para apenas R$ 4.600.

Segundo os ofícios, abriu mão também de toda verba indenizatória, de toda cota de passagens aéreas e do auxílio-moradia, tudo também em caráter irrevogável. Sozinho, vai economizar aos cofres públicos mais de R$ 2,3 milhões (isso mesmo R$ 2.300.000,000) nos quatro anos de mandato. Se os outros 512 deputados seguissem o seu exemplo, a economia aos cofres públicos seria superior a R$ 1,2 bilhão.
“A tese que defendo e que pratico é a de que um mandato parlamentar pode ser de qualidade custando bem menos para o contribuinte do que custa hoje. Esses gastos excessivos são um desrespeito ao contribuinte. Estou fazendo a minha parte e honrando o compromisso que assumi com meus eleitores”, afirmou Reguffe em discurso no plenário.


Quantos Tiriricas, Popós, Romarios, e os outros muitos "parasitas" poderiam seguir este exemplo?

Por: Antonio Morais
Via Blog do Sanharol
Postado por Dihelson Mendonça

CONDENAÇÃO DO OLHO DIREITO DO REI DO CANGAÇO ( LAMPIÃO ) O REI DO CANGAÇO É HOSPITALIZADO NO ESTADO DE SERGIPE EM 1937

 
Nesta fotografia do ano de 1936, de autoria do Sírio Libanês,
 
Benjamim Abraão Botto, ver-se o primeiro à esquerda, o capitão Lampião sem o famoso óculos de lentes redondas, com armação de linhas afinadas em ouro.
Repare na deficiência ocular do rei do cangaço, a catarata é bem nítida. Remelados ou com pequenas infecções. Nesse período Lampião viajou ao Estado de Sergipe para cuidar do olho.
 
Maria Bonita sempre insistia para que Lampião cuidasse do olho vazado. Diante dessa insistência, ele se dirigiu a um hospital na cidade de Laranjeiras, em Sergipe, dizendo ser um fazendeiro pernambucano.
Virgulino tem o olho extraído pelo Dr. Bragança, um conhecido oftalmologista de todo o sertão - e passa um mês internado para se recuperar.
Após pagar todas as despesas da internação, ele sai do hospital, escondido, durante a madrugada, não sem antes deixar escrito a carvão, na parede do quarto:
"Doutor, o senhor não operou fazendeiro nenhum. O olho que o senhor arrancou foi o do Capitão Virgulino Ferreira da Silva, Lampião".

TESOUROS NO FUNDO DO MAR

Por: Rostand Medeiros

 Misturadas às exuberantes flora e fauna subaquáticas do litoral brasileiro estão embarcações antigas e suas preciosas cargas;muitas já foram resgatadas, outras ainda permanecem como mistério a desvendar.

Salvamento da nau Vasco da Gama, em 6 de agosto de 1850, em óleo sobre tela de Eduardo de Martino
TEXTO - Armando S. Bittencourt
Quando o grande navio encalhou, já quase chegando a Salvador, ao bater no banco de Santo Antônio, aproximadamente às 18 horas daquela noite escura e tempestuosa de 5 de maio de 1668, todos a bordo sabiam que havia poucas chances de sobrevivência. Logo depois, o galeão português Sacramento (também conhecido apenas por Sacramento) se soltou e começou a afundar. Às 23 horas, só restavam destroços na superfície do mar. A bordo estavam cerca de 600 pessoas, entre tripulantes e passageiros que vinham de Portugal, inclusive o general Francisco Correia da Silva, designado para o cargo de governador do Brasil.

O Santa Luzia, nave semelhante a nau Sacramento - http://alernavios.blogspot.com/2009/07/santa-luzia.html
Ele não estava entre os que se salvaram, cerca de 70 pessoas, principalmente marinheiros e soldados. Foi uma grande tragédia, lamentada pelos cronistas dos tempos coloniais. Era um navio de guerra português, construído em 1650, na cidade do Porto, para enfrentar as grandes viagens oceânicas e projetar, além-mar, o poder militar de Portugal.
O mundo vivia um período de conflitos, de maneira que as embarcações mercantes navegavam agrupadas em comboios, sob a escolta de navios de guerra. O Sacramento era, justamente, a nau capitânia da frota de uns 50 navios que, no regresso do Brasil, levaria a produção da colônia para a Europa. Trezentos anos depois, no início da década de 1970, o exato local do naufrágio do Sacramento, em frente ao rio Vermelho, na Bahia, foi encontrado por mergulhadores. O sítio arqueológico era um amontoado de pedras de lastro e objetos, inclusive canhões de ferro e bronze. Na mesma década, a Marinha e o Ministério da Educação e Cultura ofereceram os meios para recuperar parte do material submerso, que estava sendo saqueado. O trabalho se desenvolveu de 1976 a 1987 e parte do que foi recuperado integra a exposição permanente de Arqueologia Subaquática do Espaço Cultural da Marinha, no Rio de Janeiro.

Moedas encontradas no naufrágio Sacramento - Fonte - http://www.popa.com.br/_2010/NOTICIAS/index_nov10-dez10.htm
Essa foi a primeira ocasião em que, de fato, se incorporaram preocupações arqueológicas em um resgate de peças em sítio de naufrágio, no Brasil. O resultado foi impressionante: canhões de bronze portugueses, ingleses e holandeses, dos séculos XVI e XVII; ânforas de cerâmica utilizadas para transportar a carga de azeite de oliveira ou mesmo azeitonas; louça portuguesa (faiança), inclusive peças pintadas em azul, com as armas do general Francisco Correia da Silva (provavelmente de sua bagagem pessoal); astrolábios portugueses do século XVII; punhos de navalhas; imagens de Cristo e de santos, feitas de chumbo ou de cerâmica. Um verdadeiro tesouro artístico e cultural, de grande importância para a história.
Mergulho em naufrágio - Fonte - http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna
Naufragaram muitos outros navios, antes e depois do Sacramento, na costa brasileira; seguramente centenas deles. O primeiro de que se tem notícia fazia parte da frota de Gonçalo Coelho e afundou próximo à ilha de Fernando de Noronha, em 1503. Muitos eram caravelas, naus e galeões em missão mercantil ou de combate, durante o período da ocupação do Nordeste brasileiro pela Companhia das Índias Ocidentais holandesa. Havia os que aqui arribaram, nos séculos XVI, XVII e XVIII, em busca de abrigo, reparação nos estaleiros ou provisões – alguns traziam cargas de produtos do Oriente. Outros afundaram com ouro, no século XVIII. Navios mercantes ou de guerra foram a pique nos séculos XIX e XX, entre os quais alguns torpedeados durante a Segunda Guerra Mundial por submarinos alemães e italianos. Entre estes, também, houve os que foram destruídos durante a guerra por ataques de navios de guerra de superfície ou mesmo aviões – como o U-199, que soçobrou no litoral do Rio de Janeiro, atingido por um avião PBY Catalina, da Força Aérea Brasileira.
Cápsulas do Tempo
Sítios subaquáticos de navios naufragados são verdadeiras cápsulas do tempo, de enorme importância para o conhecimento do passado. Os arqueólogos podem ter um contato direto com restos materiais que são testemunhos de uma época e cultura.

Fonte - http://www.estadao.com.br - Foto - Jonne Roriz/AE
Passam a conhecer detalhes das técnicas de construção naval, das cargas, das bagagens, dos costumes e da vida a bordo. A devolução, para a sociedade, do conhecimento assim obtido constitui a antítese da caça ao tesouro, tão cara ao imaginário coletivo, ou da recuperação isolada de objetos, sem a análise do contexto histórico global das informações. É um trabalho que requer rigor científico. Afinal, a costa brasileira foi importante na época das Grandes Navegações, no século XVI, quando os oceanos deixaram de ser obstáculos para se transformar nas principais vias de comunicação entre os povos distantes. Foram os portugueses que desenvolveram os navios oceânicos: a caravela para a exploração, a nau para o comércio e o galeão para a guerra. A matriz dos navios de oceano definida por Portugal, durante os séculos XV e XVI, foi objeto, em outros países, de diversos aperfeiçoamentos, principalmente a partir da chamada Revolução Científica, que ocorreu na Europa no século XVII (e que Portugal não acompanhou), fundamental para a formação do mundo em que vivemos.

Cena de Batalha Naval, neste caso o combate do Cabo São Vicente, Sagres, Portugal, 16 de janeiro de 1780 - Fonte - http://nlusofonia.blogspot.com
A recuperação da tecnologia da construção naval, ao longo do tempo, é também uma importante conseqüência dos estudos feitos em sítios subaquáticos. Além do Sacramento e da nau de Gonçalo há outros naufrágios antigos, no Brasil. Entre os da primeira metade do século XVI estão: o navio em que viajava Diogo Álvares Correia, o Caramuru, na Bahia; a caravela de João de Solis, em Santa Catarina; o navio de Francisco Pereira Coutinho, na Bahia; além de diversas naus francesas. Suspeita-se até que exista um sítio arqueológico do século XVI no interior da baía de Guanabara, próximo à ilha do Governador, que talvez tenha abrigado a famosa Feitoria de Cabo Frio, onde os portugueses armazenavam o pau-brasil antes de transportá-lo para a Europa.
Esses sítios são descobertos com a ajuda de equipamentos, como os sonares, que localizam os objetos submersos por eco. Entre os itens mais fáceis de identificar estão os canhões. A Marinha possui uma valiosa coleção de canhões de bronze recuperados do fundo do mar, fabricados por portugueses, ingleses e holandeses.

Detalhe de um canhão português, em exposição no Museu Náutico da Bahia, Forte de Santo Antônio da Barra (Farol da Barra), Salvador, Bahia - Fonte - http://www.nectonsub.com.br
São provenientes dos sítios arqueológicos de diversos naufrágios ocorridos no século XVII, no litoral brasileiro. Como eram reaproveitados, passando de um para outro navio em serviço, alguns deles tinham mais de cem anos de uso, quando afundaram há cerca de 350 anos. Os mais antigos do Museu Naval são do século XVI. Outros, fabricados durante o século XVII, são lindamente ornamentados, como forma de demonstração de poder.

A utilização de canhões a bordo dos navios ocorreu ainda na primeira metade do século XIV, generalizando-se na segunda metade. A Batalha de Écluse, em 1340, entre ingleses e franceses, provavelmente foi o primeiro combate naval em que se utilizou artilharia dos dois lados. Os ingleses, no entanto, consideram o ano de 1372 como o marco inicial da instalação sistemática de canhões em seus navios de guerra. Esses artefatos primitivos, chamados de bombardas, eram, em geral, fabricados de ferro forjado, embora haja alguns de bronze fundido, principalmente em Portugal. Os de ferro eram tubos forjados; fechados na extremidade posterior e reforçados, longitudinalmente, por barras, e, transversalmente, por aros grossos. As bombardas geralmente só atiravam no momento anterior a uma abordagem. O projétil costumava ser uma pedra talhada em forma esférica, que se fragmentava ao ser disparada, causando grandes danos à tripulação inimiga.
Canhões de Retrocarga
Como, inicialmente, não havia um mecanismo de recuo adequado para que as bombardas pudessem ser instaladas nos bordos dos navios e ser facilmente recarregadas, a primeira solução encontrada foi o canhão de retrocarga.

Pequeno canhão do tipo Falconete, de retrocarga -
Fonte - http://www.artimanha.com.br/
A câmara de pólvora era removível, podendo haver mais de uma, já carregadas. Eram chamadas de recâmaras. Fabricaram-se canhões de retrocarga, de ferro forjado. O tubo era aberto nas duas extremidades e as recâmaras fabricadas separadamente. Esses compunham, provavelmente, a maioria dos canhões da força naval de Pedro Álvares Cabral, que bombardeou Calicute e causou considerável destruição na cidade, que devia ser de construção muito frágil. Em combates navais, eram eficazes em distâncias de 20 a 40 metros, principalmente contra pessoas ou avariando o aparelho e as velas do navio inimigo. É possível que haja alguns, nos sítios do início do século XVI, no litoral do Brasil.

Resgate de antigo canhão - http://www.portalcwb.com
A questão técnica de recarregar foi resolvida durante o século XVI, com a adoção da carreta naval, que, sobre pequenas rodas, possibilitava o recuo do canhão, durante o tiro, seu carregamento e, posteriormente, seu posicionamento, com a boca para fora do costado. O armamento principal a bordo passou a ser um conjunto de canhões mais potentes e maiores, de bronze fundido, carregados pela boca. Atiravam projéteis esféricos de ferro fundido. Essa tecnologia básica do canhão carregado pela boca não se alterou até quase meados do século XIX, portanto, a carreta do canhão naval é, sem dúvida, um desenvolvimento tecnológico notável. A abordagem perdeu sua importância e desenvolveram-se novas táticas de combate, que favoreciam o emprego da artilharia contra o navio inimigo e, conseqüentemente, o projeto dos navios de guerra se adaptou a essas inovações.

Robô de pesquisas subaquáticas, moderna ferramenta para a busca de materiais no fundo do mar Fonte - http://www.cyberartes.com.br
O canhão naval de bronze ocupa um lugar de destaque no desenvolvimento da artilharia de bordo, do século XVI ao final do XVII. Sua grande desvantagem era o custo elevado. Os de ferro fundido podiam apresentar defeitos de fundição a ponto de explodir durante o tiro, causando terríveis acidentes nos conveses. No fim do século XVII, com avanços tecnológicos, esses eram os mais usados em navios de guerra, também dotados com alguns de bronze fundido, como no caso do Sacramento. Os que ali se encontravam eram de diferentes origens: portugueses de meados do século XVII; holandeses da primeira metade desse século; e ingleses, provavelmente adquiridos após a Restauração de 1640.

Alguns dos fabricantes dos canhões do Sacramento gravaram seus nomes nas peças, como o inglês George Elkine. Alguns dos portugueses foram assinados por Lucas Matias Escartim, em meados do século XVII. Na entrada do Espaço Cultural da Marinha estão dois belíssimos canhões holandeses, fabricados, respectivamente, em 1628 e 1634, por Assuerus Koster, e provavelmente utilizados durante o conflito pelo nordeste brasileiro.

Fonte - http://www.cyberartes.com.br
O longo êxito dos holandeses na ocupação dessa área do país pela Companhia das Índias Ocidentais, no século XVII, resultou do esmagador domínio do mar que eles conseguiram manter durante quase todo o período. Até 1640, as Coroas de Portugal e Espanha estavam unidas. As providências luso-espanholas para recuperar Pernambuco incluíram o envio de três esquadras ao Brasil. Ocorreram grandes batalhas navais, como o Combate de Abrolhos, em 1631, e a Batalha Naval de 1640, de que participaram 66 navios e embarcações luso-espanholas e 30 holandesas. A consciência marítima e a experiência no mar dos holandeses possibilitaram que percebessem e neutralizassem imediatamente todas as ameaças ao seu domínio do mar. Dos muitos combates navais, resultaram diversos naufrágios. Um deles ocorreu em 25 de setembro de 1648, no litoral da Bahia, quando quatro navios holandeses, de uma força naval sob o comando do vice-almirante Witte Corneliszoon De With, que estava bloqueando Salvador, onde se abrigava a esquadra de Portugal, atacaram dois navios portugueses.

Vice-almirante holandês Witte Corneliszoon De With
Os marinheiros, nessa época, estavam interessados em possíveis recompensas financeiras, decorrentes dos navios e embarcações inimigas que aprisionavam. Isso os mantinha motivados e atentos nos longos e monótonos dias de mar dos períodos de bloqueio. Para tornar as capturas mais prováveis, a força naval se posicionava além do horizonte visível da costa e somente os iates, que eram pequenos navios veleiros, se aproximavam de terra em missão de patrulha. Graças a um destes, o almirante De With soube que os dois navios portugueses haviam saído da baía de Todos os Santos. Eram eles: o galeão São Bartolomeu e a nau Nossa Senhora do Rosário. Estavam patrulhando a barra para permitir a entrada de navios mercantes, furadores do bloqueio, que trariam suprimentos para a Bahia. Aproveitando uma situação de vento de popa, que lhe era favorável, De With designou quatro navios de sua força para atacar os portugueses que, ao avistarem os inimigos, mais fortes e numerosos, tentaram regressar para Salvador. Foram, no entanto, alcançados.

Combate entre a nau portuguesa Nossa Senhora do Rosário e as embarcações holandesas Utrecht e Huys Van Nassau Fonte - http://www.twcenter.net
A nau Nossa Senhora do Rosário foi abordada por dois navios holandeses, o Utrecht e o Huys Van Nassau, e o galeão São Bartolomeu pelo Overijssel. Conta-se que o comandante da Nossa Senhora do Rosário, Pedro Carneiro, vendo-se perdido, fez explodir o paiol de pólvora de seu navio. Com a explosão, afundaram a Nossa Senhora do Rosário e o Utrecht, ficando o Huys Van Nassau tão avariado que foi, em seguida, abandonado pela tripulação. O São Bartolomeu, após uma luta corpo-a-corpo, acabou se rendendo.
A Preciosa Porcelana
Do sítio desse duplo naufrágio, recuperaram-se diversos objetos. Dentre eles se destaca a magnífica coleção de peças de estanho recuperadas do Utrecht, inclusive os utensílios e instrumentos do cirurgião de bordo. Nessa época, em pleno século XVII, não se fabricava porcelana na Europa; era importada da China e muito cara. A louça de faiança, de então, era frágil e porosa.

Ricas porcelanas recuperadas em naufrágio - Fonte - http://www2.uol.com.br
Os utensílios de mesa eram principalmente metálicos: de prata ou de estanho. Estes, mais comuns, foram encontrados em grande quantidade. Já os objetos pertencentes ao cirurgião de bordo são muito interessantes. Incluem medidas para remédios líquidos, caixinhas, ventosas, seringa para irrigações, espátula e outros. Outros sítios de naufrágios dessa época, que ainda não foram explorados, como, por exemplo, o da capitânia do almirante Adrien Pater, que soçobrou no Combate de Abrolhos em 1631, poderão trazer outras informações preciosas.
A porcelana era preciosa há cerca de 300 anos. Era uma invenção dos chineses, que guardavam cuidadosamente o segredo de sua fabricação. Somente no início do século XVIII os europeus descobriram a técnica. Até então, dependiam da importação do Oriente.

Fonte - http://pg.azores.gov.pt
Embora usada desde há muito pelos chineses, só foi aperfeiçoada durante os séculos XII e XIII. Logo, os chineses começaram a exportar para a Pérsia e Egito. A invasão mongol e a posterior dinastia Yuan possibilitaram o desenvolvimento do comércio e é desse período o início da produção de peças de porcelana branca decorada com azul de cobalto sob o vitrificado. Elas tiveram maior aceitação no comércio exterior do que os monocromos, preferidos no mercado interno chinês, como o que imita o jade. O azul de cobalto é um dos pigmentos que resistem bem às altas temperaturas de queima. Essa decoração atingiu sua perfeição na dinastia Ming, que governou até aproximadamente meados do século XVII. A exportação intensiva para a Europa se iniciou com os portugueses, no século XVI, por meio dos navios da Carreira da Índia. Depois, também, com os espanhóis, que utilizavam a rota do Pacífico, e, mais tarde, com as diversas Companhias das Índias: holandesa, inglesa, francesa, sueca e dinamarquesa. Antes disso, ela era só comerciada com a Europa, quando trazida pelas caravanas da Rota da Seda.

Nau que participava da Carreira da Índia Fonte - http://www.geocities.ws
Na Carreira da Índia portuguesa os navios navegavam no Atlântico Sul e no Índico, sem escolta, a escoteiro (sozinhos) ou em frotas de poucas unidades. Eram proibidos de comerciar com o Brasil, mas, as arribadas na Bahia, no Rio de Janeiro e em Pernambuco foram freqüentes, sob o pretexto de reparações e reabastecimento com água e alimentos frescos. Salvador, na Bahia, tinha o melhor estaleiro do Brasil, desde o século XVI, até meados do século XIX, e, sem dúvida, era onde se podia contar com mais recursos. Essas paradas deram oportunidade a considerável quantidade de contrabando durante toda a época de colônia. Até o início do século XIX, os produtos orientais predominaram no Brasil. Segundo Gilberto Freire, a colônia era muito oriental, em seus hábitos e objetos.

Fonte - http://www.historiaehistoria.com.br
Deve-se, portanto, esperar que, com freqüência, haja peças isoladas de porcelana chinesa na bagagem de passageiros de navios naufragados em datas anteriores a meados do século XIX. As grandes cargas, porém, estavam em naus da Índia que afundaram no litoral brasileiro. A Nossa Senhora do Rosário e Santo André é um bom exemplo. Incendiou-se em Salvador, na Bahia, e afundou em frente à praia da Boa Viagem, próximo ao Forte de Mont Serrat, em 1737.

Forte de Mont Serrat - Fonte - http://www.espacoturismo.com
Regressava de uma viagem ao Oriente e estava, portanto, com os porões cheios de carga – inclusive porcelana chinesa – que começou a ser retirada, por mergulhadores, a partir de 1975. A relação da carga de uma embarcação vinda da mesma origem e semelhante à Nossa Senhora do Rosário e Santo André era assim descrita em uma relação de carga da época: “(…) sacos de pimenta, barris de pimenta; fardos de fazenda; caixões, caixetas e caixinhas; amarrados de louça; fardos de canela; pipas de vinho Acquim; arcas e baús de roupa; peças de seda; frasqueiros de louça; barris de incenso; envoltórios; papeleiras e outros itens”. A louça, em geral porcelana, era bem embalada e armazenada no fundo do porão, por ser mais pesada. Isso, em alguns casos, a preservou, nos incêndios e naufrágios, podendo ser muitas vezes recuperada em bom estado, do fundo do mar, principalmente as peças brancas decoradas com azul de cobalto.

Naufrágio - Fonte - http://pt.wikipedia.org
A Nossa Senhora do Rosário e Santo André iniciou sua viagem para o Oriente em abril de 1735, juntamente com a nau Nossa Senhora da Madre de Deus. Era armada com 50 peças de artilharia, e tinha cerca de quatro anos de idade, quando afundou, em 1737. A porcelana recuperada por mergulhadores, infelizmente sem métodos cuidadosos de arqueologia subaquática, é, muito provavelmente, do período Yongzheng (1723-1735), da dinastia Qing. Apesar dos diversos estilos de decoração encontrados e de alguma controvérsia sobre a possibilidade de algumas peças datarem do período de transição entre as dinastias Ming e Qing, portanto anterior a 1662, é pouco provável que porcelana comercial, de exportação, fosse armazenada por tão longos anos, mais de 70, na China. Da mesma forma há que afastar a hipótese de que o maltratado sítio subaquático de Mont Serrat tenha mais de um casco naufragado, com cargas de porcelana de épocas diferentes. A dúvida existe porque a datação das peças é feita com base nos estilos de decoração e motivos empregados, na completa ausência de marcas ou datas gravadas.

O medo dos "monstros marinhos" fazia parte das navegações do passado. Na imagem temos a nau de Rui Vaz Pereira levantada por um monstro marino, armada de 1520. Livro de Lisuarte de Abreu - Fonte - http://pt.wikipedia.org
As peças brancas, com desenhos em azul de cobalto sob o vitrificado da cobertura estão perfeitamente preservadas; as decoradas com esmaltes, sobre o vitrificado, tiveram a primeira camada destruída pela ação alcalina da água do mar. Pode-se, no entanto, observar o que havia, pois restou uma espécie de sombra, fosca, como se fosse um adamascado no branco da superfície mais polida da peça. Alguns dos potes têm intacta uma decoração cor de chocolate, sob o vitrificado, mas havia detalhes pintados com esmaltes que se apagaram. Uma carga de porcelana azul e branca, ou monocromática, que for recuperada de um navio naufragado da Carreira da Índia portuguesa, da Carreira das Índias espanhola, ou das diversas Companhias das Índias criadas pelos europeus, pode valer alguns milhões de dólares.

Fonte - http://nautarch.tamu.edu
Os japoneses também fabricaram porcelana e faiança, com características próprias, que também chegaram ao Brasil. No século XVII eram transportadas para a Europa pela Companhia das Índias Orientais holandesa. É mais provável que possam ser encontradas, nos sítios arqueológicos subaquáticos brasileiros, em bagagens individuais de passageiros. Com o aumento da produção européia de louça (porcelana e faiança de boa qualidade), a partir do século XVIII, os chineses reagiram para permanecer no mercado internacional, fabricando peças para exportação de pior qualidade e menor preço, notadamente no século XIX. No Brasil, após a abertura dos portos, com a chegada da família real portuguesa, no início do século XIX, as louças européias, primeiro as inglesas, depois as alemãs e francesas, foram conquistando o mercado. Cabe observar, porém, que o uso da louça se popularizou, com a redução de preço, deixando de ser um objeto de luxo usado apenas pelos mais ricos.

Fonte - http://nautarch.tamu.edu
Ocorreram outros grandes desastres marítimos no litoral brasileiro, além dos já citados aqui. Um dos maiores foi o do transatlântico espanhol Príncipe das Astúrias, que naufragou próximo à Ponta de Pirabura, na ilha de São Sebastião (SP), em 1916. Salvaram-se somente 144 pessoas, de um total de mais de 600 passageiros e tripulantes. Aliás, no litoral leste dessa ilha, bem como próximo ao Cabo Frio e em outros locais de nossa extensa costal, existem verdadeiros “cemitérios” de navios. Entre os tesouros ainda não resgatados encontra-se o que havia na nau Santa Rosa, que naufragou próximo ao litoral do Nordeste, na primeira metade do século XVIII, com uma carga de ouro; e, também, o da nau Rainha dos Anjos, que se incendiou na baía de Guanabara, em 1722, e afundou, com um presente de vidros esmaltados, do imperador da China para o papa.

Fonte - http://nautarch.tamu.edu
O verdadeiro tesouro, porém, é preservar o precioso patrimônio cultural existente nas centenas de áreas submarinas onde há restos de embarcações antigas. O levantamento de todos eles e a elaboração de mapas com a localização geográfica de cada um dos naufrágios que devem ser protegidos ou salvos, na costa do Brasil, representaria um bom avanço. Ainda há muito que fazer nesse sentido, o que é, no mínimo, instigante e reserva inúmeras possibilidades de resgate do passado histórico de parcela da humanidade que teve a coragem de enfrentar mares, como dizia Camões, nunca dantes navegados.

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Drogas e AIDS em trágicos caminhos

 Por: Archimedes Marques

É desejo de todo o ser humano  viver intensamente por muito tempo, aproveitar os prazeres da vida com alegria e disposição, conviver amistosamente com seus familiares e amigos, ir para onde bem quiser com liberdade e autonomia, e, acima de tudo, ser saudável física e mentalmente, entretanto, nos caminhos da vida muitos descambam para a marginalidade das leis vigentes e para o submundo horripilante das drogas, consciente ou inconscientemente.
Está dentre os malefícios criados do homem para o homem, as drogas ilícitas ou mesmo lícitas, tais como: skunk, maconha, haxixe, ecstasy, morfina, heroína, ópio, LSD, anfetamina, cocaína, merla, crack, oxi, cristal, paco, codeína, rebite, lança-perfume, clorofórmio, peiote, mescalina, psilocibina, demais drogas psicoativas, além do álcool e do tabaco que são as mais comuns.
Tais drogas fazem as suas partes ilusórias de supostas melhoras psicológicas na mente humana em busca de um reino fantástico através de uma imaginação distorcida, com breves momentos estimulantes, entorpecentes e alucinógenos, quando na verdade leva o individuo para uma morte precoce e sofrida com a devastação e doença de vários dos seus órgãos, além de arrastar junto em grande sofrimento e dor os seus entes queridos.
Os efeitos das drogas são avassaladores e devastadores no organismo do ser humano, embora inicialmente possam dar uma sensação de bem-estar ao usuário. Os efeitos nefastos decorrem inicialmente da dependência física e psíquica que elas provocam. A dependência física altera a química do organismo, tornando-se indispensável ao indivíduo e a psíquica, quando o dependente não usa a droga, deixa-o em lastimável estado de depressão, abatimento e desânimo, perdendo o interesse pelo trabalho, pelo estudo e pela vida, passando o mesmo, a partir de certo estágio a não mais considerar os seus entes queridos ou quaisquer pessoas possíveis. O viciado ou dependente químico passa a viver noutro mundo, um mundo só dele, um mundo imaginário e inexistente.
Com a necessidade premente que o dependente da droga sente, possibilita um comércio rendoso, proibido e clandestino para os insanos traficantes, que se impõe à força, de forma abusiva e prepotente. Quadrilhas organizadas e armadas, sem qualquer escrúpulo e sem o menor respeito à vida, aos poderes constituídos, às leis vigentes, cultivam plantas entorpecentes, preparam, fabricam e refinam as drogas ilícitas e distribuem para os demais comparsas traficantes e estes repassam a altos custos para os tristes consumidores.
Irmanadas maleficamente com as drogas também estão as doenças sexualmente transmissíveis. As DST, como o próprio nome diz, são doenças transmitidas por meio das relações sexuais, assim como também acontece com vírus da AIDS, o HIV, especialmente por intermédio do sangue que pode ocorrer quando agulhas e seringas são compartilhadas para o uso de drogas injetáveis.
Mesmo com o advento do crack que vicia ao primeiro experimento, destrói e atinge principalmente a classe mais pobre, em sofrimento, degradação e morte, o uso de drogas injetáveis continua em ascensão no nosso país, em especial na classe média e alta. Com isso o número de pessoas contaminadas pelo vírus da AIDS devido ao uso em comum de agulhas e seringas, também cresce em altas proporções.
As drogas, assim como o sexo, encontram-se profundamente ancoradas na visão como fontes de satisfação, de sensação agradável, de dimensão de prazer, sem as quais seria inexplicável a atração por elas exercida, contudo, das duas opções, somente o sexo é realmente saudável, contanto que seja sexo seguro, ou seja, sexo praticado com preservativo.
Mas, o que geralmente acontece é que na vigência dos efeitos eufóricos das drogas a capacidade de negociar o uso de preservativo pode ficar prejudicada, pois a alerta de usar camisinha parece ser apenas um detalhe insignificante, com isso,  a relação sexual acaba acontecendo sem proteção aumentando então o risco de disseminação e contaminação da AIDS tanto para o ativo quanto ao passivo do ato.
Assim, drogas e AIDS passeiam de mãos dadas pelos trágicos caminhos da vida arrastando os menos avisados para suas armadilhas, tal qual a aranha faz na sua invisível teia a caçar a sua indefesa presa.
Autor:
Archimedes Marques (Delegado de Polícia no Estado de Sergipe.
Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS) –archimedesmarques@infonet.com.br 

Enviado para este blog pelo autor: "Dr. Archimedes Marques"

PRECISAMOS DE MAIS CÂMERAS?

Um dia destes eu estava olhando nos meus arquivos as questões ligadas ao judiciário potiguar do início do século XX e comecei a perceber que, tal como agora, a impunidade corria solta.
São inúmeros os casos, principalmente de assassinatos e estupros, que não davam em nada.
Os processos até corriam nas varas judiciais, onde figuravam sobrenomes da mais fina flor da nossa sociedade agrária.


Mas percebi que o número de condenações não eram muitos e o efetivo encarceramento uma raridade.
Observando este material, cada vez mais tenho a convicção que cadeia no Brasil sempre foi feita para pobres.
Pelo menos hoje em dia, nós os pobres mortais sem sobrenome importante, temos um aliado; as câmeras de vídeo existentes em sistemas de segurança e em milhares de celulares.
Quando notícias informando que motoristas embriagados mataram e deixaram enlutadas milhares de famílias brasileiras, eu observo que este pessoal aparenta não ter medo nem da polícia e nem da cadeia. Mas percebam a reação desta gente quando ficam diante de uma câmera, ou quando uma equipe de reportagem aparece. É um tal de esconder a cara, baixar o rosto e enfiar a cabeça na camisa para se esconder. Nessa hora, para esta gente, bate um arrependimento danado de ter colocado a sua imagem nas redes sociais da internet.
Vejo que o medo do escárnio social perante a opinião pública, a perda financeira com a imagem arranhada e o falatório, é o que realmente parece dar um freio neste pessoal que pensa, ou tem certeza, que o céu é o limite.
Na maioria das vezes, diante de uma câmera, não dá para eles sacarem o bom e velho “-Sabe com quem está falando?”.
Deste jeito vamos cada vez mais abdicar do uso da justiça. A mesma justiça que deixa a impressão de ser sempre lenta, parcimoniosa, ingrata e muitas vezes fraca. Devemos então pedir, clamar, que cada vez mais existam câmeras em todos os lugares para termos uma certa noção de proteção e que algum tipo de justiça será feito?
Admito que sou um completo descrente da justiça e me pergunto se será melhor temos mais câmeras espalhadas em toda parte, do que contarmos com o trabalho de juízes e promotores?
Aqui em Natal tenho acompanhado o caso da jovem Rhana Diógenes, que teve o braço partido por um verdadeiro cavalo batizado, em uma boate da zona sul da cidade.
Percebi, acompanhando a imprensa local, que o elemento que praticou este ato nefasto, tentou de todas as maneiras desqualificar a bela jovem de 19 anos, de compleição física muito mais limitada que seu agressor. O negócio foi tão sujo, que certamente a pedido do agressor, escancaradamente alguns blogs defenderam o que parece ser indefensável.
Mas conforme foram sendo divulgadas as imagens das câmeras internas do local da agressão, foi como uma maré que foi virando e o agressor sofre um verdadeiro tsunami de escárnio. Chega a ser ridículo ver esta pessoa correr assustado para fora da casa noturna, mostrando o quanto é covarde e já sabendo a besteira que tinha feito.
Se essas imagens não tivessem sido divulgadas, ou a câmera estivesse desligada, não duvido que muita gente estaria achando que foi a moça que quebrou seu próprio braço para incriminar o cidadão em questão.
Compreensivelmente, depois de ter o braço quase torado, a jovem Rhanna Diógenes decidiu não mostrar o rosto em um primeiro momento e ficar mais retraída.
Com toda a repercussão do caso, ela decidiu mostrar o seu rosto de frente e apresentar o que em minha opinião é a mais terrível imagem deste caso; o raio X com os ossos do seu braço quebrados em várias partes.
É uma tristeza ter de escrever este tipo de coisa.
Certamente Rhanna Diógenes não queria isso. Mas o seu caso se tornou um grande alerta em relação ao que muitas jovens estão sofrendo hoje em dia e ela fez bem em mostrar o seu rosto.
Quanto ao agressor. Mesmo surgindo outros relatos de casos de agressão praticados por esta pessoa, eu sinceramente duvido que ele vá um dia sequer pisar em uma cadeia. Bem que merecia, mas não acredito.
Ele pode até ficar livre, mas jamais vai deixar de ser responsável pelo que fez.
E isso até parece ser um bom castigo pelo que ele fez.
Mas não é!

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O CASAMENTO DE PADRES SEMPRE FOI PROIBIDO – FALSO!


Seguindo o exemplo de Jesus Cristo e de seus discípulos, os primeiros cristãos permaneceram celibatários. A Igreja impôs a regra a seus sacerdotes desde o princípio, certo? Errado!

 Museu do Convento de Santa Catarina, Utrecht, Holanda

AUTOR – Olivier Tosseri – Jornalista – Publicado em http://www2.uol.com.br/historiaviva/

Jesus Cristo jamais proferiu algo contrário ao casamento de religiosos, e alguns de seus apóstolos tiveram esposas e filhos. O judaísmo, crença da qual se originou o cristianismo, não impunha o celibato aos rabinos. Logo, a Igreja Católica também passou um longo tempo considerando aceitável a ordenação de homens casados.


Uma das primeiras tentativas de imposição do celibato aos padres fracassou no Concílio de Niceia, no ano 325. A reunião só conseguiu proibir o casamento depois da ordenação. Ao que tudo indica, porém, nem mesmo essa cláusula foi respeitada rigorosamente, já que vários clérigos do período viviam com suas companheiras e resistiram à nova regra. No século IV, por exemplo, bispos como Gregório de Nazianzo e Gregório de Nissa eram casados, e 39 dos papas tiveram esposas e filhos, que chegaram, em alguns casos, a suceder os pais.

Essa situação começou a mudar com a ascensão de vários monges a cargos de importância na hierarquia eclesiástica. A multiplicação das decisões papais, concílios e sínodos de bispos em defesa da obrigatoriedade do celibato mostra que a força política desse grupo, praticante da renúncia aos prazeres mundanos, alterou bastante a estrutura de poder da Igreja.

A disputa entre opositores e defensores do celibato se acirrou no século X, quando o Império Carolíngio sucumbiu e a Igreja passou a enfrentar dificuldades para impor suas normas aos clérigos. O afastamento das questões espirituais, a prática da simonia (venda de bens sagrados e de benefícios eclesiásticos) e os casos de nicolaísmo (incontinência dos padres que se casam ou vivem em concubinato) se tornaram mais frequentes. Uma reforma era necessária.


Embora iniciada por Leão IX,


foi o papa Gregório VII que emprestou seu nome à chamada “reforma gregoriana”. Esse movimento intensificou a crítica à incontinência dos religiosos e passou a valorizar um clero inteiramente voltado à sua tarefa, sem relações familiares que pudessem afastá-lo dos interesses espirituais ou levá-lo a usurpar bens da Igreja para benefício de seus parentes.

Em vários países, como Alemanha, França, Inglaterra e Espanha, essas decisões foram mal recebidas pelos clérigos locais, e o concubinato dos padres persistiu. No entanto, a população aderia cada vez mais às decisões papais e, ansiosa pela renovação de um clero corrupto e permissivo, rejeitava os religiosos que continuavam a ter uma amante ou a praticar atos condenáveis.

Assim, o desejo de um enquadramento melhor dos padres e de uma definição mais restrita de sua disciplina continuou a ganhar força. Os cânones dos concílios de Latrão II (1139), Latrão III (1179) e, finalmente, Latrão IV (1215) reiteraram a proibição ao concubinato dos padres e à ordenação de homens casados. Essas determinações têm sido rigorosamente aplicadas pela Igreja Católica até os dias atuais, a despeito do que fizeram os cristãos ortodoxos: para eles, a ordenação de homens casados continua sendo, a exemplo do que ocorria nos primeiros anos do cristianismo, uma prática perfeitamente aceitável.

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"Assim Morreu Lampião"

Por: Cicinato Neto


Em 1982, a Traço Editora lançava "Assim Morreu Lampião", de Antônio Amaury Corrêa de Araújo. Dr. Amaury, como o chamamos, é um dos maiores especialistas da história do cangaço. Teve contato com um grande número de cangaceiros e fez inúmeras visitas ao sertão em busca de informações sobre a epopéia cangaceira.


"Assim Morreu Lampião" proporciona uma leitura muito interessante sobre os últimos dias do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva na grota do Angico, divisa de Sergipe e Alagoas, em julho de 1938. O autor narra, expõe depoimentos de pessoas que testemunharam os acontecimentos e publica fotos clássicas do cangaço.

Estrutura: A grota de Angico; Depoimentos de familiares, depoimentos de cangaceiros; depoimentos de volantes; o coiteiro; O combate; Reconhecimento dos corpos; Análise dos fatos; A morte de Lampião segundo noticiário dos jornais da época; Como morreu Pedro de Cândido.Trecho significativo (edição utilizada: Traço Editora, São Paulo, 1982, p. 51-52):
"As conclusões a que chega
o pesquisador, a luz dos fatos expostos,
são as seguintes:

1) Esclareçamos em primeiro lugar que Angico, que em certos jornais e revistas aparece como sendo uma espécie de fortaleza de Lampião, não era nada disso. Nem mesmo chegava a ser um coito velho (por coito velho, no vocabulário dos cabras, entenda-se lugar de permanência prolongada; como exemplo podemos dar o coito do Cangalêcho, onde morreu Mariano, Pae Véio foi degolado ainda vivo e Pavão também teve ali seu fim, estavam ali a mais de 3 meses) autores afirmam que Lampião quase fizera da Angico, uma fazenda, uma moradia!!!

A foto aparece Zepelim, mas é o cangaceiro Pavão

Como se um cangaceiro pudesse, a seu bél prazer, ficar estacionado, parado, quieto, descançado, muito tempo em algum lugar. Tinha que andar se deslocando constantemente para confundir as volantes e escapar a sua perseguição.

Lampião, com sua grei, chegara de Alagoas no dia 26, essa é que é a verdade, ou um pouco antes, no dia 21 de julho.
Segundo


Zé Sereno,


Cila, Criança


e Dadá foi a essa terceira visita feita a fatídica grota. As outras duas foram simples paradas, coisa de horas, na realidade foram mais pequenos descansos, pausas ou intervalos em viagens longas e cansativas.Ouvisse Lampião seus lugares tenentes e não morreria ali.

Corisco não gostara da localização do coito nem de suas possibilidades de defesa ou fuga.

Zé Sereno não gostara dali por outra razão, duvidava da fidelidade do coiteiro Pedro, de Cândido.

Mas Pedro não traia Lampião. O vaqueiro alagoano, Joca, da fazenda Capim foi (segundo o soldado Santo, da volante de João Bezerra) o delator que causou com a prisão e tortura de Pedro, a morte de Lampião".