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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Crack, a droga que não forma craques.

Por: Archimedes Marques

Estamos em aguda e profunda crise urbana e social relacionada ao crack, essa droga avassaladora, aniquiladora e mortal que vem fazendo vítimas e mais vítimas diariamente em todo canto do nosso País.
O crack trás a morte em vida do seu usuário, arruína a vida dos seus familiares, aumenta a criminalidade onde se instala, degrada e mata mais do que todas as outras drogas juntas.
De poder sobrenatural o crack pode viciar o usuário já na sua primeira ou segunda experiência e o que vem depois é a tragédia certa. Crack e desgraça são indissociáveis e quase palavras sinônimas. Relatos dos seus usuários e familiares, fatos policias diários e opiniões de especialistas sobre os efeitos e as conseqüências nefastas da droga podem ser resumidos em três palavras tão básicas quanto contundentes: sofrimento, degradação e morte.
A composição química do crack é simplesmente horripilante e estarrecedora. A partir da pasta base das folhas da coca acrescentam-se outros produtos altamente nocivos a qualquer ser vivo, tais como: ácido sulfúrico, querosene ou solvente e a cal virgem,  que ao serem processados e misturados se transformam numa pasta endurecida homogênea de cor branco caramelizada onde se concentra mais ou menos 50% de cocaína, ou seja, meio à meio cocaína com os outros produtos altamente nocivos citados. A droga é fumada pura, misturada num cigarro comum ou num cigarro de maconha que recebe a denominação de “bazuca”.  
A fumaça altamente tóxica do crack é rapidamente absorvida pela mucosa pulmonar excitando o sistema nervoso, causando inicialmente euforia e aumento de energia ao usuário, com isso advém, a diminuição do sono e do apetite com a conseqüente perda de peso bastante rápida e expressiva.
Logo os efeitos nefastos biológicos aparecem para os seus usuários, tais como: aceleração ou diminuição do ritmo cardíaco, dilação da pupila, elevação ou diminuição da pressão sanguínea, calafrios, náuseas, vômitos, convulsão, parada respiratória, coma ou parada cardíaca, infarto,  doença hepática e pulmonar, hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC).
Além disso, para os fracos e debilitados usuários sobreviventes, ao longo do uso da droga, há perda dos seus dentes, pois o ácido sulfúrico que faz parte da composição química do produto assim trata de furar, corroer e destruir a sua dentição. O crack também causa a destruição dos neurônios e provoca a degeneração dos músculos do corpo do seu usuário, fenômeno esse conhecido na medicina como rabdomiólise, o que dá aquela aparência esquelética ao indivíduo com ossos da face salientes, pernas e braços finos e costelas aparentes.
O crack é tão perigoso que até o próprio traficante que tem consciência desse perigo, de tal droga não faz uso. Dificilmente e raramente um traficante usa o crack o que não ocorre com os outros tipos de drogas em que muitos deles também as utilizam em consumo próprio.
A disseminação do crack é constante e diariamente prende os menos avisados assim como uma teia de aranha para as suas presas, transformando as suas vítimas em verdadeiros mortos-vivos a perambular pelo submundo da sociedade.
Pesquisando junto às opiniões dos médicos e especialistas em tratamento dos drogados conclui-se que realmente estamos perante uma epidemia, porque há um número explosivo de casos nos últimos três anos. Antes era uma raridade, havia nas unidades hospitalares especializadas 90% de outras dependências e 10% de crack. Hoje há o contrário. É unânime o conceito dos especialistas em afirmarem categoricamente que o crack é uma droga diferente das outras, muito mais severa e contundente. Não há outra droga que produza um declínio físico e mental maior para o viciado quanto o crack.
Segundo estudos realizados por especialistas na área, as dificuldades para o tratamento dos viciados em crack também são imensas, por isso, a grande preocupação das autoridades ligadas ao tema da intensa problemática. É preciso de extrema força de vontade do próprio viciado para poder se livrar desse malefício infernal.
A conscientização e o investimento em massa na área da educação, na prevenção, com aulas, palestras, seminários e um convívio mais profundo e dialogado no seio da sociedade especialmente entre pais e filhos, poderá livrar-nos dessa epidemia. Não podemos achar que a polícia ou a medicina resolverão os problemas, que, muitas vezes, se iniciam nos lares, escolas e outros lugares de convivência, principalmente dos jovens, mais expostos, por vários motivos, à atração do mundo das drogas.
No País do futebol precisamos sempre formar mais e mais competentes e excelentes atletas craques da bola, do esporte e não incompetentes e debilitados cracks desta droga satânica.

Autor:
Archimedes Marques (delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS) – archimedesmarques@infonet.com.br  - archimedes-marques@bol.com.br

Enviado para este blog pelo autor Archimedes Marques.

ANTIGUÍSSIMO BAÚ DO CANGAÇO. FEITO ARTESANALMENTE NO ANO DE 1927, PELA OXFORD ALEMÃ, AINDA RESISTE ATÉ OS DIAS DE HOJE.

Por: Ghilherme Machado
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Este velho baú veio parar no acervo do Portal do Cangaço, por mãos de doadores da cidade de Queimadas, Bahia. Veio juntamente com a cópia do livro, Santo Antonio das Queimadas, do escritor baiano de Queimadas, Nonato Marques.


 No fundo do baú ainda tem letras da fábrica Oxford Louças e Prataria, ano 1927. O dito cujo, já chegou cheio de Cartucheira, baladeiras, estojos de munições etc. 


 O cadeado é de marca Arteb, ano 1936. Hoje a fábrica Arteb em São Bernardo dos Campos fabrica faróis para carro.  


 Há 72 anos antes, fabricava fechaduras e cadeados. A madeira do baú não está esteticamente grande coisa, mas com tantos anos de vida, os cupins nem pensaram em chegar perto.


Talvez o pequeno baú seja feito de pau ferro. Só as traças atacaram um pouco, na superfície. O interior do baú se encontra novo.


Baú do cangaço
http://portaldocangaco.blogspot.com/2011/07/bau-do-cangaco-antiguissimo-bau-feito.html 

1928 – FOTOS DA INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO JUVENAL LAMARTINE

Estádio Juvenal Lamartine sendo cercado pela verticalização do bairro do Tirol - Fonte - Google Earth
Hoje vemos a “modernidade” em Natal colocando em risco um patrimônio histórico extremamente importante para a história desportiva potiguar.
Comento sobre a polêmica existente sobre o fim do estádio Juvenal Lamartine, a primeira praça esportiva potiguar, destinada exclusivamente a prática do futebol e do atletismo.
A ideia do atual governo potiguar é construir na Zona Norte de Natal um novo estádio de futebol, de porte médio para Natal, com capacidade para receber um público máximo de dez a doze mil espectadores.
Consta que os estudos realizados pela equipe do Governo ser inviável a proposta de recuperação do estádio localizado no valorizado bairro do Tirol, pela inviabilidade – técnica e econômica – no atendimento a diferentes exigências normas de segurança e de funcionalidade.
No último dia 26 de outubro, o deputado estadual Fábio Dantas, do PHS, sugeriu a transformação do estádio de futebol numa grande área de lazer no bairro Tirol. O político apresentou requerimento à governadora potiguar, Rosalba Ciarlini com reivindicação nesse sentido.
Este deputado, segundo foi divulgado na imprensa, comentou que vender o estádio por 20 milhões de reais “-É muito pouco, em função da valorização de áreas do bairro de Natal”. Ele solicita ao governo do Estado que o Juvenal Lamartine seja transformado numa grande área de lazer.
De acordo com o deputado Fábio Dantas, ocorrendo essa transformação, o governo do Estado terá o reconhecimento da sociedade e dará uma alavancagem na administração. (http://www.givva.com.br)

Arquibancadas do estádio Fonte - http://www.clicrn.com.br/
Houve outra iniciativa de preservação deste patrimônio histórico. Recentemente o vereador Franklin Capistrano propôs transformar o velho estádio do Tirol em Patrimônio Histórico e Cultural da cidade de Natal. O vereador acredita que com o tombamento conseguiria livrar o valioso terreno do assédio das construtoras que desejam aquele espaço valorizado para a construção de condomínios.
Aparentemente alguns os políticos potiguares estão se movimentando para salvar o velho Juvenal e o que sobrou da identidade futebolística. (http://www.diariodenatal.com.br/2011/10/27/esportes1_0.php)
Através do site http://www.mp.rn.gov.br, ficamos sabendo que no próximo dia 14 de novembro de 2011 vai ocorrer uma Audiência Pública proposta pelo Ministério Público, sobre a importância histórica do Estádio Juvenal Lamartine. A princípio esta Audiência Pública vai ocorrer na sede da Procuradoria Geral de Justiça, às 10 da manhã, sendo uma iniciativa da 28ª Promotoria de Justiça da Comarca de Natal.
A reunião vai contar com a participação da população, de técnicos no assunto e de representantes da Procuradoria Geral do Estado, da Assembleia Legislativa e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB), que vão debater a proposta do Governo do Estado em vender o estádio para custear a construção de um hospital.
Além dos debates, a Promotora de Justiça Rossana Mary Sudário fará uma breve exposição das propostas do Ministério Público acerca da conservação e utilização do espaço. O que possibilitará firmar um possível Termo de Ajustamento de Conduta com os órgãos responsáveis.
Bom, como posso contribuir neste tema?
Como gosto de história, nada melhor que mostrar as fotos publicadas na revista “Cigarra”, de 1928, sobre a inauguração do velho “Stadium do Tyrol”. Espero que a divulgação deste material mostre de forma mais clara a importância histórica deste patrimônio.


Revista "Cigarra", número 1, novembro de 1928, páginas 62 e 63
Parte da arquibancada no dia da inauguração, 12 de outubro de 1928
Aspectos da arquibancada
Entrada principal
Juvenal Lamartine (com chapéu de palha na mão esquerda) e os presidentes dos clubes presentes a festa
A equipe do América Futebol Clube
O time do ABC F.C.
O Alecrim Futebol Clube
O time do Paysandu
Segundo reportagem publicada no jornal “Tribuna do Norte” (http://tribunadonorte.com.br/noticia/juvenal-lamartine-perto-de-virar-um-oitentao/70220), temos os seguintes aspectos referentes a inauguração do estádio Juvenal Lamartine.
“Governava o Rio Grande do Norte um político habilidoso, filho de Serra Negra, membro de uma família importante, como eram os Lamartine. O líder da família, governador  Juvenal Lamartine de Faria, entre tantos atributos, o de ser um desportista, com forte inclinação pela aeronavegação, Tanto que, é um dos fundadores ao Aero Clube do Rio Grande do Norte, por coincidência também completando 80 anos de fundação este ano. 
Convidado pelos dirigentes da LNDT para dar o chamado “ponta pé” num torneio disputado no Tirol, Juvenal Lamartine ficou penalizado com a pobreza das instalações do campo de futebol, cujos vestiários eram de taipa, o terreno bastante arenoso, sem qualquer outra instalação física.  De imediato, entrou em contato com o arquiteto natalense Clodoaldo Caldas, que residia no Rio, onde prestava serviços como servidor público federal.
Aceito o convite, em seis meses o estádio estava pronto, com instalações modestas mas aconchegante e suficiente para os primeiros torneios oficiais. Constava de uma arquibancada de madeira (hoje, ainda de pé), com capacidade para 800 a 1000 pessoas sentadas, com o restante do público, em pé, protegido por uma mureta bem trabalhada em cimento armado. O  estadinho do Tirol era murado, com fachada estilo barroco,  lamentavelmente desfigurada na ampliação, hoje ocupada por pequenas lojas . No estádio todo, cabiam entre 3 e 4 mil assistentes, dos quais apenas os que estavam na arquibancada de madeira sentiam-se protegidos do sol e da chuva.
Na inauguração, estava a fina flor da sociedade natalense,  os homens usando chapéu de palhinha, paletó e gravatinha borboleta, enquanto as senhorinhas desfilavam com os longos generosos no volume de tecido, chapéu de grandes abas. Natal, já tinha um colunista social, que era Aderbal de França, assinando a coluna diária  com o pseudônimo de Danilo. A revista “A Cigarra”, semestral, trouxe ampla reportagem (com fotos) da festejada inauguração. Era o dia 12 de outubro de 1928. No gramado, ABC, América, Paysandu e o Cabo Branco, de João Pessoa. Antes do futebol, equipes femininas realizaram evoluções e aconteceram pequenas provas de atletismo. Segundo ainda “A Cigarra”. Foi um dia inteiro de festas.
Segundo as várias informações existentes, o torneio inicial no estádio Juvenal Lamartine foi entre as equipes potiguares do América, ABC e Alecrim. Juntou-se aos times locais o Cabo Branco da Paraíba.
Então qual seria o time do “Paysandu” apresentado na reportagem?
É bem verdade que havia uma equipe denominada “Paysandu Sport Club” que seria uma dissidência dentro do América de Natal. Mas acredito que ocorreu um erro na composição da revista “Cigarra”.
Espero que esta história não se perca na poeira da modernidade.
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Hugo Rodrigues assume cadeira no ICC

Por: Manoel Severo

Hugo Rodrigues, Danielle Esmeraldo e Glória Tavares


Solenidade de Posse
Hugo de Melo Rodrigues


INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI - ICC

Fundado em 04 de Outubro de 1953

CONVITE

A Diretoria do Instituto Cultural do Cariri - ICC convida Vsª. e Exmª Família para a Sessão de posse do Profº Hugo de Melo Rodrigues (Sócio do Instituto Cultural do Vale Caririense - ICVC e Sócio Fundador da Sociedade dos Poetas de Barbalha) na cadeira de Nº 13, Secção de Letras, que tem como Patrono Otacilio Sampaio de Macêdo, tendo sido o seu último ocupante o Profº Joaquim lobo de Macedo (Joaryvar Macêdo).
Atenciosamente

Manoel Patrício de Aquino Francisco Huberto Esmeraldo Cabral
Presidente Secretário Geral

Data: 05 de Novembro de 2011, às 19h30min
Local: Sede do Instituto Cultural do Cariri
Pça Cel. Filemon Teles, Nº 1. Centro – Crato/CE.

NOTA CARIRI CANGAÇO: O Cariri Cangaço se une ao sentimento de congratulações a seu Conselheiro, Hugo de Melo Rodrigues, por sua posse na cadeira 13 do nosso querido ICC - Instituto Cultural do Cariri. Ao Conselheiro Cariri Cangaço, Hugo de Melo Rodrigues, o abraço de felicitações de toda família Cariri Cangaço.

Cariri Cangaço

Lampião: Uma Estratégia Para a Presença Eterna

Por: Alcindo Alves Costa

Há algum tempo foi noticiado que um velho enterrado no cemitério da cidade mineira de Buritis seria o nosso lendário Virgulino Ferreira da Silva.
Ora, apesar da certeza dos mistérios que envolvem a fatídica grota do Angico, local onde a história registra, atesta e assevera com todas as letras, o épico acontecimento de 28 de julho de 1938, quando no cerco vitorioso da polícia alagoana, comandada pelo

Tenente João Bezerra
Tenente Bezerra, foram mortos Lampião, Maria Bonita e mais nove companheiros. Sempre e sempre, na medida dos meus limitados conhecimentos, faço em afirmar e reafirmar, estribado nas puras convicções, de que a grota do Angico guarda um desconhecido mistério.
Em meu trabalho "Lampião Além da Versão", no capítulo "Mentiras e Mistérios de Angico", estão registrados vários depoimentos e fatos dos que viveram as horas terríveis do cerco aos bandidos. E quem leu o livro há de observar que realmente existem muitas historietas nos acontecimentos que culminaram com a morte do rei do cangaço.
Pois bem! Foi um espanto e com um grito íntimo de vitória perante as minhas pesquisas em relação aos mistérios de Angico, quando soube do fato do velho de Buritis com a possibilidade do mesmo ser Lampião.

Lampião e o fazendeiro Buritis
É evidente que não podemos desconhecer o quanto este assunto é delicado. Estão mexendo com um fato que tem mais de meio século de História, portanto, o cuidado é de primordial importância e não se sair por aí fazendo afirmações demagógicas e loucas, que serviriam de zombaria e chacota. É claro que, de minha parte, jamais arriscaria a me expor ao ridículo, fazendo perigosas e tão sérias afirmativas, no entanto, posso asseverar e garantir que tudo que se relaciona com a grota de Angico é envolto em um tremendo mistério, e que tudo ali pode ter acontecido, desde a morte de Lampião até mesmo a sua minuciosamente preparada fuga. Acontecimento, aliás, que não seria nenhuma novidade, uma vez que outras deserções aconteceram perante a vida cangaceira, dentre muitas a de Sinhô Pereira, o lendário cangaceiro do Pajeú, que teve o privilégio de ter sido o chefe e mestre de Virgulino. Outro foi seu parente e imediato Luís Padre.

Sinhô Pereira e seu primo Luiz Padre
Sem podermos arriscar, somos obrigados a admitir a possibilidade de que o maior dos cangaceiros tenha seguido o exemplo do antigo e extraordinário chefe, portanto, nada empecilha aos estudiosos, historiadores, e até mesmo às autoridades envolvidas com a nossa história, ou a quem de direito, que vá à fundo, que verifique 'in loco' ou trajetoriamente.

Pesquisador do cangaço - Antonio Amaury
Em conversa telefônica há dias passados com o mestre e amigo Antônio Amaury, ele dizia-me estar prestes a editar um livro que irá provar que o cerco de Angico não foi idealizado para Lampião ser morto, quem deveria morrer era justamente o coiteiro Pedro de Cândido.

O coiteiro Joca Bernardes
Dizia ainda o nosso conceituado e afamado historiador que Joca Bernardes, o coiteiro tido e havido como o traidor de Lampião, não era coiteiro do mesmo e sim de
Corisco e o cangaceiro Vinte e Cinco

Corisco e, mais, Amaury deu-me uma séria afirmativa ao dizer-me que Joca Bernardes nem conhecia Lampião.
Quanto ao pedido do fotógrafo José Geraldo Aguiar em relação ao DNA do corpo do velho de Buritis sou da opinião de que seja realizado o exame.

O escritor José Geraldo Aguiar - Faleceu em 2010
Se o mesmo der positivo ou negativo nada mudará aquilo que foi a marca registrada do rei dos cangaceiros, o seu caráter, sua valentia, sua índole de guerreiro, que, mesmo depois de todas essas eras dos mistérios de Angico ainda consegue fazer dos povos, simples repensadores dos seus passos, de sua história. E que, seja como for tudo isto ainda é prova da estratégia daquele que foi o maior dos estrategistas, traçando passos no ontem, no hoje e para a eternidade.
Escritor e radialista, O Caipira de Poço Redondo (SE), Sócio da SBEC.

ENGENHO VELHO

Por: Claude Bloc 

Eis o tempo
Resultado parco de utopias,
Eis a procura
De ontem, de hoje, enfim...
Uma lembrança que se afoga
E se agarra na figura da fênix
que o/a poeta construiu.
A vida aqui se retém na imagem
Na ruína de uma saudade
Aguardando sua vez
De consumir-se na memória.

Destilar Veneno...


"Não devemos mostrar a nossa cólera
ou o nosso ódio senão por meio de atos.
Os animais de sangue frio são
os únicos que têm veneno."

Arthur Schopenhauer
Postado por Dihelson Mendonça

Bonnie e Clyde do sertão - Por: Lira Neto

 
O amor de Maria Bonita e Lampião provocou uma revolução no cotidiano dos cangaceiros Uma sertaneja amoleceu o coração de pedra do Rei do Cangaço. Foi Maria Gomes de Oliveira, a Maria Déa, também conhecida como Maria Bonita. Separada do antigo marido, o sapateiro
 
 
José Miguel da Silva, o Zé de Neném, foi a primeira mulher a entrar no cangaço. Antes dela, outros bandoleiros chegaram a ter mulher e filhos, mas nenhuma esposa até então havia ousado seguir o companheiro na vida errante no meio da caatinga.
 
O primeiro encontro entre os dois foi em 1929, em Malhada de Caiçara (BA), na casa dos pais de Maria, então com 17 anos e sobrinha de um coiteiro de Virgulino. No ano seguinte, a moça largou a família e aderiu ao cangaço, para viver ao lado do homem amado. Quando soube da notícia, o velho mestre de Lampião, Sinhô Pereira, estranhou.
 
 
Ele nunca permitira a presença de mulheres no bando. Imaginava que elas só trariam a discórdia e o ciúme entre seus “cabras”. Mas, depois da chegada de Maria Déa, em 1930, muitos outros cangaceiros seguiram o exemplo do chefe. Mulher cangaceira não cozinhava, não lavava roupa e, como ninguém no cangaço possuía casa, também não tinha outras obrigações domésticas. No acampamento, cozinhar e lavar era tarefa reservada aos homens. Elas também só faziam amor, não faziam a guerra:
 
 
à exceção de Sila, mulher do cangaceiro Zé Sereno, não participavam dos combates – e com Maria Bonita não foi diferente.
 
 
O papel que lhes cabia era o de fazer companhia a seus homens. Os filhos que iam nascendo eram entregues para ser criados por coiteiros. Lampião e Maria tiveram uma filha, Expedita, nascida em 1932.
 
 
Dois anos antes, aquele que seria o primogênito do casal nascera morto, em 1930.
 
Entre os casais, a infidelidade era punida dentro da noção de honra da caatinga: o cangaceiro Zé Baiano matou a mulher, Lídia, a golpes de cacete, quando descobriu que ela o traíra com o colega Bem-Te-Vi.
 
 
Outro companheiro de bando, Moita Brava, pegou a companheira Lili em amores com o cabra Pó Corante. Assassinou-a com seis tiros à queima-roupa. A chegada das mulheres coincidiu com o período de decadência do cangaço.
 
Desde que passou a ter Maria Bonita a seu lado, Lampião alterou a vida de eterno nômade por momentos cada vez mais alongados de repouso, especialmente em Sergipe. A influência de Maria Déa sobre o cangaceiro era visível.
 
 
“Lampião mostrava-se bem mudado. Sua agressividade se diluía nos braços de Maria Déa”, afirma o pesquisador Pernambucano de Mello.
 
 
Foi em um desses momentos de pausa e idílio no sertão sergipano que o Rei do Cangaço acabou sendo surpreendido e morto, na Grota do Angico, em 1938, depois da batalha contra as tropas do tenente José Bezerra.
 
 
Conta-se que, quando lhe deceparam a cabeça, a mais célebre de todas as cangaceiras estava ferida, mas ainda viva.
 
 

Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico


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Rangel Alves da Costa

Rangel Alves da Costa
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O JAGUNÇO E O PADRE

Já perto de morrer de morte natural, pela velhice e enfraquecimento normal das forças do corpo, vez que diziam que ele era homem de sete vidas, o encanecido jagunço recebeu no seu casebre a inesperada visita do também provecto sacerdote. Acredite se quiser, mas eram amigos de muito tempo, o homem da hóstia e o da escopeta.
Mesmo naquela idade, andando quando muito de bengala pelos arredores do casebre de barro batido na ripa, de olhar profundo, entristecido, porém numa vivacidade que parecia estar sempre procurando o inimigo ou aquele que ia derrubar em seguida, de tocaia, da qual era especialista.
Ainda era temido, fazia muita gente mudar de rota pra não passar na sua malhada, na sua cancela. Mas não que o pudesse encontrar nas moitas de arma pronta e dedo no gatilho pronto pra disparar, mas pela história que contavam a seu respeito. E eram tantas e tão assustadoras que davam até pra arrepiar.
Ora, falar em jagunço era lembrar de outros tempos, um tempo de mando, de sangue, de covardia, de muitas mortes encomendadas, tanto de inocente com de cabra da mesma laia do chefe do pistoleiro. Mesmo não tendo nem mais resquícios do que haviam sido, o coronelismo e a jagunçada foram elementos inseparáveis na história colonizadora do nordeste.
E ali ainda morava um velho jagunço, um pistoleiro de não se sabe nem quantas mortes pelas costas. Aos olhos das pessoas comuns, falar em jagunço era se ter em mente apenas um assassino a sangue, um sanguinário matador, alguém que fazia o serviço de tocaiar vidas por dois contos de réis.
Mas não. É quase isso, mas não somente isso. Jagunço é a denominação que se dava, em tempos idos, ao sertanejo que prestava proteção ao líder politico ou coronel e, através do uso de armas e de estratégias matutas, elimanava os desafetos do seu chefe. No mesmo sentido, era aquele que servia de guarda-costas a fazendeiros ou poderosos e, sob suas ordens, fazia o trabalho sujo de matar inimigos.
Muitos eram homens de bem, pais de família, trabalhadores, muito conhecidos na região, mas por qualquer circunstância da vida cometiam crimes. Pobres, sabendo que sem a proteção do coronel seriam presos, então corriam pra propriedade do homem. De certo que não pegavam pena nenhuma, mas também tinham que fazer, dali por diante, o que o coronel mandasse. E o que ele mandava todo mundo já sabe, que era resolver na bala aquilo que a palavra não dava jeito.
Êta vida, meu Deus, tanto fazer, tanto matar por nada. Mas o que seria do jagunço se não fosse o desafeto do coronel, do capitão, do senhor de posse e cargo, pra matar de tocaia, deixar o bicho espumando estrebuchado no chão, cravejado de bala e sangrando até pelo canto do olho? Aquele derrubado não era ninguém, era apenas mais um, mesmo que mais tarde ficasse dilacerado por ter matado um conhecido.
E lá pelas tantas, depois de ter oferecido a terceira dose de pinga ao sacerdote, e logicamente derramado goela adentro outras três, o velho profissional da pistolagem sertaneja dizia calmamente:
Ser jagunço era ruim, coisa ruim demai, mai tomem era bom, bom de não ter medo de nada, nem da puliça nem das autoridade, e tudo pruquê ficava portegido pelo mandante. Na casa grande do coroné pé de pessoa num entrava se num fosse chamado. E se forsse pa fazê pregunta a seus home corria o risco de nem vortá pra dizer que num pôde.
Certa feita coroné Torquato me encomendou a morte do coroné Totonho. Quano soube da estóra, coisa que segradaro por lá, o coroné Totonho me mandou chamá e me ofereceu o dobro pra matá o coroné Torquato. Acabei num recebeno dinhero nem de um nem de outo, poi matei na hora o coroné Totonho só pruquê pensou que eu era home de me vendê. Adespoi o coroné Torquato num quis me portegê e tive de desabar no mundo. Todo mundo sabia que foi ansim, mai num foi não. Fiquei dois dia tocaiando o coroné, nos escondido das moita, até que passou num alazão e dei cabo dele. Ficou lá estirado, com o charuto ainda aceso no canto da boca...
E o velho sacerdote perguntou do que ele mais se arrependia. E o quase centenário jagunço nem vacilou na resposta, e disse:
Inté hoje só me arrepeno de uma coisa, que foi de num ter matado vosmicê, seu pade safado. À moda daquele pade lá do Juazeiro, me encomendou tantas morte e nunca me pagou uma sequer. Ganhano dinhero do coroné Salú, viveno do licor dele, mandava matá em nome do home e adespoi dizia que ia me pagá. Inté hoje, e tarvez ainda fosse tempo de lhe tocaiar e matá um pade veiaco safado...
E o sacerdote, um tanto quanto assustado, levantou um pouco e disse que era também pra isso, pra lhe pagar, que tinha ido até ali. E puxou do bolso dois crucifixos de ouro, colocando-os nas mãos do homem. E disse que o outro era apenas pra ele guardar e entregar somente quando se encontrassem depois da morte, pois tinha certeza que iam para o mesmo lugar.

Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com 
 
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