Seguidores

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

É UM DEVER NOSSO SEMPRE LEMBRARMOS JESUS


Apóstolo é uma palavra derivada do grego que significa enviado. Inicialmente Jesus escolheu doze apóstolos e os enviou para diversos lugares para pregarem a chegada da Boa Nova ou do Evangelho. Jesus também tinha para ajudá-lo em vida, além dos doze apóstolos, cerca de 70 discípulos, palavra derivada do latim que significa aluno.

Nos seus doze homens, originalmente um era coletor de impostos, outro carpinteiro e vários outros eram viajantes ou pescadores que exerciam sua profissão nas águas da Galiléia. Quando foram chamados para servir, eles se dedicaram a ser testemunhas para o mundo daquele que os chamara. Abaixo segue o nome dos discípulos principais ou apóstolos escolhidos por Jesus Cristo há cerca de dois milênios:

Simão chamado Pedro, o príncipe dos apóstolos,
André, o primeiro Pescador de Homens, irmão de Pedro
João, o apóstolo bem-amado
Tiago, o Maior, irmão de João
Filipe, o místico helenista
 Bartolomeu, o viajante
Tomé, o ascético
Mateus ou Levi, o publicano
Tiago, o Menor
Judas Tadeu, o primo de Jesus
 Simão, o Zelota ou o Cananeu
Judas Iscariotes, o traidor

Após a traição de Iscariotes, Matias foi escolhido pelos demais para ocupar seu lugar no colégio apostólico. Mais rigorosamente seria o 13º apóstolo.

Outro famoso apóstolo, Paulo de Tarso, o apóstolo dos gentios, não foi testemunha ocular de Jesus Cristo, mas convertido através de visões do Jesus ressuscitado, tornou-se um dos mais ardentes apóstolos do cristianismo.

Figuras copiadas do site
GRUPO ESPÍRITA APÓSTOLO PAULO

OS ESPERTALHÕES DE FEIRAS

Por: Honório de Medeiros
[Honório+lindo+026.jpg]

Antigamente não havia feira, no interior, sem um espertalhão. Era o espertalhão de feira. Chegava insidioso, se imiscuindo por entre as pessoas até um local apropriado, pousava a mala no chão, tirava o chapéu preto encharcado de suor, puxava um lenço amarfanhado do bolso e o passava no rosto e cabelo, abria a mala, sacava uma mesinha de madeira daquelas pré-montadas e a cobria com um pano que fora branco em alguma "era" passada, expunha vários frascos cheios de líquidos coloridos, olhava ao seu derredor, escolhia uma vítima após lançar um olhar experimentado para todos os lados e começava sua "latomia": "a senhora, é, a senhora mesmo, me ouça com atenção, porque estou vendo pela sua cor que a senhora apresenta algum incômodo no sangue. Tem dormido mal, de quando em vez, não é? Às vêzes tem sentido uma tristeza que demora a passar, não é? Algumas comidas não estão entrando bem, não é? É como digo, minha senhora, a senhora está com algum incômodo no sangue. Mas eu tenho a solução. E para o senhor também, e para você também, moça bonita. Porque aqui, nesta garrafa, está o mais potente destilado de uma erva que somente existe no coração da Amazônia, e que os índios guardam como sendo o maior segredo deles. Essa bebida cura todo mal que se origina do sangue..."
E por aí vai. O espertalhão de feira já formou um círculo em seu derredor e prende a atenção das pessoas contando casos e mais casos nos quais a cura milagrosa se estabeleceu a partir de sua beberagem. São estórias escabrosas, produzidas e contadas para prender a atenção. Voz tonitroante, olhar de águia para perceber quais são os mais impressionáveis, tiradas bem-humoradas de quando em vez, para estabelecer empatia com os ouvintes, poderia ser um estudo de caso de uma retórica firmada no dia-a-dia, na experiência brutal da luta pela sobrevivência, na prática permanente da mistificação.
Na outra ponta do centro da feira, outro espertalhão já montou seu "circo": também em uma mesinha dispõe sobre a superfície do pano branco uma bolinha de metal acobraeado e três copos de madeira escurecidos pela sujeira e convida os incautos a descobrir onde a bolinha está escondida, enquanto rapidamente os maneja de um lado para o outro. Alguns dos incautos já ganharam uma pequena importância: isso faz parte do processo de atração das futuras vítimas - o primeiro dinheiro fácil - que começam ganhando e, no fim, sem ter notado, seu "apurado", tudo quanto ganhou na feira, foi embora para os bolsos do espertalhão, misturado com cachaça ou conhaque barato e pedaços de carne de bode.


Em outro lugar cantadores de viola "simulam" um desafio enquanto alguém "corre o chapéu". Não há peleja, não há repente, não há criatividade: tudo quanto é cantado já o foi Sertão a dentro, muitas vezes, em muitos lugares. O público pensa que está assistindo um desafio quando, na verdade, está sendo iludido com versos decorados e antigos. 
Os espertalhões de feira são como nossos políticos. E os "bestas" somos nós.

COMENTÁRIO - Grande Aderbal, sempre surpreendendo.

Por: José Mendes Pereira

Este é um comentário que fez a pesquisadora do cangaço

Paulo Gastão e Juliana Ischiara

Juliana Pereira Ischiara, sobre o artigo do cineasta e

Aderbal, Severo e Sérgio

pesquisador do cangaço  Aderbal Nogueira, publicado no dia 7 de outubro de 2011, no Blog: "Cariri Cangaço": site http://cariricangaco.blogspot.com/2011/10/cariricaturas-poraderbal-nogueira.html

Grande Aderbal, sempre surpreendendo.

Parabéns pelo vídeo e pela feliz definição a cerca da alma do Cariri Cangaço, o fantástico é exatamente esta maravilhosa miscelânea. Porém, jamais deveremos nos esquecer que somos seres em evolução e que devemos ir ao cariri com a disposição para aprender e apreender um pouco mais sobre tudo, sobre o outro e sobre nós mesmos.

Assim como para você, o cariri cangaço representa muito para mim, acredito que para todos que participamos deste evento tão grandioso. Claro, cada um vive e sente de forma diferente, mas todos nós de alguma forma buscam a mesma coisa, como diz Zé Ramalho “o meu coração me diz, o importante é ser feliz.


Bem, como seu texto teve inspiração na poesia do grande Zé Ramalho, vou terminar meu breve comentário... rsrsrsrs, com trechos de outro clássico.


Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei
(...)
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
(...)
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Um abraço fraterno em toda família Cariri Cangaço.

Juliana Ischiara

 Cariricatura do Cariri Cangaço 2011, aproveitem!


Aderbal Nogueira
Conselheiro  Cariri Cangaço
Diretor do GECC
Sócio da SBEC

Mossoró


O município de Mossoró, segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, com cerca de 250 mil habitantes, está localizada na região Oeste, a 270 km de Natal e 260 km de Fortaleza (CE).
A exploração de Petróleo, a extração de sal e a produção de frutas irrigadas são as principais atividades eonômica da cidade, que ainda atrai turistas pelas suas águas termais e eventos de fatos históricos e festas juninas.
Os eventos culturais e juninos têm o apoio da prefeitura, que tornou a cidade um centro de cultura popular. Já as águas termais do Thermas Hotel têm propriedades terapêuticas e são ótimas para relaxar.
O Mossoró Cidade Junina ocorre no mês de junho. Já é o maior festejo junino do Estado.  Durante todo o mês de junho a prefeitura promove uma série de shows com artistas locais e atrações nacionais.
Ainda em junho, paralelo aos festejos juninos, em frente a Igreja São Vicente, é realizado de quinta-feira a domingo a partir das 21 horas o espetáculo “Chuva de Balas no País de Mossoró", que mostra a expulsão do bando de Lampião da cidade. Música e teatro se unem nesse espetáculo com cerca de 50 personagens no palco.
O Auto da Liberdade, encenado na Estação das Artes, de 26 a 29 de setembro, é um espetáculo teatral e musical Inspirado em quatro fatos históricos da cidade. O auto mostra a saga dos movimentos libertários e de vanguarda da cidade : o Motim das Mulheres (1875); a Abolição da Escravatura (1883); a Resistência ao bando de o “Lampião” (1927); e o primeiro Voto Feminino da América Latina (1928).
O auto conta com cerca de 2.500 atores e figurantes, sendo considerado um dos maiores espetáculos teatrais ao ar livre do mundo.
Em dezembro, a cidade celebra a sua padroeira Santa Luzia, com  procissão e  oratório contando a vida da santa protetora dos olhos

Museu da Resistência

Em 2008, Mossoró ganhou o Museu da Resistência, a praça da Convivência e a Cidade da Criança.



O Museu da Resistência fica na avenida Rio Branco, no centro. Painéis de fotos antigas registram e contam a frustrada invasão do bando de Lampião a cidade. O prefeito da época, Rodolfo Fernandes, mobilizou os moradores de Mossoró para enfrentar o grupo de Lampião, num confronto que acabou em mortes de muitos comparsas do bandido mais temido do Nordeste.



Bandidos para alguns, cultuado como herói por outros, Lampião teve a sua pior derrota ao tentar invadir Mossoró para saquear a cidade. A história desse episódio ocorrido em 1927 foi transformado em espetáculo musical de muito sucesso, que todo ano em junho atrai milhares de turistas para a cidade.
A praça da Convivência é um espaço gastronômico com restaurantes, bares, sorveteria, pastelaria, tapiocaria e lojas de artesanato.


Ponte sobre o rio em Mossoro
Ponte sobre o Rio Mossoró

Já a Cidade da Criança como o nome já indica é um espaço para a garotada se divertir, com muitos brinquedos.

Passeios

A partir de Mossoró, as opções de passeios de um dia são muitas, como conhecer o litoral da Costa Branca, onde estão as salinas, falésias e dunas das praias de  Areia Branca,  São Cristovão,  Ponta do Mel  e Rosado.
Tem ainda as praias de Grossos e Tibau, na divisa com o Ceará.

Praia em Tibau

Espaço Cultural

Em Mossoró, uma boa opção é conhecer o Espaço Cultural Arte da Terra, na avenida Presidente Dutra, 1, no bairro Alto de São Manoel, na saída para Natal pela BR-304.

Música, artesanato, cultura e gastronomia estão juntas num mesmo ambiente rústico. Na fachada, dois bonecos representando Lampião e Maria Bonita dão as boas vindas ao visitante. Informações pelo telefone (84) 3315-5176

O Primeiro Voto Feminino, de Celina Guimarães, em 1928


O Rio Grande do Norte marcou a luta mundial dos movimentos feministas, à época crescente em todos os lugares. O Estado era governado por


Juvenal Lamartine e coube a ele o pioneirismo de autorizar o voto da mulher, em eleições, o que não era permitido no Brasil, mesmo a proibição não constando da Constituição Federal. Foi em 1928.


Celina Guimarães Viana, professora, juíza de futebol, mulher atuante em Mossoró, foi a primeira eleitora inscrita no Brasil. Após tirar seu título eleitoral, um grande movimento nacional levou mulheres de diversas cidades do Rio Grande do Norte e outros nove estados da Federação a fazerem a mesma coisa.

Celina Guimarães votando no prédio onde hoje funciona a Biblioteca Municipal

Com a mulher eleitora, vieram outras conquistas de espaço na sociedade. Veio a primeira mulher a eleger-se deputada estadual no Brasil e a luta pela emancipação feminina foi ganhando impulso em todo o país, levando o voto feminino a ser regulamentado em 1934.
O episódio tem importância mundial, pois mais de uma centena de países ainda não permitia à mulher o direito de voto. Na própria Inglaterra civilizada o voto, apesar de permitido antes, só foi regulamento após Mossoró inscrever sua primeira eleitoral.

A Farmacopéia do Cangaço

Por: João Tavares Calixto Júnior.

Os anais do cangaceirismo nos contam efantasticamente sobre os acontecimentos que beiram o surreal. Dentre estes, alcandorado, o fato de os tabaréus possuírem um conhecimento empírico extremamente apurado em alusão ao uso de plantas do lugar. A existência da “Farmacopéia do Cangaço” é fruto de séculos de experimentações, e ainda que permeada por erros e riscos, se mostrou adequadamente farta em utilidades às cabroeiras errantes.

A absorção do valor medicinal das plantas na caatinga é prática antiga, data do perpétuo domínio dos índios, antes mesmo da invasão européia e das capitanias já abrasileiradas. Comprido foi o tempo em que os itinerantes do cangaço unicamente se atearam a floris medicinalis. Segundo Araújo e Fernandes (2005), para se ter uma idéia, os cangaceiros só conheceram as propriedades do ácido-acetil-salicílico em 1929, através do Capitão-Médico do exercito Eronildes de Carvalho, que ofereceu um comprimido do analgésico para um bandoleiro com dor de dente.

Particularmente sobre a era lampiônica do cangaço, foi dito por pouco mais de meio mundo de autores e pesquisadores, sobre a existência de um médico naturalista atrelada à estampa de Virgulino. Rumores inimigos!Em Aglaê Lima (1970), por exemplo, Lampião representava o cirurgião, clínico, ginecologista, parteiro e até dentista do bando. Essa mesma idéia, portanto, é fruto da imaginação recreativa de muitos, e da fantasia popular permeada pela mítica do cangaceiro. “Praticavam extrações dentárias com pontas de punhais e alicates. Em seguida bochechos de mandacaru. Raspa de juá evitava o aumento da cárie..." (ALMEIDA, 2006).

Caatinga, habitat natural  fonte da medicina dos cangaceiros...

O escritor Antônio Amaury, pesquisador dos maiores do assunto, colhe depoimentos de Dadá, também algoz de bedéis do sertão, que declara desconhecer Lampião removedor de balas, amputador de membros, parteiro em ocasiões complicadas ou muito menos arrancador de dentes. “Arrancar um dente ainda não "amolecido" pela piorréia é trabalho hercúleo (...)." É, portanto, balela afirmar ser lampião ou qualquer outro cangaceiro "dentista". Entrementes, não é incomum se observar nas passagens, relatos de junção entre chás, lambedores, efusões, emplastos e defumadores, além de benzeduras, simpatias e orações aplicados por cangaceiros em busca de cura a seus achaques.

A farinha de mandioca, por exemplo, além de alimento indispensável, ora era usada como emplastro, no tratamento dos abscessos. Acreditava-se o emplastro quente com farinha, sobre regiões inflamadas, evitar a lesão “vir a furo”. O fumo em pó, sobre feridas abertas, evitava infecções secundárias, ovoposição de moscas varejeiras e miíase. (ARAÚJO & FERNANDES, 2005). Para dor de cabeça, usavam-se folhas de algodão aquecidas e mascava-se gengibre. Contra faringite, o chá de formiga e o gargarejo com sal era a cura. Para doenças reumáticas, banha de capivara, chá de osso de jumento e carne de cobra cascavel. Para “fraqueza dos pulmões” era o leite de jumenta pela manhã, e para prisão de ventre, o chá da raiz de gitirana, retirada do nascente.

Quando alguém com asma, a banha de ema era ingerida. Para mau hálito, mastigavam-se folhas da goiabeira branca e se alguém atacasse por epilepsia, o chá de perna de garça era a solução. Para lombriga, a erva de cruz, e impotência sexual, quando acusava, chá de velame ou chá de cabeça de negro em jejum.

Segundo o escritor Joaquim Góis, Lampião e seus “cabras” traziam como parte integrante do seu “ carrego” uma botica improvisada com tintura de iodo, pó de Joannes, água forte, pomada de São Lázaro, linha e agulha, algodão, um estojo de perfumes com brilhantina, óleo extratos e essências baratas. O Juá e a arnica eram elementos sem igual para o tratamento de grandes traumatismos decorrentes de quedas, acidentes, esmagamentos, facadas ou tiros. O emprego das cascas de jenipapo nas luxações, fraturas e contusões, eram de comum prática. Em traumatismo ocasionado por coice de burro usava-se emplasto de mastruço, carvão moído e esterco de animal. O chá de quixabeira também era recomendado para cicatrização (SERAINE, 1983). A raspa do pau de quixabeira era misturada com álcool ou cachaça e ingerida ou colocada sobre o ferimento; segundo os cangaceiros a ingestão dessa mistura reanimava e dava uma sensação de força... (ARAÚJO & FERNANDES, 2005).

Relatos apontam ainda que, em ferimentos à bala, aguardente, água oxigenada e pimenta malagueta seca, eram introduzidos através do orifício de entrada. Sendo o tratamento doloroso ao extremo, e mais angustiante do que a própria lesão, disseram alguns sobreviventes que se ia ao céu e se voltava de lá.. Como em uma aula de fitoterapia ou de botânica, botânica fanerogâmica, e sobre plantas de caatinga sucintamente, citaram-se aqui, extraídas em parte do livro "Lampião, Cangaço e Nordeste" de Aglaê de Oliveira, plantas da região que, conhecidas e empregadas pelos itinerantes valentes das matas brancas e secas, e não muito pela geração contemporânea, eram de uso uniforme. Destaca-se a necessidade que se engendra de divulgar o potencial da flora da caatinga, tão usualmente acometida pelo cangaço, por necessidade, e por vocação instintiva do viver, talvez, e diante disso, expô-la aos seus verdadeiros donos, desconhecedores de uma opulenta herança enjeitada em detrimento da exploração midiática contemporânea...
Referências:

ALMEIDA, Isnaia Firmino Souza. Lampião: A Medicina e o Cangaço. Revista Eletrônica de Ciências Sociais, n.11, p.112-130, 2006.

ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa; FERNANDES, Leandro Cardoso. “Lampião a medicina e o cangaço”.Editora Traço. 1a edição, 2005

OLIVEIRA, Aglaê Lima. Lampião, Cangaço e Nordeste. Editora O Cruzeiro- 2ª Edição.

Fonte: João Tavares Calixto Júnior - Rede Blogs do Ceará - http://lavrasce.blogspot.com

Uma tarde com Aristéia.

Por: Archimedes Marques

Meu carinho, satisfação, alegria e admiração por aquela brilhante e inesquecível tarde do dia 14 de junho de 2011, não tem nome nem apelido cangaceiro, tem apenas a denominação reluzente e divina, Aristéia, agora também um dos meus eternos amores" Acho até que já conhecia há muito aquela comitiva em liderança de Kiko Monteiro, João de Sousa Lima e a nonagenária Aristéia, ex-cangaceira, estrela da tarde que estreou nas ondas da Rádio Aperipê, aqui na minha querida Aracaju" Nossa total compatibilidade e sintonia me dá essa certeza.

Como é bom estar ao lado de pessoas tão especiais!... Pessoas simples, mas de uma
importância imensurável na história contada e recontada, feita, refeita e complementada em busca de excelência, em busca da verdade real, em busca dos verdadeiros fatos vividos no tempo do cangaço que fustigaram os quatro cantos dos nossos sertões e que, infelizmente, são desmistificados por alguns historiadores.

Graças ao contato de Kiko Monteiro com o seu amigo e pesquisador Clenaldo Santos agendaram-se em cima da hora uma entrevista no seu programa "Linha Sertaneja" transmitido pela Rádio Aperipê AM e, eu, após ser intimado sob as penas da lei do cangaço, apesar de doente e até sentindo dores em convalescência de uma cirurgia, me fiz presente junto com a minha esposa Elane Marques e uma das minhas netinhas, Elane Marques Neta, que radiantes com a linda lucidez e luz que carrega a velha jovem e vaidosa Aristéia, ainda hoje se gabam aos demais familiares e amigos sobre essa tarde e sobre essa oportunidade impar vivida por todos os presentes, comitiva, convidados, radialistas, funcionários da emissora e curiosos, o que me fez tão imperativo e 
feliz...

Tais singularidades ficarão para sempre na minha mente e no meu coração. Uma tarde inesquecível... Após três dias de estrelato e assédio no 21º Cine Ceará com o filme OS ÚLTIMOS CANGACEIROS a ex-cangaceira Aristéia, volta para sua casa em Delmiro Gouveia nas Alagoas, mas deixa saudades em Aracaju após conquistar novos amigos.

O bate papo no ar em Amplitude e Modulação durou uma hora e meia. Aristéia surpreendeu com a sua descontração até aos próprios familiares acompanhantes, seu filho Pedro e sua nora, riu bastante, embora de maneira tímida, sem estardalhaço, de um dos microfones que teimava em não ficar ereto, assim como, dos elogios e brincadeiras feitos pelo radialista Tuca e demais presentes, também fez rir ao resumir a sua participação no cangaço proveniente do subgrupo de Virginio, em especial, uma história de cunho imperdoável que ela teve com um tal de Porfírio, um cidadão mais feio do que o "cão chupando manga", tão feio quanto malvado e cruel, que vivia a importuná-la nos tempos da sua juventude.


João de Sousa Lima, Alcindo e Vilela
Para finalizar, quero também deixar registrado o meu respeito e admiração pelo escritor João de Sousa Lima, pesquisador e verdadeiro detetive a investigar incansavelmente, descobrindo novos fatos e novas personalidades ainda vivas que viveram a realidade do cangaço, que de certa forma, quer queiram, quer não, mudam os rumos de certas histórias por vezes inventadas e deturpadas por alguns escritores.
O João das meninas Durvinha e Aristéia, também demonstra o seu amor platônico por Maria Bonita nas suas escritas.
Na sua trajetória de pesquisador, escritor e historiador mostra-se um obstinado policial em busca da verdade absoluta dos fatos, fatos sem máscaras, em água cristalina, com intuito de melhor informar o povo sobre esse tão conflitante quanto empolgante, por vezes misterioso e intrigante tema vivido pelos nossos ancestrais sertanejos, denominado cangaço.

O pernambucano de São José do Egito, baiano de coração, ou melhor, Pauloafonsino de coração, terra do sítio Malhada da Caiçara onde nasceu Maria Bonita, demonstra na sua investigação pertinaz e incansável perquirida sob o sol causticante das caatingas, das rochas e lajedos quentes, das matas com pouco verde e das grutas obscuras, perigosas e silenciosas, em busca de evidencias ou provas nos supostos locais de lutas das volantes com os diversos grupos de cangaceiros, que é no tempo da carreira da profissão escolhida de cada um que se desenvolve o drama da transformação para o alcance da sua melhor capacidade de discernimento. É o que podemos, no âmago, chamar de tirocínio, qual seja: o poder de percepção e faculdade sensorial que vai além dos cinco sentidos habituais para captar detalhes fundamentais em busca de novos fatos, em busca da verdade que ainda teima em emergir de vez em determinados pontos.

O tirocínio do bom profissional, do bom pesquisador, do bom historiador, advindo do discernimento mental de se perceber que alguma coisa está errada, que algo não se encaixa, que alguém está mentindo, que há algo inventado, arquitetado ou montado relativo a determinada ação, está presente nos livros e nas ações determinantes e incisivas de João de Sousa Lima.

Esse grande profissional da literatura cangaceira também demonstra com as suas importantes obras:
"Maria Bonita" Diferentes contextos que envolvem a vida da Rainha do Cangaço" (em participação com outros autores);
"Lampião em Paulo Afonso";
"A trajetória guerreira de Maria Bonita " A Rainha do cangaço"
e "Moreno & Durvinha", além de irreverentes matérias postadas no seu blog, o verdadeiro amor que tem pelos assuntos ligados ao cangaço.

João de Sousa Lima sabe disso tudo e de algo mais, por isso, posso dizer sem medo de errar, que ele além de um excelente escritor, pesquisador e historiador, é de fato esse profissional, um verdadeiro policial investigador, um verdadeiro rastreador em busca do certo que enobrece a classe escritora do cangaço a dar força a minha força para num futuro próximo, também oferecer a minha parcela de contribuição a essa história com um livro pertinente, nos mesmos moldes de uma verdade mais próxima da verdade real.

Bons amigos sempre ficam de modo especial em nossos pensamentos. Fazem parte do nosso dia a dia, mesmo não estando presentes.

Assim, passo aqui com tudo isso, somente para lhes desejar uma linda tarde, uma tarde com Aristéia, na minha ótica, a cangaceira do amor.

Autor: Archimedes Marques (Delegado de Policia. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Publica pela Universidade Federal de Sergipe) archimedes-marques@bol.com.br
  Autor: Archimedes Marques
Extraído do blog: "Cangaço em Foto", do autor deste artigo
meus+artigos/uma+tarde+com+aristeia

GÊMEOS XIFÓPAGOS

Por: Rui Farias


Analisando a luz da doutrina espírita são dois espíritos ligados pelo ódio extremo ou por afinidade, comparsas que comungaram das mesmas idéias, pensamentos e sentimentos, gerando uma simbiose negativa entre os dois, ambos foram alimentando-se da mesma energia produzida, às vezes foram séculos vivendo neste circuito repetitivo, a idéia fixa e a transformação dos seus corpos perispirituais numa única massa, perdendo a individualidade dos seus corpos temporariamente.Foram várias reencarnações compartilhando e atraindo como imã as formas de pensamento, nutrindo-se da mesma sintonia vibratória, o que fundiu seus corpos Espirituais como o aço derretido, tornando-se, muitas vezes, algo indefinido e sem forma, e que acabam renascendo nestas condições deploráveis, não pelo próprio livre arbítrio ou por castigo do Criador, mas, por uma espécie de determinismo originado na própria lei de causa e efeito.


Estes Espíritos, agora, unidos por algo em comum e ligados pelo perispírito, projetam no novo corpo físico, muitas vezes pela reencarnação compulsória, através do corpo espiritual, as lesões que danificaram, destruíram e desorganizaram os átomos, as moléculas, as células e até seus órgãos que fazem parte da constituição dos seus perispíritos, moldando o novo corpo físico de acordo com as impressões gravadas em suas consciências, gerando a ligação material pela pele ou por algum órgão vital, denominando-se gêmeos siameses.
Os espíritos se unem ao corpo espiritual da futura mãe e depois se ligam ao fluido vital do óvulo, ocorrendo à fecundação, o óvulo fecundado (zigoto) sob a influência de duas energias espirituais diferentes tende a se bipartir. No início da fecundação quando o zigoto inicia seu desenvolvimento, há pela presença de dois espíritos, a divisão em duas células que desenvolverão dois organismos filhos.Nos casos normais quando existem dois espíritos unidos ao zigoto (óvulo fecundado), o processo da separação determina o surgimento de gêmeos univitelinos (idênticos). Nos gêmeos xifópagos, ficam unidos na fase da gestação formando a união física entre os dois corpos. Podendo ser ligada por órgãos vitais dificultando a cirurgia médica para separar os corpos.
O Dr. Ricardo Di Bernardi diz que, se a troca de energias desequilibradas for profunda e principalmente na parte intelectual, ocorre um intenso desequilíbrio dos centros de força perispiritual coronário de ambos. Esta fusão energética pode formar como modelador de uma única cabeça para dois troncos (Y - invertido). Quando a desarmonização acontece nos sentimentos, haveria o envolvimento dos centros de força cardíaco e gástrico, formaria gêmeos xifópagos "Y", ligados ao tórax.
Invertendo as posições, através da reencarnação, obsedado e obsessor revezam os papéis, ora um se torna o algoz, ora se torna a vítima, tanto no plano físico como no plano Espiritual, atraídos sempre pelo ódio e o desejo de vingança, como pela afinidade nas mesmas atitudes, sonhos e ideais, acabam encontrando-se em circunstâncias difíceis e dramáticas, obrigando-os a compartilhar do mesmo sangue vital, do mesmo alimento e do ar que respiram.
Em muitos casos não existe a possibilidade de reabilitação, a curto ou mesmo em médio prazo, de resolver estas uniões para a recuperação psíquica e emocional dos envolvidos.
Quanto mais se prendem nesta obsessão, a energia gerada entre ambos se alastra chegando a uma situação gravíssima de comprometimento do corpo espiritual (perispírito) das duas criaturas.
Somente a reencarnação ajuda anestesiar temporariamente estas consciências transtornadas, o que poderá servir de incentivo regenerador na construção da real trajetória.
Esta expiação, também, serve para os pais que participaram de um modo ou de outro pela queda destas almas, os vínculos do passado levam a vivenciar esta difícil experiência, sendo que ninguém é vítima do acaso ou de uma lei injusta e arbitrária.
A formação de uma nova família, atraídos pelas mesmas afinidades e sintonia energética, é o despertar das leis divinas operando em nossas vidas a lei natural de causa e efeito.
Estes Espíritos retornam juntos e unidos pelo mesmo corpo físico. Não conseguem se separar, ligados por laços extrafísicos que se manifestará pela união biológica.
O sofrimento e as dificuldades por causa das limitações físicas e as dores morais do convívio compulsório, da exposição à curiosidade pública e as energias deletérias encharcadas em seus corpos espirituais serão expurgadas vagarosamente no corpo físico. A trajetória destes dois espíritos num mesmo corpo criará, ao longo do caminho, laços de amizade e carinho, despertando sentimentos de amor, de compreensão e será o início da regeneração pelo amor e pelo perdão.
Terão que lapidar suas almas e as tendências inferiores que cada um possui, revivendo em seus íntimos o evangelho simbolizado na prática da caridade, começando entre eles no exercício do amor restaurador. Dependerão somente de seus esforços, sendo orientados pelos bons espíritos e amparados pela família no carinho e zelo dos pais, formando um novo caráter edificado na transformação de suas personalidades, reeditando as suas memórias perispirituais na projeção de novos corpos sadios e na liberdade construída nas dores e no sofrimento físico.
Extraído do Blog Tamoporaí

LAMPIÃO REI DO CANGAÇO COMPLETOU 73 ANOS DE SUA MORTE.

Por: Juscelino da Rocha
Virgulino Ferreira, Lampião, (1898- 1938), foi morto na gruta de angicos Estado de Sergipe em 28 de julho de 1938, pela volante do Tenente JOÃO BEZERRA DA SILVA, natural de Afogados da Ingazeira Estado de Pernambuco e nascido em 24 de julho de 1898 e pai do meu amigo e colega JOÃO BRITO. O cangaceiro VIRGULINO FERREIRA DA SILVA, nasceu em 4 de junho de 1898 na cidade de Vila Bela, atual Serra Talhada, no semi-árido do estado de Pernambuco e foi o terceiro filho de José Ferreira da Silva e Maria Lopes. Madrugada de 28 de julho de 1938.
João Bezerra - o primeiro à esquerda
 O sol ainda não tinha nascido quando os estampidos ecoaram na Grota do Angico, na margem sergipana do Rio São Francisco. Depois de uma longa noite de tocaia, 48 soldados da polícia de Alagoas avançaram contra um bando de 35 cangaceiros. Apanhados de surpresa - muitos ainda dormiam -, os bandidos não tiveram chance. Combateram por apenas 15 minutos. Entre os onze mortos, o mais temido personagem que já cruzou os sertões do Nordeste: Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião.
Mortos: Lampião, abaixo, Maria Bonita e Luiz Pedro
Era o fim da incrível história de um menino que nasceu no sertão pernambucano e se transformou no mais forte símbolo do cangaço. Alto - 1,75 metros -, pele queimada pelo inclemente sol sertanejo, cabelos crespos na altura dos ombros e braços fortes, Virgulino fez parte do cangaço, um fenômeno social ocorrido no final do século XIX e início do século XX, resultado da grande concentração de terra e péssimas condições socias do Nordeste brasileiro, onde grupos de homens se armavam e praticavam ações violentas, muito bem demosntrado na novela das 18:00 hora exibida pela globo, "CORDEL ENCANTADO".
Lampião era praticamente cego do olho direito e andava manquejando, por conta de um tiro que levou no pé direito. Destemido, comandava invasões a sítios, fazendas e até cidades. Dinheiro, prataria, animais, jóias e quaisquer objetos de valor eram levados pelo bando. A tentativa de explicar a morte de Lampião levanta controvérsias e alimenta a imaginação, dando origem a várias hipóteses acerca do fim de seu "reinado" nos sertões nordestinos.
O famoso jornalista “Melchiades da Rocha”; que foi meu tio, em sua brilhante obra "bandoleiros das caatingas" editora Francisco Alves, narra em detalhes, todos os aspectos da morte de Lampião, inclusive salienta as entrevistas que fez com o soldado Honorato e demais membros das volantes, na época do famoso evento. A proposito o Jornalista Dr. MECHIADES DA ROCHA foi o único jornalista do mundo a dar o furo de reportagem em primeira mão no Jornal a Noite do Rio de Janeiro. Nem os jornais de Pernambuco, Alagoas e Sergipe conseguiram tal feito. O fato foi que o comandante militar da região que comandava o Tenente Bezerra era nada mais e nada menos que primo do jornalista Melchiades da Rocha que por sua vez era irmão do então Prefeito de Santana do Ipanema, e aí ficou tudo mais facil. Trouxeram as cabeças do bando de madrugada a Santana do Ipanema a mando do
Cel Lucena que por sua vez na chegada a local práximo a Santana pela madrugada mandou trazer o Melchiddes para fazer toda reportagem. Ao raiar do sol o Jornalista Melchiades da Rocha pegou um vôo fretado pelo jornal a noite em hidroavião de Maceió para o Rio.
OUTRAS VERSÕES DA MORTE DE LAMPIÃO:
Numa noite chuvosa de inverno, escuro e “frio de matar sapo”, as volantes alagoanas, guiadas por Pedro de Cândido e seu irmão Durval, cercaram a grota dos Angicos na madrugada de 28 de julho de 1938. Na hora em que Lampião e mais alguns poucos cabras ( provavelmente três ) beberam o café, Lampião caiu sentado na rede, revirando os olhos e morreu rapidamente. Os outros três rodaram e tombaram, uns para frente, outros para trás ( conforme depoimento de Paturi, o cangaceiro escondido que viu tudo ). Quando foi anunciada a morte de Lampião, aos gritos, teve início a fuzilaria. Segundo depoimento de diversos jornalistas brasileiros e estrangeiros que narram os acontecimentos da época que diz a seguinte versão do envenenamento: Relatos dizem que a traição a lampião pelo coiteiro fazendeiro  Joca do Capim, incomodado com as traições de sua mulher com o cangaceiro Querosene, resolveu trair o bando, ao sargento Aniceto, que não sabia da trama de Bezerra e Pedro de Cândido. Após muitas minúcias (que o leitor irar ver nos livros “Lampião um raio de perigoso” e “Lampião em Alagoas”) Bezerra resolve (após enviar comida envenenada por Pedro de Cândido e seu irmão Durval), invadir a Grota de Angicos. Só teve essa coragem, entremeada de indecisões, por causa do aspirante Francisco de Melo e, seu ordenança o feroz Mané Veio ( Antonio Jacó ) que nada sabiam sobre o veneno. Consta ainda em relatos dos próprios jornalistas e agentes da CIA que na visita ao local dias depois havia intenso mau cheiros exalados pelos corpos deixados para trás e muitos urubus mortos sobre os corpos. Obviamente que a maioria como lampião morreram envenenado, pois o bando de lampião poderia se rendido pelo crivos das balas, mas ele não era covarde, morreriam também metade dos soldados da volante logicamente. 

Arquivo da categoria: Cangaço - NOTÍCIAS DO CANGAÇO NO CEARÁ, NAS PÁGINAS DA REVISTA FON-FON

Por: Rostand Medeiros



Quando se pensa em pesquisa sobre o tema cangaço, normalmente o campo de busca de um garimpeiro da história seria uma hemeroteca, ou a documentação governamental de algum arquivo público, ou os arquivos dos institutos históricos existentes nos estados onde ocorreu este fenômeno de banditismo rural. Sem esquecer das pesquisas de campo e o que ficou da tradição oral.


Quando se pensa em pesquisa sobre o tema cangaço, normalmente o campo de busca de um garimpeiro da história seria uma hemeroteca, ou a documentação governamental de algum arquivo público, ou os arquivos dos institutos históricos existentes nos estados onde ocorreu este fenômeno de banditismo rural. Sem esquecer das pesquisas de campo e o que ficou da tradição oral.
Existem vários caminhos, mas um dos mais interessantes e que eu acreditava serem menos propensos a existir algo relativo ao cangaço, seriam as páginas da revista Fon-Fon. E realmente existem interessantes referências sobre cangaceiros nesta revista de variedades.
Dando um chute bem largo na história, seria mais ou menos como se hoje fosse realizado um debate sobre a problemática dos assaltos a bancos nas grandes cidades brasileiras, utilizando para isso as páginas da revista “Caras”.
Um Marco na Imprensa Brasileira
Durante o século XIX, em praticamente todo o Mundo as revistas ricamente ilustradas tornaram-se moda. Os causos, curiosidades e outros assuntos relacionados a modernidade, como moda nos bailes, automóveis, aviação, eram matérias para estas revistas.
Seguindo a tendência é criada a revista Fon-Fon no Rio de Janeiro em 13 de abril de 1907. Em relação ao nome “Fon-Fon”, é uma simples onomatopeia do som produzido pelas buzinas dos carros da época.

http://wp.clicrbs.com.br
O foco da revista tinha um olhar irônico em relação ao dia a dia e aos fatos do Brasil considerado moderno. O enfoque dado às imagens era outra de suas principais características. Até mesmo gênios de nossa pintura, como Di Cavalcante, foi um de seus colaboradores.  Em suas páginas foram celebrizados ilustradores como Nair de Tefé, J. Carlos, Raul Pederneiras e K. Lixto.
Eram mostradas as últimas novidades da moda em Paris, que na época já era o maior centro de elegância do mundo em matéria de modas femininas e infantis.
Além de moda a revista tratava de estilos e das rápidas mudanças que ocorriam na sociedade brasileira. Mas é inegável que o maior enfoque, era em relação à vida social carioca. Para a pesquisadora Fabiana Macena, a revista Fon-Fon se torna um importante documento para auxiliar o entendimento das táticas e relações comportamentais dos atores sociais da época.[1]
É neste interessante periódico que vamos encontra dois artigos sobre o cangaço.
Cangaço na Fon-Fon
No exemplar que circulou em 14 de abril de 1928, um sábado, na seção “Commentarios da Semana”, temos um texto que se inicia desta maneira;

Fon-Fon, 14 de abril de 1928
 “O Ceará está na ordem do dia da imprensa carioca e quiçá da do Mundo. Infelizmente não pelo brilho da inteligência inegável de seus prosadores e poetas, nem pela excelência de sua administração e nem por outros motivos auspiciosos, mas pela miséria de sua politicalha e pela selvageria de seus crimes.”

O autor destas letras comenta que através de inúmeras notícias vindas daquele estado, este se encontrava “fora da ordem e da lei”. Um dos principais fatores apontados para a uma pretensa crise política e social era a questão do cangaço.
No texto encontramos uma forte crítica na maneira como as forças de segurança cearenses estavam levando adiante a luta contra os cangaceiros.
É comentada uma notícia publicada no jornal “O Povo”, de Fortaleza, edição de 15 de março, informando o saque realizado por policiais no povoado de Girau.
Esta povoação se desenvolveu a partir da fundação de uma estação ferroviária em 1907, localizada a alguns quilômetros da cidade de Senador Pompeu, fazendo parte da chamada Linha Sul e pertencente à Rede de Viação Cearense[2].

Antiga estação de Girau - Fonte - http://www.estacoesferroviarias.com.br
No artigo não encontramos maiores detalhes deste episódio. Mas ele deixa claro para a população carioca, o principal público da Fon-Fon, que diante da brutalidade, do saque e dos roubos praticados por membros das forças de segurança, era natural que sertanejo cearense sentisse uma certa inclinação a favor dos bandidos e fazendo com que alguns fornecessem proteção aos cangaceiros.
Para o articulista, a forma de combater o cangaço era equivocada. Enquanto os soldados simplesmente aguardavam a chegada dos meliantes, estes eram rápidos em seus deslocamentos. Bem montados em alimárias, percorriam grandes distâncias em pouco tempo e realizavam suas ações de forma inesperada.
O autor informa que os militares envolvidos nas operações contra os cangaceiros ganhavam vencimentos tão miseravelmente baixos, que o saque oficial, a arrecadação dos chamados “tributos de campanha”, era uma consequência para se evitar a fome. Além do mais ficava difícil acreditar que estes soldados combatessem seriamente os cangaceiros recebendo apenas 3.000 réis por dia[3].
Na edição de 5 de maio de 1928 da Fon-Fon, encontramos o subtítulo “O Penhomeno do Banditismo”, igualmente publicado na seção “Commentarios da Semana”, onde o autor afirma que o cangaceiro do Nordeste seria um herói abortado. Para o articulista este cangaceiro do sertão, possuidor de enorme energia natural, sem direcionamento, se perde na pobreza e no atraso que vivia a região.

Aspecto de um grupo de policiais volantes de combate a cangaceiros. Foto meramente ilustrativa
Apontava que para vencer o cangaço não seriam necessários os tiros e as baionetas dos militares. Mas teria que ser dado trabalho organizado pelo governo junto aos sertanejos, principalmente na construção de açudes, na abertura de estradas e sem esquecer-se de trazer educação para esta gente tão sofrida. Estas seriam armas muito mais poderosas para acabar com o cangaceirismo.
O autor não tinha nenhuma dúvida em apontar o grande culpado dos problemas relacionados ao cangaceirismo no interior do Ceará; o governo estadual.
A Luta Contra o Cangaço no Ceará, na Visão do Governo Estadual
Nesta época estava a frente do executivo cearense o desembargador José Moreira da Rocha, tendo realizado um dos governos mais polêmicos da história do Ceará. Ele dirigiu o estado entre 1924 a 1928, seguindo uma linha conservadora. Foi acusado entre outras coisas de ser autoritário, praticar o nepotismo e desviar verbas públicas.

Moreira da Rocha - Fonte - http://www.enciclopedianor-deste.com.br
Na área de repressão ao cangaço, a atuação das forças de segurança durante o governo Rocha tiveram seu grande ápice em 1927, durante a perseguição ao bando de Lampião, após este ter invadido o território potiguar e ter realizado o frustrado ataque contra a cidade de Mossoró.
Na sua mensagem a Assembleia Legislativa do Ceará, enviada em 19 de maio de 1928, Rocha enalteceu a dura perseguição ao bando, comentando de forma positiva os combates da Serra da Micaela, no município de Jaguaribe e na área do município de Aurora.

Serra da Micaela em foto atual - Fonte - http://www.flickr.com - Foto de Ranulfo Alexandre
Na Mensagem, os atos de bravura e os nomes dos militares mortos foram enaltecidos. O 2º sargento José Antônio do Nascimento e o 3º sargento Eurico Rocha foram promovidos a 2º tenente. Também por ato de bravura, Antônio Pereira do Nascimento foi confirmado no posto de 2º tenente. Este militar recebeu ferimentos no combate contra os cangaceiros ocorrido no lugar “Vaca Morta”.

Além das promoções a Mensagem informava que no mesmo combate na “Vaca Morta”, tombaram os cabos de esquadra Raymundo José Augusto e Manoel da Silva Britto, além dos soldados José Felix do Monte e Aprígio José da Silva.
Outro ponto muito enaltecido pela Mensagem do governador Rocha, diz respeito à fuga do grupo do cangaceiro Massilon para o Piauí e o desmantelamento do bando do cangaceiro João Marcelino.[4]

Jornal "Diário de Natal", 16 de janeiro de 1928
Este último chefe cangaceiro e parte dos seus homens, aliados de Lampião na invasão ao Rio Grande do Norte, foram na verdade friamente fuzilados pelo sargento José Antônio e seus soldados, no dia 5 de janeiro de 1928, próximo ao Sítio Alto do Leitão. Esta propriedade fica nas imediações da velha estrada que liga as cidades de Barbalha ao Crato. Consta que no local os cangaceiros foram obrigados a cavarem suas próprias sepulturas e depois fuzilados sem piedade.
Os Problemas na Ação Policial Contra os Cangaceiros
Apesar de todo o sacrifício dos militares e do clima ufanista transmitido pela Mensagem do governador Rocha, muito distante das críticas publicadas na Fon-Fon, outra fonte já apontava os problemas das forças de segurança cearenses nestes episódios.
E era o relato transmitido por um oficial da polícia potiguar.

"Diário de Natal" 24 de agosto de 1927
Nos dias 24 e 25 de agosto de 1927, foi reproduzida no jornal “Diário de Natal” uma entrevista concedida pelo tenente Joaquim Teixeira de Moura ao jornal mossoroense “Correio do Povo”. Este militar, junto com os tenentes Laurentino de Moraes e Sólon de Andrade, a frente de 100 homens da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, estiveram perseguindo Lampião e seus cangaceiros em território cearense.
Esta tropa ficou sob o comando do major Moysés Leite de Figueiredo, da polícia cearense. Além das forças potiguares e cearenses, estava sob o comando do major uma volante paraibana comandada pelo tenente Costa e pelo sargento Clementino Quelé. Moura afirmou que mais de 300 policiais estavam atuando contra os cangaceiros.
Na entrevista o oficial potiguar comenta o desenrolar das ações, narra a morte dos policiais cearenses e o ferimento do 2º tenente Pereira. A partir de certo ponto da entrevista, Moura não poupou o major Moysés de fortes críticas.
Ele inicia afirmando que Moysés não andava fardado, que depois de um determinado combate não deixou que os policiais potiguares realizassem buscas na região onde estavam os cangaceiros. Moura colocou o major Moysés no rol dos covardes, afirmando que o mesmo ficava a certa distância da linha de tiro e que em determinada hora transferiu o comando a um tenente chamado Firmo.

Joaquim Teixeira de Moura - Fonte - http://coronelangelodan-tas.blogspot.com/
Um fato grave entre as declarações de Moura foi que o major Moysés era cunhado do chefe político Isaias Arruda, da fazenda Ipueira, município de Aurora. Este é considerado um dos maiores, ou o maior, coiteiro de Lampião no Ceará.
Mas a pior acusação do tenente Moura contra o major Moysés foi que o oficial cearense teria articulado junto ao governador Rocha para encerrar a perseguição, justamente no momento que as forças policiais preparavam-se para atacar Lampião em uma propriedade de Arruda.
Esta situação causou uma tremenda revolta em grande parte dos oficiais militares presentes, segundo as declarações de Moura.

Oficiais da PM potiguar - Fonte - http://coronelangelodantas.blogspot.com/
Não sabemos se nas linhas do autor do artigo da Fon-Fon, quando comenta sobre a “miséria de sua politicalha” existente no Ceará, tinha alguma relação com as declarações de Moura.[5]
Mudanças
No dia 24 de outubro de 1927, enfermo, o governador Rocha pediu licença à Assembleia Legislativa para se afastar do executivo cearense. Esta permissão lhe foi concedida em 19 de maio de 1928. Rocha então seguiu para Recife, deixando que Eduardo Henrique Girão, então presidente da Assembleia Legislativa, assumisse o governo cearense[6].


Não sei se estas reportagens da Fon-Fon tiveram repercussões na Capital Federal, ou se tiveram maior eco no Ceará, ou se serviram de combustível para a Assembleia Legislativa do Ceará em conceder o afastamento de Rocha do seu cargo.
Mas o certo é que o novo governador do Ceará, José Carlos de Matos Peixoto, empossado em 12 de julho de 1928, já no seu primeiro ano na nova função, realizou uma grande mudança no aparato de segurança cearense. Criou a Secretaria de Polícia e Segurança Pública, desencadeou reformas na Polícia Militar e foram realizadas novas incursões contra o cangaceirismo no estado. Para o comando da Polícia Militar foram empossados os capitães do Exército Edgard Facó e Rodolpho Augusto Jourdan[7].
Um Grande Conhecedor do Cangaço
Lendo os inúmeros exemplares da revista Fon-Fon (colocados a disposição do público pela Biblioteca Nacional, já digitalizados, através do link http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/fonfon/fonfon_anos.htm), vemos que fatos ligados a região Nordeste são pouco vistos em suas páginas. Enfim era uma área do Brasil distante da então Capital Federal, pobre e cheia de problemas. Então é de se estranhar que o tema cangaço seja inserido em páginas tão pouco destinadas a tratar deste assunto.

Apesar dos artigos aqui analisados não trazerem o nome do autor, não temos dúvida em apontar que estas referências ao cangaço foram publicadas na revista através da ação do advogado e jornalista cearense Gustavo Dodt Barroso.[8]
Este nasceu na capital alencarina em dezembro de 1888. Foi advogado, professor, político, contista, folclorista, cronista, ensaísta e romancista. Depois se mudou para o Rio de janeiro. Na literatura, usando o pseudônimo de João do Norte, lançou com apenas vinte e três anos o livro “Terra de sol”, um ensaio sobre a natureza e os costumes do sertão cearense.
Em 1916 ele entra para os quadros da revista Fon-Fon em 1928 vamos encontrá-lo na função de Redator-Chefe.
Nesta época Barroso já havia escrito o livro “Heróis e bandidos-Os cangaceiros do Nordeste” (Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1917). Em 1930 publicaria “Almas de lama e aço – Lampião e outros cangaceiros” (São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1930), mostrando que ele conhecia e analisava o assunto com profundidade.
Para o folclorista pernambucano Mário Souto Maior, Gustavo Barroso soube estudar as causas do cangaço, a sua ambiência, a sua época, com uma penetração sociológica pouco comum àquele tempo.
Para Souto este escritor nordestino soube analisar o homem e o meio para, a seu modo, embora um tanto ou quanto controverso, apontar as principais causas que originaram e alimentaram, por mais de cinco décadas, o flagelo do cangaço no chamado polígono das secas[9].
Estes dois artigos na revista Fon-Fon não são os únicos que tratam do tema cangaço neste periódico. Existem outras referências, que acredito terem sido igualmente realizadas por Gustavo Barroso. Isso mostra de certa maneira, o quanto este assunto já possuía penetração na imprensa da Capital Federal, que só cresceu ao longo dos anos posteriores.
Aponta também sobre a existência de novas fontes documentais de informações sobre o cangaço e como a pesquisa do assunto pode ser mais ampla.
Para finalizar; Joaquim Teixeira de Moura foi extremamente duro em suas críticas ao major Moysés, mas se o assunto é covardia, pior foi o caso da morte do cangaceiro Chico Pereira, em Currais Novos, em outubro de 1928. Neste dia Chico Pereira foi friamente trucidado pelo tenente Moura e a escolta que deveria transportá-lo a Acari. Foi uma grande mácula em uma carreira onde não faltaram atos de extrema valentia e mostras de capacidade.

[1] MACENA, Fabiana. “Madames, mademoiselles, melindrosas: representações femininas na revista
Fon-Fon (1920-1930)”. Viçosa, UFV. Revista de História Contemporânea, nº2, mai. a out. 2008.
[2] Girau é o atual município de Piquet Carneiro, localizado a 332 quilômetros de distância de Fortaleza.
[3] Para efeito comparativo, 2.000 réis era o preço de uma entrada para uma poltrona no Cine-Theatro Carlos Gomes em Natal. Ver jornal “A Republica”, 4 de novembro de 1928, pág. 4.
[4] Ver “Mensagem enviada a Assembleia Legislativa do Ceará, pelo Desembargados José Moreira da Rocha, Presidente do Estado, 1928”, páginas 48 a 52.
[5] Para quem desejar conhecer esta reportagem na íntegra, a mesma se encontra na hemeroteca do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do norte, situado a Rua da Conceição, 662, Centro, Natal.
[6] Logo após Rocha renunciou ao seu mandato.
[7] Ver “Mensagem apresentada pelo Presidente do Estado do Ceará a Assembleia Legislativa e lida na abertura da 1ª seção ordinária da decima legislatura”, 1929, Ed. Tipografia Gadelha, Ceará, págs. 12 a 15.
[8] A obra e a verdadeira prestação de serviços de Barroso a cultura brasileira são. Barroso escreveu em vários jornais e revistas de Fortaleza e do Rio de Janeiro inúmeros artigos, crônicas e contos, além de desenhos e caricaturas. Publicou mais de cento e vinte e oito livros, com trabalhos que abrangem desde história, folclore, ficção, biografias, memórias, política, arqueologia, museologia, economia, crítica e ensaio, além de dicionário e poesia. Além de João do Norte, utilizou os pseudônimos Nautilus, Jotanne e Cláudio França. Foi deputado federal pelo seu estado natal e exerceu inúmeros cargos públicos, tendo atuado como diretor do Museu Histórico Nacional. Torna-se membro da Academia Brasileira de Letras com apenas 35 anos de idade. Nesta instituição exerceu vários cargos, culminando com o de presidente, com mandatos em 1932, 1933, 1949 e 1950. Em 1941 foi designado, juntamente com Afrânio Peixoto e Manuel Bandeira, para coordenar os estudos e pesquisas relativos ao folclore brasileiro. Além da A.B.L. foi membro de várias outras academias e sociedades científicas. Entre estas a Academia Portuguesa da História; a das Ciências de Lisboa; a Royal Society of Literature de Londres; a Academia de Belas Artes de Portugal; a Sociedade dos Arqueólogos de Lisboa; o Instituto de Coimbra; a Sociedade Numismática da Bélgica, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e de vários estados brasileiros; e das Sociedades de Geografia de Lisboa, do Rio de Janeiro e de Lima. Gustavo Barroso faleceu no Rio de Janeiro em 3 de dezembro de 1959. (Ver – http://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/gustavobarroso.html).

Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Extraido do blog do autor deste, o historiógrafo Rostand Medeiros