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domingo, 16 de outubro de 2011

1930-FERNANDO DE NORONHA NAS PÁGINAS DA REVISTA O CRUZEIRO

Por: Rostand Medeiros

A 300 milhas de Pernambuco, ao nordeste do Estado do Rio Grande do Norte, ergue-se majestosamente do seio das aguas o archipelago de Fernando Noronha.


Nesse fragmento insular do Brasil há os encantos próprios das ilhas e os seus imprevistos sublimes. Qual sentinella vigilante e avançada dos dominios de Neptuno, o Pico levanta-se como um gigante e se mostra ao navegante que o procura ansioso, a 25 milhas de distância.


Há muito a ilha é presidio para os condenados e presos correccionaes do Estado de Pernambuco e constitue um fantasma infernal para esses proscriptos da sociedade. Entretanto, a grande ilha solitaria, tão conhecida de quem navega naquellas paragens, é de aspecto beilissimo e suas condições climatericas são excellentes. Pode considerar-se um sanatório maritimo. Ali o presidiario vive a sua pena alheio quase que absolutamente ás coisas do continente, ou do mundo, a não ser as escassas noticias que de lá lhe chegam trimestralmente para maior dor de sua insopitavel saudade. Só o trabalhoso faz esquecer por momentos as agruras do grande infortunio e lhe suavisa o martirio da expiação.


É com justa razão que elle diz: – “Viver nesta ilha é viver fora do mundo”, ignorante dos conhecimentos e das distracções, indifferente a tudo e a todos. Na sua ignorancia e insensibilidade perdoavel elle desconhece quanto é formoso aquelle pedaço insular de terra brasileira e não aprecia os encantos que a Natureza nella agglomerou, e de que não se pode ter uma idea sem a conhecer em seus recortes caprichosos, seus accidentes, sua orla de espumas e seus coqueiraes magnificentes.
O constrangimento é o amigo inseparavel do presidiario, cuja vida se inclina para a concentração absorvente, pela grande humilhação do seu crime. O presidio não é, porém, um supplicio comparavel ao do carcere. O governo proporciona ao presidiario uma vida saudavel de trabalho e de conforto, e é representado na pessoa de um homem probo cujos carinho e benevolencia revelam nelle mais um regenerador do que um director de presidio.


A ilha offerece aspectos surpreendentes, passeios magnificos em estradas excellentemente construidas, paisagens imprevistas, recantos mais para poetas e apaixonados do que para detentos, e não obstante a sua triste condição de carcere de condemnados, ella deixa no coração de quem a conheceu as inapagaveis recordações de um paraiso. O visitante sente o seu espirito confortado no socego daquelles sitios longinquos do continente, arredios do bulicio ensurdecedor das cidades, envoltos na immensidade azul e verde do céu e do oceano, apartado da luta inclemente das competições humanas.
A formosa Paquetá, princesa da Guanabara, sentir-se-ia apaixonada e ciumenta, se conhecesse a sua longinqua e solitária irmã do Nordeste e a pudesse avistar com seus coqueiraes e suas caprichosas collinas, aflorando das aguas prateadas em uma noite de luar. Se Paquetá é a Miss das ilhas do Sul, Fernando Noronha é a flor das ilhas do Norte.
Leão Gondim – Revista O Cruzeiro, edição de 2 de agosto de 1930.



Extraído do blog: Tok de História, do historiógrafo Rostand Medeiros

Revendo artigo passado - Grupo de Isaías Arruda

Por: João Bosco André

Temos a satisfação de postar uma foto inédita de Grupo de Isaias Arruda, o grande coronel de Aurora e Missão Velha; o principal protagonista do plano de ataque a cidade de Mossoró, pelo Rei do Cangaço, Virgulino Ferreira Lampião em junho de 1927.

Grupo de Jagunços de Isaias Arruda

 Foi em sua fazenda Ipueiras que os líderes do ataque planejaram a empreitada e foi também em Aurora que houve o famoso episódio da traição do próprio


Isaías Arruda a Lampião, quando enviou alimentação envenenada e manteve sob cerco, de seus homens e as forças cearenses do Major Moisés, o mesmo Virgulino; fugido do frustrado ataque à capital do oeste potiguar.


No Cariri Cangaço 2010, teremos visita técnica ao município de Aurora, contemplando os principais palcos dessa grande epopeia ligada a Isaías Arruda e Lampião.


NOTA CARIRI CANGAÇO:

Nossos agradecimentos ao pesquisador e historiador, professor João Bosco André, pela gentileza da seção da fotografia e por confirmar seu nome entre os Conferencistas do Cariri Cangaço 2010.

Nade à vontade no açude do Coroné Severo

O "MURINHO DE LAMPIÃO" - Poço Redondo-SE

Por: Rangel Alves da Costa

PRAÇA LAMPIÃO -Município de Poço Redondo/SE

Quem pretender conhecer Poço Redondo/SE não pode deixar de conhecer também a Praça Lampião, situada bem ao lado da rodovia estadual que corta a cidade e dá acesso ao vizinho município de Canindé do São Francisco.


Em 1988, o então prefeito

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoFjOMPyuw6SVbBQ68WJh9bI7rk_ByEupLaXaJ3Y0JSeuVxRWTIRcJSu4EKTYPzWjPs3dxkIhRTXKr9NfmLSgSUcMoe5enehPzBuOsjNCfsp4LdyoAsCbzYOEqEQIOKM08nQdCBaR04ac/s400/DSC01189.JPG

Alcino Alves Costa, um apaixonado pela história do cangaço e pela figura do Capitão Virgulino, o Lampião, resolveu homenageá-lo dando nome a uma pequena praça recém reconstruída. O que seria uma homenagem virou uma verdadeira celeuma, com pessoas a favor e contra o tributo. Para uns, por ter sido um bandido que havia aterrorizado por muito tempo a região, não merecia nenhuma lembrança na praça. Já outros, na defesa do heroísmo do rei dos cangaceiros, achavam justa a homenagem e até apontavam que aquilo também seria um modo de atrair turistas.
Verdade é que a solução do problema não foi pacífica, envolvendo mais tarde até o Ministério Público estadual no conflito. Contudo, tais fatos são relatados pelo professor e historiador Fernando Sá em dissertação intitulada "O Cangaço nas Batalhas da Memória", conforme a seguir transcrito:
"Dentro das comemorações do cinquentenário de morte de Lampião, houve um abaixo-assinado para a legalização da praça, com cerca de 300 assinaturas. Liderados por Raimundo E. Cavalcanti e Manoel Dionízio da Cruz, militantes do movimento popular e sindical preocupados em resgatar a memória do cangaço, o documento foi encaminhado à Câmara de Vereadores. Após sua aprovação, a praça foi inaugurada em julho de 1988, com a presença do então prefeito da cidade, Alcino Alves Costa, sendo, então, batizada pela população da cidade como “murinho de Lampião”.



NO DETALHE, LOGO ACIMA, FOTO DE UMA DAS RUAS DE POÇO REDONDO/SE

Segundo Raimundo Eliete Cavalcanti, “o Murinho era tão disputado que a população assumiu como sendo (...) um espaço importante da cidade”. Portanto, tornou-se um “lugar de memória” do município .
Campo de disputa em torno da memória do cangaço em Poço Redondo, a Praça Lampião, em 1993, teve sua existência questionada pelo então prefeito Ivan Rodrigues Rosa, sob o argumento de que ela lembrava o nome de um bandido e que não era digna da cidade. Articulado com o juiz de Direito, Pedro Alcântara, o prefeito da cidade convocou um grupo de vaqueiros para uma filmagem da TV Sergipe, retransmissora da TV Globo, no sentido de receber apoio para a derrubada da Praça.
Como forma de se contrapor a esta iniciativa, Manoel Dionízio da Cruz e Raimundo E. Cavalcanti organizaram uma exposição de documentos nacionais e locais, com o intuito de demonstrar a importância do cangaço para a cidade. Com o apoio de estudantes, professores e da comunidade de Poço Redondo, Dionízio enfrentou um debate acalorado com o juiz de Direito, Pedro Alcântara, e o líder político local, Durval Rodrigues Rosa, pai do então prefeito da cidade. Durante a polêmica, Dionízio argumentou que a Praça só seria derrubada se houvesse um plebiscito na cidade.


NO DETALHE, FOTO DA PREFEITURA DE POÇO REDONDO

Vencidos pela mobilização popular em torno da importância do cangaço para a cidade, explicitada pela presença na cultura local de grupos de teatro, de xaxado, além do Centro de Cultura Popular Zé de Julião, os opositores ao monumento realizaram ainda depredações ao monumento. Contudo, ficou mantida a homenagem da cidade a Lampião.


Em 1998, na gestão do prefeito Enoque do Salvador foi reinaugurada, toda reformada, a Praça Lampião".
A Praça de Eventos é outro local que merece visitação, principalmente nas datas que marcam o calendário festivo do município: Festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição, com festas dançantes nos dias 13 a 15 de agosto, e a Emancipação Política do Município, celebrada no dia 23 de novembro. Desse modo, inaugurada em agosto de 1997, a praça foi construída para sediar as festas promovidas pela administração municipal. O espaço tem aproximadamente 1500 m2. É composto por um palco, um camarim e um bar que funciona nos dias em que acontecem os eventos. Conta com uma área descoberta, em frente ao palco, iluminada por refletores, onde se concentram os espectadores.
A memória cultural do município, principalmente em anos mais recentes, vem sendo objeto de grande preocupação de determinados setores da população. Neste sentido, os jovens do município fundaram o Centro Cultural Raízes Nordestinas e o Grupo de Xaxado na Pisada de Lampião, ambos em intensificando cada vez mais suas atividades.
O grupo de xaxado já se apresentou em diversas localidades nordestinas, e até em outras regiões, recebendo também convites para apresentações no exterior. Sobre tais aspectos assim disserta o professor e historiador Fernando Sá:
"Do ponto de vista da influência do fenômeno na esfera cultural, as iniciativas memoriais incentivaram às atividades folclóricas já existentes em torno do tema do cangaço, como foi o caso da criação do Grupo de Xaxado “Na Pisada de Lampião” de Poço Redondo. Sua proposta é desenvolver interessante trabalho de valorização da cultura popular vinculado ao cangaço, com um auto teatral que divulga a memória de Lampião. Em um dos seus cantos, pode se ouvir a exaltação da valentia e a simpatia com os pobres, tal como proposto pelo padre Eraldo em suas missas do Cangaço:
“Quanta saudade invadiu meu coração, ao lembrar de Virgulino cabra macho Lampião/ Foi cangaceiro cabra macho justiceiro correu o sertão inteiro com seu bando a arrepiar/ (...) Roubava os ricos para dar de comer os pobres sertanejos lá do norte que o povo consagrou .
(Fernando Sá, "Santos e Demônios: Religiosidade Popular e a Memória do Cangaço no Sertão do Rio São Francisco")".


Capítulo do seu Livro:

POÇO REDONDO:
ASPECTOS SOBRE O REFÚGIO DO SOL (Terceira viagem)

Rangel Alves da Costa é Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com


FONTE DA MATÉRIA:
Blog Lampião aceso (Kiko)

Um abraço a todos
IVANILDO SILVEIRA

Heróis e bandidos


Por: Isabel Lustosa

 

Publiquei há pouco um livro sobre Lampião. Obra que me foi encomendada para uma coleção organizada por Lilia Schawrcz e Lúcia Garcia. A ideia da coleção é convidar escritores, jornalistas e historiadores para traçarem perfis de personagens da história do Brasil, contextualizando-os e propondo no final, alguma atividades a serem desenvolvidas em sala de aula pelo professor. Enfim, um livro paradidático que seja também agradável e útil para qualquer leitor que se interesse pelo assunto.

Há muito tempo eu tinha pensado em escrever um livro para crianças sobre Lampião partindo da história que mamãe me contou sobre a invasão de Cajazeiras na Paraíba. A história era muito boa, pois entre sustos e tiros, os cajazeirenses protegeram seus bens e suas famílias dos bandidos e enxotaram-nos da
cidade. Mamãe sempre me dissera que, na verdade, o ataque fora levado a cabo por Sabino, cabra de lampião.


Quando me convidaram para escrever esse livro voltado para um público mais amplo, pensei em incluir a história que mamãe me contou. Ela tinha me dito que a invasão de cajazeiras tinha sido em 1928. Eu procurei e não achei nada sobre o assunto e, mais, vi que na data da suposta invasão, Sabino já tinha morrido.

Achei muita coisa sobre a invasão de Sousa, também na Paraíba e sobre o papel que Sabino desempenhara na mesma. Fiquei achando que mamãe se enganara, que com sua idade avançada talvez estivesse confundindo as histórias. Ou ainda, que o medo que toda a gente da Paraíba tinha dos cangaceiros era tão grande que a história que acontecera em Sousa passara a ser lembrada com tendo acontecido na própria cidade.

Mas foi aí que encontrei o livro do meu saudoso confrade de Sabadoyle, Ivan Bechara: "Carcará". Quando conheci o ex-governador da Paraíba e escritor Ivan Bechara na casa de Plínio Doyle, ele me disse que lembrava bem de mamãe e me deu um de seus livros. Não era "Carcará" e não me lembro se conversamos sobre aquele episódio nos poucos encontros que tivemos ali.

O romance dele relata minuciosamente a invasão, naturalmente incluindo elementos ficcionais. Está tudo lá e mamãe errara só na data: ela trocou o dia, 28, pelo ano, 26. De modo que mamãe tinha 12 anos e lembrava detalhadamente das sensações de pavor que tomou conta de Cajazeiras quando se soube que o bando tinha entrado na cidade. Sua irmã mais velha, Sinhá, tinha ido à igreja com os gêmeos recém-nascidos e ela ficara em casa junto com vovó Chaguinha, de resguardo, os irmãos mais novos e o pai, vovô Piano. Este queria a qualquer custo sair, mas foi convencido a ficar em casa por minha avó. O resto da história, com a corajosa e inteligente reação do povo de Cajazeiras ao ataque está muito bem contada no livro de Bechara.

Mas o que quero falar aqui é o que sempre soube e o que as pessoas da geração de minha mãe sabiam: os cangaceiros eram violentos, cruéis e impiedosos. E isto eu disse em meu livro sobre eles e sobre Lampião em particular. Não disse nada de novo. Em seu excelente livro sobre Lampião, publicado nos anos 1980, Billy Jane Chandler já havia refutado a tese de Hobsbawn sobre o banditismo social no que dizia respeito ao cangaço. Depois do livro de Chandler, inúmeros trabalhos foram publicados e, por mais entusiasta que se seja das teses sobre a necessidade da violência para mudar o mundo, essa extensa bibliografia já deveria ter consolidado a certeza de que não era de jeito nenhum o objetivo de Lampião mudar o mundo no sentido de melhorar a vida do pobre.


Lampião jamais roubou dos ricos para dar aos pobres, a muitos dos quais roubou, torturou e matou com requintes de crueldade. Sua motivação sempre foi pessoal e ele, desde a juventude, junto com os irmãos, se metera em várias brigas na vizinhança, fazendo seus primeiros inimigos entre essas pessoas às quais continuaria a perseguir pela vida afora.

De onde vem a crença de que esse bandido inteligente, astucioso e bom estrategista mas também violento e cruel era uma espécie de Robin Hood? Algumas pessoas que leram meu livro pareceram muito surpreendidas com essa constatação.

Estou convencida que esse mito foi construído no âmbito de uma certa cultura de esquerda que predominou no Brasil entre os anos 1950 e 1970. O fascínio por Lampião surgiu ainda durante o seu longo reinado. A imprensa sensacionalista, tal como ainda hoje faz com alguns bandidos, também contribuiu para fixar a imagem de Lampião, repercutindo seus crimes, batalhas e fugas mais impressionantes. Ela, junto com a literatura de cordel, ajudou a criar e a difundir toda a mítica que cercaria a imagem do cangaceiro rico, poderoso e invencível com o qual, certamente muitos moços pobres sonharam em se equiparar, vendo no cangaço uma chance de vitória sobre o triste destino que lhes estava reservado.

Mas foi só com a emergência da luta pela reforma agrária no final dos anos 1950, as famosas Ligas Camponesas, que o cangaço foi escolhido como símbolo maior da luta do povo sertanejo contra a opressão e a miséria. O herói redentor tinha que vir do meio do povo e, se a violência era o caminho legítimo para o sucesso da luta de classes, o cangaceiro tinha os elementos estéticos mais adequados para preencher a imagem daquele herói. A classe média urbana de esquerda com seu desconhecimento da realidade sertaneja sendo preenchido por imagens românticas da literatura, se traduziria em obras que buscaram sua lírica em elementos da paisagem da caatinga e em uma representação do sertanejo que era herdeira direta da descrição feita por Euclides da Cunha.

Se o sertanejo era antes de tudo um forte, concluía aquela gente bem intencionada, só podia ser com o objetivo de lutar pelos direitos de seu povo que ele se fazia cangaceiro. Quem ler com atenção a história de Virgulino Ferreira da Silva vai constatar que, infelizmente, não era bem assim.

Web site:

Autor:   Isabel Lustosa - caderno3@diariodonordeste.com.br

Extraído do blog: "O Cangaço em Foco",
do Dr. Archimedes Marques - Delegado de Polícia Civil no estado de Sergipe. (Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS)
archimedes-marques@bol.com.b

meus+artigos/o+galanteador+e+a+dama+de+vermelho

HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO NORTE


O Populismo no RN


O governo Aluízio Alves pretendia revolucionar a administração pública, inovando, modernizando através de uma ação dinâmica, construindo as condições básicas para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte.
Aluízio Alves tinha consciência, portanto, da verdadeira situação em que se encontrava o Estado: uma região atrasada, subdesenvolvida e totalmente despreparada para construir o seu desenvolvimento industrial. Além dessa conjuntura geral, o funcionalismo e os fornecedores do governo estavam sem receber pagamento há sete meses.

O governador procurou melhorar o nível dos funcionários, através de cursos, criando gratificações e dando promoções aos que participassem desses treinamentos. Essa política era básica para um governo que tinha pressa. Isso, contudo, não era suficiente para modernizar o processo administrativo. A máquina burocrática, arcaica e ultrapassada, não oferecia condições para atender a demanda de tantas iniciativas. Para suplantar tais obstáculos, o governo não vacilou em criar novas entidades, como a Companhia de Serviços Elétricos do Rio Grande do Norte (Cosern), Companhia Telefônica do Rio Grande do Norte (Telern), Serviço Cooperativo de Educação (Secern) etc.

Para iniciar o processo de desenvolvimento era necessário, sobretudo energia farta e barata., facilidade de comunicação com os grandes centros urbanos e boas estradas.

Na criação da Companhia Hidroelétrica de São Francisco (Chesf), para trazer energia elétrica de Paulo Afonso para o Nordeste, foram excluídos os Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará, sob a alegação da exploração econômica pela distância superior a 500 quilômetros. Deputado federal em 1947, Aluízio Alves lutou durante 13 anos para mudar essa situação, só vindo a conseguir a inserção dos três Estados em 1960. Em em 1963, como governador do RN, criou, pela lei 2.721, de 14 de setembro de 1961, a Cosern - Companhia de Serviços Elétricos do Rio Grande do Norte, que implantou a energia de Paulo Afonso no território norte-rio-grandense, iniciando uma grande obra de infra-estrutura para o desenvolvimento industrial e, mais tarde, agro-industrial. Resultado: diversas cidades passaram a contar com a energia de Paulo Afonso (Taipu, Currais Novos, Acari, etc.). O custo total do plano de eletrificação atingiu a cifra de Cr$ 2.283 milhões. Para que se possa ter uma idéia do significado da obra realizada, é suficiente dizer que, em 1960, 14% da população se beneficiava dos serviços elétricos. Em 1965, 39% da população recebiam os benefícios da energia elétrica.

No campo das telecomunicações, o governo investiu cerca de Cr$ 1,3 bilhões, devendo salientar que 90% desse capital saiu dos cofres estaduais e o restante foi completado pelas prefeituras municipais.

A 3 de setembro de 1963, foi criado a Telern. Era uma iniciativa pioneira, das mais importantes que, juntamente com o plano de eletrificação e com a construção de estradas (365,6 Km de estradas construídas de 1961 a 1964, num investimento total de Cr$ 7.476.933.146,00), criavam aquelas condições mínimas que possibilitariam um desenvolvimento maior do Rio Grande do Norte.

A educação, contudo, se constituía num dos problemas mais graves do Estado. Por essa razão, passou a ser uma das prioridades do novo governo.

Nessa área, a situação era caótica, como demonstram os dados divulgados na época: "mais de 65% de analfabetos; podendo-se afirmar que cerca de 80% da população ativa apenas sabia assinar o nome; das 250.655 crianças em idade escolar, as escolas estaduais só podiam atender a 55 mil, enquanto as municipais apenas 27 mil e as particulares não abrigavam mais de 28 mil, num total deprimente de 110 mil matrículas. O déficit de mais de 140 mil crianças sem escola, sem nenhuma possibilidade de aprender a ler e a escrever, representava mais da metade da população escolar. O Estado contava tão somente com 1.020 salas de aula, ocupando 826 prédios, dos quais só 660 portavam diploma, e entre os restantes incluíam-se diaristas sem habilitação para o magistério e sem estabilidade funcional, reduzindo-se a apenas 2.121 professores".

Para mudar esse quadro, o governo elaborou diversos projetos que, para sua execução, contou com recursos da Aliança para o Progresso, da Sudene, do MEC e, ainda, do governo do Estado. Para administrar os recursos recebidos, foi criado um órgão estruturado de maneira moderna e dinâmica, a Secern, cujo diretor executivo era o secretário de Educação, o jornalista Calazans Fernandes.

O governo lançou, então, o plano de "FAZER EM 3 ANOS O QUE NÃO SE FEZ EM TRÊS SÉCULOS".

A grande meta "seria" alfabetizar 100 mil pessoas acima da idade escolar primária". O governo almejava ainda a extensão da escolaridade a todas as crianças do Estado e a construção de mil salas de aulas.

Para educar o maior número de pessoas no menor espaço de tempo foi lançada a Experiência de Angicos, quando foi adotado o método do professor Paulo Freire. O resultado da experiência foi considerado altamente positivo: "A batalha durou 40 dias como estava prevista. Encerrou-se a experiência pioneira, como resultados que despertaram a atenção de todo o Brasil: aproveitamento de 70% na alfabetização e 80% na conscientização cívica".

Em 1965, cresceu o número de professores, ou seja, 61% a mais do que em 1960!

Para atender a demanda sempre crescente de alunos e acabar com o déficit de edifícios escolares, o executivo estadual agiu da seguinte maneira:
a) recuperou velhos prédios;
b) construiu novos edifícios;
c) cursos de 1º grau passaram a funcionar em prédios de grupos escolares.

No ensino de primeiro grau, foram construídas 253 salas de aula em sessenta e sete escolas, num total superior a 30 mil metros quadrados de área coberta.

No ensino secundário, o governo construiu três edifícios, onde funcionam o Instituto Padre Miguelinho, Instituto Presidente Kennedy - onde hoje está instalado um Curso de Licentiatura Plena, preparando professores para o Ensino Fundamental - e o Centro Educacional Winton Churchil.
A capacidade de matrícula, de 1960 até 1965, aumentou cerca de 63%.
Nessa área de atuação, até o final de governo, foi investida uma importância no valor de Cr$ 6.329.654.000,00.

No ensino superior, foi criada a Faculdade de Jornalismo, instalado o Instituto Juvenal Lamartine de Pesquisas Sociais e, ainda, adquirida a Faculdade de Filosofia. Foi criada também a Fundação José Augusto, que abrigou em seu seio, além das instituições já citadas, outras como a Biblioteca Pública, Centro de Estudos Afro-Asiásticos, Centro de Cultural Hispânica e Escola de Arte Infantil Cândido Portinari, fazendo com que essa fundação se transformasse numa verdadeira secretaria para assuntos culturais.

Na cultura, o governo aplicou Cr$ 1.201.945.000,00.

Aluízio Alves adotou uma política de bem-estar social da maior importância. Investiu no campo da saúde, assistência social, habitação popular e abastecimento de água. Ampliou os serviços de abastecimento de água em Natal, Mossoró e Caicó, implantando o sistema de Angicos e Santana do Matos. Instalou o serviço de mini-abastecimento em 30 municípios. Em Natal, no ano de 1965, com relação ao serviço de água, os prédios atingidos por esse benefício chegavam à casa dos 100%! O sistema de esgoto, na capital, atingia, em 1960, apenas 10% dos edifícios e em 1965, quando Aluízio deixou o governo, o índice já alcançava 75% dos edifícios.

No interior, a cidade de Touros, na época, com 2.200 habitantes, foi a primeira cidade do Brasil a ser totalmente saneada.

A Telern (Companhia Telefônica do Rio Grande do Norte) promoveu a interligação, pelo sistema interurbano, de várias cidades do Estado (Caicó, Currais Novos, Cerro Corá, Macau, Mossoró e Areia Branca) com Natal. Ligando, pelo mesmo sistema, o Rio Grande do Norte com outros Estados do País.

No turismo, o Rio Grande do Norte não possuía nenhum hotel de grande porte. O governo construiu o Hotel Reis Magos, o primeiro de categoria internacional.

O poder público estadual criou ainda a Codern (Companhia de Desenvolvimento do Rio Grande do Norte) para planejar o desenvolvimento, orientando os investimentos que modificaram a estrutura econômica do Rio Grande do Norte.

Aluízio Alves construiu durante o seu governo cerca de 1.300 obras durante 1.825 dias.

Por ter criado as condições para que o Estado pudesse se desenvolver, pela modernização que implantou, o governo de Aluízio Alves foi considerado por alguns como verdadeiramente revolucionário.

Teve, entretanto, seus críticos. A oposição acusava o governo de perseguir funcionários e não aceitava a maneira como conduziu o movimento militar de 1964.

Aluízio Alves, falando sobre o assunto, disse: "Lutei. Sofri injustiças. Cometi involuntariamente outras. Despertei amor e gerei ódios. Conquistei o povo, perdi amigos e ganhei inimigos".


Três Séculos em apenas três anos

Considerações sobre a entrevista de João de Sousa Lima ao site do Caldeirão Político (*)

José Romero Araújo Cardoso

Considerações sobre a entrevista de João de Sousa Lima ao site do Caldeirão Político
(*) José Romero Araújo Cardoso



João de Sousa Lima, natural de Paulo Afonso (BA), destaca-se pelo empenho em resgatar a cultura nordestina, sendo autor de clássicos sobre o cangaço. O evento referente ao centenário de nascimento da


“Rainhado Cangaço” marcou indelevelmente o reconhecimento público ao importante militante da história regional.
Prazer inenarrável foi constatar através de leitura diária que realizo em acesso virtual ao site do Caldeirão Político a beleza da entrevista prestada por João de Sousa Lima ao escritor, advogado e jornalista Francisco Alves Cardoso.
A entrevista de João de Sousa Lima tem o merecimento histórico de ter destacado a grandeza de um dos maiores mitos do nordeste brasileiro.


Luiz “Lua” Gonzaga merece todos os aplausos presentes e futuros, pois sua arte trouxe à tona a alma de uma gente, os lugares de uma região, a história de um povo e a geografia de um dos mais belos de todos os territórios da federação brasileira.
Quem gosta da boa música regional nordestina não pode ficar indiferente à forma magistral como João de Sousa Lima narrou suas emoções com relação a Luiz Gonzaga e sua arte.


A lembrança do pai rememorando os banhos no Riacho do Navio quando este afluente do Pajeú sangrava toca fundo o coração de todos os nostálgicos que tiveram a sorte de ter seu genitor, como é o meu caso, profundo apreciador da música de Luiz Gonzaga. Meu pai admirava bastante Luiz Gonzaga, razão pela qual era freqüente a sintonia na Rádio Alto Piranhas de Cajazeiras, quando a radiofonia emitia os acordes fabulosos da sagrada sanfona do velho “Lua”. “Juazeiro” era a música preferida dele, pois lembrava o trabalho diário na pedreira de gesso dos Rosados em São Sebastião (hoje município de Governador Dix-sept Rosado (RN)).
Luiz Gonzaga deve ser cultuado por todas as gerações. Devemos ser obrigados a gostar do eterno legado cultural do saudoso sanfoneiro do Riacho da Brígida, pois foi para o povo nordestino ao qual se destinou toda preciosa fortuna musical que Luiz Gonzaga deixou, imortalizando retirantes, parteiras, beatos, cangaceiros, pássaros de nossa região, secas lastimáveis, enfim, inúmeras manifestações de nossos quadros humanos e naturais.
A referência da globalização é para que sejamos uma só aldeia, com uma só cultura, pois dessa forma comeremos mais hambúrgueres e outras lástimas que nos destroem moralmente e fisicamente, ao invés de estarmos sintonizados com as coisas da nossa cultura regional. Isso também se destina à cultura musical, tendo em vista que surgem pretensos defensores do nordeste, denunciados de forma enfática pelo grande Dominguinhos, os quais estão mais próximos do que se passa no Texas (EUA) do que em Paulo Afonso (BA), Pombal (PB), Cajazeiras (PB), Serra Talhada (PE), Mossoró (RN) ou outro rincão maravilhoso desse belo nordeste.
João de Sousa Lima, em sua brilhante entrevista, esclarece que a real dimensão da cultura musical do nordeste brasileiro está presente na eterna arte de Luiz Gonzaga. Nada mais fantástico do que constatar que existem centenas, milhares de defensores da verdadeira 
Manifestação que tem inspiração direta nas profundezas das quebradas do sertão, pois, assim como João de Sousa Lima, o paraibano de Nova Floresta, radicado em Mossoró (RN), de nome


Antônio Kydelmir Dantas de Oliveira também não me deixa mentir, razão pela qual a defesa intransigente da real cultura da terra do sol os fazem referências principalmente quando o assunto é a arte de Luiz Gonzaga.

(*) José Romero Araújo Cardoso, geógrafo, professor-adjunto da UERN.


para ler a entrevista:

O fim de Virgulino Lampião,

Comentário de Archimedes Marques

Fim de Virgulino Lampião " O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS...
 
A obra em comentário, de autoria do pesquisador e escritor ANTONIO CORRÊA SOBRINHO, ilustre e nobre sergipano de Aracaju, Auditor-Fiscal do Trabalho, Bacharel em Direito formado pela UFS no ano 1985, busca mostrar em texto simples, mas de boa qualidade e de rápido entendimento, o exaustivo trabalho da sua pesquisa junto ao Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e a Biblioteca Pública Epifânio Dória na nossa capital, Aracaju, para trazer a público tudo que fora dito nos Jornais escritos de Sergipe sobre a carnificina de Angicos ocorrida em 28 de julho de 1938, prosseguindo em matérias e artigos, pós-morte de Lampião junto com a sua amada Maria Bonita e nove dos seus seguidores cangaceiros, até o real fim do ciclo do cangaço, com a atroz vingança a inocentes e posterior morte do temível


Corisco, culminando com a entrega espontânea às autoridades constituídas contemporânea, dos tantos remanescentes egressos dos diversos grupos de Lampião.

 
O autor do livro mostrou toda a sua perspicácia e perseverança ao romper meses de trabalho de pesquisa debruçado nos velhos arquivos público da capital sergipana e além fronteira, em trabalho exaustivo que reúne num só instrumento as noticias publicada no calor dos fatos, no clamor e na efervescente alegria de muitos, na loucura popular por onde passava os tristes e deprimentes troféus, as 11 cabeças dos vencidos, o torpor das autoridades em se ver livre daquele que por certo foi o maior dos bandoleiros que o Brasil já viu, odiado e temido por muitos, amado e adorado por tantos outros.


Importa dizer que o conjunto da presente obra, no seu âmago prova que o autor é também um amante desse tão intrigante e fascinante tema que nunca se esgota, jamais morre, ao contrário, nasce e renasce e afeta boa parte da sociedade brasileira sempre com novas descobertas, apesar dos 71 anos em que se comemoram o final da era dos bandoleiros dos sertões, os famosos cangaceiros, atrozes bandidos sanguinários para muitos e aplaudidos justiceiros para tantos outros.
 
É de fácil entendimento ao leitor, até mesmo ao mais leigo dos leigos, notar pelas primeiras noticias veiculadas nos Jornais sergipanos, que pela lógica, também foram estas equivalentes às matérias diversas pelo Brasil afora, que a polícia volante detentora do massacre ao bando de Lampião,


comandada pelo tenente João Bezerra, logo tratou de enaltecer ainda mais os seus próprios méritos, ao alardear em ampla divulgação que o bando de cangaceiros que resistiu ao ataque era composto por um número superior a 55 componentes e que houve naquele momento um bom tempo em troca de tiros, quando na verdade, o grupo era bem menor e praticamente não houve troca de tiros, apenas alguns tiros de revide à surpresa absoluta arquitetada pela polícia, e além de tudo, o chefe maior do cangaço logo fora atingido mortalmente, fazendo assim, com que os seus comandados arrefecessem os animus e desesperados fugissem para salvarem as suas próprias vidas.
 
Afora os exageros de estilo policial, as sensacionais informações germinadas na efervescência dos fatos, noticiadas nos já extintos Jornais sergipanos: Correio de Aracaju, O Nordeste, A Folha da Manhã, Sergipe Jornal e O Clarim (os primeiros editados em Aracaju e o último na cidade ribeirinha de Propriá), fizeram sucesso, entretanto, não há como deixar de se destacar os excelentes textos literários, desprovidos de emoções populares, dos jornalistas ou escritores Costa Rego, Mario Cabral, Namyro, L. Campos Sobrinho, Graciliano Ramos, Freire Ribeiro, Ângelo Sibela, E. Maia e Alvarus de Oliveira, destarte para o emocionante e brilhante artigo sobre a gangaceira Maria Bonita, escrito pelo Ângelo Sibela, publicado no Correio de Aracaju, em 27/10/38.
 
O livro é fechado com chave de ouro, ao ser publicada a sensacional e importante reportagem intitulada LAMPIÃO EM CAPELA, assinada pelo jornalista e escritor, Zózimo Lima, então correspondente do Correio de Aracaju, presente naquela memorável data do dia 25 de novembro de 1929, em que Lampião chegou até a assistir um filme no cinema daquela cidade.
 
Para mim, não resta dúvidas, que a presente obra literária informativa e histórica, disso tudo compilado, por certo servirá de parâmetro e ajuda para surgimento de novos livros, escritos por novos ou velhos autores, sobre a continuidade desse tema que canta e encanta e que é sem sombras de dúvidas, de inesgotáveis fontes, jamais saturado, sempre em busca da verdade absoluta dos fatos que marcaram para sempre a história dos sofridos, mas fortes e valentes, nordestinos. Em assim sendo, não só recomendo a leitura do livro, como entendo ser necessário colecionar a referida obra em toda boa biblioteca, como sendo de excelente fonte de pesquisa e aprendizado, para tanto, sugiro a sua aquisição através contato via endereço de e-mail com o autor Antonio Corrêa Sobrinho: tonisobrinho@uol.com.br

 Autor: Archimedes Marques 
Delegado de Polícia Civil no estado de Sergipe. (Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS)
archimedes-marques@bol.com.br