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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sobre uma coleção de quem realmente pesquisava sobre o cangaço

Por: Rostand Medeiros


          Em 9 de janeiro de 1980, o jornalista pernambucano Nilson Deocleciano Pereira Lima falecia no Hospital Geral de Urgência de Recife. O jornalismo nordestino perdeu então um profissional de espírito irrequieto, considerado um ótimo repórter e que se foi com apenas 38 anos.


O jornalista Nilson Deocleciano Pereira Lima e sua irmã Norma. Fonte - http://www.onordeste.com/

              Nilson Pereira Lima atuou em veículos de comunicação como os jornais “O Globo” (Rio de Janeiro), “Diário de Pernambuco” e “Jornal do Comércio” (Recife), além de ter atuado nas revistas “O Cruzeiro”, “Veja” e “Manchete”. Esteve também em redações de emissoras de televisão. Seu trabalho foi laureado com o Prêmio Esso de Jornalismo.
            Segundo a reportagem sobre a sua morte, publicada no “Jornal do Comércio”, edição de 10 de janeiro de 1980, entre as décadas de 1960 e 1970 Nilson viajou muito pelo interior do Nordeste . Deste período o jornal destaca uma reportagem feita no Rio Grande do Norte, onde ele apresentou o “Sindicato da Morte”. Este era um grupo de pessoas que se especializou em contratar “mão de obra qualificada”, que atuavam no Seridó e Oeste potiguar, matando quem quer que fosse e preços a serem combinados.
           A reportagem do “Jornal do Comércio” informa que em suas viagens, Nilson Pereira Lima não deixava passar a oportunidade de entrevistar pessoas que estiveram envolvidos com cangaceiros, ou foram vítimas destes. Para este fim utilizava os velhos e pesados gravadores de fitas K7, daqueles que a energia provinha de quatro pilhas das grandes e era transportado a tiracolo. Batalhador, ele não deixava de buscar uma boa informação sobre o cangaço, Lampião, coronéis e outros personagens nordestinos, indo buscar as fontes nos rincões mais isolados.


           Consta que ele foi a última pessoa a entrevistar Francisco Heráclio do Rêgo, o famoso coronel Chico Heráclio, do município de Bom Jardim, Pernambuco, considerado o derradeiro coronel nordestino.

Coronel Chico Heráclio

            Ainda sobre o cangaço, Nilson Pereira Lima possuía um vasto acervo de gravações e fotografias, conquistado em uma luta de muitos quilômetros de estrada. A reportagem informa que ele desejava escrever uma biografia de Lampião, onde buscaria dar um enfoque diferenciado a vida deste bandoleiro.

Paulo Fernando Craveiro

             Tempos depois após seu falecimento, mais precisamente no dia 12 de maio de 1980, na coluna do jornalista Paulo Fernando Craveiro, na página A-6 do Diário de Pernambuco, publicou uma pequena nota informando que o acervo de Nilson Pereira Lima sobre o cangaço seria doado a Fundação Joaquim Nabuco.
              Efetivamente, em 28 de outubro de 1981, segundo o site desta instituição (http://www.fundaj.gov.br/docs/indoc/icono/npl.html) a viúva do jornalista, a Senhora Cristina Maria Fills Pereira Lima, entregou a esta respeitada entidade o material de seu esposo.
             Segundo o site, constam no inventário da Fundação Joaquim Nabuco 165 fotografias, com uma abrangência que abarcar os anos entre 1930 a 1974, com autores como os fotógrafos Pedro Luiz e Alcedo Lacerda e outros não identificados. O site ainda informa que algumas destas imagens mostram áreas do Rio Grande do Norte, como a região de Mossoró, Angicos e as nossas salinas.


            Relativo ao cangaço nesta coleção, o site informa que existem “fotos de cangaceiros com familiares e captores”.

Sobre as gravações, não existe nenhuma referência.

            Busquei contato com esta entidade através de telefone, onde fui muito bem atendido, mas não obtive nenhuma resposta se, no momento da entrega do acervo do jornalista Nilson Pereira Lima, o material gravado foi igualmente entregue.
            Realmente esta coleção, na mão de um esforçado pesquisador, poderia render ótimos frutos e ótimos trabalhos. Para este pretenso pesquisador, ele nem precisaria viajar ao interior para procurar as fontes e isto lhe facilitaria muito a sua vida.

Um adendo.

           Segundo site da Fundação Joaquim Nabuco, que no seu estatuto informa ser uma “entidade vinculada ao Ministério da Educação e Cultura, sem fins lucrativos”, que apregoa em seu site ter como missão “Produzir, acumular e difundir conhecimentos, resgatar e preservar a memória e promover atividades científicas e culturais, visando à compreensão e ao desenvolvimento da sociedade brasileira, prioritariamente a do Norte e do Nordeste do país”, chega a cobrar até R$ 92,00 pelo serviço de reprodução digital (em resolução 300 DPI) de cada uma das fotos da coleção do jornalista Nilson Pereira Lima, ou de qualquer outra imagem de suas variadas e raras coleções de fotografias.
            No site da Fundação encontramos a informação que “Diversificar e ampliar as ações de comercialização de bens e serviços para elevar a arrecadação de recursos próprios é uma das prioridades estratégicas da Fundação Joaquim Nabuco”.
             Realmente “prioridade” não é a mesma coisa que “missão”.

 

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desde que citada a fonte e o autor.


Extraído do Blog: "Tok de História", do próprio
 autor deste artigo, Rostand Medeiros.

Vídeo: O julgamento simulado de Lampião "em versão compacta"

Mais um feito de Aderbal Nogueira para a posteridade.



          Um tribunal fictício com profissionais de direito reais, envolvidos num processo histórico. Evento organizado por:


Anildomá Willans, presidente da Fundação Cultural Cabras de Lampião, no Sítio Passagem das pedras, terras que pertenceram à Dona Jacosa, avó de Lampião, no dia 13 de Abril de 2000, 65 anos após sua morte.



Eis o elenco

Assis Timóteo: Juiz



Luiz Lorena (In memoriam): Promotor
Franklin Machado: Advogado


Antonio Amaury: Assistente de defesa


Uma encenação, mas de valor jurídico.




ADENDO
 
          Processos contra cangaceiro Lampião encontram-se guardados no Memorial do Poder Judiciário de Alagoas. Reportagem da TV Tribuna com apresentação de Fernanda Lins e participação de Jairo Luiz.
          
Estes vídeos e conteúdos foram extraídos do
blog: "Lampião Aceso", do amigo Kiko Monteiro.

Entrevista com Aderbal Nogueira

            Programa Questão de Ordem da TV Assembléia, CE. com apresentação de Renato Abreu.

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      O pesquisador e documentarista cearense,


            Aderbal Nogueira, bate um papo sobre o Cangaço no seu Estado e divulgando o seu mais novo documentário "O Último Apito".

VER VÍDEO


Ferreira da Gazeta - Seresteiro

Por: José Mendes Pereira


José Ferreira Filho
           
           José Ferreira Filho nasceu em Mossoró, no dia 15 de Agosto de 1946.  Quando criança fez de tudo para adquirir o sustento,  como por exemplos: levar feira, mala, dar recados, vender guloseimas, bombons e outros.
            Começou a trabalhar em jornal muito jovem, e no dia 10 de Junho de 2010, havia completado  cinquenta anos no ramo gráfico. Era uma das suas paixões, e jamais deixou de fazer um bom trabalho; tinha interesse pelo jornalismo.
           Iniciou na tipografia   derretendo  o chumbo para alimentar as linotipos, e posteriormente tornou-se tipógrafo, fazendo chapas, distribuindo tipos nas caixetas, paginando o jornal.
            Na continuidade dos seus trabalhos, foi oferecido a oportunidade de aprender a operar as linotipos, máquinas que eram muito difíceis o seu manejo para  principiantes, mas ele sendo inteligente, logo passou a ser um dos operadores proficionais de uma delas,  e foi um grande linotipista.   
            Após sua saída do jornal "O Mossoroense" foi para a "GAZETA DO OESTE, a convite de seu fundador, Canindé Queiroz, em 1982.

Canindé Queiroz - ex-prefeito de Mossoró
           
             E no dia  30 de Abril de 1982, foi nomeado chefe das oficinas da gráfica. Mas  como ainda tinha um acordo com o jornal "O Mossoroense", tomou posse somente no "Jornal Gazeta do Oeste", no dia 02 de Junho de 1982. Ele foi o autor da série "Nossos Valores". Devido ter trabalhado muitos ano na "Gazeta do Oeste", foi alcunhado por "Ferreira da Gazeta".
            Nos anos setenta, ele e eu trabalhamos juntos na "Editora Comercial S/A., nos dias de hoje extinta. Era uma empresa que dominava duas emissoras, "Rádio Difusora de Mossoró" e "Rádio Difusora de Areia Branca", sendo que esta última foi desativada, não sei, talvez por não estar com a documentação legal. E uma rede de cinemas, "Cine Caiçara de Mossoró", "Cine Jandaia de Mossoró" e "Cine Miramar de Areia Branca".
            No período em que nós trabalhávamos juntos, José Ferreira já era linotipista, e eu fazias as confecções manuais das chapas, isto é, juntando letras por letras para fazer as composições.
            Posteriormente José Ferreira saiu da "Editora Comercial S/A.", e eu que já havia aprendido operar a linotipo, passei a ser o linotipista da empresa, quando fazia as composições de orçamentos de diversas prefeituras do Alto Oeste potiguar.

Dr. Vingt-un Rosado Maia
           
            Além dessas eu fazia linotipicamente a composição dos livros da "Coleção Mossoroense", uma Fundação criada pelo Dr. Vingt Rosado Maia, sendo que esta dar oportunidade a diversos autores de livros, tanto a profissionais como a principiantes.

FERREIRA - ARTISTA

         José Ferreira Filho não só foi jornalista, como também foi um dos melhores seresteiros de Mossoró e da região. Gostava de divertir o seu cativo público em diversas casas de Shows. Tanto era amante do jornalismo como também da música.
          Em anos remotos, na década de setenta, eu residia na "Casa de Menores Mário Negócio", uma instituição que dava assistência a menores, sob o domínio do "SAM" -  Serviço de Assistência ao Menor", que foi substituído pela "FEBEM", e José Ferreira Filho era casado com uma senhora irmã da Vice-diretora desta instituição.
          Como eu ainda aos dezoito anos achava bonito o toque de violão, tomei emprestado o seu, para que eu pudesse aprender algumas notas (coisa que nunca eu aprendi, e dos piores violonistas eu sou o pior), mas por má sorte quebrei o seu amado e zeloso violão.

Ferreira, viúva Marlete e sua filha Milena

            Os dias foram se passando e eu com vergonha de falar para ele o que tinha acontecido com o seu instrumento, fiquei na moita. Ele me mandou um recado que eu fosse devolvê-lo. Não havia outro jeito, contei o que tinha acontecido. Mas ele foi  comprensivo e me pediu que eu mandasse consertá-lo, isso acontecia com qualquer um.
            Prcurei um carpinteiro de primeira categoria, e mandei consertá-lo. Dias depois eu fui entregá-lo. Não sei se foi apenas para me agradar, mas o serviço feito pelo carpinteiro foi elogiado por ele.
            Os tempos se passaram e perdemos por completo o contato. Anos depois eu soube que ele estava fazendo serestas por essa Mossoró e região. E posteriormente o encontrei e lhe fiz a seguinte pergunta:
            - Ferreira quando você descobriu que é cantor?
            Ele me respondeu o seguinte:
            - Para te falar a verdade, nem eu mesmo sei. Comecei a me apresentar por aí, o público tem gostado e eu continuo fazendo as minhas serestas.
            José Ferreira foi sem dúvida um dos melhores seresteiros do Rio Grande do Norte.
           José Ferreira Filho, ou Ferreira da Gazeta faleceu no dia 17 de Agosto de 2010, vítima de problemas pulmonares.

PALAVRAS DO POETA ANTONIO FRANCISCO


"Em um momento que quase cheguei a falecer, Ferreira fez um poema pedindo a Deus para não me levar. Hoje tenho certeza que o céu levou meu amigo por que estava precisando de pessoas boas por lá”.
 
          Antônio Francisco Teixeira de Melo (Mossoró, 21 de outubro de 1949) é um cordelista potiguar. É filho de Francisco Petronilo de Melo e Pêdra Teixeira de Melo. Graduado em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Poeta popular, cordelista, xilógrafo e compositor, ainda confecciona placas.
          Aos 46 anos, muito tardiamente, começou sua carreira literária, já que era dedicado ao esporte, fazia muitas viagens de bicicleta pelo Nordeste e não tinha tempo para outras atividades. Muitos de seus poemas já são alvo de estudo de vários compositores do Rio Grande do Norte e de outros estados brasileiros, interessados na grande musicalidade que possuem.
           Em 15 de Maio de 2006, tomou posse na Academia Brasileira de Literatura de Cordel, na cadeira de número 15, cujo patrono é o saudoso poeta cearense Patativa do Assaré. A partir daí, já vem sendo chamado de o “novo Patativa do Assaré”, devido à cadeira que ocupa e à qualidade de seus versos.

Este blog deseja que o Ferreira da Gazeta seja abençoado por
Deus por onde ele estiver.