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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Moreno e a Vingança Implacável de Lampião

José Romero Araújo Cardoso

Sebastião Pereira e Silva (Sinhô Pereira) ocupa posição destacada na grande saga do cangaço nordestino, tendo sido um dos seus comandantes. Era neto de Andrelino Pereira, o Barão do Pajeú. Em suas andanças pelo sertão, na vida bandoleira, Sinhô Pereira se comportou como homem honesto e nobre, tendo como meta a vingança de dois parentes, vítimas da violenta luta entre as famílias Pereira e Carvalho, que encharcou de sangue e ódio o vale do Pajeú, desde o ano de 1848.

Sinhô Pereira
            
Sob o comando de Sinhô Pereira, como chefe de cangaço, esteve Joaquim Laurindo de Sousa, cearense nascido em Mssão Velha no ano de 1898, que passou a ser conhecido pelo apelido de Moreno, devido a cor da sua pele. Ele se destacou como cabra de confiança do seu chefe, entre tantos que compunham o bando cangaceiro.

Túmulo do Sinhô Pereira
             
Antes de ingressar no cangaço, sob as ordens de Sinhô Pereira, Joaquim Laurindo residiu na fazenda Bom Nome, na comarca de Vila Bela (hoje Serra Talhada, Estado de Pernambuco), de propriedade de João (Janjão) Pereira, irmão de Sinhô Pereira, onde conheceu e fez amizade com muitos cangaceiros, mais tarde seus companheiros na vida bandoleira.
             
Numa festa no Bom Nome, Joaquim Laurindo conheceu, em meados de 1914, uma moça de nome Luísa Alves Batista, filha do vaqueiro Tomás, misto de agregado e capataz da fazenda Pitombeira, também situada na comarca e Vila Bela, pertencente a Antônio Pereira, filho do Barão do Pajeú e tio de Sinhô Pereira. Havia inimizade entre os dois por causa de divergências corriqueiras.

Foto do acervo de Rostand Medeiros - Sinhô Pereira, sentado e Luiz Padre em pé
             
Desde logo, Joaquim Laurindo começou a namorar a filha do vaqueiro Tomás, contra a vontade do “Coronel” Antônio Pereira, que para ela tinha um outro pretendente ao casamento. Luísa estava decidida a se unir por laço matrimonial ao jovem cearense de Missão Velha, o que de fato aconteceu, acompanhando-o até o fim de sua jornada de infortúnios.
             
Luísa Alves Batista nasceu no dia 25 de agosto de 1894, na fazenda Pitombeira, onde se criou, possuindo razoável grau de instrução para a época. Como Joaquim Laurindo era analfabeto, ela logo tratou de alfabetizá-lo aos pouco, conseguindo bons resultados. 
              
Apesar da oposição do “Coronel” Antônio Pereira, Luísa e Joaquim Laurindo se casaram em 1916 e foram residir na fazenda de Janjão Pereira, porque nenhum outro proprietário de terras da comarca de Vila Bela ousaria aceitar o casal como seus moradores, para não desagradar o intransigente dono da fazenda Pitombeira.  
              
Logo após o casamento, deu-se o ingresso de Joaquim Laurindo no bando de Sinhô Pereira, pois a fazenda Bom Nome era um dos coitos preferidos pelo grupo.  Um outro local de concentração de cangaceiros na comarca de Vila Bela, era a fazenda Abóboras, pertencente ao “Coronel” Marçal Florentino Diniz, mais tarde propriedade do “Coronel” José (Zé) Pereira Lima, genro e cunhado do antecessor.

Coronel Marçal Florentino Diniz           

Então, já com o apelido de Moreno, Joaquim Laurindo serviu lealmente a Sinhô Pereira em seus propósitos cangaceiros. No bando, Moreno conheceu e conviveu com importantes companheiros, entre os quais Virgulino Ferreira da Silva (Lampião) e seus irmãos.

A primeira retirada de Sinhô Pereira para o Estado de Goiás ocorreu em dezembro de 1918. Por isto, Moreno decidiu abandonar o cangaço, indo se fixar no Barro (Estado do Ceará), onde não chegou a desfrutar da proteção do “Major” José Inácio de Sousa. Em março de 1920, com o retorno de Sinhô Pereira ao sertão do Pajeú, Moreno voltou à vida cangaceira, nela permanecendo na companhia do seu chefe, até que largou em definitivo o cangaço e regressou a Goiás, o que se deu no dia 8 de agosto de 1922. Em decorrência disto, o bando passou a ser comandado por Lampião.

Dia da Morte de Lampião
Bando de cangaceiros de Lampião

Moreno, então, recebeu convites entusiásticos, da parte do novo chefe, para permanecer no cangaço, não os tendo levado em consideração. Tal recusa lhe trouxe a aversão de Lampião.
                  
Depois disso, Moreno e sua família passaram a morar na fazenda Saco dos Caçulas, pertencente a Marcolino Pereira Diniz, situada nas proximidades do povoado Patos de Irerê, no município de Princesa (Estado da Paraíba).

Coronel Marculino Pereira Diniz
              
Ele logo mereceu a confiança de todos que ali viviam, dedicando-se tão-somente à agricultura e ao pastoreio. Por sua vez, Luísa muito se aproximou da senhora Alexandrina Pereira Lima (Dona Xandu), esposa e sobrinha do “Coronel” Zé Pereira Lima, a ponto de se tornar a sua queijeira preferida.

Dona Alexandrina Pereira Lima - Dona Xandu
           
Na fazenda Saco dos Caçulas, Luísa tratou do calcanhar de Lampião, com ervas medicinais recomendadas pelo doutor Severiano Diniz, após o tiro que o bandido recebeu da volante de Teófanes Ferraz Torres.

Teófanes Ferraz Torres
            
Naquela época, o município de Princesa era procurado por cangaceiros de todas as procedências, o que explica os frequentes encontros de Moreno com os seus antigos companheiros. Antônio Augusto Correia (Bagaço e depois Meia-Noite) foi um dos bandidos que compunham o bando de Sinhô Pereira. Durante algum tempo ele se fixou em Patos de Irerê, trabalhando nas moagens dos engenhos de rapadura e aguardente do “Coronel” Marçal Florentino Diniz. De dia era um simples trabalhador nos canaviais e moendas, voltando a ser bandido à noite, quando roubava propriedades rurais de outros municípios, razão do seu segundo apelido

O cangaceiro Chico Pereira 

Engajado no bando cangaceiro chefiado por Chico Pereira, Chico Lopes e os irmãos de Lampião (Antônio e Levino Ferreira), Meia-Noite se encontrava entre os cabras que atacaram a cidade de Sousa (Estado da Paraíba), no dia 27 de julho de 1924. Juntamente com o cangaceiro Paizinho, ele cometeu os maiores desatinos contra o juiz de Direito daquela comarca sertaneja.  De regresso ao município de Princesa, Meia-Noite se casou com uma mulata, Maria Alexandrina Vieira, filha de um morador do Saco dos Caçulas, o que ocorreu sob os protestos do Padre Floro Florentino Diniz.
                 
Perseguido por forças volantes, Meia-Noite e sua esposa se homiziaram no sítio Tataíra, situado em área fronteiriça dos municípios de Princesa e Triunfo (Estado de Pernambuco). Ali, uma tropa de cachimbos contratada pelo “Coronel” Zé Pereira lhes deu cerco numa casa-de-farinha, resultando em intenso tiroteio.

Coronel José Pereira de Lima

Meia-Noite e sua mulher resistiram galhardamente, tendo ele abandonado o refúgio somente quando as forças policiais e civis aquarteladas na serra do Pau Ferrado, comandada pelos Tenentes Manuel Benício, Clementino Quelé e Francisco de Oliveira, se deslocaram para o sítio Tataíra, formando um efetivo de 84 homens cercando o cangaceiro. Este fugiu após ter deflagrado 496 cartuchos de fuzil Mauser DWN, modelo 1912. Maria Alexandrina foi presa e escoltada para a cadeia da cidade de Princesa (Almeida, 1926: 65-67).

    Quelé

Com muito esforço, ferido gravemente, Meia-Noite conseguiu chegar ao Saco dos Caçulas, onde Luísa Alves Batista o atendeu compadecida, dando-lhe uma cuida d´água. De imediato, o bandido foi transportado para local ermo e afastado da sede da fazenda, onde foi assassinado por um cabra conhecido por Tocha, ou Antônio Lalau, morte ordenada por Manuel Lopes Diniz. Este era inspetor de quarteirão do povoado de Patos de Irerê, sendo homem da inteira confiança de Marcolino Pereira Lima e chefe da guarda pessoal do “Coronel” Zé Pereira Lima.

Lampião acusou Moreno de ser cúmplice da morte de Meia-Noite, o que não era verdade. Segundo consta, Moreno apenas acompanhou a esposa do cangaceiro até a cadeia de Princesa, como medida de proteção, pois ela estava em mãos de verdadeiras feras humanas.


Lampião
            
Com a experiência adquirida na militância no cangaço, Moreno deve ter pressentido a fúria de vingança implacável que poderia se abater sobre ele, pois bem conhecia a personalidade e a periculosidade de Virgulino Ferreira da Silva (Lampião). Por isso, tratou logo de se engajar em forças volantes aquarteladas em Princesa, em campanha de combate ao banditismo, forte e ostensivamente organizada pelo governo do Estado da Paraíba, na presidência de João Suassuna (1924-1928.
                  
Moreno permaneceu como soldado até a eclosão da revolta de Princesa, quando desertou da sua tropa para servir sob o comando dos chefes da sedição.
                 
Comandado por Marcolino Pereira Diniz, ele encontrou na luta armada antigos companheiros do bando de Sinhô Pereira, entre os quais se destacaram os cabras Luís do Triângulo e Chocho. Tornou-se um dos maiores cabos-de-guerra, tendo participado da tomada de Patos de Irerê, pois esta localidade foi invadida por forças legalistas, com o objetivo de transformar em reféns os membros de famílias importantes ali residentes.

Era intenção de tais forças legalistas marchar em direção a Princesa, usando mulheres reféns como escudos humanos. Entre estas se encontrava a senhora Alexandrina (Xandu) Douetts Diniz, esposa de Marcolino Pereira Diniz, acompanhada de outras mulheres de tradicionais famílias de Princesa. 
              
Na luta pela posse de Patos de Irerê, a tropa da Polícia Militar da Paraíba sofreu as maiores baixas, pois foram devastadoras as investidas dos sediciosos, para libertação dos reféns, resultando na derrota dos legalistas, comandados pelo Tenente Raimundo Nonato. 
              
Moreno também participou do cerco ao povoado Tavares, onde se desenrolaram lances trágicos e desumanos. Os revoltosos usaram de todos os artifícios para dizimar a coluna legalista ali aquartelada, ficando oficiais e soldados em condições vexatórias até o final da luta.
              
Após o assassinato de João Pessoa, ocorrido em 26 de julho de 1930, Moreno perambulou com a família pelos sertões de Pernambuco e Alagoas, indo se fixar no povoado alagoano de Matinha de Água Branca.

João Pessoa
              
Há tempos Lampião estava agindo na área fronteiriça dos Estados de Pernambuco e Alagoas, onde quase conseguiu por as mãos no “Coronel” Zé Pereira Lima, quando este palmilhava o sertão, juntamente com o mestre Abílio da Metralhadora, fugindo da fúria vingadora dos liberais, fanatizados com a vitória da Revolução de 1930.
              
Ao saber que Moreno estava residindo em sua área de atuação, renasceu o ódio que Lampião tinha pelo antigo companheiro de cangaço.
              
Na fazenda Croatá, situada nas proximidades de Matinha de Água Branca, propriedade de João Marques Sandes, ligado por laços de parentesco à Baronesa de Água Branca, Moreno viveu aparentemente sossegado, com a sua família, até o dia 13 de fevereiro de 1936. Na fatídica noite daquele dia, Lampião com a sua caterva o aprisionou em sua própria casa. 

Em seguida, foi amarrado e minuciosamente inquirido em frente a uma fogueira acesa pelo bando. Depois, Moreno foi fuzilado, tendo o serviço sido executado pelo cangaceiro Chumbinho.

Chumbinho e  Durvalina (ainda viva, com 92 anos, e residente em Belo Horizonte).
Chumbinho e Durvalina
               
Dessa forma, Lampião agia inexoravelmente com os seus desafetos, independentemente de qualquer projeção espacial ou temporal. Como sempre acontecia, sua vingança era implacável e terrível. Para Lampião, apenas a morte pagava uma traição.
              
Em carta datada de 3 de março de 1978, procedente de Lagoa Grande, distrito de Presidente Olegário (Estado de Minas Gerais), dirigida a Luísa Alves Batista, Sinhô Pereira confessa que já não tinha boa vontade com Lampião, devido aos assassinatos de Zé Nogueira e Moreno. A morte de Zé Nogueira foi um episódio hediondo, protagonizado por Lampião e seu irmão Antônio, tendo ocorrido o crime no dia 23 de fevereiro de 1926, na fazenda Serra Vermelha (Serra Talhada – Estado de Pernambuco).

  Agradecimentos:

Agradeço as entrevistas que me concederam Madalena de Sousa, Rita Maria de Sousa e José Laurindo de Sousa, filhos de Joaquim Laurindo de Sousa (Moreno) e Luísa Alves de Sousa. Igualmente agradeço a Hermosa Goes Sitônio, Belarmino Medeios e Zacarias Sitônio, testemunhas oculares dos fatos históricos ocorridos em Princesa, referidos neste estudo, pelas entrevistas a mim concedidas.

Bibliografia selecionada

Entrevistas pessoais:

Medeiros, Belarmino. João Pessoa, 15 de maio de 1993
Sitônio, Hermosa Goes. João Pessoa, 15 de maio de 1993
Sitônio, Zacarias. João Pessoa, 15 de maio de 1993
Sousa, José Laurindo de. João Pessoa, 13 de junho de 1993
Sousa, Madalena de. João Pessoa, 21 de abril de 1993
Sousa, Rita Maria de. João Pessoa, 21 de abril de 1993
Referência bibliográfica
Almeida, E. – 1926 – Lampeão – sua história. Imprensa Official, 130 pp., [6] est., Parahyba (João Pessoa).
(*) Geógrafo (UFPB). Professo-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Mestre emDesenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UERN).

Cariri Cangaço: Onde tudo começou!

Por: João de Sousa Lima


             Lembro do primeiro contato com o casal Manuel Severo e a Danielle Esmeraldo.

Danielle e Manoel Severo

               Estava eu, minha esposa Joselma Sousa Lima e o escritor Antonio Vilela, em Serra Talhada, em um evento sobre o cangaço em que fui realizar uma palestra durante o dia e a noite fomos assitir um espetáculo com vários grupos de xaxado.

Joselma e o escritor João de Sousa Lima

 
Antonio Vilela 

              Durante o evento fiquei conhecendo um jovem sorridente e bastante educado, era o Severo, ele me falou dos planos de construção de um seminário sobre o cangaço em sua cidade. Me coloquei logo a disposição para apoiá-lo na sua empreitada, saímos de lá com nosso convite já formulado.

             O Cariri Cangaço aconteceu em sua primeira edição e foi logo um grande sucesso, transformando-se hoje em um dos maiores eventos sobre os temas relacionados com o nordeste.

                Severo e Danielle parabéns e fico feliz em fazer parte dessa família.  


Extraído do blog do próprio autor deste artigo, João de Sousa Lima

Agenor de Generosa...

Por: Manoel Severo

Manoel Severo e João de Sousa Lima
              
Encravada no sopé da Serra do Umbuzeiro; porta de entrada para a região do Rio São Francisco; no município de Paulo Afonso, acha-se a incrível e enigmática "Vila da Dona Generosa".

Capela e Cemitério da Vila de Dona Generosa
             
Localizada a uns 15 km do centro de Paulo Afonso, dali se vislumbra os 507 metros da majestoda  Serra do Umbuzeiro, bem pertinho dos Picos do Tará e da famosa Malhada da Caiçara.

Lampião e Maria Bonita

O Rei do Cangaço passou boa parte da primeira metade da década de 30 andando por essas bandas ainda mais depois de uma certa "morena da terra do condor" ter lhe roubado o coração.

Serra do Umbuzeiro
O que restou da Casa de dona Generosa

Dona Generosa era uma das maiores coiteiras de Virgulino Ferreira em terras baianas. "Quando os meninos desciam a serra para o baile aqui na casa de minha avó, dizem que dava para sentir o cheiro do perfume deles de longe..." confirma seu Agenor; último remanescente da família, que ainda mora no local.

Agenor da Silva Carvalho, neto de dona Generosa

Visitar a localiadade Riacho, a Vila de Dona Generosa, o Tará, a Malhada da Caiçara e a Serra do Umbuzeiro é programa indispensável para quem chega a Paulo Afonso. Em vários pontos passamos por vegetações como cactos, macambira, mandacaru e o kipá além das plantações de cactos palma, nos transportando para o cenário mágico das caatingas nordestinas, cheias de mistério, encanto e aqui, particularmente, história.


Alcino Costa, Pedro Luiz e Dra. Francisquinha
Jack de Witte, José Cícero, Gilmar Teixeira e Bosco André
Juliana Ischiara e um exemplo do que era o alicerce da época...

Quando estiver em Paulo Afonso não deixe de visitar a Vila de Dona Generosa. Nessa visita a Caravana Cariri Cangaço era composta dos amigos Bosco André, Jack de Witte, José Cícero,

Gilmar Teixeira,

Júlio e Juliana Ischiara,

Sousa Neto,

Pedro Luiz, Dra. Francisquinha,
Paulo Gastão

e não poderia deixar de está presente, o Decano de Poço Redondo, Alcino Alves Costa.



Extraído do blog "Cariri Cangaço", do amigo Manoel Severo

O TIRO QUE MATOU LAMPIÃO

Por: Ivanildo Alves da Silveira


           Lampião, o 2º personagem mais biografado na América Latina, muito estudado por centenas de pesquisadores e escritores do cangaço, mesmo já tendo transcorrido mais de 70 anos de sua morte, ainda, tem em sua biografia, muitas “LACUNAS, e ASPECTOS,” que ainda deixam dúvidas, e que não foram devidamente esclarecidos, ao longo da história.

Lampião, o rei do cangaço
Vejamos.

                Sobre a sua morte:

                a) Quantos tiros levou?

                b) Qual o tiro o matou?

              c) Foi atingido pelas rajadas da metralhadora do Tenente Bezerra, ou pelo certeiro fuzil do soldado Honorato?


João Bezerra à esquerda,  sentado
O soldado Honorato

             Após a morte do famoso cangaceiro na Grota do Angico/SE, em 28/07/1938, não foi confeccionado pelos médicos legistas, O LAUDO DE EXAME CADAVÉRICO do famoso personagem, o qual, com certeza, teria dissipado muitas dúvidas quanto a morte do mesmo.


            Apenas, a cabeça do cangaceiro (em adiantado estado de putrefação), e de sua companheira, Maria Bonita foram analisadas pelo famoso médico alagoano, o Dr. Lages Filho.
             Ainda, no tocante á morte do Rei Vesgo, principalmente, no que concerne aos TIROS QUE SOFREU , temos uma excelente ENTREVISTA realizada, por ocasião dos 70 anos de sua morte, através do Programa “DE LÁ PARA CÁ “, do jornalista Anselmo Góes, em que o Dr. Jayme de Altavila, Diretor do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (Local onde estão alguns pertences e objetos de Lampião), presta excelentes informações, nesse sentido. Vejamo-las.

 O Dr. Jayme de Altavila 

            Cartucheira de ombro de Lampião, atualmente preservada e exposta no Inst. Histórico e Geográfico de Maceió. Cortesia: Escritor Carlos Megale 


             Dr. Jayme mostra a reportagem, como Lampião usava a cartucheira de ombro.

 


              No detalhe o local de um dos tiros que atingiu Lampião, na região do coração, sendo, portanto, mortal. A bala perfurou a cartucheira, indo se alojar em seu corpo.


             Ainda, detalhe do tiro que trespassou a cartucheira do rei do cangaço - local de "saída" do projétil.
              Segundo a bibliografia cangaceira ( Ver Amaury, pg 31), LAMPIÃO sofreu três disparos no Combate de Angicos. Um no PEITO DO LADO ESQUERDO; Um no Baixo Ventre e Outro NO ALTO DA REGIÃO FRONTAL DIREITA (cabeça).
              Alguns ex-volantes que participaram do combate informaram que, o TERCEIRO DISPARO (no alto da região frontal direita- cabeça) de Lampião, ocorreu quando o mesmo, já se encontrava, abatido e caído no solo (Ver Amaury, pg 90 - Depoimento de Panta de Godoy).
             Além do disparo sofrido, a cabeça foi atingida por ação contundente (coronhadas...etc..), o que danificou, ainda mais, o crânio do Rei do Cangaço.
             A esse respeito, veja-se, logo abaixo, FOTO publicada em 1953, pela revista "O CRUZEIRO "


              Em função do tiro sofrido na cabeça, bem como, em função das lesões provocadas por instrumentos contundentes (coronhadas...etc..), da cabeça de Lampião, por ocasião de sua exumação, restaram, apenas, uma porção de ossos quebrados.(Vide foto, logo abaixo).


               Foto: livro Lampião, a medicina e o cangaço, pág. 102, dos autores Leandro Cardoso Fernandes e Antonio Amaury.

Aderbal, Leandro, Antonio Amaury..., e Alcindo
              
             Assista o vídeo que deu origem à presente matéria. Programa "De lá para cá", do jornalista Anselmo Góis, que foi exibido por ocasião da passagem dos 70 anos da morte de Lampião em 2008.


Abraço a todos
Ivanildo Silveira 
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC

Gilberto Gil - Cantor brasileiro

Beti Niemeyer/Divulgação
            Gilberto Passos Gil Moreira nasceu em Salvador, em 1942, mas cresceu em Ituaçu, no interior da Bahia. Aos nove anos, voltou para Salvador, e começou a brincar de sanfona. Com 18 anos, ele chegou a ter um conjunto. Só que, influenciado por João Gilberto, ele acabou decidindo tocar violão.
João Gilberto
             O jovem baiano seguiu a vida como se não fosse ser músico. Entrou no curso de administração de empresas. Enquanto fazia o curso, gravou um compacto solo, e conheceu
Caetano Veloso durante o show do CD 'Cê', em Brasília (19/11/2006)
Caetano Veloso,
Maria Bethania,
Gal Costa e
Tom Zé.
             Eles fizeram o show de nome Nós Por Exemplo, em Salvador. Mas, logo em seguida, Gil se mudou para São Paulo, e trabalhou na Gessy-Lever. Mas não largava a música: nesse período, conheceu
Chico Buarque,
Torquato Neto e Capinam.
            Em 1965, ele fez a primeira participação em um festival, cantando a música Iemanjá, no 5º Festival da Balança, promovido pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie. O festival foi gravado pela RCA, e, quando viu, Gil estava no programa “O Fino da Bossa”, comandado por
Elis Regina e
Jair Rodrigues
           Ele apresentou várias músicas, mas Louvação e Eu Vim da Bahia fizeram mais sucesso. Daí, em 1967, gravou o LP Louvação. Nesse mesmo ano, ficou em segundo lugar no festival de música da Record com Domingo no ParqueAlegria Alegria, de Caetano Veloso, ficou em quarto lugar. Foi exatamente aí que começou o famoso movimento, de nome tropicalismo. Gil e Caetano imergiram na cultura brasileira, principalmente a baiana e nordestina, e começaram a formatar o tropicalismo.
              O ano de 1968 foi de intensa criação para o grupo revolucionário da música popular brasileira. Gil lançou os LPs Gilberto Gil e Panis et Circenses, este último que contou com a participação de Caetano,
Os Mutantes
Os Mutantes, Torquato Neto, Gal Costa, Tom Zé e
Nara Leão
             A agitação revolucionária durou pouco, porque, em 1969, Gil e Caetano foram considerados subversivos pelo regime militar, e partiram para o exílio na Inglaterra. E foi, então, justamente na volta do exílio, em 1972, que Gilberto Gil lançou esse incrível disco, de nome Expresso 2222.     
              Ele traz ao conhecimento do público, pela primeira vez, o grande violonista que Gilberto Gil é, cuja habilidade é muito bem demonstrada na faixa-título do álbum. Esse mesmo disco também lançou para a fama nacional a Banda de Pífanos de Caruaru, que, até então, era conhecida apenas regionalmente; junto com ela, toda a tradição das bandas de pífanos brasileiras foi divulgada e valorizada. Esse disco é, portanto, um divisor de águas na história das bandas de pífano. Além disso, tem O Canto da Ema, de Ayres Viana, Alventino Cavalcante e João do Vale, um clássico do baião, que a voz de Gilberto Gil ajudou a ganhar o Brasil, e o samba nacionalista 
Chiclete com Banana,
GORDURINHA de Gordurinha e Almira Castilho,
que já havia feito sucesso com
Jackson do Pandeiro,
mas agora ganhava ares de resistência anti-imperialista com a sonoridade tropicalista. Em suma, este é um álbum clássico da música popular brasileira, que reflete, com autenticidade e verdade, a realidade da música brasileira naquele tempo. Gil une, com a coerência que somente os gênios da música conseguem, as influências absolutamente heterogêneas que ele recebeu, desde sua infância, até os anos no exílio. Então, o disco é baião-jazz-samba-pop-regional-rock, ou seja, música brasileira na veia.

 
Fonte: Acervo Origens