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terça-feira, 17 de maio de 2011

Meus olhos viram novamente tanta beleza...

 Por: João de Sousa Lima
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            Um dia, em um passado ainda próximo, falei de momentos tão belos que meus olhos viram. Desejei ver tudo novamente; O destino brincou de ironizar com minha visão: Tive graves momentos visuais, lutei, superei, sem antes, homem rude como sou, ajoelhar-me aos pés do Cristo Piedoso; Implorei mais uma chance, o Misericordioso Homem de Deus atendeu meu pedido: Avistei velhos amigos, abracei todos, como se fossem meus últimos dias, senti a vida acarinhando meu coração ainda assustado.

             Nas colinas verdejantes avistei distantes paisagens, respirei os ares vindos das terras dos Cariris, ventos circundantes nas Serras do Araripe. Senti frio, ouvi o assovio dos redemoinhos enquanto fitava aquela imensidão bela. Nos chalés acolhi-me cansado e feliz por jornadas diárias, todos os dias. Pisei solo sagrado do Beato Zé Lourenço.
 
José Lourenço Gomes da Silva
 
             Visitei cruzes aonde a morte chegou sem avisar e sem perdão, senti os remorsos dos dias passados, cruzes erguidas em solo seco e pedregoso, o silencioso Alto do Leitão.
 
Padre Cícero
 
             A história ainda latente em um casarão de tantos anos atrás. Nas paredes marcas de uma defesa talvez inexistente, nas torneiras, paredes furadas, sangrias no barro, defesa de homem polêmico, Cícero Romão Batista, adorado por tantos fiéis, ignorado por leis católicas.


            Homenagem em vida, ao grande Mestre, meu Mestre Amaury, emoção, tímidas lágrimas, merecedor do pouco que se fez, merecedor do muito que se faça, Mito das Letras, da História Oral, perseguidor Incansável das tantas histórias, maior conhecedor delas. Uma simples placa e um coração de amigo junto.
 
Antonio Amaury e João de Sousa Lima 

             Vi um menino ligeiro, correndo sem parar, sorriso sempre presente, como se não houvesse falhas, cansaço ou qualquer pingo de desânimo. Menino grandioso, sorriso farto, abraço verdadeiro: Menino Severo, Severo amigo, Severo Presente, presente da vida; Severo: Digno de ser amado por todos.
 
Manoel Severo e João de Sousa Lima

             Aprendi muito, com palavras de tantos, com as vozes de todos; Sonhei nas imagens do tempo, no tempo do Luiz Lua Gonzaga, sonhos do passado esbranquiçado em películas; Sorvi a semente plantada por Seraine, no canto e no aboio do Rei do Baião.
 
Luiz Gonzaga

               Meus olhos viram tudo de novo, visualizei amigos, abracei tantos; Beijei faces, amei pessoas reais. Vi o belo, como desejei, como pedi novamente; na solicitude de homem rude descobri misericórdia. A vida bela sorriu-me e ingenuamente pedi a Deus para permitisse ver tudo de novo e quando chegar um novo Cariri Cangaço, eu quero estar lá, quero ver as paisagens belas do Cariri, quero abraçar amigos, subir nos tablados, fazer homenagens, ouvir cantos, me encantar com palavras, saber mais das histórias, aprender com tantos, ouvir o canto do vento, no redemoinho do tempo...

               Permita-me Deus, ainda ver outros Cariris Cangaço, entrego-vos meus olhos, em ti descanso, me regojizo, espero; Pagarei com amor ao próximo, amando os amigos, apreciando tuas obras, a natureza fecunda que circunda os Vales Cearenses.
 

João de Sousa Lima
Poeta, pesquisador e escritor
Paulo Afonso BA
 
 
Extraído do blog: "Cariri Cangaço", do amigo Manoel Severo

Maria de Juriti, uma cangaceira na Grota do Angico

Por: João de Sousa Lima 
           Maria de Juriti foi uma das cangaceiras que escaparam do combate na Grota do Angico, porém decidiu levar sua vida sem falar nada com ninguém, morreu sem dar entrevistas.
 
           Poucos meses antes de sua morte estive em sua residência, acompanhado pelo cineasta Wolney Oliveira e por mais que maior que fosse nossa insistência para colher alguma informação, mais o silêncio dominava o ambiente e por último ela reclamou dizendo que poderia ter uma "parada do coração" e aí tivemos que nos contentar com apenas algumas fotografias.
 
Wolney Oliveira
 
              Recentemente recebi em minha casa a visita de um dos filhos da cangaceira, trazendo um caderno com riquíssimos depoimentos da mãe, colhidos por ele. o caderno me foi presenteado e sobre a vida dela será lançado um capítulo interessante, em um futuro bem próximo.
 
 
O conteúdo acima é do escritor e pesquisador do cangaço "João de Sousa Lima"

Lampião e Juriti

                Segundo o escritor e pesquisador do cangaço, Alcindo Alves Costa, o verdadeiro cangaceiro com o apelido Juriti, foi "João Soares", que fazia parte do grupo dos Marinheiros, e na década de vinte, já era vulgarmente chamado de Juriti. 
              Era lá do Salgado do Melão, no Estado da Bahia, e incorporou-se ao bando de cangaceiros por meio de fazendeiros amigos de Lampião.      
            Era um dos facínoras mais valente, genioso e perverso ao extremo. Com esses adjetivos todos,  fez com que Lampião o contratasse para fazer parte do seu bando, e   no cangaço recebeu o apelido de Juriti,  deixando de lado o nome Manoel Pereira de Azevedo, para assumir este apelido. 
 
Lampião e Juriti
 
             Os escritores, pesquisadores e historiadores do cangaço, calculam que Lampião passou mais de vinte anos invadindo e bagunçando os Estados do nordeste brasileiro, os quais foram: Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco (sua terra natal), e Sergipe.
 
               Mas  na madrugada de 28 de julho de 1938, Lampião e mais 10 cangaceiros, inclusive a sua rainha Maria Bonita,  foram assassinados pelas volantes comandas pelo Tenente João Bezerra, que fizeram o cerco, e conseguiram chacinar o mais temido cangaceiro nordestino.

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João Bezerra sentado à esquerda

           Após a chacina os cangaceiros ficaram órfãos de pai e mãe, Lampião e Maria Bonita estavam mortos, e como não tinham mais quem os protegessem, a solução seria: ou fugir para outras regiões do Brasil, ou enfrentarem os sofrimentos nas cadeias, já que mesmo tendo sido desmontado o movimento social de  cangaceiros, as autoridades policiais não deixariam impunes os que haviam participado do movimento, e iriam procurar cangaceiros por todas as caatingas nordestinas.

Juriti
             Na madrugada que aconteceu a chacina na grota de Angicos, no Estado de Sergipe, muitos cangaceiros conseguiram furar o cerco, e se mandaram em busca de lugares seguros, entre os que escaparam, estavam Juriti e sua companheira Maria.
           
              Juriti e sua esposa foram presos e posteriormente liberados para participarem novamente da vida livre. Mas Infelizmente o cangaceiro Juriti foi assassinado no ano de 1941, em Canindé do São Francisco, no Estado de Sergipe,  pelo delegado Deluz.
 
              Mesmo ele sabendo que muitos cangaceiros já tinha em mãos a carta de soltura, doada pelo capitão Aníbal Vicente Ferreira, comandante geral das forças de combate ao banditismo no nordeste, o delegado Deluz continuava procurando remanescentes de Lampião, encontrou Juriti, e fez a maior atrocidade contra o rapaz, o cangaceiro foi algemado e colocado dentro de uma foqueira.
  
 
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