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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Mossoró contra Lampião

O mais temido dos cangaceiros estava acostumado a pilhar os povoados do sertão nordestino. Permaneceu invencível até o dia em que a resistência dacidade potiguar o obrigou a bater em retirada

Por: Xico Sá
            Uma festa de arromba promovida pelo Humaytá Futebol Clube fazia ferver a sociedade de Mossoró naquela noite do 12 de junho de 1927, véspera do dia de Santo Antônio. Foi quando começou a correr a notícia de que Virgulino Ferreira, o temido cangaceiro Lampião, se aproximava da cidade. Horas antes, ele e seu bando haviam atacado a vizinha vila de São Sebastião (atual município de Governador Dix-Sept Rosado). Em poucos momentos, todo o rigor daquele baile que exigia branco para os cavalheiros e azul e branco para as damas amarfanhou-se e perdeu graça, abalando o momento de glamour ostentado pela elite do sertão.

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            Mossoró era uma das mais prósperas cidades do Rio Grande do Norte. O coronel Rodolfo Fernandes, o prefeito, já havia alertado, nos últimos dias, sobre o perigo do ataque do rei do cangaço ao município. A maioria dos habitantes, no entanto, parecia não acreditar. Tudo estava tão tranqüilo que, no mesmo 12 de junho, Mossoró parecia mais preocupada com o clássico entre os times de futebol do Ipiranga e Humaytá do que com a possível chegada de Lampião às suas cercanias.

Rodolfo Fernandes de Oliveira

            A partida de futebol transcorreu dentro da mais absoluta rotina. Já o baile, por mais que alguns participantes e os diretores do clube tentassem abafar as notícias vindas da vila de São Sebastião, foi tomado pelo alvoroço e pelo medo. O apito da locomotiva da rede ferroviária suplantava o pânico dos mossoroenses, narra o jornalista Lauro da Escóssia, testemunha do acontecimento, no livro Memórias de um Jornalista de Província. Os trens começavam a se movimentar, conduzindo famílias e quantos quisessem fugir de Mossoró. Segundo ele, durante toda a noite e na manhã seguinte, a ferrovia permaneceu ininterruptamente agitada.

            Na vila de São Sebastião, conforme as notícias que desmancharam o baile do clube Humaytá, Lampião havia incendiado um vagão de trem cheio de algodão e depredado a estação ferroviária. Havia também arrasado a sede do telégrafo uma modernidade sempre combatida pelo chamado rei do cangaço, na tentativa de impedir que o seu paradeiro fosse sendo informado e ajudasse a polícia a persegui-lo.

           Até as primeiras horas da manhã do dia 13, muita gente havia deixado suas casas em Mossoró, que à época tinha cerca de 20 mil habitantes. O temor ao famoso cangaceiro não era brincadeira. Duas mulheres em pleno serviço de parto, conta Escóssia, foram retiradas em macas para a cidade de Areia Branca, a quilômetros dali. Mas o esvaziamento não era só fruto do pânico. A estratégia da prefeitura  que havia conseguido ajuda oficial em armas e munição, mas não em combatentes, era manter na cidade apenas os habitantes que estivessem armados. Quanto mais vazio o lugar, na avaliação do coronel Rodolfo Fernandes, maior a chance de repelir o bando de cangaceiros.

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Frederico Pernambucano de Melo
        
            Fazia tempo que Lampião planejava encarar o desafio de invadir Mossoró. Seria a maior tentativa de rapinagem do bando, como conta o historiador Frederico Pernambucano de Mello, no seu livro Guerreiros do Sol, no qual defende a tese de que o cangaço era um meio de vida. Pouco antes de chegar à cidade, Lampião enviou um bilhete chantageando a prefeitura. Nele, pedia a quantia de 400 contos de réis para não atacar o município, um valor pelo menos dez vezes superior ao que costumava exigir em ocasiões semelhantes. Na tarde de 13 de junho, feriado de Santo Antônio, ele e o bando já se encontravam nos arredores do município potiguar.

           Sem resposta ao primeiro comunicado, Lampião, já impaciente, bufando de raiva, manda um segundo aviso. Os termos do bilhete, que consta nos arquivos do jornal O Mossoroense (um dos mais antigos do país, com 133 anos de circulação), eram muito diretos e recheados de erros de português:

           Cel. Rodopho,
         
          estando eu aqui pretendo é drº (dinheiro). Já foi um a viso, ai pª (para) o Sinhoris, si por acauso rezolver mi a mandar, será a importança que aqui nos pedi. Eu envito (evito) de Entrada ahi porem não vindo esta Emportança eu entrarei, ate ahi penço qui adeus querer eu entro e vai aver muito estrago, por isto si vir o drº (dinheiro) eu não entro ahi, mas nos resposte logo. Ele assinava “Cap. Lampião.

          O coronel Rodolfo Fernandes e seus homens disseram não a Virgulino, para surpresa do mais temido cangaceiro de todos os tempos. A cidade tinha o dinheiro, informou o prefeito. Mas Lampião teria que entrar para apanhá-lo. Às 16 horas daquele dia 13, caía uma chuvinha fina e havia uma neblina de nada sobre Mossoró. Foi quando os primeiros estampidos de bala ecoaram.

Sangue e areia

           Lampião tinha 53 cangaceiros no seu bando. Não imaginava, porém, que iria enfrentar pelo menos 150 homens armados na defesa da cidade.

         O repórter Lauro da Escóssia estava lá, vendo tudo de perto. Durante toda a noite, a detonação de armas em profusão. Parecia uma noite de São João bem festejada, escreveu em O Mossoroense. Mas as mulheres rezavam para outro santo junino, o Antônio festejado naquele dia.

         No ataque, Lampião perdeu importantes cabras de seu bando. Colchete teve parte do crânio esfacelado por balas. E Jararaca, depois de capturado, foi praticamente enterrado vivo. Em menos de uma hora após o início da luta, o capitão do sertão outra das alcunhas dadas ao célebre cangaceiro sentiu que dominar a cidade seria praticamente impossível. Ordenou então a retirada da tropa, para evitar a perda de mais homens e não manchar ainda mais sua reputação. A partir desse momento a estrela do bando lentamente passaria a brilhar cada vez menos, escreveu o historiador Pernambucano de Mello.

          O mito do Lampião invencível caíra por terra, o que reanimou a força policial, que passou a enfrentar o rei do cangaço com menos temor. Era o começo do declínio da carreira de Virgulino. Por causa do desastre no Rio Grande do Norte, as deserções no grupo foram consideráveis. Mossoró, cidade conhecida por marcas pioneiras (como quando foi o primeiro município brasileiro a admitir o voto feminino, em 1934), passaria também à história por esse acontecimento que assombrou todo o Nordeste. Até hoje, os filhos daquela terra se orgulham do feito de braveza ao contar que seus antepassados botaram Lampião para correr. Os inimigos do cangaceiro, entretanto, ainda teriam que esperar mais 11 anos pela morte do capitão, assassinado somente em 1938, na chacina da gruta de Angicos, em Sergipe.

Como morre um cangaceiro

Jararaca ao centro
Antes de ser executado, Jararaca riu com as lembranças de sua vida ao lado de Lampião
            Um dia depois do combate, quando o povo de Mossoró ainda temia o possível retorno de Lampião sequioso por vingança, um dos principais cangaceiros do bando, Jararaca, foi capturado se arrastando por um matagal. O que se deu a seguir foi um roteiro tragicômico, conforme a narrativa de Lauro da Escóssia, então repórter do jornal O Mossoroense.

            O nome do pernambucano Jararaca era José Leite de Santana. Ele tinha apenas 22 anos nos registros policiais, contudo, aparece com 26.

           Mesmo com um rombo de bala no peito, conseguiu gargalhar durante uma entrevista na cadeia. O cabra de Lampião dizia que era por causa das lembranças divertidas do cangaço. Entre as memórias que ouviu do preso, Escóssia descreve o dia em que Lampião teria invadido a festa de casamento de um inimigo e, com seu próprio punhal, sangrado o noivo. Já a noiva teria sido estuprada na caatinga pelos cabras do bando.

            Segundo o relato de Jararaca, Virgulino também ordenou que os convidados de um baile tirassem as roupas e dançassem um xaxado completamente nus.

 
Vera Ferreira, neta de Lampião

            Vera Ferreira, neta de Lampião, que hoje cuida das memórias do avô em Aracaju, Sergipe, vê muito folclore nesse tipo de história. Nega, a partir das suas pesquisas, que o cangaceiro tenha ordenado ou praticado estupros (ela é co-autora do livro independente De Virgolino a Lampião, que escreveu com o pesquisador Amaury Corrêa, dono de um dos maiores acervos sobre o rei do cangaço, em São Paulo).

Antonio Amaury

            Fato é que, na cadeia, Jararaca virou atração pública na cidade potiguar. Quando já apresentava alguma melhora do ferimento, mesmo sem ser medicado, ouviu que seria transferido para a capital, Natal. Era mentira. Alta noite, da quinta para a sexta-feira, levaram Jararaca para o cemitério, onde já estava aberta sua cova, relata Escóssia. Pressentindo a armação, Jararaca diz: "Sei que vou morrer". Vão ver como morre um cangaceiro!

            O capitão Abdon Nunes, que comandava a polícia em Mossoró, relatou dias depois os momentos finais do capanga de Lampião: Foi-lhe dada uma coronhada e uma punhalada mortal. O bandido deu um grande urro e caiu na cova, empurrado. Os soldados cobriram-lhe o corpo com areia.

             Pelas circunstâncias da morte, o túmulo de Jararaca virou local de romaria. Até hoje as pessoas rezam e fazem promessas com pedidos ao cangaceiro executado. Na terra do Sol, Deus e o Diabo ainda andam juntos.

Saiba mais

Livros

Guerreiros do Sol  Violência e Banditismo no Nordeste do Brasil, Frederico Pernambucano de Mello, Girafa/Massangana, 2004 - É considerado o mais completo e minucioso estudo sobre o tema. Ao contrário da maioria dos historiadores, que romantiza Lampião, o autor mostra evidências de que o rei dos cangaceiros era um bandido profissional, sendo responsável, por exemplo, pelos primeiros seqüestros no Brasil.
 
 Aventuras na história 
historia.abril.com.br/fatos/mossoro-lampiao


Maria Bonita em Nós:

 

100 Anos da Rainha do Cangaço  

João de Sousa Lima

           O escritor João de Sousa Lima publicou em seu blog, hoje, dia 27, quarta feira, que irá acontecer um grande evento em Paulo Afonso,  ainda em comemoração ao Centenário de Maria Bonita.


             O evento está sendo coordenado pelo Padre Celso e Neuza, que acontecerá  no "Pavilhão das Artes", de 05 a 08 de maio, onde uma grande mostra cultural será realizada.
 
 
            O escritor ainda comunica que o evento terá a presença do escritor Frederico Pernambucano de Melo,  e mostras de fotografias, participação de pessoas da zona rural e que tiveram ligação direta com o cangaço, show com Raimundo Sodré, vendas de livros, artesanatos, exposições com materiais que representam o povo do Sertão Nordestino.
 
Raimundo Sodre 
Raimundo Sodré
 
           João de Sousa Lima ainda afirma que o projeto cultura "Na Mala do Poeta" terá uma edição especial de poesias com o tema cangaço, que acontecerá no dia 06 de Maio do ano em exercício.
 
         Os senhores que são escritores, pesquisadores, historiadores, poetas e estudantes do cangaço, e que moram nas adjacências de Paulo Afonso, devem participar deste evento,  pois com certeza, muitas novidades boas acontecerão.


Como funciona o Triângulo das Bermudas


Bom para professores e alunos 

            Nos últimos 100 anos, o Triângulo das Bermudas foi o local onde aconteceu um número absurdo e significativamente alto de desaparecimentos inexplicáveis de aviões, navios e pessoas. Alguns relatórios dizem que até 100 navios e aviões desapareceram na área, com mais de mil vidas perdidas. A guarda costeira dos EUA, no entanto, alega que a área não tem um número incomum de incidentes.

Mapa ilustrado mostrando a localização do Triângulo das Bermudas

            Ele não existe em nenhum mapa oficial e não tem como saber como podemos chegar até ele. Mas, de acordo com alguns estudiosos, o Triângulo das Bermudas é um lugar que realmente existe e onde dezenas de navios, aviões e pessoas desapareceram sem qualquer tipo de explicação racional.

            Desde que uma revista usou pela primeira vez a frase "Triângulo das Bermudas", em 1964, esse mistério tem atraído a atenção de todos. No entanto, ao pesquisar a maioria dos casos a fundo, eles se tornam muito menos misteriosos. Geralmente os desaparecidos nunca estiveram na área do Triângulo, ou acabaram sendo encontrados ou há uma explicação razoável para o desaparecimento.

             Isso quer dizer que não há nada de coerente nas alegações de que tantas pessoas tiveram experiências estranhas no Triângulo das Bermudas? Não necessariamente. Os cientistas já documentaram desvios de padrão na área e encontraram algumas formações interessantes no leito oceânico dentro da região do Triângulo das Bermudas. O que significa que para aqueles que querem acreditar, há bastante lenha para a fogueira.

            Neste artigo, vamos olhar os fatos mais conhecidos deste lugar e também algumas das histórias mais contadas. Além disso, vamos explorar as teorias bizarras que falam de alienígenas e portais do espaço, além das explicações mais mundanas.

            Muitos pensam no Triângulo das Bermudas, também conhecido como Triângulo do Diabo, como uma área "imaginária". O Board of Geographic Names (Comissão de Nomes Geográficos) dos EUA não reconhece a existência do Triângulo das Bermudas e não possui um arquivo oficial sobre ele. No entanto, dentro dessa área imaginária, muitos navios de verdade e as pessoas que estavam a bordo deles parecem ter desaparecido sem deixar explicações.

             O Triângulo das Bermudas fica próximo à costa do Sudeste dos Estados Unidos, no Oceano Atlântico, e suas extremidades atingem as proximidades de Bermuda, Miami, Flórida e San Juan, em Porto Rico. Ele cobre cerca de 1,295 milhões de quilômetros quadrados.

              A área pode ter recebido esse nome por causa de sua extremidade que fica próxima à Bermuda, que já foi conhecida como a "Ilha dos Demônios". Nas redondezas desse país, há recifes traiçoeiros que encalham barcos que navegam nas proximidades.


O Mar do Diabo

Coloque texto aqui
Imagem cedida NASA
Ilha Miyake, no Japão
O Mar do Diabo, também chamado de Triângulo de Formosa, localiza-se na costa do Japão, em uma região do Pacífico nas proximidades da Ilha Miyake, a cerca de 177km ao sul de Tóquio. Assim como o Triângulo das Bermudas, o Mar do Diabo não aparece em nenhum mapa oficial, mas seu nome é utilizado por pescadores japoneses. Essa é uma área conhecida por desaparecimentos estranhos de navios e aviões. Outra lenda diz que, assim como o Triângulo das Bermudas, o Mar do Diabo é a única outra área em que uma bússola aponta para o Norte real em vez do Norte magnético (vamos falar mais sobre isso depois).
Uma teoria popular diz que a atividade vulcânica ao redor da área, especialmente um vulcão submarino, poderia ser a causa dos desaparecimentos.

Qual é o mistério?
          


            Em 1975, Mary Margaret Fuller, editora da revista "Fate", entrou em contato com a Lloyd, de Londres, para saber as estatísticas de pagamentos de seguros por incidentes que haviam ocorrido dentro dos limites do Triângulo. Ela descobriu que, de acordo com os registros da Lloyd, 428 navios sumiram no mundo todo entre 1955 e 1975, não havendo nenhuma incidência maior de eventos no Triângulo das Bermudas do que no resto do mundo.

            Gian J. Quasar, autor de "Into the BermudaTriangle: pursuing the truth behind the world's greatest mystery" (Dentro do Triângulo das Bermudas: em busca da verdade por trás do maior mistério do mundo) e diretor do Bermuda-triangle.org, alega que esse relatório "é completamente falso". Ele diz que devido ao fato da Lloyd não segurar veículos pequenos como iates e normalmente não oferecer seguros para pequenos barcos alugados ou aviões particulares, seus registros não podem ser levados totalmente em consideração.

            Além disso, ele também diz que os registros da guarda costeira, publicados anualmente, não incluem "navios desaparecidos". Ele solicitou os dados sobre "veículos marítimos que não retornaram" e recebeu (após 12 anos solicitando) registros de 300 barcos desaparecidos/atrasados nos dois anos anteriores. E não se sabe se estas embarcações acabaram retornando. Sua página na internet possui a lista destas embarcações (em inglês).

             O banco de dados da NTSB (Comissão Nacional de Transportes e Segurança) indica (de acordo com Gian J. Quasar) que somente umas poucas aeronaves desapareceram sobre a costa da Nova Inglaterra nos últimos 10 anos, enquanto mais de 30 casos desses ocorreram no Triângulo das Bermudas.

             O mistério do Triângulo provavelmente começou com o primeiro desaparecimento a tomar um bom espaço na mídia, em 1945, quando cinco aviões Avengers da marinha norte-americana desapareceram na área. Embora o motivo do desaparecimento originalmente tenha sido definido como "erro do piloto", os familiares do piloto que liderava a missão não aceitaram que ele havia cometido aquele tipo de erro e acabaram convencendo a marinha a mudar o veredito para "causas ou razões desconhecidas".

O preço do seguro é maior no Triângulo das Bermudas?
 
             De acordo com Norman Hooke, que conduziu os estudos de vítimas de acientes marinhos para os Serviços de Informações Marítimos da Lloyd (em inglês), com sede em Londres, "o Triângulo das Bermudas não existe".

            Em vez disso, ele diz que os desaparecimentos na área foram diretamente relacionados às condições climáticas. Por isso, apesar das teorias sobre o motivo de navios e aviões desparecerem na área, as apólices não são mais caras do que as apólices feitas para qualquer outro lugar do oceano.

              Mas o mito do Triângulo ganhou evidência após o repórter E. V. W. Jones ter compilado uma lista de "desaparecimentos misteriosos" de navios e aviões na região que se estende entre a costa da Flórida e de Bermuda. Dois anos depois, George X. Sand escreveu um artigo para a revista "Fate" com o título "Mistério marítimo na porta do nosso quintal". O artigo falava sobre uma "série de estranhos desaparecimentos marítimos, os quais não deixavam qualquer tipo de rastro, que ocorreram nos últimos anos" em um "triângulo sobre o mar cujas fronteiras são as proximidades da Flórida, Bermuda e Porto Rico".

            Conforme mais incidentes iam ocorrendo, a reputação do lugar aumentava e eventos antigos eram analisados novamente e somados à lenda. Em 1964, a revista "Argosy" batizou o triângulo em um artigo com o nome de "O letal Triângulo das Bermudas", de Vincent Gaddis. O slogan da revista que dizia ser "sobre ficção", não impediu que o mito se espalhasse. E, então criaram-se mais artigos, livros e filmes, cada um sugerindo uma nova teoria que ia de abduções alienígenas a polvos gigantes.

 Vamos dar uma olhada em alguns dos primeiros incidentes famosos atribuídos àquela área.

Fonte: pessoas.hsw.uol.com.br

HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS


Lampião e Maria Bonita, no porto santista 

      Não, não foram eles mesmos, os quase lendários personagens das histórias de cangaço. Mas, sim, foram eles, ou o que eles representaram como personagens de um capítulo importante da história social brasileira e mundial, surpreendentemente corporificados nesta visita ao porto santista, na forma de um navio cargueiro japonês e seu comandante. Bem, a história toda foi contada nesta matéria  publicada no jornal santista A Tribuna, em 18 de janeiro de 1987: 

O nome é uma homenagem da armadora japonesa à companheira de Lampião e o navio fará a linha entre o Japão e portos brasileiros
Foto: Rubens Onofre, publicada com a matéria
 
Maria Bonita vira heroína de capitão japonês
 
José Carlos Silvares
 
           Não seria nada de mais um navio ganhar o nome de Maria Bonita se fosse uma embarcação brasileira. Não é o caso. O navio é japonês, com bandeira do Panamá e tripulação coreana.
           Nada, a bordo, lembra o sertão nordestino. Mas o Maria Bonita existe, está no porto, e vai passar por Santos a cada três meses, em linha regular ligando o Brasil ao Japão e portos do Oriente.
          É um navio bonito, lançado ao mar no dia 11 de novembro do ano passado (N.E.: de 1986), ainda virgem. Faz a sua primeira viagem. Foi batizado com esse nome em homenagem a Maria Bonita, companheira de Lampião, o rei dos cangaceiros, herói-vilão que a história oficial insiste em esquecer. Maria Bonita, heroína popular, descrita em folhetos e cantada nas feiras, acabou virando nome de navio japonês. E é uma heroína para o capitão Sumio Matsumoto, o Lampião de seu navio.
          A única mulher a bordo é uma delicada gueixa, vestida com seda vermelha e aplicações de dourado, uma boneca japonesa, de cabelos negros e esticados, e que decora o escritório do comandante, numa caixa de vidro.
"Nome de mulher dá sorte", diz o capitão Matsumoto, sorridente, explicando que conhece a história de Lampião e Maria Bonita e que o nome foi escolhido para o navio exatamente porque será empregado na linha Brasil e Japão. "É um nome muito famoso no Brasil e minha companhia, a Mitsui O.S.K. Line, pretendeu fazer uma boa impressão ao escolher esse nome".
          A escolha, segundo o comandante, foi minuciosa. Um diretor da armadora esteve no Rio de Janeiro, durante um mês no ano passado, especialmente para estudar a história de Lampião e Maria Bonita. Quando escolheu o nome, o submeteu à apreciação dos agentes da armadora no Brasil e a decisão foi unânime: era um bom nome. Tanto que o diretor-presidente da armadora, T. Yano, durante a cerimônia de batismo do navio, no estaleiro da Mitsubishi Heavy Industries, em Kobe, no Japão, fez um breve histórico do significado desse nome e do que foi o cangaço no Brasil. Batismo de navio também é cultura, pelo menos no Japão.
          Os dois lados - Mas o capitão Matsumoto sabe que a história do cangaço tem dois lados. "Há um lado de herói e um lado que não é bom", diz, acionando um gatilho imaginário com o indicador direito, para lembrar que o bando de Lampião também matava.
           "Ele tirava dos ricos para dar aos pobres", insistiu, quase que fazendo uma pergunta sobre a veracidade dessa informação. E comentou: "Todo o mundo deveria ser assim".
            Inicialmente, o comandante havia esquecido o nome de Lampião - o que pode ser considerado uma coisa normal para um oriental que não está acostumado com esse tipo de nome -, mas depois de dizer que conhece a história fez uma divertida comparação entre as lendárias aventuras no sertão nordestino do início do século e o seu navio: "Este também é um navio forte".
          O lado heróico de Lampião e Maria Bonita existe, para o comandante, "porque os dois são muito populares no Brasil".    
         Ao saber que Lampião não é um herói oficial, como Tiradentes e outros, faz uma observação perspicaz: "Ele é um herói underground".
         De qualquer forma, Matsumoto gosta do nome do seu navio. Mas diz com orgulho que esta é a primeira vez que a armadora põe um nome feminino em navio da frota.
Não é o primeiro navio, porém, que leva o nome de Maria Bonita, companheira de Lampião. O livro de registro de todos os navios do mundo, editado pelo Lloyd's de Londres, informa que há um outro Maria Bonita, um pesqueiro de 143 toneladas registrado no Texas, Estados Unidos, e que pertence à empresa com o sugestivo nome de Ojos Negros Inc.
 

Capitão Matsumoto conhece a história e assume: "Eu sou o Lampião"
Foto: Rubens Onofre, publicada com a matéria
 
          Velho conhecido - O capitão Matsumoto esteve em Santos pela primeira vez há cerca de 20 anos, como 2º oficial do famoso Brazil Maru, que transportava carga e passageiros. Mas é comandante há cinco anos, sempre nos navios da Mitsui. O último que comandou, antes do Maria Bonita, foi o Barzan, um enorme navio-contêiner que faz a linha entre Nova Iorque e os tumultuados portos do Golfo Pérsico.
          No início de outubro, Matsumoto foi deslocado para Kobe, para acompanhar de perto o final da construção do Maria Bonita e fazer uma verificação geral nas instalações.
           É um navio próprio para o transporte de contêineres, moderno, com equipamenos sofisticados a bordo. Pertence a uma empresa registrada no Panamá, a Ocean Harmony S.A., controlada pela Mitsui, que aparece como afretadora do navio.    
          Tem 14 mil toneladas de porte bruto, 155 metros de comprimento por 25 de largura e calado que chega aos 10 metros. Viaja à velocidade de 15,3 nós horários.
           A tripulação é composta por dois japoneses - o capitão e o 1º oficial - e 29 coreanos, inclusive sete membros da oficialidade. Os coreanos, hoje, na navegação internacional, tomaram conta de postos que anteriormente eram ocupados apenas por oficiais do país da bandeira do navio ou da nacionalidade da armadora. São força de trabalho mais barata e à disposição das empresas.
           O Maria Bonita - agenciado em Santos pela Wilson Sons - estava com saída prevista para o início da noite de ontem, rumo ao Sul. Em Santos deixou grande quantidade de maquinaria, produtos químicos, produtos industrializados e carga geral embarcada nos portos de Cingapura, Hong Kong, Keelung, Nagoya, Kobe, Yokohama, passando ainda nos portos de Colombo (Ceilão), Galets (em Reunião, uma ilha francesa do Oceano Índico) e nas Ilhas Maurícios (também no Índico).
         Vai a Montevidéu, Buenos Aires e retorna por Rio Grande, Paranaguá, Rio de Janeiro, Santos - de onde segue em linha reta, via Sul da África, para Brisbane, Austrália, em viagem de 23 dias de céu e mar até chegar de novo aos portos japoneses. Na próxima viagem ao Brasil o navio virá via Canal do Panamá, encurtando o percurso. E a cada três meses cumprirá sua rota entre Japão e América do Sul.
          Depois de falar com orgulho de seu navio, o capitão do Maria Bonita faz questão de vestir seu uniforme branco, para a foto. Pronto. Agora ele é o capitão. E corrige, sorridente: "Agora eu sou o Lampião".
 

O presidente da armadora falou de Maria Bonita no dia do batismo do navio
Foto: divulgação, publicada com a matéria
 
Maria de Oliveira, Maria de Déa, bonita
 
           Pouco se sabe da companheira de Lampião e de suas aventuras no sertão nordestino. Muita coisa é folclore. Maria Bonita virou mito, como Lampião e os cangaceiros. Virou filme, livro e história de cordel. Era uma mulher destemida. Era apenas Maria, Maria de Oliveira, e de bonita tinha os traços marcantes de mestiça, olhos ligeiramente puxados, ar maroto.
           Era também Maria de Déa, porque filha de Déa, mulher do lavrador José Felipe de Oliveira, que tinha um sítio no Norte da Bahia, onde Maria teria nascido. Aos 17 anos casou com um pacato sapateiro, José de Neném. Ficou com ele até conhecer Lampião. As histórias contam que Maria abandonou José e também que foi José quem abandonou Maria. Teorias machistas de lado, a verdade é que Lampião namorou Maria: passou três vezes pelo sítio, até que um dia os dois se encontraram para viverem juntos por cerca de nove anos, entre 1929, ano do encontro, até a morte na caatinga, a 28 de julho de 1938.
          Antes e depois da morte, Maria foi chamada de tudo nos jornais: facínora, amásia de bandido, amante de bandoleiro etc. Até de ciumenta, conforme trecho de matéria publicada no dia 3 de agosto de 1938 por A Tribuna, com base em noticiário fornecido pelas agências de notícias: "Maria de Déa, como se chamava ela, não era uma figura feminina traçada na suavidade e no sentimentalismo do sexo. Ciumenta, sobretudo muito ciumenta. Desde que se colocou ao lado do facínora, jamais teve este coragem de dirigir sequer um olhar mais atrevido para outra".
         E prossegue: "Maria de Déa era a companheira de Lampião em todas as circunstâncias. Na hora da luta, era um rifle a mais ao lado dos bandidos. Um combatente que se ombreava entre os mais destemidos e mais decididos. Atirava admiravelmente. Sabia adivinhar os planos do amante e auxiliar-lhe a execução. Não conhecia sentimentos humanos nos momentos difíceis. Matava e saqueava, como os mais cruéis bandidos".
          A matéria diz, ainda, que o amor de Maria Déa por Lampião "teve uma origem de romance". E que foi a primeira mulher do bando.
          Nem tudo o que se diz dela, porém, é verdadeiro. Há muitas lendas misturadas a fatos reais, divulgados por cantadores nas feiras e, depois, nos folhetos de cordel. Maria Bonita virou mito. Virou exemplo de mulher arrojada, forte, decidida, a mulher nordestina. É sinônimo de companheira. Está nas cantigas populares. Virou heroína.
E foi citada no Exterior, aplaudida nos filmes, ganhando ares de sensualidade na interpretação de Tânia Alves, em especial da Globo.
          Até o jornal francês Paris Soir fez uma referência elogiosa a ela, apesar de indireta, na edição que divulgou o massacre de Angicos, local da morte do bando de Lampião. A notícia termina exatamente assim: "Lampião, o invulnerável; Lampião, o cruel, também amava".
 

Heroína popular, decidida, corajosa, ciumenta, malfalada. Maria
Foto: reprodução, publicada com a matéria
 
Publicado no dia 09/05/05


O Médico e o Cangaceiro


Por: Archimedes Marques

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            A minha avó Helena Motta Marques, quando ainda com vida e lúcida, contava uma história ocorrida em Nazaré das Farinhas, cidade do sertão da Bahia, na madrugada do dia 27 de maio de 1929, época em que ela e o meu avô Archimedes Ferrão Marques, então médico, naquele município residiram por alguns anos.
 
Archimedes Ferrão Marques
 
           O meu avô que era médico daqueles que de tudo fazia para ajudar as pessoas, além de ter um cargo estadual como sanitarista possuía também uma farmácia tipo drogaria onde atendia aos doentes e ali mesmo quase sempre manipulava e vendia os remédios que ele próprio receitava. A farmácia que servia de aprendizado e de complemento de renda familiar lhe dava outros bens de consumo, além da satisfação de curar doentes e salvar vidas, vez que, quando os seus pacientes não podiam pagar com dinheiro, presenteavam-no com galinhas, patos, cabritos, porcos e outros animais. Assim eles viveram uma vida dura e simples em Nazaré das Farinhas naquele tempo de muito trabalho, mas também de boas realizações e excelentes lições de vida.

         O meu avô Archimedes era muito caridoso e atendia qualquer um a qualquer hora, independente da pessoa ter ou não como pagar pela consulta ou pelo medicamento utilizado. Bastava bater na porta da sua casa que ficava anexa a sua farmácia, que ele medicava, fazia curativos, pequenas intervenções cirúrgicas, engessamento em traumatismo de pernas e braços e até partos realizava com o maior prazer possível. Era médico por vocação, amava a sua profissão e tentava seguir fielmente o Juramento de Hipócrates.

           Naquele dia, mais de perto na calada da madrugada, em meados das primeiras horas, chegaram a sua casa dois homens montados a cavalo, um deles com um dente bastante inflamado e "urrando" de dor, querendo a qualquer custo que ele o arrancasse e lhe livrasse daquele atroz sofrimento. Não bastaram as desculpas do meu avô em dizer que somente poderia aliviar a sua dor, pois não era dentista e sim um médico e, além disso, nunca tinha arrancado um dente na sua vida, além de não possuir os instrumentos pertinentes necessários para uma perigosa extração como aquela demonstrava ser.

Nazaré das Farinhas, Bahia

            O homem desesperado puxou de um punhal dizendo que se ele não arrancasse o seu dente seria sangrado ali mesmo sem dó ou piedade. Diante do novo "argumento" não restou outra alternativa senão cumprir a vontade do bandido. Aflita e trêmula de medo a minha avó logo foi buscar um alicate comum na caixa de ferramentas e o colocou para esterilizar em água fervente, enquanto o meu avô aplicava injeção de morfina na boca inchada do intransigente paciente e depois de muito suor, desespero, gemidos e luta do alicate com a boca, o dente do cidadão finalmente foi extraído. Em seguida o meu avô fez uma boa limpeza em toda a boca infeccionada do paciente, aplicando-lhe uma injeção antibiótica e, recomendando por fim, além da higiene necessária, repouso absoluto nos dois dias seguintes.

           O homem agradecido e aliviado, em demonstração de possuir algum sentimento, tirou um anel de ouro de um dos seus dedos e o deu como paga ou presente para o meu avô que então mais à vontade, criou coragem para perguntar pelos nomes deles, obtendo a resposta do outro cidadão acompanhante, que os seus nomes não lhe interessava e se ele tivesse juízo que ficasse calado sobre o ocorrido para não ter um dia a sua garganta cortada. Em seguida montaram nos seus cavalos e desapareceram no escuro da noite para sempre.

         Por via das dúvidas, diante do iminente perigo da ameaça e com receio dos homens voltarem em vingança caso fossem denunciados e presos, os meus avós preferiram guardar segredo dos fatos durante o tempo em que naquela cidade permaneceram, não prestando queixa à Polícia nem tampouco comentando com vizinhos e amigos sobre o desespero e terror pelos quais passaram naquela noite.

            Diz o velho ditado que não há um mal que não traga um bem. Assim, a lição e o exemplo vividos pelo casal que inclusive já tinha filhos menores, serviram para que o meu avô adquirisse os instrumentos dentários essenciais e passasse também a extrair dentes, sendo então, mais uma fonte de satisfação e caridade aos mais necessitados que passavam pela angustia dessa insuportável dor, além do somatório próprio da renda familiar, vez que no município não existia um dentista sequer. Contava a minha avó que por vezes a fila para extrair dentes era bem maior do que as consultas médicas tradicionais realizadas pelo meu avô Archimedes.

       Quanto aos dois desconhecidos que a minha avó dizia ser de compleição física sertaneja e rude, de cor morena queimada pelo sol e que usavam roupas grosseiras com bornais de couro e outros apetrechos, nunca souberam de quem se tratavam. 

            Teriam sido cangaceiros desgarrados de algum grupo de Lampião ou teriam sido criminosos outros procurados pela Polícia?... Como não há nenhum registro de ataque ou presença de cangaceiros no município de Nazaré das Farinhas é mais provável a segunda opção.

A título de ilustração transcrevo o breve currículo do meu avô, colhido no site http://linux.alfamaweb.com.br/asm/dicionariomedico/dicionario.php?id=31900:

Archimedes Ferrão Marques.

            Nasceu em 2 de Julho de 1892, em Salvador/BA, filho de Ernesto dos Santos Marques e Ana Ferrão Moniz Marques. Formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1917, defendendo a tese "Raspagem Uterina". Iniciou suas atividades médicas em 1918, combatendo a epidemia de varíola que grassava em todo o interior da Bahia, sendo em razão disso nomeado Inspetor Sanitário do 10º Distrito da Bahia e membro da Comissão Sanitária Federal de Combate à Febre Amarela. Em seguida, ainda em Salvador, foi transferido para o serviço de Saneamento Rural, onde fez carreira como médico, subinspetor, inspetor e chefe de distrito e zona até Dezembro de 1930. Nomeado Sanitarista do Ministério da Saúde, atuou na Delegacia Federal de Saúde da 5ª Região da Bahia. Transferiu-se para Recife, onde atuou na Delegacia Federal de Saúde e Inspetoria de Saúde dos Portos, durante a 2ª Guerra Mundial. Em 1945 é designado para a Delegacia de Saúde da 6ª Região, em Aracaju.

     Cumulativamente exerceu o cargo de médico da Caixa de Aposentadorias e Pensões da Leste Brasileira. Atuou como clínico e obstetra. Faleceu em 17 de Março de 1968, em Salvador/BA, com 76 anos.


Archimedes Marques
Delegado de Policia no Estado de Sergipe. 
Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Seg. Publica pela Universidade Federal de Sergipe 
archimedes-marques@bol.com.br

NOTA CARIRI CANGAÇO: Archimedes Marques é mais uma destas gratas surpresas dentro do mundo da pesquisa do Cangaço. Profissional de valor reconhecido em sua corporação, preparado, intelectual determinado e que nos presenteia com mais um espaço de qualidade na internet para a felicidade da grande família Cangaceira e Volante. Nós do Cariri Cangaço recomendamos com satisfação: www.cangacoemfoco.jex.com
 
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A ARTE DA DEMAGOGIA (Ctrl+C / Ctrl+ V)

 
Uma das grandes artes que tem permanecido ao longo dos séculos é a da demagogia, sempre aliada a uma boa retórica.


Por Silva Araújo

            Tão bem ou melhor que o mais conceituado fármaco, a demagogia anestesia as pessoas. Cria um mundo de maravilhas no qual as alices se sentem extasiadas. Aliena. Gera sociedades virtuais onde tudo se resolve como que por encanto. Além de enganar, a demagogia procura não desagradar. Por isso o demagogo não exige. Por isso o demagogo não proíbe. Por isso o demagogo segue a lógica do vale tudo. Por isso o demagogo tudo facilita e a tudo fecha os olhos. Por isso o demagogo não propõe princípios nem regras. Por isso o demagogo atua como se a liberdade não tivesse limites e como se a mesma liberdade não devesse estar unida ao sentido da responsabilidade. Embora a muita gente pareça que não, a verdade é que a demagogia só a aproveita ao demagogo, porque, como dizem os espanhóis, ainda que a mona se vista de seda, mona se queda. Por muito que o demagogo pretenda colorir a realidade, a realidade mantém-se. Quando os anestesiados retomarem a consciência, caem das nuvens. Mas, entretanto, o demagogo levou a sua por diante, e, habilidoso como é, soube arranjar-se. O demagogo não tem grandes escrúpulos na gestão dos dinheiros da comunidade. Utiliza-os como um instrumento ao serviço da sua demagógica estratégia, muito mais do que ao serviço dos reais interesses da mesma comunidade. Por isso gasta em foguetório. Por isso promove festas. Por isso esbanja. O demagogo tem o condão de pôr alegria nos momentos mais tristes e de ver estrelas na noite mais cerrada. O demagogo diz a verdade, pois seria o cúmulo do descrédito ser apanhado em mentira. Mas só diz a verdade que lhe convém, quando lhe convém e como lhe convém. Apenas salienta o aspecto da verdade que lhe interessa destacar. «Ignora» questões essenciais que podem comprometer. O demagogo vive mais de projetos do que de realidades. Sabe apresentar «as melhores e mais viáveis soluções» para os mais intrincados problemas; simplesmente, não as põe em prática. Diz como se deve fazer, diz que há de fazer, mas não faz. Para ele, a oportunidade para agir está sempre mais adiante. E tem artes de convencer as pessoas de que lhes é mais vantajoso saberem esperar... por tempos que nunca vêm. Dando-se ares de altruísta e de compassivo; manifestando teatralmente uma grande sensibilidade para com a dor alheia, não passa de um refinado egoísta que coloca sempre em primeiro lugar os seus interesses e as suas conveniências. Sabe ser um grande fingidor e tem sempre à mão uma grande coleção de máscaras para usar nas diversas circunstâncias. O demagogo tem a rara habilidade de aparentar que economiza quando desperdiça, de mostrar generosidade quando é mais que forreta, de convencer que serve e se sacrifica quando se serve e se promove. Era bom que todos se apercebessem das manobras do demagogo e soubessem desmontar os seus esquemas, mas há pessoas que nem sempre o conseguem e outras que nem sempre o querem fazer. Há quem prefira viver na ilusão a ter de enfrentar a realidade. Há quem sinta um sádico prazer em ser enganado. Há quem, dando realidade ao dito popular de «quanto mais me bates mais te quero», goste de dar vivas e de bater palmas a quem dele se serve e habilidosamente o explora. E já que assim é, o demagogo sente-se encorajado e compensado. E continua. Por isso a arte prospera.
 

Originalmente publicado em Diário do Minho 04 Mar 2004
Imagem: Reprodução

Extraído do Blog: "BOOM"

Fatos e Fotos

 Por: Ivanildo Alves da Silveira
 
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgry747JaM6E0Qh1V0zoIi_6lC1zibnDxXUzscvh_HoGC3N5tzp8BJlmRqCUlqwc3FrqeaoVondKcjlu8LVld4Mphtl0zAvVd0LvrIhZe_Ber135LFl4rVzChRrPKh74rAsKuwjw_Wptg/s320/IVANILDO+(543).JPG
 
Tópico para agregar todas as imagens interessantes e referenciadas de jornais que possam servir aos pesquisadores.
 
 
jornal "A Tarde", Salvador, Bahia, 20 de Dezembro de 1927

18 de outubro de 1928. "A Tarde", Salvador, Bahia

 
 
VALEU GRANDE RUBENS, PELA CONTRIBUIÇÃO AO PUBLICAR ESSAS
NOTÍCIAS SOBRE O CANGAÇO.

GOSTARIA DE PEDIR A GENTILEZA, DE QUEM TIVESSE MATÉRIAS SEMELHANTES
QUE POSTASSEM AS MESMAS, NESTE TÓPICO.

Um abraço a todos.
IVANILDO SILVEIRA 

"A Tarde" - 18 de Janeiro de 1929

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"A Tarde" 15 de Janeiro de 1929

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"A Tarde", 17 de Janeiro de 1929

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"A Tarde", 17 de Janeiro de 1929

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O Jornal " DIÁRIO DA BAHIA ", edição do dia 09 de Junho de 1934, traz informações sobre a morte desse famoso cangaceiro. Veja, logo abaixo.


Obs:
Matéria cedida, gentilmente, pelo escritor/pesquisador, Dr. Sérgio Dantas.

Um abraço a todos
IVANILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Natal/RN
 
 
 Blog: "Novas notícias velhas"