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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Aos 95 anos, alagoana revela histórias do cangaço

Manoel Severo, Aristéia e João de Sousa Lima

            Aristéia Soares é uma das sete pessoas ainda vivas que fizeram parte do movimento do cangaço no Nordeste; com muita lucidez, ela conta histórias de amizade e sofrimento.

             A aparência frágil de quem já viveu 95 anos esconde uma mulher de garra e coragem, que possui uma memória invejável, capaz de ajudar na reconstrução de parte da história do cangaço. Natural de Canapi, a alagoana Aristéia Soares de Lima é uma das sete pessoas ainda vivas que fizeram parte do fenômeno ocorrido no Nordeste brasileiro no final do século XIX e início do século XX. Vivendo atualmente no povoado Jardim Cordeiro, localizado no município de Delmiro Gouveia, ela é um arquivo vivo do cangaço, presença feminina que expõe com lucidez o papel da mulher dentro do movimento.

            Antes de ser entrevistada na casa onde reside, Aristéia entrou no quarto para se perfumar, hábito provavelmente herdado da época em que foi cangaceira já que, como ela mesma enfatizou após alguns minutos de conversa, os cangaceiros usavam um perfume muito bom, como ela nunca viu igual. “Perfume bom era o daquela época. A pessoa estava acolá e daqui a gente sentia o cheiro. Hoje não existe mais perfume desse jeito”, disse.

            Como conta o historiador João de Souza Lima, vaidade era marca registrada entre os cangaceiros, que tinham a mulher como um objeto de ornamento. Elas andavam cobertas de joias, com colares e anéis em ouro, além das roupas feitas de mescla azul — tecido que era resistente às andanças pelo meio da caatinga. “A mulher era um enfeite, um símbolo sexual”, diz.

            Apesar dessas características marcantes, nem todos as cangaceiras possuíam os mesmos privilégios. É o que conta Aristéia Soares. “Eu nunca vi nem o ‘azul’ do ouro. A única coisa que ganhei foi um par de brincos de Cruzeiro”, diz, explicando em seguida que Cruzeiro era um cangaceiro apaixonado por ela.

              Para passar a fazer parte do movimento as mulheres tinham que ser casadas com algum cangaceiro. Todas elas acompanhavam seus maridos onde quer que eles fossem, mas não participavam diretamente dos saques e nem dos combates contra os volantes — que eram os policiais da época e, ao contrário do que muitos pensam, eram os verdadeiros vilões da história.
 
            Aristéia conta que entrou para o cangaço porque os volantes perseguiam sua família, batiam no pai, no irmão e nos tios, tendo um deles morrido após ser espancado pela polícia. “Meu pai apanhou, meu irmão e um tio meu morreu de pisa porque a polícia achava que a gente era ‘coiteiro’, e ninguém era. Ou corria ou a polícia matava; foi por isso que eu entrei para o cangaço”, explica.




 
Moreno e Durvalina

             Ela não chegou a conhecer Lampião e nem Maria Bonita, pois fazia parte do bando comandado por Moreno, marido de Durvalina Gomes de Sá (Durvinha), mulher de quem fala com muito carinho e com a qual se reencontrou há dois anos, antes de ela morrer, no ano passado.

Durvalina à esquerda e Aristéia à direita

            No reencontro, Durvalina e Moreno, por conta da idade já avançada, não reconheceram Aristéia em um primeiro momento. Somente depois que ela, fazendo uso da memória invejável que possui aos 95 anos, contou detalhes das aventuras vividas por eles na caatinga e conseguiu fazer com que o casal - que viveu junto até a morte de Durvinha — finalmente lembrasse dela.

             Aristéia era casada com Cícero Garrincha, cangaceiro conhecido como Catingueira, única pessoa que diz ter visto morrer após ser baleado pelos volantes. Em seu último livro, intitulado Moreno e Durvinha — sangue, amor e fuga no cangaço, João de Souza Lima conta que o tiro atingiu Catingueira no tórax, deixando seu coração exposto, a pulsar. Depois de baleado, Catingueira ainda levantou e foi levado carregado pelos amigos de cangaço por um bom tempo, até que não resistiu. “Moreno enterrou ele”, lembra Aristéia com tristeza.

             A morte do marido representou o fim do cangaço para ela, que decidiu se entregar à polícia, apesar de ter recebido a proposta de Cruzeiro para que ela passasse a ser sua esposa e, assim, pudesse continuar suas andanças pela caatinga com o bando. “Ele queria, mas eu não. Preferi me entregar. Moreno e Durvalina me aconselharam a sair”, contou.

             Na época, Aristéia estava grávida do primeiro filho e deu à luz no município de Santana do Ipanema, onde ficou presa após se entregar. A criança foi entregue às tias dela e, depois que cresceu, ganhou o mesmo apelido do pai: Catingueira. Mesmo se o marido não tivesse sido morto e Aristéia não tivesse se entregado à polícia, o filho dela seria, obrigatoriamente, deixado com outra pessoa, pois era assim que acontecia cada vez que uma cangaceira dava à luz.

             Aristéia foi presa em abril de 1938 e, em julho do mesmo ano, Lampião e Maria Bonita foram assassinados, motivo que fez com que o movimento do cangaço enfraquecesse, chegando ao fim, definitivamente, pouco tempo depois.

Lampião e Maria Bonita

           Ela chegou a ver as cabeças do casal de cangaceiros mais conhecidos da história do Nordeste expostas em Santana do Ipanema, enquanto permanecia presa.

            Além da sofrida morte do marido, Aristéia também teve que superar a morte da irmã Eleonora, que era casada com o cangaceiro Serra Branca — líder de um outro grupo. Ela foi assassinada junto com o marido pelos volantes e teve a cabeça decepada.

           
            A idade avançada não fez com que Aristéia esquecesse das amizades que fez no período em que foi cangaceira. Ela lembra com saudade das amigas já mortas Durvalina, Quitéria, Cristina e Nacinha, destacando que todas elas eram muito bonitas e lembrando que nunca conheceu Maria Bonita. “Durvalina era muito bonita e boa. As outras eram também graciosas, mas Maria Bonita eu nunca conheci não”, diz. Quando questionada se sente saudade da época do cangaço, Aristéia é rápida ao responder: “Deus me livre”. Para ela, assim como para outras pessoas, o cangaço era uma opção, um estilo de vida.

             “As pessoas entravam para o cangaço pelas mais variadas razões. Uns queriam se vingar de alguém, outros queriam ter uma vida melhor com os saques, alguns queriam matar a fome e outros queriam fugir da perseguição da polícia, que, na verdade, era quem matava e estuprava.

 Corisco e Dadá

             Algumas mulheres entraram para o cangaço porque achavam o estilo de vida dos cangaceiros bonito, outras foram raptadas e trocadas por ouro, como é o caso da cangaceira Dadá, que só se apaixonou pelo marido Corisco tempos depois, e morreu, em 1994, ainda apaixonada por ele, mesmo estando casada com outro”, conta João de Souza, que há 12 anos se dedica a estudar o cangaço.

             Ele foi o responsável por dar vida novamente às histórias que estavam guardadas a sete chaves na memória das pessoas hoje quase centenárias, sendo o responsável pela descoberta da alagoana Aristéia — que até então ocultava essa parte de sua história. “Daqui a dez anos essas memórias estarão perdidas, temos que resgatá-las enquanto ainda é tempo”, afirma.

             João fala da dificuldade para fazer com que os ex-cangaceiros — sejam eles homens ou mulheres — falem sobre a época vivida na caatinga do Nordeste. É como se o medo da polícia ainda prevalecesse. Aristéia não confessa o medo, mas afirma que até hoje não gosta de falar no assunto. “Não gosto de falar, mas é o jeito. Antes eu não contava porque ninguém me perguntava”, disfarça, sem ter muita noção da importância do seu depoimento para compor a história do Nordeste brasileiro.

             Hoje, mais de 70 anos depois do fim do cangaço, Aristéia leva uma vida normal, cercada pelo carinho do filho Pedro Soares, da nora Damares Rodrigues, dos seis netos e dos cinco bisnetos que moram com ela.

            Aristéia fala com entusiasmo sobre duas viagens de avião que fez em 2007 e 2008, como se as suas aventuras mais recentes fossem, de fato, as melhores de sua vida. “Um dia eu tava na roça com minha amiga e vi uns urubus voando, aí falei pra ela que um dia eu ia voar também. Minha amiga ficou ‘mangando deu’. Queria que ela estivesse viva pra eu mostrar a ela que consegui voar. É bom demais. Você não sabe se o avião tá parado ou tá voando. Gostei demais”, conta sorrindo.

             Muitos anos depois de fazer parte de fatos que marcaram a história do Nordeste brasileiro, hoje, Aristéia passa seus dias em casa, junto à família. O que ela mais gosta de fazer? Ir à missa ou assisti-la na televisão. “Eu assisto à missa todos os dias, de manhã e à noite. Eu adoro”, diz.

             Na semana passada, um evento ocorrido na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Paulo Afonso, lembrou o centenário de Maria Bonita, primeira mulher a entrar para o cangaço. Coincidência ou não, a mulher conhecida como a “Rainha do Cangaço” faria 100 anos no dia 8 de março — data conhecida como o Dia Internacional da Mulher.

             O historiador João de Souza expôs na universidade todo o material que conseguiu colher ao longo de 12 anos de pesquisa. Em meio às fotos, vestimentas e mosquetões, um objeto merecia atenção especial: um punhal que pertenceu à Maria Bonita. “Uma vez ela foi baleada perto de Garanhuns (PE) e Lampião pagou a um homem para carregá-la ferida. No meio do caminho, ela deixou cair o punhal, que foi encontrado pelo mesmo homem que a carregou e a deixou no local indicado por Lampião ao voltar pelo mesmo caminho”, contou.


            O 1º Seminário Internacional “O Centenário de Maria Bonita — a Rainha do Cangaço -, além da mostra cultural sobre o cangaço, contou com palestras, peça teatral, exibição de filmes, lançamento de livro e diversas palestras. Entre as presenças ilustres, o evento — encerrado na última sexta-feira — contou com participação da ex-cangaceira alagoana Aristéia Soares de Lima, 95 anos.

            Todo o material exposto na Uneb será doado pelo historiador a um museu que contará parte da história do cangaço no Nordeste e que ficará localizado no município baiano de Paulo Afonso.

 
Extraído blog: O Cangaço em Foco
Postado por:João de Sousa Lima

Secretário de Cultura da Paraíba diz que sua declaração foi distorcida

Chico Cesar
 
             O secretário de Estado da Cultura da Paraíba, Chico César, emitiu uma nota no final da tarde de ontem (18), esclarecendo que o objetivo do governo não é proibir ou impedir que eventos sejam organizados com tendências musicais diversas, mas sim, direcionar os recursos públicos para incentivar o fortalecimento e o resgate da cultura paraibana e nordestina. Ele voltou a afirmar que o governo não bancará programações juninas cuja as atrações não sejam eminentemente regionais. Entre estas atrações devem está o chamado forró estilizado e dupla sertaneja.

Abaixo segue na íntegra a nota do secretário:

            “Tem sido destorcida a minha declaração, como Secretário de Cultura, de que o Estado não vai contratar nem pagar grupos musicais e artistas cujos estilos nada têm a ver com a herança da tradição musical nordestina, cujo ápice se dá no período junino. Não vai mesmo. Mas nunca nos passou pela cabeça proibir ou sugerir a proibição de quaisquer tendências. Quem quiser tê-los que os pague, apenas isso. O Estado encontra-se falto de recursos e já terá inegáveis dificuldades para pactuar inclusive com aqueles municípios que buscarem o resgate desta tradição. São muitas as distorções, admitamos. Não faz muito tempo vaiaram Sivuca em festa junina paga com dinheiro público aqui na Paraíba porque ele, já velhinho, tocava sanfona em vez de teclado e não tinha moças seminuas dançando em seu palco. Vaias também recebeu Geraldo Azevedo porque ele cantava Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro em festa junina financiada pelo governo aqui na Paraíba, enquanto o público, esperando a dupla sertaneja, gritava "Zezé cadê você? Eu vim aqui só pra te ver". Intolerância é excluir da programação do rádio paraibano (concessão pública) durante o ano inteiro, artistas como Parrá, Baixinho do Pandeiro, Cátia de França, Zabé da Loca, Escurinho, Beto Brito, Dejinha de Monteiro, Livardo Alves, Pinto do Acordeon, Mestre Fuba, Vital Farias, Biliu de Campina, Fuba de Taperoá, Sandra Belê e excluí-los de novo na hora em que se deve celebrar a música regional e a cultura popular”.

Secretário de Estado da Cultura – Chico César

Fonte: http://www.paraibaverdadehoje.com/index.php?option=com_content&task=view&id=7347&Itemid=2


"Estátua desmantelada"

ESTÁTUA DE PATATIVA É QUEBRADA EM TRÊS PEDAÇOS

Neta de Patativa, Fátima Gonçalves, ao lado da estátua quebrada em três partes: pernas, tronco e pescoço. A cabeça ficou totalmente destruída 

FOTO: ANTÔNIO VICELMO

O monumento, em tamanho natural, com 1,60m,
estava ao lado da Igreja Matriz de N. Sra. das Dores 
 FOTO: THIAGO GASPAR

            ASSARÉ -  A estátua do poeta Patativa do Assaré, localizado ao lado da Igreja Matriz, em frente ao Memorial, foi quebrada em três pedaços. O acidente ocorreu no dia 10 de Fevereiro, quando o cabeleireiro paulista Claudeilton Soares Alves subiu no pedestal da estátua para fazer uma foto ao lado do seu ídolo, a fim de levar como lembrança para São Paulo. Quando se posicionou para fazer a foto, escorregou, tentou se amparar na estátua, e ele caiu abraçado com o monumento.
           O cabeleireiro fraturou a clavícula, deslocou o braço e lesionou um joelho, enquanto a estátua partiu-se nas pernas, no tronco e no pescoço. A cabeça foi totalmente destruída. No hospital, onde ficou internado, Claudeilton lamentou o acidente e prometeu pagar os prejuízos. Se for o caso, mandar fazer outra estátua. Os pedaços da estrutura de resina foram levados para o 3º andar do Memorial Patativa do Assaré.
           A presidente da Fundação Memorial Patativa do Assaré, Isabel Cristina, que é neta de Patativa, explicou que, a princípio, a família ficou revoltada. A primeira providência foi registrar um Boletim de Ocorrência na Delegacia da Polícia para a tomada de providências. "A revolta só acabou quando a gente soube que se tratava de um grande fã que, na ânsia de levar uma lembrança do meu avô, terminou sofrendo um acidente".
            O filho mais novo do poeta, João Batista, que mora em São Paulo e estava de férias em Assaré, lamentou o acidente. No entanto, ao saber que não se tratava de vandalismo, foi solidário com o cabeleireiro que ainda hoje está sem trabalhar por conta da situação. A neta de Patativa, Isabel Cristina, entrou em contato com o escultor Murilo de Sá Toledo, que construiu a estátua em homenagem ao avô.
            Ela foi informada de que a restauração do monumento, feito em resina, custa R$ 30.000,00. Em bronze, o preço sobe para R$ 60.000,00. Isabel pondera que talvez o cabeleireiro não tenha condições de custear as despesas, mesmo porque ele ainda está convalescendo da fratura que sofreu em consequência da queda. Talvez seja preciso fazer outra cirurgia.
Apoio político
 
           O secretário de Cultura de Assaré, Marcos Salmo, garante que a cidade não vai ficar sem o seu maior símbolo. A estátua será restaurada. Para isso, estão sendo mantidos contatos com representantes políticos do Município na Câmara Federal, entre os quais o deputado Chico Lopes, que, segundo Salmo, prometeu uma ajuda financeira.
           Na próxima semana, o secretário viaja a Brasília, levando um projeto com o orçamento, buscando a liberação de recursos para restauração ou construção de um novo monumento. O fotógrafo Wilson Bernardo, que foi professor em Assaré, disse que, sem a estátua, a cidade perde o seu maior referencial. Patativa foi e continua sendo o maior administrador da cidade. Os empreendimentos que estão sendo instalados no Município são arrastados pelo prestígio do poeta que, mesmo morto, continua divulgando o nome de sua terra natal.
            A estátua, em tamanho natural, medindo 1,60m, está localizada em frente ao Memorial Patativa do Assaré, na Rua Coronel Francisco Gomes, ao lado da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, em Assaré. Foi inaugurada pelo então governador Lúcio Alcântara, em 2004, com show reunindo artistas da terra, apresentações de repentistas, violeiros, grupos de penitentes e sanfoneiros.
           Além da estátua, o governador inaugurou também uma ilha digital. A homenagem a Patativa é uma extensão do Memorial, onde está arquivado o acervo cultural do maior poeta popular do Brasil, que morreu no dia 8 de Julho de 2002, com 93 anos, deixando cerca de dez livros publicados com mais de mil poemas, a maioria denunciando injustiças contra o Nordeste. O mais famoso deles é "A Triste Partida", musicado por Luiz Gonzaga.

MAIS INFORMAÇÕES
Fundação Memorial Patativa do Assaré,
Rua Francisco Gomes, 82 - Centro,
Município de Assaré, Cariri
Telefone: (88) 3535.1742.

ANTÔNIO VICELMO - REPÓRTERFonte: Diário do Nordeste - 25/3/2011

ESTÁTUA DESMANTELADA
Patativa psicografado por
Arievaldo Viana e Pedro Paulo Paulino


Ô mamãe você num sabe
O qui foi qui aconteceu
Cum a minha bela estalta
Qui o dotô Luço mi deu...
Apregaram lá na praça
Feliz e achando graça
Mas veja só o caé...
Um sujeito ruim da vista
Cabilerêro, paulista,
Veio batê no Assaré.

O moço era atuleimado
E se dizia meu fã
Chegô na praça cedinho
Oito horas da menhã
Querendo tirá retrato
Fez um grande ispaiafato
Se atrepô no pedestá
Da estalta e desabô
Na queda ele me puxou
Cousa munto naturá.

Os meninos lá de casa
Pensando sê vandalismo
Trataro de discubrí
Quem me jogô no abismo...
Quebrei as perna, a cabeça,
Por incríve que pareça
Quebrei tombém as custela
Fiquei todo fachiado
Lá no chão, desmantelado
Cum tão medonha sequela.

Inda bem que esse moço
Não andou lá no Dragão
Imbora que ele dichesse
Qui tinha boa intenção
Se a ôtra estalta ele visse
Fazia a merma tolice
E num me deixava bem
Mamãe, eu tenho certeza
 Se ele fosse a Fortaleza
Quebrava a ôtra tombém.

Eu já li foi no jorná
Escuitei em alta voz
Já quebram inté a estalta
Da Raquezim de Queiroz
Ô mundo dismantelado
Eu já não sei de que lado
Eu posso ficar em pé
Pois vivo nessa incerteza
Se fico na Fortaleza
Ou mermo no Assaré!

Nem estalta neste mundo
Tem um momento de calma
Na terra, eu sou uma estalta
E aqui tou como alma
Vagando na eternidade
Mas sinto munta é sodade
Da terrena vida minha
Fazendo verso e fumando
E de noite chamegando
Com minha insposa Belinha.

Aqui em riba, no céu
Eu num corto mais cabelo
Num vou a cabilerêro
Só pra num ver dismantelo
Aqui fiquei bom da vista
Cabilerêro paulista
Aqui num tira partido
E si vier me quebrá
É arriscado levá
Mãozada no pé-do-uvido.
 
Blog: Acorda Cordel
Postado por: Canção de Fogo
 
"Às vezes a gente conversa um pouco mais.
Mas isso não dá para ficar calado.
 Eu pergunto: 
Por que fizeram a estátua de Patativa de Resina?
Por que a Prefeitura ou os políticos da cidade ou da região
 não procuraram adquiri verbas para fazê-la de bronze?
 Patativa não é um poeta só de Assaré.
Patativa é um poeta nacional e mundial.
Feita de bronze será eterna.
Como foi feita de resina, deu no que se deu.
 José Mendes Pereira".

COMENTÁRIO:

Por: Alcindo Alves da Costa

  
Este é um comentário do escritor Alcindo Alves da Costa sobre: "Mais Angico, só para não perder o ritmo.... Por: Mendes e Mendes, publicado no dia 11 de novembro de 2010, na página do blog Cariri Cangaço.

Severo
Capitão Bonessi
 
Juliana Ischiara

      Severo, Zé Mendes, Juliana, Capitão Bonessi e todos os nossos heróis malucos que temos no blog Cariri Cangaço o porto seguro de nossas conversas e trocas de ideias, a todos vocês o meu carinho e o meu respeito.

     Graças a Deus, através do Cariri Cangaço, as fantasias, as mentiras e os mistérios que envolvem a Grota de Angico estão sendo cuidadosamente dissecadas por nossos confrades, numa prova que as minhas inquietações tinham fundamentos.

     Se formos analisar tudo que aconteceu em Angico com cuidado e carinho veremos claramente que não só o testemunho de Balão, mas todos os outros depoimentos são verdadeiras piadas.

 
O cangaceiro Balão

             O tiro em Amoroso, numa distância de quase 100 metros da barraca de Lampião, os dois tiros dados em Maria Bonita quando ela ia apanhar água no mesmo poço em que Amoroso estava enchendo o cantil, o som daqueles estampidos, naquela hora da manhã, até hoje eu estou ouvindo.

Lampião e Maria Bonita

           E porque Lampião e todos os que estavam em Angico não escutaram, não ouviram nada, morreram sem brigar?

            Tenham paciência! Isto é uma aberração.

            Convido a qualquer um dos nossos ilustres e sérios pesquisadores a comentar sobre algum registro de Angico que pareça ser verdadeiro, a excessão, é claro, da morte de Lampião. Ou não!!!!!!

            Abraços, meus queridos, deste caipira que ama todos vocês.


Fonte: Cariri Cangaço 
Alcino

Primeira Dama da Paraíba diz que:

O ouvido dela não é pinico para ouvir forró de plástico

Por Tião Lucena
 
Cantor Chico César
            O cantor, compositor e secretário de Estado, Chico Cesar, ganhou um apoio de peso na sua cruzada contra o que denominou de forró de plástico: a primeira dama e jornalista, Pâmela Bório que, através de seu microblog Twitter disse, nesta terça-feira, que apoia as declarações do secretário de cultura ao escrever que o seu ouvido não é pinico para ouvir forró de plástico.
 
Pâmela Bório

AS TWITTADAS DE PÂMELA

              “Vale a regra do bom senso e da inteligência. Meu ouvido não é pinico... Ora bolas! O seu é? Queremos musica de qualidade!”, postou Pâmela.
 
             A jornalista disse ainda, que o Governo deve preferir os artistas que mantêm a tradição, respeitam a cultura autêntica do nordeste e não aqueles que agridem as pessoas com letras absurdas.

Pâmela Bório e o seu papel como Primeira Dama

             Acostumados com as primeiras damas que se escudavam nos maridos e não emitiam opiniões públicas, alguns paraibanos se surpreendem quando vêem Pâmela Bório tomar o partido do forró pé de serra e dizer que seu ouvido não é pinico para escutar forró de plástico. Surpresa de gente besta, porque a atual primeira dama do Estado, além de mulher de governador, é uma jornalista inteligente que já brilhava antes de ir morar na Granja Santana. Aliás, ela se tornou conhecida apresentando reportagens e programas na tv paraibana. Sua beleza pode até chamar a atenção, mas não anula sua inteligência, disso sabem os que a conhecem.
 
             Suas manifestações públicas são uma demonstração de que ela não carece da luz do marido para aparecer. Apóia o governador, faz seu papel de primeira dama, mas não está obrigada a se anular, a botar um esparadrapo na boca e a dizer somente o que a etiqueta tradicional determina.
 
              É bom ter uma primeira dama assim, que diz o que pensa, fala o que é pra falar e tem opinião. Duvido que o governador ache ruim. Ele sabe que, se for preciso, ela irá a público defender o marido e o governo, como fez agora nesse caso do forró importado.
 
Fonte: Blog do Tião Lucena - http://www.blogdotiaolucena.com.br/


O que é que é isso! Uma mulher tão lustrosa..., dizer uma bobagem desta!!!


Joaquim José da Silva Xavier - Tiradentes

Líder da Inconfidência Mineira
 
Reprodução
Tiradentes
 
            Líder da Inconfidência Mineira e primeiro mártir da Independência do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, nasceu em Minas Gerais em 1746, filho do proprietário rural português Domingos da Silva Santos.
 
          Antes mesmo de frequentar a escola, já havia aprendido a ler e escrever com a mãe. Órfão de mãe e pai desde a juventude, ficou sob a tutela de um tio até a maioridade, quando resolveu conhecer o Brasil. Já adulto, foi tropeiro, mascate e dentista (daí o apelido). Trabalhou em mineração e tentou a carreira militar, chegando ao posto de alferes no Regimento de Cavalaria Regular.

Por que ele era chamado Tiradentes?


           Tiradentes trabalhou como dentista, após aprender essa profissão com seu padrinho, que era cirurgião-dentista. Mas o curioso é que, apesar do apelido, ele não gostava de arrancar dentes e preferia prevenir os pacientes para que os dentes fossem conservados. Ele foi um dentista inovador, pois implantava dentes esculpidos por ele mesmo, usando suas habilidades de joalheiro.

           Foi na tropa que Tiradentes entrou em contato com as ideias iluministas, que o entusiasmaram e inspirariam a Inconfidência Mineira, a primeira revolta no Brasil Colônia a manifestar claramente sua intenção de romper laços com Portugal, marcando o início do processo de emancipação política do Brasil.
 
 
            A revolta foi motivada ainda pela decisão da coroa de cobrar a derrama, uma dívida em atraso. A conspiração foi delatada por Joaquim Silvério dos Reis e todos os seus participantes foram presos.
 
            Sobre Tiradentes, recaiu a responsabilidade total pelo movimento, sendo o único conspirador condenado à morte. Enforcado em 21 de Abril de 1792, teve seu corpo esquartejado. Seus membros foram espalhados pelo caminho que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais. Sua cabeça foi exposta em Vila Rica.
 
            Com a morte de Tiradentes, o Estado português queria demonstrar uma punição exemplar para desencorajar qualquer revolta contra o regime colonial. Tiradentes tornou-se mártir da Independência e da República.

            Com informações da Nova Enciclopédia Ilustrada Folha
 
 
Fontes: SampArt e Uol - Educação
 


Greve dos médicos no Estado não atinge Mossoró

Por: Elizangela Moura
 
            Os médicos do estado do Rio Grande do Norte estão em greve desde ontem, por tempo indeterminado. Foi o que anunciou o Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed-RN), visto que os profissionais não aceitaram as propostas do governo referente a atrasos no pagamento dos salários.
 
             Essa greve, pelo menos por enquanto, não atinge Mossoró, uma vez que o estado contratou esses profissionais para suprir as necessidades dos hospitais, apenas na capital. " Em Mossoró nós realmente precisamos de médicos, inclusive ortopedistas, anestesistas, clínicos, mas não temos. Pra se ter uma ideia, em Mossoró existem dois otorrinolaringologistas para plantões de trinta dias no Hospital Tarcísio Maia, e quando um está de férias, fica somente um, piorando a situação cada vez mais", disse o médico José Walter Ferreira Júnior, delegado do sindicato dos médicos regional Mossoró. 

            Entre os médicos prejudicados pelo atraso no pagamento estão os ortopedistas e cirurgiões do pronto-socorro do Walfredo Gurgel, e infectologistas do Giselda Trigueiro. Segundo o sindicato, todos estão aderindo a greve, inclusive os médicos recém-contratados, lotados em outras unidades, que estão sem receber seus salários.

          "E eles estão em greve com toda a razão, visto que são péssimas as condições de trabalho, e o salário desses profissionais está em atraso desde Novembro de 2010, ou seja, não existe a mínima condição de continuar trabalhando desse jeito", completou Wálter Júnior.

          A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) propôs aos médicos a condição de pagar, a partir de agora, dois vencimentos por mês. Ou seja, o pagamento de Abril seria pago juntamente com o atrasado de Novembro, e assim por diante, mas eles não aceitaram a proposta.
          Ontem, eles estiveram reunidos em audiência á tarde, com a secretária adjunta da Sesap, Ana Tânia Sampaio, e não aceitaram de imediato a proposta do governo para encerrar a greve da categoria, iniciada na manhã de ontem.

            A proposta apresentada pelo governo é a mesma que já vinha sendo discutida pela classe. Os salários atrasados há cerca de seis meses, seriam pagos paralelamente aos valores do mês atual. Durante a reunião a secretária adjunta, se comprometeu em acompanhar os processos de regularização dos médicos de perto a fim de garantir que a burocracia não atrase ainda mais o andamento dos pagamentos.

          Sem avanços, os médicos concursados continuam de braços cruzados pelo menos até quarta-feira amanhã, às 13h quando se reúnem em assembleia para discutir e analisar a proposta de governo. Além disso, a categoria tem uma reunião agendada para o dia 25 com o titular da Sesap, Domício Arruda, onde serão debatidas questões como o pagamento do terço de férias, plantões eventuais e incorporações de gratificações, também atrasados desde o ano passado.
Fonte: "Correio da Tarde"


Parabém Elizângela Moura!
Você venceu o seu tão sonhado desejo.
Hoje você brilha nas colunas de jornais como jornalista.
Você se lembra  que  foi minha aluna na:
Escola Estadual José Martins de Vasconcelos?

 José Mendes Pereira

"Candeeiro" - O cangaceiro

Por: Ivanildo Alves da Silveira
Lembranças luminosas de um "Candeeiro": Breve Sinopose
              
            Manoel Dantas Loyola sobreviveu a Angicos. Na época do cangaço, era conhecido como Candeeiro. Pernambucano de Buíque (a 258 quilômetros do Recife), ingressou no bando de Lampião em 1937, mas afirma que foi por acidente.
 
Candeeiro
 
          Trabalhava em uma fazenda em Alagoas quando um grupo de homens ligados ao famoso bandido chegou ao local. Pouco tempo depois, a propriedade ficou cercada por uma volante e ele preferiu seguir com os bandidos para não ser morto.
 
Lampião
 
          Hoje com 93 anos de idade, Candeeiro vive como comerciante aposentado na vila São Domingos, distrito de sua cidade natal. Atende pelo nome de batismo, Manoel Dantas Loyola, ou por outro apelido: seu Né.
 
           No primeiro combate com os "macacos", Candeeiro foi ferido na coxa. "Era muita bala no pé do ouvido", lembra. O buraco de bala foi fechado com farinha peneirada e pimenta.
 
             Teve o primeiro encontro com o chefe na beira do Rio São Francisco, no lado sergipano. 

        "LAMPIÃO não gostava de estar no meio dos cangaceiros, ficava isolado. Quando soube que eu era de Buíque/PE, comentou:
"sua cidade me deu um homem valente, Jararaca'".

           CANDEEIRO diz que, nos quase dois anos que ficou no bando, tinha a função de entregar as cartas escritas por Lampião exigindo dinheiro de grandes fazendeiros e comerciantes. Sempre retornava com o pedido atendido.
Ele destaca que teve acesso direto ao chefe, chegando a despertar ciúme de Maria Bonita.
 
             Em Angicos, comentou que o local não era seguro. LAMPIÃO, segundo ele, reuniria os grupos para comunicar que deixaria o cangaço. Estava cansado e preocupado com o fato de que as volantes se deslocavam mais rápido, por causa das estradas, e tinham armamento pesado. No dia do ataque, já estava acordado e se preparava para urinar quando começou o tiroteio.
 
          "Desci atirando, foi bala como o diabo .". Mesmo ferido no braço direito, conseguiu escapar do cerco".
 
             Dias depois, com a promessa de ser não ser morto, entregou-se em Jeremoabo, na Bahia, com o braço na tipóia. Com ele, mais 16 cangaceiros. Cumprindo dois anos na prisão, o Candeeiro dava novamente lugar ao cidadão Manoel Dantas Loyola. Sobre a época do cangaço, costuma dizer que foi "história de sofrimento". Mas ainda é possível perceber a admiração por Lampião. 


           "Parecia que adivinhava as coisas",
lembra. Só não quis ouvir o alerta dado na véspera da morte, em 1938". 


 

UM ABRAÇO A TODOS

IVANILDO SILVEIRA / NATAL/RN

           OBS: O ex cangaceiro CANDEEIRO, ainda é vivo, e mora no município de BUIQUE/PE.

OBS: O responsável pela transcrição deste texto não nos indica o autor, somente a fonte: Diário de Pernambuco.