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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sobre uma coleção de quem realmente pesquisava sobre o cangaço

Por: Rostand Medeiros


          Em 9 de janeiro de 1980, o jornalista pernambucano Nilson Deocleciano Pereira Lima falecia no Hospital Geral de Urgência de Recife. O jornalismo nordestino perdeu então um profissional de espírito irrequieto, considerado um ótimo repórter e que se foi com apenas 38 anos.


O jornalista Nilson Deocleciano Pereira Lima e sua irmã Norma. Fonte - http://www.onordeste.com/

              Nilson Pereira Lima atuou em veículos de comunicação como os jornais “O Globo” (Rio de Janeiro), “Diário de Pernambuco” e “Jornal do Comércio” (Recife), além de ter atuado nas revistas “O Cruzeiro”, “Veja” e “Manchete”. Esteve também em redações de emissoras de televisão. Seu trabalho foi laureado com o Prêmio Esso de Jornalismo.
            Segundo a reportagem sobre a sua morte, publicada no “Jornal do Comércio”, edição de 10 de janeiro de 1980, entre as décadas de 1960 e 1970 Nilson viajou muito pelo interior do Nordeste . Deste período o jornal destaca uma reportagem feita no Rio Grande do Norte, onde ele apresentou o “Sindicato da Morte”. Este era um grupo de pessoas que se especializou em contratar “mão de obra qualificada”, que atuavam no Seridó e Oeste potiguar, matando quem quer que fosse e preços a serem combinados.
           A reportagem do “Jornal do Comércio” informa que em suas viagens, Nilson Pereira Lima não deixava passar a oportunidade de entrevistar pessoas que estiveram envolvidos com cangaceiros, ou foram vítimas destes. Para este fim utilizava os velhos e pesados gravadores de fitas K7, daqueles que a energia provinha de quatro pilhas das grandes e era transportado a tiracolo. Batalhador, ele não deixava de buscar uma boa informação sobre o cangaço, Lampião, coronéis e outros personagens nordestinos, indo buscar as fontes nos rincões mais isolados.


           Consta que ele foi a última pessoa a entrevistar Francisco Heráclio do Rêgo, o famoso coronel Chico Heráclio, do município de Bom Jardim, Pernambuco, considerado o derradeiro coronel nordestino.

Coronel Chico Heráclio

            Ainda sobre o cangaço, Nilson Pereira Lima possuía um vasto acervo de gravações e fotografias, conquistado em uma luta de muitos quilômetros de estrada. A reportagem informa que ele desejava escrever uma biografia de Lampião, onde buscaria dar um enfoque diferenciado a vida deste bandoleiro.

Paulo Fernando Craveiro

             Tempos depois após seu falecimento, mais precisamente no dia 12 de maio de 1980, na coluna do jornalista Paulo Fernando Craveiro, na página A-6 do Diário de Pernambuco, publicou uma pequena nota informando que o acervo de Nilson Pereira Lima sobre o cangaço seria doado a Fundação Joaquim Nabuco.
              Efetivamente, em 28 de outubro de 1981, segundo o site desta instituição (http://www.fundaj.gov.br/docs/indoc/icono/npl.html) a viúva do jornalista, a Senhora Cristina Maria Fills Pereira Lima, entregou a esta respeitada entidade o material de seu esposo.
             Segundo o site, constam no inventário da Fundação Joaquim Nabuco 165 fotografias, com uma abrangência que abarcar os anos entre 1930 a 1974, com autores como os fotógrafos Pedro Luiz e Alcedo Lacerda e outros não identificados. O site ainda informa que algumas destas imagens mostram áreas do Rio Grande do Norte, como a região de Mossoró, Angicos e as nossas salinas.


            Relativo ao cangaço nesta coleção, o site informa que existem “fotos de cangaceiros com familiares e captores”.

Sobre as gravações, não existe nenhuma referência.

            Busquei contato com esta entidade através de telefone, onde fui muito bem atendido, mas não obtive nenhuma resposta se, no momento da entrega do acervo do jornalista Nilson Pereira Lima, o material gravado foi igualmente entregue.
            Realmente esta coleção, na mão de um esforçado pesquisador, poderia render ótimos frutos e ótimos trabalhos. Para este pretenso pesquisador, ele nem precisaria viajar ao interior para procurar as fontes e isto lhe facilitaria muito a sua vida.

Um adendo.

           Segundo site da Fundação Joaquim Nabuco, que no seu estatuto informa ser uma “entidade vinculada ao Ministério da Educação e Cultura, sem fins lucrativos”, que apregoa em seu site ter como missão “Produzir, acumular e difundir conhecimentos, resgatar e preservar a memória e promover atividades científicas e culturais, visando à compreensão e ao desenvolvimento da sociedade brasileira, prioritariamente a do Norte e do Nordeste do país”, chega a cobrar até R$ 92,00 pelo serviço de reprodução digital (em resolução 300 DPI) de cada uma das fotos da coleção do jornalista Nilson Pereira Lima, ou de qualquer outra imagem de suas variadas e raras coleções de fotografias.
            No site da Fundação encontramos a informação que “Diversificar e ampliar as ações de comercialização de bens e serviços para elevar a arrecadação de recursos próprios é uma das prioridades estratégicas da Fundação Joaquim Nabuco”.
             Realmente “prioridade” não é a mesma coisa que “missão”.

 

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É permitida a reprodução do conteúdo desta página
 em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso,
desde que citada a fonte e o autor.


Extraído do Blog: "Tok de História", do próprio
 autor deste artigo, Rostand Medeiros.

Vídeo: O julgamento simulado de Lampião "em versão compacta"

Mais um feito de Aderbal Nogueira para a posteridade.



          Um tribunal fictício com profissionais de direito reais, envolvidos num processo histórico. Evento organizado por:


Anildomá Willans, presidente da Fundação Cultural Cabras de Lampião, no Sítio Passagem das pedras, terras que pertenceram à Dona Jacosa, avó de Lampião, no dia 13 de Abril de 2000, 65 anos após sua morte.



Eis o elenco

Assis Timóteo: Juiz



Luiz Lorena (In memoriam): Promotor
Franklin Machado: Advogado


Antonio Amaury: Assistente de defesa


Uma encenação, mas de valor jurídico.




ADENDO
 
          Processos contra cangaceiro Lampião encontram-se guardados no Memorial do Poder Judiciário de Alagoas. Reportagem da TV Tribuna com apresentação de Fernanda Lins e participação de Jairo Luiz.
          
Estes vídeos e conteúdos foram extraídos do
blog: "Lampião Aceso", do amigo Kiko Monteiro.

Entrevista com Aderbal Nogueira

            Programa Questão de Ordem da TV Assembléia, CE. com apresentação de Renato Abreu.

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      O pesquisador e documentarista cearense,


            Aderbal Nogueira, bate um papo sobre o Cangaço no seu Estado e divulgando o seu mais novo documentário "O Último Apito".

VER VÍDEO


Ferreira da Gazeta - Seresteiro

Por: José Mendes Pereira


José Ferreira Filho
           
           José Ferreira Filho nasceu em Mossoró, no dia 15 de Agosto de 1946.  Quando criança fez de tudo para adquirir o sustento,  como por exemplos: levar feira, mala, dar recados, vender guloseimas, bombons e outros.
            Começou a trabalhar em jornal muito jovem, e no dia 10 de Junho de 2010, havia completado  cinquenta anos no ramo gráfico. Era uma das suas paixões, e jamais deixou de fazer um bom trabalho; tinha interesse pelo jornalismo.
           Iniciou na tipografia   derretendo  o chumbo para alimentar as linotipos, e posteriormente tornou-se tipógrafo, fazendo chapas, distribuindo tipos nas caixetas, paginando o jornal.
            Na continuidade dos seus trabalhos, foi oferecido a oportunidade de aprender a operar as linotipos, máquinas que eram muito difíceis o seu manejo para  principiantes, mas ele sendo inteligente, logo passou a ser um dos operadores proficionais de uma delas,  e foi um grande linotipista.   
            Após sua saída do jornal "O Mossoroense" foi para a "GAZETA DO OESTE, a convite de seu fundador, Canindé Queiroz, em 1982.

Canindé Queiroz - ex-prefeito de Mossoró
           
             E no dia  30 de Abril de 1982, foi nomeado chefe das oficinas da gráfica. Mas  como ainda tinha um acordo com o jornal "O Mossoroense", tomou posse somente no "Jornal Gazeta do Oeste", no dia 02 de Junho de 1982. Ele foi o autor da série "Nossos Valores". Devido ter trabalhado muitos ano na "Gazeta do Oeste", foi alcunhado por "Ferreira da Gazeta".
            Nos anos setenta, ele e eu trabalhamos juntos na "Editora Comercial S/A., nos dias de hoje extinta. Era uma empresa que dominava duas emissoras, "Rádio Difusora de Mossoró" e "Rádio Difusora de Areia Branca", sendo que esta última foi desativada, não sei, talvez por não estar com a documentação legal. E uma rede de cinemas, "Cine Caiçara de Mossoró", "Cine Jandaia de Mossoró" e "Cine Miramar de Areia Branca".
            No período em que nós trabalhávamos juntos, José Ferreira já era linotipista, e eu fazias as confecções manuais das chapas, isto é, juntando letras por letras para fazer as composições.
            Posteriormente José Ferreira saiu da "Editora Comercial S/A.", e eu que já havia aprendido operar a linotipo, passei a ser o linotipista da empresa, quando fazia as composições de orçamentos de diversas prefeituras do Alto Oeste potiguar.

Dr. Vingt-un Rosado Maia
           
            Além dessas eu fazia linotipicamente a composição dos livros da "Coleção Mossoroense", uma Fundação criada pelo Dr. Vingt Rosado Maia, sendo que esta dar oportunidade a diversos autores de livros, tanto a profissionais como a principiantes.

FERREIRA - ARTISTA

         José Ferreira Filho não só foi jornalista, como também foi um dos melhores seresteiros de Mossoró e da região. Gostava de divertir o seu cativo público em diversas casas de Shows. Tanto era amante do jornalismo como também da música.
          Em anos remotos, na década de setenta, eu residia na "Casa de Menores Mário Negócio", uma instituição que dava assistência a menores, sob o domínio do "SAM" -  Serviço de Assistência ao Menor", que foi substituído pela "FEBEM", e José Ferreira Filho era casado com uma senhora irmã da Vice-diretora desta instituição.
          Como eu ainda aos dezoito anos achava bonito o toque de violão, tomei emprestado o seu, para que eu pudesse aprender algumas notas (coisa que nunca eu aprendi, e dos piores violonistas eu sou o pior), mas por má sorte quebrei o seu amado e zeloso violão.

Ferreira, viúva Marlete e sua filha Milena

            Os dias foram se passando e eu com vergonha de falar para ele o que tinha acontecido com o seu instrumento, fiquei na moita. Ele me mandou um recado que eu fosse devolvê-lo. Não havia outro jeito, contei o que tinha acontecido. Mas ele foi  comprensivo e me pediu que eu mandasse consertá-lo, isso acontecia com qualquer um.
            Prcurei um carpinteiro de primeira categoria, e mandei consertá-lo. Dias depois eu fui entregá-lo. Não sei se foi apenas para me agradar, mas o serviço feito pelo carpinteiro foi elogiado por ele.
            Os tempos se passaram e perdemos por completo o contato. Anos depois eu soube que ele estava fazendo serestas por essa Mossoró e região. E posteriormente o encontrei e lhe fiz a seguinte pergunta:
            - Ferreira quando você descobriu que é cantor?
            Ele me respondeu o seguinte:
            - Para te falar a verdade, nem eu mesmo sei. Comecei a me apresentar por aí, o público tem gostado e eu continuo fazendo as minhas serestas.
            José Ferreira foi sem dúvida um dos melhores seresteiros do Rio Grande do Norte.
           José Ferreira Filho, ou Ferreira da Gazeta faleceu no dia 17 de Agosto de 2010, vítima de problemas pulmonares.

PALAVRAS DO POETA ANTONIO FRANCISCO


"Em um momento que quase cheguei a falecer, Ferreira fez um poema pedindo a Deus para não me levar. Hoje tenho certeza que o céu levou meu amigo por que estava precisando de pessoas boas por lá”.
 
          Antônio Francisco Teixeira de Melo (Mossoró, 21 de outubro de 1949) é um cordelista potiguar. É filho de Francisco Petronilo de Melo e Pêdra Teixeira de Melo. Graduado em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Poeta popular, cordelista, xilógrafo e compositor, ainda confecciona placas.
          Aos 46 anos, muito tardiamente, começou sua carreira literária, já que era dedicado ao esporte, fazia muitas viagens de bicicleta pelo Nordeste e não tinha tempo para outras atividades. Muitos de seus poemas já são alvo de estudo de vários compositores do Rio Grande do Norte e de outros estados brasileiros, interessados na grande musicalidade que possuem.
           Em 15 de Maio de 2006, tomou posse na Academia Brasileira de Literatura de Cordel, na cadeira de número 15, cujo patrono é o saudoso poeta cearense Patativa do Assaré. A partir daí, já vem sendo chamado de o “novo Patativa do Assaré”, devido à cadeira que ocupa e à qualidade de seus versos.

Este blog deseja que o Ferreira da Gazeta seja abençoado por
Deus por onde ele estiver.


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Mais um Jararaca?

Por: Marilene Araujo de Barros


Este senhor será mesmo um dos jararacas?
          
            Sou Marilene Araújo de Barros, professora aposentada da Rede Pública de Ensino Estadual de Sergipe, graduada em História e pós-graduada em Gestão Escolar. Resido na cidade de Poço Redondo-SE, desde 1983. Sou natural de Pernambuco, lá do sertão de Águas Belas, nas vizinhanças da Fazenda Nova, do lendário Audálio Tenório. Apesar da proximidade existente entre os dois estados, as atribuições no trabalho, à correria do dia-a-dia, juntamente a outros fatores pessoais, me levaram a ficar por vários anos sem rever o lugar onde nasci e vivi grande parte de minha vida, e que apesar das dificuldades existentes naquela época, a seca como exemplo, viver uma vida totalmente interiorana era tarefa bastante difícil, mas confesso, fui muito feliz naquele solo pernambucano, especialmente durante a minha saudosa infância, é que o viver naquele sertão era regado de um patrimônio cultural que não mais existe nos dias atuais e certamente nos futuros. Sou grata a Deus por ter tido o privilégio e a ventura de nascer naquele mundo, naquela época, e naquele lugar.
            Com o passar dos anos chega a minha aposentadoria e com ela a disponibilidade de tempo. Bateu-me uma vontade louca de realizar algumas viagens, especialmente para as terras de Pernambuco, priorizando as localidades em que outrora eu e minha família residimos, e foram tantas que prefiro citar em outra ocasião.

O policial Luiz e o possível ex-cangaceiro Jararaca
 
           Em dezembro de 2010, eu, meu irmão Luiz (policial civil), minha irmã Ana, minha sobrinha Lara, filha de Luiz, seguimos para Pernambuco, iríamos rever nossas antigas moradias, além de visitar velhos amigos e parentes. Confesso ter sido uma viagem deveras emocionante. Foi comovente ver a velha casa da fazenda Riacho Fundo, local de meu nascimento. Ditosa e antiga moradia sertaneja, patrimônio de meu avô Manoel de César, e posteriormente, herdade de meu pai, o saudoso e amado Zé de César.
             O Riacho Fundo, quando pertencia a meu avô, foi atacado por Lampião que desejava justiçar Manoel de César devido o mesmo ser um fiel aliado do governo de Pernambuco.

            
             Em minha meninice eu via nas portas do armazém, ao lado da casa-grande, os furos causados pelas balas cangaceiras. Após visitar a velha fazenda Riacho Fundo seguimos até a povoação Garanhunszinho, mais uma de nossas antigas moradias. Naquela localidade que parece não ter avançado e nem retraído no tempo, encontramos algo que nos chamou atenção. Em uma humilde casinha, ao lado de um armazém, nos deparamos com um senhor de provecta idade. A ele nos dirigimos e curiosos dispusemos em fazer-lhe perguntas. Surpresos, notamos que aquele ancião possuía uma memória elogiável.
             Em suas respostas o mesmo disse ter nascido no dia 13 de outubro de 1913 e se chamava Aristides Lins Maranhão, nascido lá pras banda de Bom Conselho, também em Pernambuco. Segundo suas palavras, ainda jovem, veio trabalhar na Fazenda Nova, onde tinha a proteção do Dr. Audálio. De repente, aquele velhinho fez uma declaração bombástica que nos deixou admirados e perplexos. Ele asseverou ter sido cangaceiro de Lampião, com o nome de Jararaca.
             Discorrendo sobre esta novidade, seu Aristides contou que: em uma das visitas de Lampião a Fazenda Nova, o mesmo simpatizou com ele, surpreendendo ao poderoso homem daquele sertão. O rei cangaceiro pediu que aquele rapaz o acompanhasse, pois havia simpatizado com ele, pedindo assim, permissão ao Dr. Audálio para levar consigo o seu trabalhador.

Lara, filha do policial Luiz, ao lado do
senhor Aristides, o possível Jararaca
 
           Após grande insistência, o fazendeiro permitiu a ida de seu agregado para a companhia de seu grande e fiel amigo. No entanto, disse a Lampião que a permissão seria de cinco anos e assim que terminasse esse prazo o mesmo fosse devolvido a sua companhia. Lampião concordou e lá se foi Aristides para se tornar mais um dos Jararacas. Segundo os dizeres do ancião, este acontecimento se deu por volta dos anos 30. A promessa foi cumprida. Cinco anos depois Aristides estava de volta e foi viver por muitos anos ao lado de seu tão respeitado e temido patrão. Em fevereiro de 2011 voltei a visitá-lo por mais duas vezes e a sua versão sobre ter sido o cangaceiro Jararaca não havia mudado uma vírgula sequer.

              É verdade? Não sei. Com a palavra os pesquisadores e estudiosos do cangaço.


Marilene Araújo de Barros
Poço Redondo - SE
Extraído do blog: "Cariri Cangaço" 


Você que sempre acessa este blog, faça o seu comentário na janela de comentários, pois eu farei a publicação na mesma página, mesmo que você discorde de algo.


Por onde andam?

Capitão Alfredo Bonessi,


Juliana Pereira Ischiara


e o Doutor Ivanildo Alves da Silveira,


os  quais nunca mais fizeram publicações.


Amigos Seguidores deste blog:


            Infelizmente as suas fotografias desapareceram desta página,  mas não fui quem as  excluiu.
             Espero que quando for resolvido alguns problemas da empresa, ou prestadora, não sei, elas voltem, e não estou conseguindo manter contato com alguns blogs, por indicar senha e endereço inválidos.


Se você quer ler sobre Lampião,
visite os seguintes sites, ou outros com credibilidade:




José Mendes Pereira
Administrador 
deste blog.



JULGAMENTO SIMULADO DE LAMPIÃO

Por: Aderbal Nogueira


            Olá, Severo,


há pouco foi postado uma matéria de:


Gerivaldo Alves Neiva sobre o julgamento de Lampião, que achei bastante interessante, e lembrei que há anos atrás, em Serra Talhada, o amigo


pesquisador, Anildomá Willians (Cabras de Lampião) promoveu o JULGAMENTO SIMULADO DE LAMPIÃO, o qual nós registramos.

 

           Foi bem interessante também, e agora aproveitando o ensejo envio-lhe para os amigos do blog que não tiveram a oportunidade de estarem presentes ao mesmo, de assistirem uma versão compacta do julgamento, onde o saudoso Luiz Lorena foi o promotor do julgamento.     
            
             Espero que os amigos gostem.
            
             Abraços. 
            
             Aderbal Nogueira. 


Acervo Laser Video / Aderbal Nogueira

deste blog.

O Cangaço no Agreste Pernambucano

Antonio Vilela de Souza
Ao lado de Belízia Canudo de Sousa

           A cidade de Brejão era o pólo do cangaço no agreste meridional de Pernambuco. Além de Paizinho, “o Lampião do agreste”, teve os sanguinários Capitão Américo e Vicentão, que foi o responsável pela chacina conhecida como hecatombe de Garanhuns, fato esse, acontecido no dia 14 de janeiro de 1917, onde 13 inocentes foram trucidados pelo rifle deste sicário e seu bando de aproximadamente 300 homens. Já o capitão Américo agia mais como um justiceiro vingador.

           Quando em junho de 1935 Lampião tem suas ações no agreste de Pernambuco, manda um bilhete ao povo de Brejão pedindo a importância de 20 contos de réis recebe o ultimato dos cangaceiros Capitão Américo e Paizinho Baio: “Se você for homem, venha buscar.” Lampião como sabia da fama dos cangaceiros e do povo de Brejão, não ataca a cidade, distante 25 km de Garanhuns. Outro cangaceiro independente do agreste que teve atuação no município de Correntes e divisa com Alagoas foi o Pinga-fogo.

AÇÕES DE LAMPIÃO NO AGRESTE PERNAMBUCANO
           
          A notícia da aproximação de Lampião à região no final de maio de 1935, causou um verdadeiro pandemônio na população de Garanhuns, ele esteve em Mimoso, a poucos quilômetros de Garanhuns, passou e tomou rumo desconhecido. Com medo do possível ataque de Lampião, muitos habitantes da terra de Simoa Gomes deixaram a cidade.

          
           No dia 20 de maio, passou pelos sítios Minador, a poucos quilômetros de Garanhuns, Pedra e Buíque. No dia 2 de julho, ataca Santo Antonio do Tará. Em sua trajetória de sangue, no dia 12 de julho aparece na localidade de Santo Antonio, no município de Bom Conselho. Como um raio destruidor, Lampião aparece na manhã do dia 19 de julho na localidade de Azevém. Já na madrugada do dia 20 ataca o sítio Queimada do André, onde o bando mata o Sr. José Gomes Bezerra.
             Em seguida segue para Serrinha do Catimbau (Paranatama), onde o bando é recebido à bala. A resistência ao bando é feita por João Caxeado, inspetor de quarteirão e seu auxiliar Oséias Correia. Nesta ocasião, Maria Bonita e Maria Ema foram baleadas e o cachorro Dourado morreu crivado de balas.


            O bando que invadiu Serrinha era composto pelos cangaceiros: Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), Fortaleza, Cabo Velho, Medalha, Maçarico ou Juriti, Gato, Moita Braba, além de Maria Bonita e Maria Ema. Estes foram os cangaceiros processados pela invasão de Serrinha, conforme o Processo nº. 795 da comarca de Garanhuns, estado de Pernambuco.


O cangaceiro Jararaca
            
             Portanto, Mossoró e Serrinha foram os locais que botaram o rei pra correr, ambos com prejuízo para a horda do rei do cangaço. Em Mossoró, Colchete e Jararaca tombaram sem vida. Em Serrinha, Maria Bonita e Maria Ema saíram feridas e o cachorro de Lampião, Dourado, morto crivado de balas.

Natural de Garanhuns-PE, professor de História, pesquisador e escritor do cangaço, escreveu o livro "O Incrível Mundo do Cangaço". Membro da SBEC.

Extraído do site:
Lentes Cangaceiras

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terça-feira, 28 de junho de 2011

Zé Pelintra

mensagensdeumbanda...
         
          Jose Emerenciano nasceu em Pernambuco. Filho de uma escrava forra com seu ex-dono, teve algumas oportunidades na vida. Trabalhou em serviços de gabinete, mas não suportava a rotina. Estudou, pouco, pois não tinha paciência para isso. Gostava mesmo era de farra, bebida e mulheres, não uma ou duas, mas muitas.
          Houve uma época em que estava tão encrencado em sua cidade natal que teve que fugir e tentar novos ares. Foi assim que Emerenciano surgiu na Cidade Maravilhosa. Sempre fiel aos seus princípios, está claro que o lugar escolhido havia de ser a Lapa, reduto dos marginais e mulheres de vida fácil na época.

loucoslargados...
          
           Em pouco tempo passou a viver do dinheiro arrecadado por suas "meninas", que apaixonadas pela bela estampa do negro, dividiam o pouco que ganhavam com o suor de seus corpos. Não foram poucas as vezes que Emerenciano teve que enfrentar marginais em defesa daquelas que lhe davam o pão de cada dia. E que defesa! Era impiedoso com quem ousasse atravessar seu caminho.
           Carregava sempre consigo um punhal de cabo de osso, que dizia ser seu amuleto, e com ele rasgara muita carne de bandido atrevido, como gostava de dizer entre gargalhadas, quando nas mesas dos botecos de sua preferência. Bebia muito, adorava o álcool, desde a cachaça mais humilde até o Wisque mais requintado.

rolywereando.blogspot.com
          
            E em diversas ocasiões suas meninas o arrastaram praticamente inconsciente para o quarto de uma delas. Contudo, era feliz, ou dizia que era, o que dá quase no mesmo. Até que conheceu Amparo, mulher do sargento Savério. Era a visão mais linda que tivera em sua existência. A bela loura de olhos claros, deixava-o em êxtase apenas por passar em sua frente.
            Resolveu mudar de vida e partiu para a conquista da deusa loura, como costumava chama-la. Parou de beber, em demasia, claro! Não era homem também de ser afrouxado por ninguém, e uns golezinhos aqui e ali não faziam mal a ninguém.

artefolk.com.br
         
           Dispensou duas de suas meninas, precisava ficar com pelo menos uma, o dinheiro tinha que entrar, não é? Julgava-se então o homem perfeito para a bela Amparo. Começou então a cercar a mulher, que jamais lhe lançara um olhar.
          Aos amigos dizia que ambos estavam apaixonados e já tinha tudo preparado para levá-la para Pernambuco, onde viveriam de amor. Aos poucos a história foi correndo, apostas se fizeram, uns garantiam que Emerenciano, porreta como era, ia conseguir seu intento. Outros duvidavam Amparo nunca demonstrara nenhuma intimidade por menor que fosse que justificasse a fanfarronice do homem.

pt.wikipedia.org
          
           O pior tinha que acontecer, cedo ou tarde. O Sargento foi informado pela mulher da insistente pressão a que estava submetida. Disposto a defender a honra da esposa marcou um encontro com o rival. Emerenciano ria, enquanto dizia aos amigos: - É claro que vou, ele quer me dar a mulher? Eu aceito! Vou aqui com meu amigo... - E mostrava seu punhal para quem quisesse ver.
           Na noite marcada vestiu-se com seu melhor terno e dirigiu-se ao botequim onde aconteceria a conversa. Pediu Wísque, não era noite para cachaça, e começou a bebericar mansamente. Confiava em seu taco e muito mais em seu punhal. Se fosse briga o que ele queria, ia ter. Ao esvaziar o copo ouviu um grito atrás de si:

 familiaaruanda.blogspot.com
           
            - Safado! - Levantou-se rapidamente e virou-se para o chamado.
            O tiro foi certeiro.
            O rosto de Emerenciano foi destroçado e seu corpo caiu num baque surdo. Recebido no astral por espíritos em missão evolutiva, logo se mostrou arrependido de seus atos e tomou seu lugar junto a falange de Zé Pelintra.
            Com a história tão parecida com a do mestre em questão, outra linha não lhe seria adequada. Hoje, trabalhador nos terreiros na qualidade de Zé Pelintra do Cabo, diverte e orienta com firmeza a quem o procura.  Não perdeu, porém a picardia dos tempos de José Emerenciano. Sarava Seu Zé Pelintra!

 

 
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Sobre o Ataque de Sabino a Cajazeiras - O 80 anos do ataque do Guerrilheiro Sabino

Por Dra. Francisquinha


            Na sombria tarde de 28 de setembro de 1926, a cidade de Cajazeiras localizada às margens do Açude Grande, tendo à frente a Igreja Matriz e ao lado esquerdo o Colégio Padre Rolim, mais à frente as casas comerciais e residências, no silêncio da espera, desperta aos tiros das armas do cangaceiro Sabino Gomes e seus asseclas.

Sabino Gomes

Sabino Gomes teve a coragem de atacar a cidade de Cajazeiras, que tinha aproximadamente mais de 5.000 habitantes, e que através das autoridades da terra do Padre Rolim, como sejam Prefeito e o representante da força policial, tinham preparado estratégias para frustrar o ataque, além do juiz da cidade pedir reforço ao Presidente do Estado.

Padre Rolim

As autoridades tiveram conhecimento da marcha dos bandoleiros através de telegramas expedidos por parentes residentes nas cidades do Cariri cearense, informando-os que Lampião à frente de 100 homens, teria atravessado a região em direção à Paraíba, visando Cajazeiras.
Na verdade, quem marchou para a cidade de Cajazeiras foi Sabino Gomes, Sabino Gomes de Góes conhecido no mundo do cangaço como feroz guerrilheiro Sabino das Abóboras, lugar-tenente de Lampião, capitão Virgolino, patente recebida em 06 de março de 1926, na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, para lutar contra a Coluna Prestes.

Lampião

A cidade se preparou tão bem que foram os primeiros a assassinarem três homens do Bando de Sabino, que estiveram na cidade para observar o movimento e repassar as informações.
Depois de três anos, estava de volta à Cajazeiras Sabino sob a chefia de 22 asseclas. Entre eles estavam: Laurindo, Mariano, Bom Deveras, Bentivi, Dois de Ouro, Rio Preto, Picapau, Euclides, Formiga, Braúna, Namorado, Gusmão, Maçarico e outros. Esse era um momento muito aguardado por Sabino!
Sabino e o seu bando iniciaram suas façanhas através dos Sítios: Marimbas, Tambor, Redondo e Baixa Grande onde fizeram uma parada.  No sítio Baixa Grande, assassinou dois agricultores: Raimundo Cassimiro e seu filho Chico Cassimiro. Esta notícia se espalhou rapidamente assombrando a população dos recantos do município e principalmente a população de Cajazeiras.

Vista aérea atual da cidade de Cajazeiras, na Paraíba
       
         Vários escritores, já descreveram o itinerário quando da entrada de Sabino à terra de Padre Rolim, iniciando pelo Sítio Remédios (atual bairro Remédios) com parada na casa de Luiz Boca-Aberta; desceram pela rua Cel. Vital Rolim, antiga Matança (atual Dr. Coelho), onde assassinaram, com um tiro na cabeça, um policial que fazia correição de animais soltos nas vias públicas.
A gritaria e os disparos amedrontavam a cidade. Nas proximidades do Prédio Vicentino, ex-Cine Pax, mataram Cícero Ferreira Lima, vulgo Pé de Cágado, que teve a ousadia de responder a Sabino que não tinha medo nem de cangaceiro nem de Lampião. Em seguida entraram pela rua do comércio, atual Padre José Tomaz, até a Praça Coração de Jesus, entrincheirando-se na Igreja do mesmo nome, enquanto os defensores encontravam-se entrincheirados nas ruas Sete de Setembro, atual Av. Presidente João Pessoa, e Tenente Sabino com a rua do Comércio, acontecendo um cerrado “fogo”. No calor do “fogo”, Sabino junto aos seus companheiros, deu exemplo de bravura pessoal, correndo pela rua, atirando ora com mosquetão, ora servindo-se do rifle papo amarelo, que acendia lampejos de fogo, refletindo uma fúria monstruosa. Na verdade, um grande guerrilheiro! Os defensores encontravam-se em posição privilegiada para o avanço dos bandoleiros, que tiveram que recuar pela rua da Tamarina e na passagem assassinaram o alfaiate Eliezer. Seguiram pela Travessa S. Francisco, entraram na rua Quinze de Novembro e atacaram a casa de Major Epifânio Sobreira, arrolado como um dos ricos da cidade. O Major reagiu ao ataque com ajuda de seu empregado José Inácio da Silva, mas mesmo assim foi ferido. O grupo avançou para a rua Sete de Setembro, atual Av. Pres. João Pessoa, quando foram surpreendidos pela misteriosa explosão da Usina de Força e Luz, instalada ao sopé da barragem do Açude Grande, sob a direção técnica de José Sinfrônio Assis, levando os bandoleiros a recuarem. Pensava eles ser reforço e era regra no cangaço recuar, quando o combate se tornava confuso ou incerto.
O principal objetivo do ataque de Sabino à Cajazeiras era VINGANÇA, por ter sido vítima de emboscada por policiais, tendo como responsável o soldado reformado Lourenço Dunga; em seguida prender o prefeito Sabino Rolim e o Dr. Draenner engenheiro das Secas, para pedir resgate. O saque ao comércio e as casas dos ricaços era praxe quando dos ataques dos cangaceiros; e por fim também vingar-se do velho conhecido ex-cangaceiro Raimundo Anastácio que aliou-se às autoridades policiais, passando todas as informações sobre o ataque.
Apesar da resistência formada por vinte e cinco homens, em primeiro plano Tenente Elias Fernandes (Delegado de Policia) e quinze soldados; mais: Romeu Menando Cruz, Pe. Gervásio Coelho, Joaquim Sobreira Cartaxo (Marechal), Bacharel Praxedes Pitanga, Jaime Carneiro, Raimundo Anastácio, Major Epifânio Sobreira, José Sinfrônio Assis e José Inácio da Silva, a cidade viveu as agruras do ataque que deixou marcas indeléveis. O soldado Lourenço pagou com a vida pelo que fez a Sabino. A casa de Raimundo Anastácio foi destruída, e quando da fuga, o grupo incendiou a residência de Martinho Barbosa e saquearam as residências de: Dr. José Coelho Sobrinho, do médico Dr. José Jorge Almeida, Manoel Pinheiros e do comerciante Júlio Marques entre outras.



Dom Moisés Sinezano Coelho, Bispo de Cajazeiras em 1926

O célebre e afamado Sabino com o seu bando, levou a cidade a viver mais de cinco horas de pavor. Inúmeras famílias, por medo, fugiram para as proximidades do município, pois os cangaceiros não usavam de piedade. A Igreja, na pessoa do Bispo D. Moisés Coelho, tomou como arma a oração pela cidade e pelos cangaceiros, porque afinal os cangaceiros eram filhos de Deus e vítimas das injustiças sociais.

Marcolino Pereira Diniz

Sabino era pernambucano, veio para Cajazeiras, através do importante político e comerciante, além de ser proprietário do Jornal “O Rebate”, Cel. Marcolino Pereira Diniz, com quem tinha uma forte ligação. Tempos depois trouxe também suas quatros filhas (Maria, Geni, Alaíde – Nazinha - e Maria de Lourdes – Delouza, e a sua mãe, Maria Paulo, à qual as pessoas chamavam carinhosamente de Vó.

Dra. Francisquinha; penultima à nossa direita, por ocasião do Cariri Cangaço

Sabino era um homem cujas decisões se davam pela ponta do punhal ou do rifle. O guerrilheiro Sabino fez a sua historia pelas armas. E a partir do meado da década de 20, no Sertão, uma toada muito conhecida veio a imortalizá-lo.

Lá vem Sabino
Mais Lampião
Chapéu quebrado
Fuzil na mão

Lá vem Sabino
Mais Lampião
Chapéu -de- couro
E Fuzil na mão.

Dra. Francisca Pereira Martins Gomes
Pesquisadora, sócia da SBEC; neta do Cangaceiro Sabino.

Livros consultados:

Carcará – Ivan Bichara

Guerreiros do Sol
 
 Frederico Pernambucano de Melo

A Cajazeiras que Vi e onde Vivi (Memórias) Antonio Costa Assis

Historia da Medicina em Cajazeiras – Luiz de Gonzaga Braga Barreto

Extraído do bLog: "Cariri Cangaço"

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José Mendes Pereira
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