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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

BLOG DO MENDES E MENDES: JORNAL DO CANGAÇO

BLOG DO MENDES E MENDES: JORNAL DO CANGAÇO: " Por José Mendes Pereira Conta o escri..."

JORNAL DO CANGAÇO

 Por José Mendes Pereira 

                Conta o escritor Jotabê Medeiros que além da história da cabra, certa vez Lampião e seu bando, foram acolhidos por uma senhora, também de idade avançada. E ele pediu a ela, para preparar um jantar para o bando. A velhinha, não tendo quase nada em casa, teve que fazer um caldeirão de sopa às pressas para os famintos cangaceiros, e com a pressa e o medo, ela acabou esquecendo-se de colocar sal na sopa.
                 A sopa foi servida e todos começaram a beber sem problemas. Mas um dos cabras, novato no bando, para talvez fazer bonito, diante de Lampião, ou por idiotice mesmo, começou a gritar com a pobre velha sobre a falta de sal.
                 Lampião terminou sua sopa sem nada dizer. Depois, tranquilamente, perguntou ao bando se alguém tinha sentido falta de sal, exceto o tal reclamante. O restante que não era besta, disse que não, que a sopa estava ótima! Então Lampião perguntou à velhinha se tinha mais sal em casa. Ela disse que sim e ele então pediu que ela trouxesse um quilo
                Quando veio com o sal,Lampião a mandou despejá-lo no prato do sujeito que havia reclamado, e ordenou:
                -Ocê recramou da falta de sal, cabra, poiz agora teim aí bastante sal, e ocê vai comê-lo até limpá o prato! 
                 Apesar dos lamentos do homem, Lampião o obrigou a comer todo o sal do prato e, quando ele pedia água, ele não deixava que ele bebesse. E assim foi.                                  Quando o cangaceiro, até verde de tanto comer sal, sentindo suas entranhas em brasa, terminou, Lampião o expulsou, mandando que o mesmo sumisse de sua frente, ameaçando que, se o encontrasse novamente, iria sangrá-lo. É claro que o tal sumiu até hoje...
                 Saindo da casa, já um pouco distante, Lampião parou, olhou para trás, coçou a cabeça e comentou com um cangaceiro próximo a ele: 
                 -E num é qui aquela sôpa tava uma disgraceira de insôssa?
               - Tumbém achei Capitão! Tumbém achei!... Concordou o cabra que o acompanhava ao lado imediatamente. 
                  - Eu fiz aquilo cum ele, pra ele aprendê a respeitá... Disse Lampião.
     
 OUTRA DO JORNAL 

                  Esta eu escutei quando eu ainda era criança, contada pela minha avó Herculana Maria da Conceição (Mãenanana), que nasceu no final da década de 1890. 
                  Certo dia, dizia Mãenanana, Lampião e seu bando, se encontravam arranchados bem próximos a um rio no Estado de Sergipe. E por ironia do destino, um senhor chamado Lauriano, que andava procurando caças para alimentar os seus filhos, saiu no local onde se encontrava o bando. Logo os cangaceiros o rodearam e começaram as suas humilhações contra ele. Cuspiram e surraram o infeliz.
                  Lampião apenas observava. E em seguida disse:
                 -É milhó ixecutá-lo, do qui ficarim  maltratando um home qui ainda nada feiz contra nóis.
                E apoderando-se do seu rifle, mandou que o colocassem em posição de execução.
                  O homem ajoelhou-se  dizendo-lhe:
                 -Senhor, pelo amor de Deus! Não me mate! Eu deixei em casa três filhinhos pequenos para criar, e minha esposa é paralítica dentro de uma rede, sem condições de terminar de criá-los. Sem eu, eles vão morrer de fome senhor! 
                  Lampião condoeu-se da história do homem e disse-lhe: 
                  -Eu lhi faço um desafio cabra! Se ocê tivé sorte, num vai morrê... Tá vendo aquela catinguera? 
                  -Estou sim senhor! 
                  -Ocê vai andando até a catinguera.
                 Quando se impariar cum ela, corra, qui a partir daí é qui eu cumeço a atirá. Num corra antes purque eu atiro e você morre logo.
                 Pela proposta feita ao pobre infeliz, Lampião não tinha intenções de matá-lo. O seu desejo era que ele escapasse das balas e fosse criar os seus filhinhos, já que não havia motivo para executá-lo.
                 O homem conhecia bem a região. Da catingueira até ao rio, tinha uma ladeira.           
                 Mas quando ele se emparelhou à catingueira, em vez de correr, deitou-se e saiu rolando em direção ao rio.
                 Lampião saiu correndo e atirando para cima.
                 Mas o homem caiu dentro dágua, submergiu e adeus Lampião! 
                 - Mas que cabra inteligente! Pegou-me de chei. - Disse Lampião.                                            

VIDA E MORTE DOS CANGACEIROS

Por: José Mendes Pereira

1751 – Nasceu José Gomes, o Cabeleira.
1775 – José Gomes e o pai Joaquim Gomes, os primeiros cangaceiros do nordeste, aterrorizaram os sertões nordestinos.
 1776 – José Gomes e sua saga são capturados e levados à forca no Forte das Cinco Pontas, em Paudalho.
1807 - 18 de outubro nasceu Lucas Evangelista, o Lucas da Feira.
1844 – Nasceu Jesuíno Brilhante.
1849 – Morreu Lucas da Feira.
1871 – Jesuíno Brilhante fez a sua primeira morte, assassinando o negro Honorato Limão.
1875 – Morreu na Paraíba o cangaceiro Adolfo Meia Noite, durante um tiroteio com a polícia.
1875 - 02 de novembro nasceu Antonio Silvino.
1876 – Morreu Inocêncio Vermelho
1879 – Em dezembro morreu Jesuíno Brilhante, num tiroteio com a polícia. Foi baleado, mas não conseguiu reagir.
1890 - Nasceu Benjamim Abraão Botto, Zahié Líbano, e foi um fotógrafo sírio-libanês-brasileiro, responsável pelo registro conográfico do cangaço e de seu líder, o Lampião.
1893 – José Ferreira da Silva deixou a Ribeira cearense do Jaguaribe e se estabeleceu em Vila Bela, onde, no distrito de Nazaré, adquiriu uma propriedade denominada de Sítio das Pedras. Ali conheceu Maria Sulena da Purificação, com quem contraiu matrimônio.
1895 – Nasceu Antonio Ferreira da Silva, irmão de Lampião.
1896 – Desidério Ramos assassinou Francisco Batista de Morais, o pai de Antonio Silvino.
1896 – Nasceu Livino Ferreira da Silva, irmão de Lampião.
1896 – No dia 20 de Janeiro nasceu Sebastião Pereira da Silva, Sinhô Pereira em Vila Bela.
1898 – 04 de junho nasceu Virgulino Ferreira da Silva.
1898 – 03 de setembro Lampião foi batizado pelo Padre Quincas - Joaquim Antônio Siqueira Torres, da Diocese de Pesqueira, Paróquia de Floresta do Navio, sendo os seus padrinhos: Manoel Pedro Lopes e Maria José Soledade.
???? - Entre 1899 a 1901, nasceu Virtuosa Ferreira da Silva, irmã de Lampião.
1900 - Antonio Silvino afirmou-se como chefe de um grupo de cangaceiros independentes, como Jesuíno Brilhante, Adolfo Meia Noite e outros.
1901 – Antonio Silvino pressionado pelos policiais entrou na cidade de São João do Sabugí, no Rio Grande do Norte.
1901 – No dia 05 de maio nasceu José Leite de Santana, o Jararaca, em Pajeú das Flores, no Estado de Pernambuco.
1902 – Nasceu João Ferreira da Silva, irmão de Lampião.
???? - Entre 1903 a 1907 nasceu Angélica Ferreira da Silva, irmã de Lampião.
1903 - Lampião passou a morar com os avôs: Jocosa e Manoel Lopes, na localidade de Poço Negro, na Vila de Nazaré.
1905 – No dia 11 de agosto nasceu Amâncio Ferreira da Silva, o delegado Deluz.
1905 – Lampião fez a sua primeira comunhão.
1906 - As ações de Antonio Silvino voltaram-se cada vez mais contra as autoridades locais.
1907 – 10 de agosto nasceu Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco.
1908 – Nasceu Ezequiel Ferreira da Silva, irmão de Lampião.
1909 – Lampião já trabalhava na agricultura. Vindo a ser almocreve, feirante, artesão e vaqueiro.
1910 – Nasceu Maria Ferreira (Mocinha, irmã de Lampião.
1911 – No dia 08 de março, nasceu Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita.
1912 – Nasceu Anália Ferreira da Silva, irmã de Lampião.
1912 - Antonio Silvino visitou as cidades de Jucurutu e Augusto Severo, atual Campo Grande, no Rio Grande do Norte.
1912 – Lampião foi crismado na vila São Francisco.
1914 - Antonio Silvino foi ferido e preso em Lagoa da Laje (PE) pelo Alferes Theophanes Ferraz Torres.
1915 – No dia 15 de abril nasceu Sérgia Ribeiro da Silva, em Belém/PR, Dadá, a esposa de Corisco.
1916 – No dia 23 de junho nasceu Aristéia Soares de Lima.
1916 – Começou a rixa entre a família Ferreira e Zé Saturnino. Primeiro confronto armado. Em companhia de seu irmão Antônio, Lampião praticou o primeiro crime de morte; assassinou um indivíduo que roubara uma cabra de seu pai. Fugiu para Nazaré, município de Floresta, onde foi se encontrar com o seu irmão Livino.
1916 - Sinhô Pereira e o primo, Luiz Padre, juntaram-se para vingar a morte de seu irmão, Seu Né.
1918 – 23 de junho, Virgulino ingressou no bando dos irmãos Antônio e Manoel Porcino, e pai destes dois; depois de ter a casa cercada por uma escolta alagoana, chefiada pelo álfares José Lucena, o pai dos irmãos Porcino, foi assassinado.
1918 – Lampião já ingressado na vida criminosa passou a integrar no bando de Sinhô Pereira, a este, também se juntaram outros bandidos criminosos, como os irmãos Supaúba, Cassiano, José e André, além de Antônio Matilde e outros.
1919 – 26 de outubro nasceu Ilda Ribeiro de Sousa, A Sila, cangaceira, na localidade de Poço Redondo, Sergipe, que posteriormente foi companheira do cangaceiro Zé Sereno.
1919 - Luiz Padre, a pedido de Padre Cícero, largou o cangaço e foi para Goiás.
1919 - Morreu Cacheado, cangaceiro de Sinhô Pereira.  Ele passou 57 dias tratando do assecla em uma fazenda. No mesmo ano, João de Bola, que baleou Cacheado, foi morto por um dos cabras de Sinhô Pereira. O tenente Zeca Rubens, através de um seu irmão, mandou lhe dizer que não o perseguiria, enquanto ele estivesse tratando do cabra ferido Foi um gesto nobre.
1920 – 04 de abril morreu Maria Sulena da Purificação, a mãe de Lampião.
1920 – 22 de abril do mesmo mês assassinaram José Ferreira da Silva, o pai de Lampião.
1920 – Lampião e seus irmãos: Antonio e Ezequiel, após a morte do pai, resolveram entrar de uma vez para o bando de cangaceiros do Sinhô Pereira.
1921 - Lampião aliou-se novamente aos irmãos Porcino. E no dia 22 de junho, teve o seu primeiro encontro com a polícia do Estado, próximo à cidade de Espírito Santo, na divisa de Alagoas com Pernambuco.
1921 – Em setembro, os irmãos: Antonio Porcino foi morto em combate, e Pedro Porcino foi morto pelo sogro.
1921 - Lampião e o bando cercaram a casa de Zé Saturnino, seu primeiro inimigo, na fazenda Pedreira, quando a mãe do mesmo, intercedeu em favor do filho, pedindo-lhes que poupassem a sua vida.
1922 – Em Junho Sinhô Pereira, passou o comando do grupo a seu melhor homem. Então, Lampião o escoltou até a fronteira do Piauí com Goiás (onde hoje fica o Estado de Tocantins). Depois voltou como chefe do bando que se compunha de apenas 12 homens, contando com ele próprio.
1922 - No dia 26 de junho, Lampião atacou a baronesa de Água Branca, em Alagoas.
1922 – A partir do dia 2 de julho, até cinco de agosto do mesmo ano, Lampião foi manchete de jornais.
1922 - Em agosto, Antonio Ferreira, irmão de Lampião atacou a cidade de Sousa na Paraíba. Morreu um cangaceiro com o nome de Meia Noite. Os cangaceiros invadiram São José do Belmonte e mataram Gonzaga. 
1922 – 15 de agosto, Lampião matou o senhor Manoel Cipriano de Sousa.
1922 - 20 de outubro, Lampião matou Luiz Gonzaga de Souza Ferraz, de Princesa.
1923 - Num lugar chamado Bonito de Santa Fé (PB), Lampião deu início ao estupro coletivo da mulher de um delegado. Participaram desse estupro 25 cangaceiros.
1923 – 31 de julho, Lampião invadiu Nazaré e tumultuou casamento de Maria Licor Ferreira de Lima, com Enoque Menezes. A moça teria sido uma paixão sua. Apesar dos pedidos para se retirar em paz, decidiu ficar com 16 cangaceiros. Permitiria a cerimônia religiosa, mas proibiria a festa que aconteceria a seguir. Foi quando aconteceu a última entrada de Lampião em Nazaré.
1924 – Morreu Antonio Rosa, Vulgo Antonio Gelo. Foi morto pelas costas por Enéias e Livino, este último, irmão de Lampião.
1924 - Corisco foi convocado pelo Exército Brasileiro para cumprir o serviço militar. Desertou no ano de 1926, e tomou a decisão de aliar-se ao bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, apelidado Lampião.
1924 - Lampião matou o cangaceiro Nêgo Tibúrcio e seu grupo, em Santa Maria, atual Tupanací (Mirandiba). Fogo das Baixas. Tiroteio entre Lampião e os Nazarenos.
1924 - Em Lagoa do Vieira (PE) Lampião foi ferido no pé, o que lhe causou uma lesão para o resto da vida. Em função do ferimento, Lampião entrou em depressão e pensou em entregar-se à justiça. No mesmo ano, Antonio Ferreira atacou a cidade de Sousa, no sertão da Paraíba.
1925 – Lampião mandou um telegrama ao governador de Pernambuco, dizendo-lhe que ele governasse o Estado até Arco Verde (Rio Branco), enquanto Lampião governaria o sertão.
1925 - Em fevereiro, Lampião enfrentou volantes da Paraíba e Pernambuco no Serrote Preto, no Estado de Alagoas.
1925 – Em agosto, morreu Livino, irmão de Lampião, e ele ficou cego do olho direito.
1926 - Sabino atacou a cidade Triunfo. Assassinaram José Nogueira. E foi construída uma nova cadeia em Vila Bela para prender Lampião. Combate da Serra Grande, em Pernambuco. Lampião enviou uma carta ao Governador de Pernambuco propondo a divisão do Estado, assinando como Governador do Sertão.
1926 – 04 de março, Lampião chegou ao Juazeiro, atendendo a um convite do vigário Padre Cícero, feito por carta, cuja autenticidade, foi garantida pelo fazendeiro Né da Carnaúba, seu amigo.
1926 - Em Juazeiro do Norte-CE, recebeu patente de Capitão do Batalhão Patriótico, para combater a Coluna Prestes.
1926 - No meio do ano, através de um fazendeiro amigo, Corisco entrou para o bando de Lampião.
1926 - No dia 26 de novembro, na Serra Grande, região do oeste pernambucano, distante 25 quilômetros de Flores, Lampião fez um terrível combate. E já tinha enfrentado uma tropa de policiais, sob o comando do tenente Manoel de Souza Neto, onde o início foi às 9 horas da manhã, terminando ao anoitecer.
1927 – 11 de janeiro, Lampião e seus irmãos deram início às grandes invasões no Estado de Alagoas.
1927 - O cruel Jararaca à frente de um grupo invadiu Carnaíba, em Pernambuco, e Zabelê foi preso em Vila Bela.
1927 - Em janeiro, morreu Antonio Ferreira, irmão de Lampião. (Não encontrei o dia do seu falecimento).
1927 – No dia 10 de maio, Lampião entrou na Paraíba, atacou a cidade de Belém do Rio do Peixe.
1927 – No dia 12 de junho, o bando de Lampião atacou São Sebastião, atual Governador Dix-Sept Rosado, em nosso Estado, Rio Grande do Norte.
1927 – No dia 13 de junho, o bando atacou a nossa cidade Mossoró, e morreu Colchete. Sabino saiu baleado, Menino de Ouro e mais outros. Jararaca foi capturado.
1927 – No dia 18 de junho, covardemente mataram Jararaca em Mossoró, depois de capturado.
1927 - O coronel Antonio Gurgel foi feito de refém, do dia 12 a 25 de junho, sendo libertado apenas no município de Limoeiro do Norte/CE.
1927- Ao passar por Aroeira, Lampião e o bando assaltaram a fazenda do coronel José Lopes, e levaram a esposa deste, D. Maria José Lopes, como refém. Adotou idêntico procedimento em Santana.
1927 - Massilon, instigador do assalto a Mossoró, e seu irmão, "Pinga Fogo", desertaram do grupo logo após o ataque, no qual perderam a vida, "Colchete”, e "Jararaca", este último abatido depois de preso.
1927 - No dia 16 de outubro, morreu Rodolfo Fernandes, prefeito de Mossoró, no período do ataque de Lampião.
1928 - No dia 05 de janeiro, o cangaceiro Vinte e Dois foi morto pela polícia. Lua Branca, Manoel Toalha, Pedro Miranda, foram baleados e presos. Também no mesmo dia, foram presos os primos: Joaquim Gomes e João Gomes, acusados de coiteiros. Depois de presos, os cinco foram levados a um lugar chamado Alto do Leitão, e sumariamente executados, depois de cavarem as suas próprias sepulturas Todos eram chefiados por Vinte e Dois.
1928 – No dia 21 de agosto, já bastante perseguido, com apenas cinco homens: Luiz Pedro, Mariano, Mergulhão, Virgínio (ex-cunhado, o Moderno) e Ezequiel, seu irmão (o Ponto Fino). Lampião e o bando abandonaram Pernambuco e cruzaram o Rio São Francisco, passando a agirem na Bahia e em Sergipe.
1928 - Lampião dispensou seu bando, para poder diminuir as perseguições policiais, e passou seis meses refugiado na fazenda de um coronel, no norte do Sertão da Bahia, onde conheceu vários bandidos e criminosos. Formou um grupo de 100 cangaceiros.
1929 – Balão entrou para o cangaço. Motivo: os policiais da força do sargento Inocêncio, de Alagoas   mataram o seu pai e um dos seus irmãos.
1929 - Na cidade de Capela, Sergipe, Lampião pesou sua carga. Sem as armas e com os depósitos de água vazios, chegou a 29 quilos.
1929 – No dia 01 de março, morreu Sabino das Abóboras e Lampião entrou pela primeira vez em Carira.
1929 - A visita seguinte a Poço Redondo, em 19 de abril, permitiu um encontro de Virgulino Ferreira da Silva, com o padre Artur Passos, Pároco do Porto da Folha, então celebrando missa naquele povoado, como fazia periodicamente. Um diálogo duro, entre o cangaceiro e o padre, marcou a presença do grupo em frente à igreja.
1929 – 20 de abril, Lampião visitou a cidade de Nossa Senhora da Glória, no Estado de Sergipe.
1929 – No dia 25 de novembro, Lampião e seu bando entraram pacificamente na cidade de Capela, no Estado de Sergipe. E mandou um emissário ao intendente Antão Correia de Andrade, irmão do Secretário de Segurança, Herivaldo Correia. Recebeu a visita do próprio intendente, a quem pediu avisar ao major Correia que desejava entrar em paz. Porém se o mesmo não viesse à sua presença, conversar com ele, o faria a bala.
1929 - No dia 22 de dezembro, Lampião e seu bando promoveram uma chacina em Queimadas (Bahia) e fizeram presepadas em outras cidades e fazendas arredores.
1929 - Primeiro encontro com Maria Bonita, em Malhada do Caiçara, lá em Santa. Brígida (BA).
1929 – Lampião lutou com a polícia de Sergipe.
1930 - O Governo da Bahia ofereceu uma recompensa de 50 contos de réis, para quem entregasse o famigerado bandido Lampião.
1930 - Em fevereiro, Lampião passou a viver com a mulher com quem morreria ao seu lado, oito anos depois, a Maria Gomes de Oliveira.
1930 - Lampião na fazenda Mandacaru, município de tucano, vitimando a volante comandada pelo tenente Geminiano José dos Santos, da Bahia, e pelo sargento José de Miranda Matos, ocasião em que morreram estes dois oficiais e mais sete soldados.
1930 – 13 de agosto nasceu José Alves dos Santos, suposto filho de Lampião e Helena, filha de um coiteiro de Lampião.
1930 - Ano da Revolução. Uma trégua entre bandos e volantes.
1930 - Lídia Pereira da Silva, - companheira de Zé Baiano, incorporou-se ao bando de cangaceiros de Lampião.
1930 - Antônio de Engrácias. Cangaceiro garboso, rival de Lampião, foi assassinado pelo próprio irmão, Cirilo. Era considerado um dos dez maiores cangaceiros existentes.
1931 - Não haveria mais um grande grupo. Agora, os companheiros antigos e leais, chefiariam até seis homens, deslocando-se em várias direções ao mesmo tempo, para confundir as volantes e dar maior segurança aos casais, que em breve passariam a ter filhos.
1931 – 23 de abril, tiroteio na Fazenda Touro, povoado Baixa do Boi, no Estado da Bahia, ponto conhecido como Lagoa do Mel, morreu Ezequiel Ferreira da Silva, irmão de Lampião.
1931 – Virgulino foi acusado por diversas volantes. Resolveu homiziar-se no Raso de Catarina, nos sertões do Estado da Bahia, onde foi perseguido pelo segundo tenente José Sampaio Macedo.
1932 - Em janeiro, na fazenda Maranduba-SE, Lampião repetiu o fato militar da Serra Grande, em 1926, ao derrotar uma força militar, integrada por famosos combatentes contra o cangaço.
1932 - Nascimento de Expedita, filha de Lampião e Maria Bonita. Nasceu debaixo dum umbuzeiro, na fazenda Exu, propriedade de Zequinha Tavares, no Estado de Sergipe.  A dona Rosinha, moradora dos arredores da fazenda Pedra d’Água, foi a parteira.
1932 – Morte do cangaceiro Sabiá.
1932 – No início desse ano foi preso o cangaceiro Volta Seca.
1932 – Foi assassinada Lídia, ex-esposa de José Aleixo, o José Baiano. Motivo, traição.
1932 – Corisco assassinou Santo da Fazenda Mandassaia.
1933 – Morreram: Azulão, Maria Dora, Canjica e Zabelê, no Sítio Lagoa Grande do Lino, atual Serrolândia, no Estado da Bahia.
1934 – 20 de julho morreu Padre Cícero, aos 90 anos de idade.
1934 – Cirilo foi morto por civis, e a sua cabeça foi decepada e depois recolocada para ser fotografada.
1934 – Zé Fortaleza, Limoeiro, Suspeita e Medalha, assassinaram Manoel Vitório, e castraram o seu filho Beijo.
1934 – Final do ano, foram assassinados: Zé Fortaleza, Limoeiro, Suspeita e Medalha.
1935 – No início do ano, aconteceu o encontro de Lampião e o coronel Joaquim Resende.
1935 – Fevereiro, Brió foi assassinado pelos cangaceiros.
1935 – Em agosto, nasceu Silvio Bulhões, filho de Corisco e Dadá, herdando o nome do padre que o criou.
1936 – Zé Sereno raptou Ilda Ribeiro de Sousa, a Sila.
1936 – Morreu em combate Neném do Ouro, companheira de Luiz Pedro Cordeiro, ou Luiz Pedro do Retiro.
1936 - Maria Bonita foi ferida em Serrinha do Catimbau, próximo a Garanhuns, no Estado de Pernambuco.
1936 – Em agosto, morreu o cangaceiro Pau Ferro.
1936 – 07 de julho, o bando de Zé Baiano foi eliminado por civis, inclusive ele. Era sobrinho de Antônio e Cirilo, ambos da família dos Engrácias.  Perverso, sádico e tarado, estuprador sistemático. Marcava as pessoas a ferro e usava uma palmatória a que chamava “Boneca de laço e nó”, com a qual aplicava “bolos” nas mãos das pessoas.
1936 - 28 de setembro, num tiroteiro, Inacinha foi capturada. Gato, que era seu companheiro, acreditava que ela tinha sido levada para Piranhas, em Maceió, e partiu com o objetivo de tirá-la da cadeia. Mas foi baleado.
1936 – O tenente Zé Rufino mandou o cabo Artur assassinar Zé Grosso, irmão do cangaceiro Diferente.
1936 – Os cangaceiros: Diferente, Beija-Flor e Coidado assassinaram por vingança, os tropeiros: Manezinho Izidório, Miguel Casimiro Carlos e Antonio Pedro Caibreiros. Vingança da morte de Zé Grosso, irmão de Diferente.
1936 – No dia 10 de outubro de 1936, morreram em combates: Pavão, Pai Velho, Mariano-esposo de Rosinha, todos, cangaceiros de Lampião.
1936 – No dia 01 de outubro, Gato que já estava baleado, faleceu. Este era o companheiro de Inacinha.
1936 – No dia 25 de outubro, morreu Virgínio Fortunato da Silva (Moderno), em combate com uma pequena volante. Ex-cunhado de Lampião.
1937 – No dia 22 de abril, na fazenda Arara, Porto da folha, em Sergipe, morreu o cangaceiro Zepelim.
1937 – 02 de maio, os cangaceiros assassinaram o vaqueiro Torquato José da Silva e Firmino, por vingança.
1937 – Antonio Silvino foi solto e não voltou mais ao banditismo. Regenerou-se por total.
1937 – Rosinha, a ex-esposa do cangaceiro Mariano, foi assassinada, a mando de Lampião. Luiz Pedro Participou também da chacina.
1937 - Combate na Lagoa do Crauá, no Estado de Sergipe.
1938 – No dia 09 ou 10 de janeiro, morreu o cangaceiro Vulcão. Assassinado pelos próprios companheiros, autorizado por Lampião.
1938 - 20 de fevereiro, Eleonora, irmã de Aristéia, mais o companheiro Serra Branca e Ameaça líderes de um subgrupo, foram assassinados, e as cabeças decepadas pela polícia.
1938 – No dia 20 de março, morreu em combate Cícero Garrincha, o cangaceiro Catingueira. Ele era companheiro da cangaceira Aristéia.
1938 – Em abril, foi presa Aristéia, companheira de Catingueira.
1938 – Nasceu João Ferreira da Silva, o Peitudo, como era chamado no Juazeiro. Filho de Lampião e Maria Bonita.
1938 - A partir de abril, Lampião começou a preparar o seu espírito, dizendo: “-Viagem pesada! Não sei o que eu vou encontrar pela frente. Mas vamos a chamado de uma pessoa poderosa”.
1938 – Em 09 de maio, foi assassinado Benjamim Abraão, o nosso primeiro repórter de guerra; em uma cidade do interior de Pernambuco. Era também fotógrafo de Lampião.
1938 – 21 de julho, Cristina, ex-companheira do cangaceiro Português, foi acusada de ter um caso com Jitirana. E foi morta a golpes de facas por Luiz Pedro e outros. Dentro do cangaço, a mulher não podia trair.
1938 - Na noite do dia 27 de julho, Lampião chamou o bando e disse-lhe: “-Olha, eu vou embora amanhã cedo. Quem quiser ir comigo vai, quem não quiser, fica. Eu não posso mais ficar aqui. Já estou na iminência de matar até meus amigos. Para Pernambuco nem se fala que eu tenho inimigo até demais. Mas em Minas e Goiás eu não tenho”.
1938 – O cangaceiro pontaria foi assassinado pela volante de Alagoas
1938 – 28 de julho mataram Lampião, Maria Bonita, e mais nove cangaceiros, numa emboscada, na Fazenda Angicos, no Estado de Sergipe.
1938 – Depois do combate de Angicos, os cangaceiros: Cruzeiro, Amoroso, Zé de Vera, foram mortos pela volante do sargento Zé Luiz.
1939 - Francelino José Nunes, o Português e a sua companheira Quitéria, entregaram-se às autoridades policiais. (Este Português não era o Português Moita Brava.
1939 – Borboleta, Juriti e Maria, sua companheira, foram liberados pelo capitão Aníbal Vicente Ferreira.
1939 - O grupo do cangaceiro Pancada se entregou à prisão em Santana de Ipanema, no Estado de Alagoas.  Foram eles: Cobra Verde, Vinte e Cinco, Peitica, Maria Jovina, Pancada, Vila Nova, Santa Cruz e Barreira. Este último não pertencia ao grupo de Pancada.
1939 - Em outubro, durante um duro combate contra três volantes, na fazenda Lagoa da Serra, em Sergipe, Corisco foi ferido e nunca mais se recuperou:
1940 - Corisco dissolveu o bando, ficando apenas na companhia de Dadá, Rio Branco e Florência, sua companheira.
1940 - Ângelo Roque, - o Labareda, entregou-se à Polícia e ainda viveu muitos anos. Não encontrei a data do seu falecimento.
1940 – No dia 02 de fevereiro, Moreno e Durvalina abandonaram o cangaço em busca de uma vida tranquila.
1940 – No dia 25 de maio, a volante de Zé Rufino assassinou Corisco, na fazenda Cavaco, em Brotas de Macaúbas, Bahia. Dadá foi ferida e presa. Marcando o fim do Cangaço.
1940 – 22 de agosto morreu o coiteiro Pedro Cândido, possível entregador de Lampião à volante, depois de torturado. Há quem diga que Pedro Cândido foi assassinado em Piranhas por um deficiente mental que o confundiu com um lobisomem.
1941 - Manoel Pereira de Azevedo, o Juriti, três anos depois da morte de Lampião, foi covardemente queimado, tendo sido o seu matador, o Sargento Deluz
1944 – 28 de julho morreu Antonio Silvino, aos 69 anos. Na prisão, ele cumpriu pena de 22 anos, dois meses e 22 dias.
1952 – O sargento Amâncio Ferreira da Silva foi assassinado pelo sogro, cunhados, concunhado, mais Vicente da Mata Grande, Mané Vigia e Cícero Cupira.
     1953 - O cangaceiro Volta Seca foi liberado pela justiça, quando já havia completado 20 anos de sofrimento na penitenciária.
     1957 – Inacinha, companheira de Gato, faleceu, vítima de câncer.
     1961 – 19 de fevereiro, Zé de Julião foi assassinado.
1964 – Morreu Maria Joaquina Conceição de Oliveira, a mãe de Maria Bonita. Sofreu uma picada de cobra, não resistindo ao envenenamento, veio a falecer.
1965 - Morreu José Gomes de Oliveira, o pai de Maria Bonita.
1969 – 06 de fevereiro, o corpo de Corisco saiu do Museu Nina Rebouças, e foi enterrado em Jeremoabo, na Bahia.
1970 – Faleceu João Bezerra da Silva, um dos matadores do facínora Lampião. Tinha uma trajetória muito semelhante à de sua vítima. Acusado de ter sido um dos fornecedores de armas aos cangaceiros.  Nasceu no mesmo dia e ano que nasceu Lampião.
1971 - Sinhô Pereira visitou Serra Talhada, sua antiga Vila Bela, para reencontrar parentes e amigos. O ex-chefe de cangaceiro foi entrevistado pelo seu parente Luiz Lorena.
1971 – Morreu José Miguel da Silva, (Zé de Neném) sapateiro e ex-esposo de Maria Bonita, na cidade paulista de Nova Andradina.
1972 – Morreu o Sinhô Pereira em Lagoa Grande, Minas Gerais, deixando para trás uma vida e uma história marcada de angústia, dores e vontade de viver feliz com sua família e amigos. Não encontrei o dia e mês de sua morte.
1982 – Morreu o cangaceiro Zé Sereno, em São Paulo.
1991 – No dia 19 de abril, morreu Severino Garcia dos Santos, o cangaceiro Relâmpago, do bando de Lampião, que chegou ao Rio de Janeiro na década de 40. Morava no bairro da Saúde e morreu aos 84 anos de idade. Relâmpago, que se aposentou como ferreiro da indústria naval vangloriava-se que quando vivia no sertão, tinha 12 mulheres e havia matado mais de 20 com Lampião.
1991 – 07 de setembro, Plebiscito em Serra Talhada, quando a população decidiu que Lampião é herói, com o seguinte resultado: 79% votaram SIM.
1994 – Em fevereiro, morreu Dadá, esposa de Corisco.
1997 - Vítor Rodrigues da Silva, o cangaceiro Criança, morreu aos 83 anos, também em São Paulo, no dia 28 de julho, dia em que a tocaia em Angicos completou 59 anos.
2000 – No dia 26 de junho, morreu no Juazeiro do Norte, João Ferreira da Silva, (João Peitudo), filho de Lampião e Maria Bonita.
2003 – Em 09 de janeiro morreu aos 92 anos, o matador de Luiz Pedro. Manoel Marques da Silva ou nome adotado, Euclides Marques da Silva, ou ainda Mané Véio, faleceu na cidade de Pires do Rio – Goiás, ao lado de sua terceira esposa, a goiana Nori Alves Marques da Silva. Hoje residente na capital.
2005 – 15 de fevereiro morreu aos 86 anos de idade, Ilda Ribeiro de Sousa, que era companheira do cangaceiro Zé Sereno.
2007 – Em maio foi encontrada uma cangaceira, Aristéia Soares de Lima, com 95 anos de idade.
2008 – 30 de julho morreu Jovina Maria da Conceição Souto, (Durvalina). Uma das últimas cangaceiras que ainda restava viva. Esposa de Antonio Ignácio, o Moreno.
2009 – No dia 22 de setembro, morreu em São Paulo, aos 79 anos de idade, o ex-pedreiro, Ananias Gomes de Oliveira, irmão da cangaceira Maria Bonita, ou possivelmente filho de Maria Bonita e Lampião. 
2010 - No dia 06 de setembro faleceu aos 100 anos o cangaceiro Moreno, esposo da cangaceira Durvalina.

Estas datas foram encontradas em textos do cangaço depois de uma longa pesquisa.  

A ação nobre de um rude

Ângelo Osmiro

Conta o escritor Ângelo Osmiro Barreto que em 1910, durante o período da Semana Santa, o lendário Cassimiro Honório, um velho cangaceiro do alto sertão pernambucano, da afamada região do Navio, promoveu um formidável cerco a um dos seus inimigos José de Sousa.


Melânia era filha de Cassimiro Honório, havia sido roubada por José de Sousa. O pai da moça, inconformado com a atitude do jovem sertanejo, arregimentou um grande contingente de cangaceiros e retomou a filha do jovem apaixonado. O episódio criou grande rivalidade entre os dois sertanejos, homens valentes e acostumados às lutas, numa época em que as divergências eram resolvidas à bala. A justiça, pouco ou nada fazia para resolver essas pendengas.

Durante um grande cerco promovido por Cassimiro Honório à fazenda de José de Sousa que durou sete dias, um fato interessante chamou a atenção de todos.

Dentre muitos homens valentes de ambos os lados, um iria se destacar pela sua atitude nobre. José Rajado, sertanejo rude com sangue no olho como se diz até hoje naqueles sertões, brigava entrincheirado ao lado dos comandados de Cassimiro Honório.

Passados três dias de luta renhida, José Rajado escutou um choro de criança vindo de dentro da casa sitiada. O choro persistente chamou a atenção do cangaceiro.

Aquela criança aos prantos só poderia estar com fome, pensou o cangaceiro naquele momento da luta. Em ato repentino José Rajado levantou as mãos, e aos gritos, pediu para que o tiroteio fosse suspenso.

Surpresos com a atitude pouco comum do bravo sertanejo, os contendores pararam os tiros, e o silêncio tomou conta do lugar por alguns momentos. O cangaceiro José Rajado, propôs aos sitiados que se prometessem não alvejá-lo, iria ao curral, ordenharia umas cabras e levaria o leite para a criança que estava chorando com fome.

José de Sousa prometeu todas as garantias a José Rajado, que confiando na palavra empenhada do inimigo, foi ao curral, encheu um balde de leite e deixou-o em frente à porta da casa sitiada. Retornou ao seu local de combate, e após estar novamente seguro, o tiroteio recomeçou.

O cangaceiro José Rajado, apesar de toda sua rudeza, acabara por praticar um ato da mais alta nobreza.

Esta informação é do escritor e pesquisador do cangaço, Ângelo Osmiro Barreto, com a colaboração do confrade natalense Ivanildo Alves Silveira, colecionador e pesquisador do cangaço.   


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